Reflexões sobre o BBB - Dom Orlando Brandes


Respiramos uma atmosfera erótica generalizada. Nada acontece por acaso. Estes programas têm uma filosofia, uma intenção, um objetivo que é ganhar dinheiro pela via do erotismo. Sexo, dinheiro e fama são os piores ídolos da humanidade. Eles nos escravizam. Trata-se de uma ‘trinca perigosa’.


Depois que no Brasil, através de manobras políticas, foi liberado o divórcio instantâneo, a manipulação de células tronco embrionárias, a união de pessoas do mesmo sexo, a lei da palmada, entramos numa anarquia erótica. Sem esquecer o ‘kit sexo’ idealizado pelo ex-ministro da Educação, o projeto da homofobia, do aborto e aquela jogada nada honesta de liberar o aborto em nome dos direitos humanos e da saúde publica, como queria o ex-ministro da Saúde. Virou uma balbúrdia, e até os que defendem as bandeiras da revolução sexual estão preocupados.


Tudo isso parece modernidade, mas é sintoma da doença da nossa civilização. O Império Romano não foi derrotado pela espada e canhões, mas pela decadência moral. Um sábio chinês diz que estamos confundindo um navio furado, invadido pelas águas e afundando, com uma piscina de banho. Estamos afundando e fazendo festa, como se o barco furado invadido pelas águas fosse uma piscina.


Nada temos a aprender da revolução sexual acontecida nos Estados Unidos e na Europa. São países envelhecidos e necessitados de braços estrangeiros, de mão de obra barata. Está mais do que comprovado que a revolução sexual fracassou. Tudo piorou com a pornografia na internet. Nossa cultura secularizada erotiza precocemente crianças e adolescentes fazendo explodir a gravidez precoce, a aids e outras doenças. O próprio Freud orientou a sexualidade humana para a sublimação.


Na ideologia do BBB está sendo passado um culto exagerado do corpo, a exaltação do instinto e da paixão, o homossexualismo, a inutilidade do casamento, a degradação da família. Isso tudo sem respeito pelo povo e seus valores morais. A banalização da sexualidade é um retrocesso destrutivo porque abre o caminho para a droga, o alcoolismo, o vazio interior, a exaltação do corpo.


Há escolas onde a educação sexual consiste apenas em saber usar o preservativo, conhecer a fisiologia corporal e a praticar todo tipo de erotismo. Em muitos setores da sociedade o permissivismo está incentivando o contrário, isto é, a volta do moralismo, do tabu, do negativismo sexual. Não devemos perder a simpatia, o louvor, a gratidão pelo dom da sexualidade.
Na democracia temos o direito de protestar, contestar, dialogar, discordar. Em relação ao BBB, continuemos a utilizar a internet. Mudar de canal é um gesto que tem efeitos muito práticos. Não telefonar para dar o voto aos concorrentes também é algo eficaz. O protesto popular, a consciência social, a manifestação do povo e das instituições têm poder. O que não podemos é continuar reféns da ditadura do relativismo e do erotismo. BBB é um desacato à nossa cultura.


Não morremos por falta de sexo, morremos por falta de afeto, de carinho, de consideração. A paixão tem sabor de liberdade, mas é uma corrente que nos amarra e a carne não basta para saciar nossa fome de amor. O coração é mais que o corpo. O Brasil não pode ser a pátria do turismo sexual. Nossa tradição familiar e cristã é um bem para sociedade.


Tantos artistas convertidos já declaram ao mundo inteiro que a ‘alegria do espírito é maior que a volúpia da carne’. O que vale é o amor, os valores, os limites, a humanização da sexualidade, a fé, a espiritualidade. O amor livre é uma invenção burguesa que leva à onipotência e onipresença do prazer desordenado. Torna-se escravidão e desilusão.


A sexualidade é uma energia que nos leva ao encontro com o outro inclusive com o grande Outro. É uma força de comunhão, de relacionamento, de amizade, de transcendência. Temos um longo caminho a percorrer na busca do equilíbrio e da maturidade sexual e afetiva. Quanto mais amor, mais pudor. A linguagem do amor compõe-se das seguintes declarações: eu sou amável; eu gosto de você; eu sou capaz de amar; eu amo e por isso escolho; eu decido amar alguém; eu sou teu para sempre.


Dom Orlando Brandes é Arcebispo de Londrina-PR






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