“E não vos conformeis com este mundo” – Rm 12:2a
Ao longo dos séculos, a cultura pagã com a sua arte, a música, a maneira de vestir, o modo de pensar e as normas sociais sempre foi uma armadilha para o povo de Deus. Isto era verdadeiro com Israel no Antigo Testamento, bem como com a Igreja Cristã ao longo de sua história.
Em nossa época observamos a igreja de alguma maneira em declínio sob o feitiço das normas culturais que o próprio liberalismo gerou. Isso porque muitas vezes não conseguimos pregar a verdade como ela é de acordo com as Escrituras. Há um receio de sermos ridicularizados pelo mundo. Parece que há uma intimidação que tem deixado a igreja em silêncio. Senão vejamos:
1- O sermão sobre o inferno está em extinção.
A doutrina do inferno é um bom exemplo de como a teologia liberal pode influenciar os cristãos a tornarem-se silenciosos em várias doutrinas. Afinal, quando foi a última vez que você ouviu um sermão sobre o inferno? Por que não pregamos mais essa verdade bíblica?
Teólogos liberais vêem a doutrina do inferno como sendo grosseira e insensível bem como moralmente repugnante. A mídia liberal normalmente representa alguém que prega o inferno e a perdição como sendo um pregador selvagem com um machado sangrento! Hollywood mesmo já produziu milhares de filmes ridicularizando as pessoas que acreditam em inferno.
Dada a predominância do liberalismo em nossa cultura hoje, a doutrina do inferno não é mais aceitável. Assim, enquanto os evangélicos ainda acreditam no inferno como uma doutrina, eles mesmos não pregam muito hoje sobre ela porque a cultura liberal se opõe a sua menção entre o povo moderno.
2- A verdade está sendo abandonada.
A verdade sem rodeios, nua e crua tem sido evitada em muitos púlpitos das igrejas. Isso porque temos medo dos zombadores deste mundo. Permitimos que o mundo nos colocasse em seu próprio molde. O apostolo Pedro alertou-nos que isto iria acontecer em 2 Pedro 3:3-4.
Não obstante, será que Pedro parou de pregar a Segunda Vinda de Cristo, porque algumas pessoas estavam zombando dele? Não! Para os apóstolos, a verdade era a verdade e não importava o que o mundo pensava. O apóstolo Paulo tinha a mesma atitude quando disse que Deus era fiel mesmo que todo mundo seja mentiroso [Romanos 3:4].
Ele disse ao jovem Timóteo para pregar a Palavra, independentemente se o tempo é conveniente ou não [2 Timóteo 4:2]. O sistema deste mundo não pode ser mais influente do que a verdade do evangelho de Deus.
3- A pregação doutrinária hoje é diluída e superficial.
Tornou-se fora de moda hoje pregar sobre o pecado. A “coisa” popular em nossa época é falar sobre várias doenças psicológicas, vícios e problemas.
Você já reparou que as pessoas hoje já não são vistas como pecadoras? Se você assistir a um desses programas de TV que fala de comportamento, você vai ouvir que os adúlteros, estupradores e molestadores de crianças não são pecadores que necessitam de arrependimento. Eles são viciados em sexo que precisam de terapia! Eles são apenas “doentes” e não pecadores perdidos que necessitam da graça de Deus. As pessoas hoje são apenas as “vítimas” da sociedade, do racismo, abuso, da negligência política e outras coisas mais. O que precisam então é de “doze passos” de um programa para encontrar as respostas. Não devemos julgá-los como pecadores! No entanto, a verdade é que tal perversidade e estupidez francamente vêm de uma falta de temor de Deus. É o pecado em suas vidas! A sua terrível natureza pecaminosa. E somente Cristo pode socorrer eficazmente essas pessoas. Creio que precisamos resgatar a doutrina do pecado e suas terríveis conseqüências.
Entretanto, infelizmente, o processo cultural liberal tem feito a pregação doutrinariamente bíblica se tornar irrelevante hoje na igreja. Há uma forte despreocupação de expor a antiga verdade do evangelho das Escrituras. Em vez de pregar a verdade de Deus, muitos padres suavizam seus sermões. Qualquer doutrina que possa ferir os sentimentos de alguém, ou é negada ou completamente ignorada no púlpito da igreja.
4- É politicamente incorreto dizer a verdade.
No momento em que apontamos todos os ensinamentos falsos e populares que não estão de acordo com a verdade do evangelho, você é convidado para se calar em nome da paz e da unidade. Não raro ouvimos: “Não balance o barco!” Não faça ondas!”. Estas parecem ser a regra de fé e prática de nossa época.
Em outras palavras, se você levantar-se para falar a verdade da Palavra de Deus, é chamado de arruaceiro que não é sensível aos sentimentos das pessoas. É acusado de orgulhoso e radical se você defende as doutrinas fundamentais da Bíblia e da fé cristã.
5- O movimento de crescimento de Igrejas é a nova onda.
Um fenômeno hoje que revela claramente o quão longe fomos arrastados do evangelho bíblico é o movimento de crescimento de igrejas. Eles querem nos fazer crer que os números, o dinheiro e os edifícios são os únicos objetivos que contam e que o Novo Testamento é irrelevante quando se trata da natureza, estrutura e programa da Igreja local. Devemos construir uma igreja que reflete o conselho dos ímpios! Não importa o que a Bíblia diz sobre como a Igreja deve ser estruturada e conduzida. Os sociólogos estão melhores equipados para nos dizer o que fazer como igreja do que Jesus e seus apóstolos!
No entanto, em Mateus 16:18, Jesus disse que Ele iria edificar Sua Igreja da maneira Dele. Ele não perguntou aos fariseus que tipo de igreja que eles queriam e, em seguida, edificar uma igreja de acordo com seus desejos. Teria os apóstolos, no livro de Atos, procurado o povo para ver o que eles queriam? Absolutamente que não!
É no Novo Testamento que encontramos os fundamentos e princípios da natureza e a estrutura de uma igreja. Podemos criar uma organização que queremos e chamá-la de uma igreja, mas isso não significa que é uma verdadeira igreja do Senhor Jesus Cristo. A Bíblia é a única regra de fé e prática para que a igreja cresça de maneira saudável.
A Bíblia nos diz em passagens como Atos 20:27 que “todo o conselho de Deus” deve ser pregado. Se o movimento de crescimento de igreja é de Deus, porque a doutrina e a verdade bíblica não é de fato proclamada? Porque a realidade do pecado e depravação humana não é ensinada? A resposta é muito simples: Os sem igreja não querem ouvir que são pecadores sob a ira de Deus! Eles odeiam a idéia de que precisam se arrepender e voltar-se humildemente para Deus. Não querem obedecê-Lo. Com isso, desde que a cruz é um escândalo para os gentios, algumas igrejas tem decidido não pregar o evangelho da cruz ou mesmo cantar hinos como o velho “rude cruz”!
6- O culto se tornou hoje uma busca de felicidade, não de Deus.
Se a verdade do evangelho já não é mais pregada, a maioria dos cristãos hoje não entende que o seu objetivo na vida é glorificar a Deus. Em vez disso, sua própria felicidade pessoal se tornou o tema de todos os que “consomem” a vida cristã. Felicidade se tornou um ídolo e muitos tem se curvado diante dela. Ouvimos muitos sermões sobre “Como Jesus pode te fazer feliz”. Ao invés de pregar que existimos para a glória de Deus e que somos Seus servos, somos informados hoje de que Deus existe para a nossa felicidade e que Ele é o nosso servo! Ele é supostamente um Deus para buscar a riqueza e a saúde, bastando determinar no coração e exigir Dele toda a sorte de bênçãos.
A verdade é que há uma decadência da dedicação a Cristo nesses tempos difíceis. O ego da geração moderna não está interessado no sacrifício pessoal para servir a Deus.
O ensino bíblico da dedicação total de tudo o que somos e temos ao Senhor Jesus Cristo é raramente pregada hoje. Em vez disso, as pessoas dizem que a vida cristã é fácil e divertida. Você pode pecar contra Deus, trapacear, roubar e até mesmo cometer adultério e ainda ser um pastor! Moralidade e a verdade não importam mais.
7- O entretenimento evangélico tomou o lugar da pregação.
Há evidencias de que muitas igrejas estão envolvidas no entretenimento, em vez de pregação bíblica. O culto tornou-se uma produção teatral, em vez de estar centrado na pregação da Palavra de Deus. Os atrativos estão sendo incluídos nos cultos das igrejas e os sermões cada vez mais estão curtos e superficiais.
Observamos que multidões de pessoas estão dispostas a ir à igreja, se houver muito entretenimento e pouca pregação. Muitos têm defendido a idéia de que a Igreja deve fazer de tudo para que as pessoas se sintam bem consigo mesmas; não é de admirar que já não ouvimos tantos sermões que confronte o pecado. A palavra pecado não se encaixa no pensamento positivo do movimento de crescimento de igreja. Não é politicamente correto. Isso é lamentável. Penso que muitos já venderam o direito de primogenitura por um bocado de sanduíche de nossa época.
Com isso a Igreja no do século XXI, apesar de toda a sua riqueza, modernidade e poder, é realmente arrastada para a perversidade e fraqueza espiritual. O homem no púlpito é freqüentemente mais carnal e imoral do que aqueles que se sentam no banco! A maldade que é feita em nome do Senhor, hoje, é uma praga sobre o testemunho da Igreja.
Portanto, a nossa oração é que a Igreja hoje recupere a sua espiritualidade nas Escrituras e renove o seu entendimento não se conformando com este século tão confuso!
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