CAPÍTULO I - DOS SACRIFÍCIOS
I. ORIGEM DOS SACRIFÍCIOS
O Sacrifício, em sua definição mais simples, é uma oferta que o homem faz para Deus em reconhecimento de seu soberano domínio. Estamos em relação a Deus, sob uma dupla dependência; primeiro, como criaturas, em seguida, como pecadores. Como criaturas, lhe devemos uma homenagem de reconhecimento; como pecadores, uma homenagem de expiação. Daí dois tipos de sacrifícios em uso entre todos os povos, os sacrifícios não sangrentos e os sacrifícios sangrentos. Os primeiros ofertados para um Deus Criador, para agradecer sua providência paterna; os segundos, imolados para um Deus vingador, para apaziguar sua justiça irritada.
SACRIFÍCIOS NÃO SANGRENTOS - Tão alto quanto podemos voltar, a história do gênero humano nos oferece vestígios desta espécie de sacrifício. Desde Caim e Abel, vemos todos os povos oferecerem em reconhecimento a Deus, o trigo de seus campos, o pão de sua mesa, os peixes de seus rios e os animais de suas florestas. Alguns davam o leite de seus rebanhos, e outros a fumaça de seus incensos e os perfumes de suas ervas aromáticas. Em outras ocasiões, eram simples frutos que se apresentavam para o sacrifício, e a história da antiga Roma nos ensina que eles nunca tocavam nos frutos novos sem separar antes a parte dos deuses.
Aprendemos de passagem na escola dos povos pagãos e selvagens, os deveres de reconhecimento para com Deus; ora, se o homem oferecia em homenagem ao Criador de todas as coisas as primícias de seus bens, devemos crer, ainda hoje, que Deus também nos exige esses sacrifícios pacíficos de reconhecimento. Damos aos pobres, oferecemos aos representantes de Deus sobre a terra os sacrifícios de nossa generosa caridade, quando o Senhor estende seu orvalho fecundo sobre nossos campos e suas bênçãos sobre nossas empresas. Quando Ele enche nossos celeiros de abundantes colheitas, as nossas mãos devem, portanto, reconhecer sempre a parte de Deus, que se tornará a parte do pobre.
SACRIFÍCIOS SANGRENTOS - Além destas simples oferendas dos frutos da terra, havia sacrifícios sangrentos, assim chamados por causa do sangue que se derramava.
Várias razões levaram à sua instituição e, aqui, falaremos somente das duas principais. Entre todos os povos, em todos os tempos e sobre toda terra, havia a crença generalizada entre os homens de que no sangue derramado havia uma virtude de purificação e reconciliação do pecador com Deus. É o que são Paulo diz admiravelmente em sua epístola aos Hebreus: “Segundo a lei, quase todas as coisas se purificam com o sangue e os pecados não são redimidos ao menos que ele seja derramado(1)”. Assim, quando o homem imolava uma vítima, ele reconhecia que, como pecador, ele merecia a morte e, se em seu lugar ele oferecia um animal inocente, é porque Deus não havia lhe dado direito sobre sua própria vida.
Para expressar melhor esta verdade, era prescrito àquele que apresentava a vitima a obrigação de estender as mãos sobre sua cabeça. Quando o sacrifício era para todo povo, os chefes faziam, em nome de todos, esta cerimônia simbólica, cuja finalidade era lembrar a todos sobre o peso de seus próprios pecados (2). Assim, se a vítima tomava o lugar do culpado, quanto mais grave fosse o pecado, mais vil deveria ser o animal oferecido em expiação. Para a idolatria, a maior das iniqüidades, se imolava uma cabra; para a ignorância dos sacerdotes, era um bezerro, e para a negligência do príncipe, um bode(3).
Há também outro motivo para os sacrifícios sangrentos, mais misterioso e mais comovente. Os sacrifícios foram destinados para manter, entre os homens, um pensamento de esperança e redenção. Após a queda, Deus resolveu resgatar o culpado pela efusão do sangue de seu Filho divino. Ele quis estabelecer um sinal sensível que perpetuasse esta promessa e figurasse, ao mesmo tempo, o futuro sacrifício do Calvário. É assim que o sangue da vítima, suas feridas, os seus sofrimentos, vieram, segundo os desejos admiráveis da sabedoria divina, lembrar, sem cessar aos filhos de Adão o futuro Redentor derramando seu sangue por eles, os “curando de suas feridas (4) ”, se fazendo o homem das dores (5), que, segundo o discípulo bem amado, foi imolado “desde o começo do mundo (6) ”.
Os detalhes no qual entraremos agora vão nos clarear, mas que o leitor nos permita antes, esta observação de Santo Agostinho, que a propósito, não se deve esquecer: “os antigos sacrifícios, diz o grande doutor, não eram perfeitamente suficientes para expressar o sacrifício de Jesus Cristo em toda sua extensão. É por isso que esses significavam uma condição e aquele, outra (7) ”.
II. FIGURA DOS SACRIFÍCIOS
O que impressiona, em primeiro lugar ao estudar os sacrifícios antigos, é a estrita condição de que todas as vítimas eram escolhidas entre os animais inocentes e entre os mais familiarizados com o homem. Os animais selvagens ou deformados nunca eram admitidos no altar. Assim, poder-se-ia, de uma maneira óbvia, dizer de Jesus Cristo, que se torna familiar ao homem até se fazer a doce e santa vítima do Calvário, cujo sangue, infinitamente puro, formado do sangue mais puro da mais santa das Virgens, pela operação do próprio Espírito Santo?
Outra condição exigia que a vítima fosse o primeiro do rebanho. Ainda aqui temos a figura do Salvador, que segundo a linguagem de são Paulo, é o primeiro dentre os homens que se tornaram seus irmãos pela Encarnação (8).
Esses sacrifícios geralmente terminavam com uma refeição onde se participava da carne da vítima, e todas as condições da vida social, se achavam, por um instante, confundidas. Quem não enxerga, já nesse rito, uma imagem do banquete eucarístico? Ele termina a renovação do sacrifício da cruz todos os dias sobre nossos altares; nele nos alimentamos da Vítima divina; todas as classes se misturam junto de um Deus pobre e escondido.
As vítimas, após sua imolação, eram queimadas totalmente ou em parte. De acordo com Sto. Agostinho, podemos olhar a fumaça das vítimas imoladas que se elevavam ao céu como uma imagem de Jesus Cristo. Após ser imolado sobre a cruz, Ele ressuscita glorioso e se eleva por sua Ascensão até o trono de Deus (9).
Esses são apenas resumos dos sacrifícios. Vamos considerá-los em particular, afim de que a luz mais brilhante irrompa sobre o assunto.
SACRIFÍCIO DE ISAAC — Este querido filho da promessa é descrito no relato bíblico, escalando, após uma caminhada de três dias, que foram para Abraão de uma agonia contínua, a montanha de Moria, e carregando ele mesmo a madeira de seu sacrifício. Atado por seu pai sobre a fogueira, ele não opõe nenhuma resistência. Ao ver a faca que vai mergulhar em seu peito, ele não tem a menor reclamação em seus lábios. Mas, a resignação do filho e a generosidade do pai satisfizeram o Senhor, e um anjo detém o braço já levantado de Abraão e lhe mostra, entre espinhos que se entrelaçam em seus chifres, um carneiro que foi imolado no lugar de Isaac.
Dois mil anos se passaram, e eis que um dia, o Filho divino da promessa, o Filho único e bem amado do Eterno, o verdadeiro Isaac, carrega a madeira de seu sacrifício, subindo, em silêncio, as mesmas trilhas que havia percorrido antes dele, o filho de Abraão (10). Pregam-no na cruz; não se ouve nenhuma reclamação. É a mão de seu Pai que, de alguma forma empurra os pregos pela mão do carrasco, e, para adicionar um último recurso, vemos o Cordeiro divino, assim como o nomeiam os padres, com os espinhos na fronte, imolado em nosso lugar.
SACRIFÍCIO DO CORDEIRO PASCAL — Era prescrito imolá-lo de tarde; não podendo quebrar-lhe nenhum osso (11). S. Justino nos fornece um detalhe comovente de que os membros do cordeiro eram dispostos em forma de cruz diante os presentes (12).
As portas dos Israelitas avermelhadas de seu sangue estavam preservadas da espada do Anjo da morte. Considerando a imagem, não se vê o Cordeiro de Deus morto na tarde do sábado, a Vítima santa, a quem os soldados não quebraram nenhum osso, e cujo sangue derramado sobre nossas frontes pelo santo batismo nos arranca da morte eterna?
Nessas comparações, Luis de Lion, acrescenta: “Se corta, diz ele, o Cordeiro pascal e se o come inteiramente, a carne, as vísceras, a cabeça. Não há parte no Salvador, onde a faca não tenha penetrado, onde o dente de seus inimigos não tenha mordido: as costas, os pés, as mãos, a cabeça, as orelhas, os olhos, a própria boca que foi preenchida de fel. Sua alma santíssima foi transpassada pela dor (13)”.
SACRIFÍCIO DA VACA VERMELHA – Para esse sacrifício, a vítima deveria ser de cor vermelha e de idade perfeita. Era preciso que o julgo jamais houvesse pesado sobre ela, e ela deveria ser imolada fora do campo (14). Encontramos tudo isso na imolação do Calvário. A Vítima divina não oferece mais do que uma imensa ferida. Ela é toda avermelhada em seu sangue. Ela tem a plenitude da idade, 33 anos. Livre, ela jamais conheceu o julgo do pecado, enfim, foi fora dos muros de Jerusalém que lhe crucificaram (15).
“Entregará a vítima ao sumo sacerdote, havia prescrito o Senhor sobre este sacrifício, e este, após a ter conduzido fora do campo, a imolará na presença de todo o povo. Todos aqueles que participaram de sua morte serão contaminados e permanecerão impuros até a tarde (16) ”. Que detalhes proféticos! Não é o povo que entrega Jesus Cristo ao grande sacerdote Caifás? Todo o povo judeu, reunido em Jerusalém para a Páscoa, não foi testemunha da morte de Nosso Senhor? Enfim, esse mesmo povo, culpado do sangue de Cristo, não portará até o fim dos dias a mancha indelével de seu crime?
SACRIFÍCIO DE DUAS ROLINHAS – Mencionaremos esse sacrifício por causa do interesse particular ligado a ele: o oferecimento dele pela augusta Virgem no dia da Purificação. Vamos ouvir Monsenhor Ollier: “Os mistérios da morte e da ressurreição de Nosso Senhor formam os termos do sacrifício oferecido exteriormente no templo no dia da Purificação. Eles eram representados por duas rolinhas, que, segundo a Escritura, deveriam ser apresentadas para Deus a fim de tomar o lugar do Filho e, para significar o sacrifício ao qual Ele estava destinado. Uma dessas pombas, ou rolinhas, era oferecida em sacrifício pelo pecado, e, nesse sacrifício, o animal era degolado e seu sangue derramado sobre o altar para representar a morte e a imolação de Jesus Cristo na cruz. A outra era lançada no fogo, e lá era consumida inteiramente. Por isso, chamavam-no (este ato) de holocausto, e ele representava a ressurreição de Jesus Cristo, abandonado em Deus e consumido pelo fogo de sua divindade. É por isso que Simeão, de forma profética, fala desses dois mistérios à santa Virgem. Ele será, em sua morte e em sua ressurreição, a causa da morte e da ressurreição de muitos (17)”.
Que dor pungente para a alma de Maria, testemunha da imolação desta vítima inocente que esboça a imolação desta outra vítima inocente que repousa sobre seu coração! Mas também para ela, que penhor de esperança ao ver a outra vítima consumida e destruída pelo fogo do holocausto! Inspirada do alto, ela vislumbrou sob este símbolo, seu Filho glorificado, transfigurado, consumido pela divindade na manhã de sua ressurreição.
O SACRIFÍCIO DO BODE EXPIATÓRIO – Tinha também um alto significado. Tomavam-se dois bodes. Um era imolado e o outro era reconduzido solto após ter sido carregado das iniqüidades de todo o povo. O bode imolado marcava a natureza humana de Jesus Cristo, que sofreu a morte. O bode reenviado marcava a natureza divina que não pode morrer. Esses dois bodes, oferecidos conjuntamente à Deus, pertenciam a um único sacrifício. Jesus Cristo, Deus e homem, se oferece a Deus. O homem morre, Deus subsiste, mas o Homem Deus quis carregar os pecados do mundo e tomar a forma do homem pecador, para nos salvar (18).
Sacrificavam-se para Deus, na antiga lei, somente três tipos de quadrúpedes, os da raça bovina, ovinos e caprinos. Eles também sacrificavam três espécies de aves, a rolinha e a pomba, que eram usadas em todo tipo de sacrifício, e o pardal, usado no sacrifício para a purificação dos leprosos. Sto. Tomás nos dá a razão disso: “Deus assim prescreveu, para oferecer a imagem do Salvador. O bezerro representava Jesus Cristo na virtude de sua cruz; o cordeiro, em sua inocência; o carneiro em sua força; o bode, na forma de pecador que Ele revestiu; a rolinha e a pomba, na união de suas duas naturezas; ou separadamente, a rolinha, em sua castidade, e a pomba, em sua caridade (19)”.
No sacrifício não sangrento, se oferecia pão, vinho, óleo, sal e incenso, mas nunca o mel que era proscrito por ordem de Javé (20). Aqui também temos sempre a figura de Jesus Cristo: o pão representava a carne sagrada na Eucaristia; o vinho, seu sangue precioso; o óleo, sua graça fortificante; o sal, sua ciência; o incenso, sua oração . O mel, símbolo dos prazeres, não teria sido um contra-senso no sacrifício de uma Vítima que deveria se chamar “o homem de todas as dores (21)”?
Nossa intenção não é fazer um estudo de todos os sacrifícios antigos. Os limites desta obra não o permitem. O que dissemos pode ser suficiente para solidificar esta convicção de que todas as vítimas da lei antiga eram somente a sombra da grande Vítima, que o mundo esperava, e que ainda nos resta dizer uma palavra.
III. O VERDADEIRO SACRIFÍCIO
Os sacrifícios da antiga lei eram numerosos. Os livros santos nos oferecem um exemplo bem notável. Somente para a dedicação do templo, Salomão imolou ao Senhor doze mil bois e cento e vinte mil ovelhas.
Este sangue, por mais abundante que tenha sido, não podia, diz o grande Apóstolo, expiar o pecado (22) . A falta original tinha aberto entre Deus e o homem um abismo. Nenhuma vítima até aí poderia preenchê-lo. A razão para essa impotência é de fácil compreensão: a vítima imolada participava de algum modo da maldição lançada sobre a terra no dia da queda. Por outro lado, o sacrificador só podia elevar ao céu uma mão maculada, pois todo homem é pecador, testemunha o Espírito Santo (23). Como a reconciliação poderia, então, se operar por um sangue impuro e por uma mão maculada? Era necessário, portanto, diz o Apóstolo: “um sacerdote santo, inocente, sem mancha, não tendo nada em comum com os pecadores, elevado por sua santidade acima dos céus (24)”, oferecendo também uma vítima santa que Deus pudesse considerar com um olhar complacente. Um pontífice inocente e uma vítima sem mancha podem ser encontrados em um mundo onde tudo é pecado ou tudo é maldito? Ou, não precisamos de um sacerdote e de uma vítima agradável à Deus, para não permanecermos sob o peso da cólera do céu?
O Deus da eterna misericórdia veio em nosso socorro. Mergulhe vosso olhar nas profundezas dos céus, o Verbo divino está ao pé do trono do Eterno. Escute estas palavras que emocionam os anjos: “Meu Pai, o Senhor não quer sacrifícios, nem holocaustos, eles não podem vos agradar. É-Lhe necessária outra vítima. Esta vítima serei Eu. Eis-me aqui, abate-se. Deixe cair os golpes de vossa justa cólera (25) ”.
Sabemos como o Filho de Deus se fez, para nós, ao mesmo tempo vítima e sacerdote. Vítima, pois seu sangue fluiu até a última gota, de suas veias que o amor tinha secado. Sacerdote, porque Ele se entrega, Ele mesmo, nas mãos dos carrascos. Tal sacrifício desarmou o braço de Deus, e a terra pôde ouvir estas palavras, caídas do alto dos céus, como uma promessa de reconciliação: “Este é meu Filho bem-amado, Nele coloco toda minha afeição (26)”.
Tal foi o sacrifício sangrento dos cristãos. Jesus Cristo não limitou sua misericórdia. Ele queria que a lei do novo testamento fosse também seu sacrifício não sangrento. Seu amor ardente o trouxe para suportar, todos os dias, os sofrimentos renovados de sua paixão. Mas Jesus Cristo ressuscitado, não podendo mais nem sofrer, nem morrer, soube ainda, nos segredos de sua infinita bondade, achar o meio de se imolar realmente e a cada instante, sem sofrer nem morrer. Para este fim, foi instituído o santo sacrifício da Missa, que não é mais do que o sacrifício da cruz, renovado, no meio de nós, de uma maneira não sangrenta e sob os véus do mistério. É a este sacrifício não sangrento de nossos altares que dedicaremos as páginas a seguir.
Do livro O CULTO CATÓLICO EM SUAS CERIMÔNIAS E SÍMBOLOS, do ABBÉ A. DURAND.
(1) Hb 9, 22
(2) Lv 1, 15
(3)N.d.t.: Santo Tomás de Aquino. (Roccasecca, 1225 — Fossanova, 7 de março 1274) foi um padre dominicano, filósofo, teólogo, distinto expoente da escolástica, chamado também de Doctor Communis ou Doctor Angelicus.
(4) Is 53, 5
(5) Is 53, 3
(6) Ap 13, 8
(7) Cidade de Deus, liv. X, c. 5 e 20
(8) Rm 8, 29
(9) Questão XXXIII sobre os Números
(10) Santo Agostinho, Sem. VII, de Temp.
(11) Dt 16, 6
(12) In Tryphonem.
(13) Dos nomes de Jesus Cristo
(14) Nm 19, 3
(15)Teodoro, Quaest. XXXVI – Santo Agostinho, Quaest. XXXIII – Rabanus.
(16)Nm 19, 3, 7, 8
(17) Cerimônias da Missa da Paróquia
(18)Teodoro, sobre o Levítico – Catecismo de Charancy
(19) I. 2. Quest. CII, art. 3 – S. Cirilo, lib. IV, de Adorat. In Spir, et verit. – Procop. in cap. IV Lévit – Beda .
(20) Lv 2, 2
(21) Santo Tomás de Aquino
(22) Hb 10, 4
(23) Sl 115, 11
(24) Hb 7, 26
(25) Hb 10
(26) Mt 3, 17
Gostou? Clique no link abaixo e conheça o blog que publicou essa postagem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário