Se às vezes pensamos que alguns ateus de hoje são mais encarniçados e anticlericais (a par de outros que são mancos, com nostalgia do Absoluto e com quem geralmente a hierarquia católica gosta de dialogar), deveríamos viajar até França, na passagem do século XIX para o XX, para ver como os de agora são gatinhos mansos ao pé dos de então, que chegavam a fazer vigia à porta dos moribundos para que a "padrecada" não contactasse com eles nos momentos finais, dados a "certas fraquezas do espírito".
Num espaço curto de anos, surgem:
Pequeno catecismo do Ateu (1903)
Pequeno Catecismo Popular do Livre-Pensador (1902) (na imagem, uma 5.º edição, de 1904)
Catecismo do Livre-Pensador (1877)
Contra-Catecismo Elementar (1913)
Este último, de Antoine Serchl, é ao estilo pergunta e reposta, como o "Catecismo de Pio X", de 1905 (todos os que têm mais de 40 anos e andaram na catequese lembram-se pelo menos de uma pergunta / resposta da versão resumida: "- Onde está Deus? - Está no céu, na terra e em toda a parte").
Um excerto do Contra-Catecismo de Antoine Serchl:
- É cristão?
- Não, sou livre-pensador
- O que é um livre-pensador?
- O livre-pensador é aquele que apenas acredita e admite a autoridade da ciência
...
- Não é só Deus que tem o poder de criar e de destruir?
- Não creio em Deus.
- Porquê?
- Porque para acreditar em Deus é preciso situá-lo no tempo e no espaço e então será material, ou seja, já não é Deus.
Fonte: História do Ateísmo, de Georges Minois, aí pelas páginas 560-570.
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Ateus empenhados
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