O que fazer com imagens bentas quebradas?

Pessoas muitos respeitadas e outras inseguras na doutrina não sabem como se desfazer das imagens bentas quebradas, estragadas, deterioradas. Será verdade que jogá-las no lixo pode fazer mal? Isto é supertição.

E sobre o costume de colocá-las junto a um cruzeiro ou aos oratórios de estrada. O que pensar? Objetos abençoados não têm em si algo divino. Não valem por si, mas pelo que significam. Como símbolos religiosos merecem respeitos e veneração. Símbolos são um recurso da comunicação humana em todas as culturas. A dimensão simbólica é uma propriedade entre o racional e o biológico ou a pura sensibilidade.

Usamos esta linguagem no dia a dia e não só nas palavras e gestos. Ora, todas as religiões expressam através de objetos simbólicos mesmo aquelas contrárias ao uso das imagens. O culto cristão às imagens enquanto biblíco entra no universo simbólico religioso. Vem do mistério da pessoa humana.

O livro de Gênises é enfático ao afirmar que Deus fez homem e mulher à sua imagem e semelhança (Gn 1,26-27). Os dois não são iguais a Deus, mas têm algo divino e de certa forma o retratam. São Paulo diz que Jesus é "a imagem do Deus invísivel, é o primogênito de toda criatura (Cl 1,15).

Os cristãos refletem como num espelho a glória do Senhor e vão se tranformando na sua imagem e semelhança (2Cor 3,18). Deus não pode ser objetificado, mas é a sua imagem que amamos nos outros. Ela nunca pode ser quebrada, deteriorada e jogada fora. Em nós e nos outros. Nenhuma sociedade, cultura ou legislação pode desprezar a pessoa humana, ofender a sua dignidade por meio de injustiças e corrupção moral.

No culto cristão a veneração a Maria e aos santos nos leva ao mistério pascal de Cristo. É a força redentora de sua graça que age nos santos. "A iconografia crsitã trancreve pela imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura transmite pela Palavra. Imagem e Palavra iluminan-se mutuamente" (CIC n. 60).

Mas, é culto idolátrico acreditar mais na imagem que imita o santo (a). Da mesma forma atribuir bênção, poder espiritual ou valor religioso ao símbolo avariado desvirtua a veneração e não glorifica a Deus. Imagens abençoadas são dignas de estima e conservação zelosa porque inspiram a fé e a confiança na Graça de Deus dada à nós por Jesus.

Uma vez quebradas, estragadas, danificadas são indignas de honra e veneração. Não representam mais nem simbolizam nenhuma intermediação com o sagradado. Acabar de quebrá-las (ou destruir objetos sacros estragados) é a maneira mais respeitosa de se desfazer delas e deles.

O próprio respeito ao uso espiritual, à sua linguagem simbólica pede sua destruição total. Se possível enterrando, queimando ou colocando no lixo em pedaços bem pequenos. Nunca deixar junto a Cruzeiros ou oratórios. Venerar os santos não pode sequer parecer mais importante que a salvação em Cristo.

Pe. Antônio Clayton Sant'Anna, C.SS.R.



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