Perguntas que todos fazem

Perguntas que todos fazem:


Por que tantos sofrimentos neste mundo?
Como explicar porque a Providência divina permite tantos dissabores e
Deus não intervém logo e afasta tantos padecimentos?




O
sofrimento faz parte da nossa existência na Terra. Ao observar a
realidade humana vemos tantos problemas, doenças, desentendimentos,
inveja, pobreza, calamidades climáticas etc.


Então pergunta-se: porque tantos sofrimentos neste
mundo? Porque se dão tantos acontecimentos ruins? Como explicar porque a
Providência divina permite tantos dissabores e Deus não intervém logo e
afasta tantos padecimentos?


O sofrimento entrou no mundo por causa do pecado. O
primeiro plano de Deus para o homem era sem o sofrimento. As pessoas
viveriam num paraíso e, dependendo de seu amor a Deus, iriam mais ou
menos rápido para o Céu, sem passar pela morte. E no Céu desfrutariam a
mais completa felicidade de corpo e de alma.


Mas o pecado de Adão e Eva cortou esse plano. Retirando
as graças especiais que havia concedido, Deus estabeleceu um novo plano:
aquele desejo de felicidade completa realizar-se-á, mas só no Céu; o
homem deixou de viver num paraíso, e terá de habitar a Terra (vale de
lágrimas), por um certo tempo, para adquirir méritos que lhe permitam ir
ao Céu, após a morte, à qual ficou sujeito.


Como adquirir esses méritos? Esforçando-se (ou seja,
sofrendo) para conhecer a verdade, o bem e o belo, bem como para
conseguir os bens de sua sobrevivência; lutando contra a péssima
inclinação para o mal, que o pecado original deixou em nossa alma;
lutando contra as adversidades da natureza, e ainda contra àqueles que
cedem às tentações (do mundo, do demônio e da carne) e formam o chamado
“partido dos filhos das trevas” que atuam no sentido de transformar a
terra num lugar de perdição do maior número de pessoas.


Cada
um pode comprovar, em si mesmo, a existência dessa inclinação para o
mal: é mais fácil ser mau do que bom; é mais difícil trabalhar do que
ceder à preguiça; mais fácil ser ladrão do que honesto; mentir do que
dizer sempre a verdade… A tal ponto é difícil lutar contra essas más
inclinações, que o Catecismo nos ensina que, sem ajuda da graça, não
pode o homem perseverar longo tempo sem pecar.


Precisamente, o mérito do homem, que o habilita a ir
para o Céu, consiste em lutar contra essas más inclinações e vencê-las.
Ou seja, em sofrer.


Assim sendo, uma pessoa que não tiver provações,
dificuldades, contrariedades, não conseguirá adquirir méritos. Deus dará
a cada pessoa um grau de felicidade perfeita conforme ela lutou, sofreu
e batalhou para conhecer, amar, praticar o bem e combater o mal. Com a
circunstância de que as penas e contrariedades desta vida são
passageiras, enquanto o Céu é eterno. Uma pessoa pode permanecer 80
anos nesta vida, enfrentando todo tipo de mal, mas se o fizer com a
resignação e fortaleza que Deus pediu, vai ser recompensada no Céu, para
sempre.


Deus permite o sofrimento porque há um motivo sério e
lógico para tal. Não o faz por vingança, nem deixa que algo nos falte,
devido a desinteresse por nós. Isso não seria lógico, e admiti-lo
implicaria negar a perfeição de Deus. Pois, abolindo-se esta visão
católica da finalidade do homem na Terra, resta-nos um mundo em que
sofremos sem entender o motivo; em que procuramos o prazer, mas não o
encontramos senão fugaz e decepcionante. No fundo, torna-se um local de
frustração, porque não iremos encontrar a única que realmente tem valor
aqui na terra: participação incoativa na bem-aventurança eterna.


Nosso Senhor Jesus Cristo foi o maior exemplo de sofrimentos. Padeceu na Cruz, sendo humilhado até o fim por seus algozes


Se nesta vida devemos adquirir méritos de tanto valor
para a eternidade, eliminar a capacidade de obtê-los seria um mal, e não
um bem. Obviamente, Deus conhece nossas capacidades, e nunca vai nos enviar um sofrimento superior ao que conseguiríamos suportar.
Mas tais sofrimentos, Ele quer que os suportemos de forma digna,
decidida. Exemplo frisante de confiança e resignação em face dos
sofrimentos é de Jó, um santo do Antigo Testamento.


Esse segundo plano de Deus tem ainda algo maravilhoso: é
a possibilidade de uns, por meio das orações de sofrimentos, adquirir
méritos para os outros. Quer dizer, por um admirável jogo da graça,
podemos conseguir para outros aquilo que eles normalmente não
conseguiram para si mesmos. E podemos consegui-lo para esta vida e para a
vida eterna.


Podemos realizar boas ações, pedindo a Deus uma graça,
uma consolação, uma ajuda nesta vida para alguma pessoa a quem se quer
bem. Em relação à outra vida, podemos pedir pela libertação das almas do
purgatório.


Neste sentido, uma pessoa que carrega muitos sofrimentos
é o verdadeiro rico, pois tem a riqueza dos méritos, podendo
distribuí-los pela chamada Comunhão dos Santos. E uma pessoa que só tem
os prazeres passageiros que a vida oferece é, pelo contrário, um
verdadeiro pobre, que no dia do Juízo Particular não terá nada, ou quase
nada para apresentar como mérito. Santo Afonso de Ligório, assistido na
morte por Nossa Senhora, foi verdadeiramente rico na hora do Juízo
Particular, devido às virtudes heróicas que praticou em vida.


As maiores alegrias resultam do sofrimento


No alto da Cruz, tendo cumprido sua missão e redimido o
gênero humano, Nosso Senhor alcançou o auge da felicidade. Ele tinha
completado tudo que foi chamado a realizar, e pode dizer: “Consummatum est!”
(Tudo está consumado, Jo 19,30). Deus, que poderia ter dado uma simples
gota de seu sangue para operar a Redenção, desejou dar tudo,
absolutamente tudo.


A Santíssima Virgem esteve sempre ao lado de seu Filho, e a Igreja, tão apropriadamente, a chama “Mãe sofredora”.
Ela desejou e permitiu a morte de seu divino Filho pelos pecados dos
homens, sofreu com Ele e por Ele, por homens indiferentes ou cúmplices
da crucifixão, aos quais Ele havia feito apenas o bem.


Não há área de atividade humana em que a alegria de
realizar algo não esteja na proporção de sua dificuldade. No que diz
respeito à virtude, o mesmo se dá com a alegria de ter cumprido o dever,
amando e vendo-se amado por Deus.


A felicidade só
é alcançada quando o homem, que tem um desejo crescente de felicidade,
encontra para saciá-lo o Ser infinito, que é Deus
. E isto pode se
dar já aqui na vida terrena, desde que a pessoa pratique a virtude, o
que se dá sempre, de uma forma ou de outra, por meio do sofrimento. Mas
que, nesse caso, tem por cima a graça de Deus, obtidas por meio de Nossa
Senhora, a Causa de nossa alegria (Causa nostrae laetitiae).





Fonte: Vocacionados Menores
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