Faz hoje 94 anos que Deus foi julgado e condenado à morte por um tribunal popular soviético.
O processo levou cinco horas e até teve direito a defesa, se bem que os esforços dos advogados do arguido se tenham limitado a tentar argumentar a sua inimputabilidade por “grave demência e perturbações psíquicas”.
Anatoly Lunacharsky, o arquitecto desta manobra de propaganda e juiz no processo, decidiu, sem grandes surpresas, condenar Deus pelos crimes de genocídio e crimes contra a humanidade.
Se durante o julgamento Deus tinha sido representado pela colocação de uma Bíblia no banco dos réus, no dia seguinte o pelotão de fuzilamento decidiu-se por uma abordagem mais prática e disparou uma salva de tiros para o… céu.
Tanto quanto foi possível averiguar, esta foi a primeira vez que Deus foi julgado (exceptuando o julgamento de Jesus Cristo, para quem é cristão). Mas não a última!
Na Guerra Civil de Espanha tornou-se famosa a imagem de um pelotão de fuzilamento republicano a executar a sentença de morte contra uma imagem de Cristo Rei.
Mas a história mais interessante que mete Deus no tribunal ter-se-á passado num campo de concentração Nazi, durante o holocausto. Na verdade não há provas concretas que tenha tido lugar, mas a lenda teve força suficiente para ter entrado no imaginário e ser representado num filme.
Um grupo de prisioneiros judeus, discutindo como era possível acreditar em Deus na situação em que se encontravam, decidiram julgá-lo num tribunal rabínico. No filme o processo é levado a cabo com muita seriedade. O advogado de defesa cumpre o seu papel com a maior devoção, mas isso não chega para que o Senhor seja ilibado.
Talvez o mais engraçado seja o crime pelo qual os judeus o condenam: quebra de contrato.
Pelo menos no filme, contudo, fica a ideia de que no final, mesmo para quem considerou Deus culpado, a história não é assim tão simples. Aqui podem ver uma parte do julgamento. Neste canal de YouTube (de um ateu militante brasileiro) podem ver o resto, se assim quiserem, legendado em português.
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