Tempo da Páscoa: “Eis que eu faço novas todas as coisas!” (Ap 21,5)

Estamos iniciando um novo tempo, que a liturgia da Igreja chega a chamar de “primavera espiritual”. Na Vigília Pascal rompeu-se o nó das nossas gargantas, que durante quarenta dias do tempo da Quaresma nos prepararam para celebrar a Vida Nova em Cristo Jesus, podemos dizer com força e alegria como diziam os cristãos nos primeiros séculos: CRISTO RESSUSCITOU, RESSUSCITOU VERDADEIRAMENTE ALELUIA!
Uma antiga tradição conta-nos que os primeiros cristãos que viviam com grande intensidade o dia da Ressurreição, quando eles se encontravam na rua, eles se cumprimentavam assim: Cristo ressuscitou! O outro respondia: Ressuscitou de verdade Aleluia!
Observe esta cena acima, é exatamente isso que acontece com quem ressuscita com Cristo. É uma metanoia, metamorfose: Metanoia (do grego antigo μετανοεῖν, translit.  metanoein: μετά, metá, ‘além’, ‘depois’; νοῦς, nous, ‘pensamento’, ‘intelecto’), no seu sentido original, significa mudar o próprio pensamento, mudar de idéia. No sentido religioso, pode significar arrependimento ou o processo de conversão, tanto intelectual como moral e espiritual.  Metamorfose (do grego metamórphosis) é uma mudança na forma e na estrutura do corpo (tecidos, órgãos), bem como um crescimento e uma diferenciação, dos estados juvenis ou larvares de muitos animais, como os insetos e anfíbios (batráquios), até chegarem ao estado adulto. São Paulo chama assim: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criatura. O que era antigo passou agora tudo é novo” (cf. 2Cor 5,17).
Nesta semana, em particular, estamos celebrando A “OITAVA DA PÁSCOA”. Como o mistério da “passagem” do Senhor pela morte é extremamente profundo, durante oito dias celebraremos esse grande mistério como se fosse um único dia com o objetivo de viver melhor o ponto central de nossa fé: A RESSURREIÇÃO DE JESUS (no passado, esse era um tempo especial de contato com a fé para os que tinham sido batizados durante a Vigília Pascal).
Todo o tempo pascal, que se estende por sete semanas até a Festa de Pentecostes, é marcado, não apenas nos domingos, mas também durante todos os  dias da semana, pelos textos de Atos dos Apóstolos e do Evangelho de João. São trechos que nos mostram a fé das primeiras comunidades cristãs e dos Apóstolos em Cristo Ressuscitado e nos convidam a fazer da nossa vida uma contínua páscoa seguindo fielmente os passos de Jesus, testemunhando-o corajosamente no mundo de hoje.
A ressurreição de Cristo foi princípio, de vida nova, para todos os homens, todas as criaturas e as coisas: uma primavera espiritual.
Os cinqüenta dias do Tempo pascal (da Páscoa a pentecostes) são marcados pela alegria profunda dos nossos corações, que é fé na ressurreição do Salvador e fidelidade renovada ao nosso batismo, no qual somos co-ressuscitados com Cristo; o canto do Aleluia, que ressoa repetidamente na liturgia, manifesta o jubilo deste período. Jesus ressuscitado e vivo continua presente no meio dos seus; durante cinqüenta dias o círio pascal, acesso na noite de Páscoa, é símbolo e testemunho desta presença, enquanto cada domingo deste período celebra os diversos modos da presença e manifestação do Senhor ressuscitado na sua Igreja.
No segundo Domingo da Páscoa a aparição do Senhor no meio dos seus consagra o ritmo dominical da sua presença no meio da assembleia festiva dos fiéis: o Domingo festa primordial, dia do Senhor ressuscitado, se torna sinal semanal da Páscoa. Todos os dias para o cristão, que ressuscitou com Cristo será o dia de Páscoa. O cristão será no mundo a chaga do ressuscitado visível na vida e no testemunho, força transformadora da civilização do amor. O Bem-aventurado João Paulo II instituiu a Festa da Divina Misericórdia.  Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos” (cf. Jo 20,19-31).
No terceiro Domingo reconheceremos o Senhor na fração do pão: com os discípulos de Emaús caminhando a luz da Palavra reconheceremos Jesus que sempre caminha conosco. Ele esta presente no meio de nós através dos sinais Sacramentais. Sobra sobre os discípulos o Espírito Santo dá-lhes o Dom da Inteligencia e os faz testemunhas fiéis e anunciadores do Reino de Deus: Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, e lhes disse: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. Vós sereis testemunhas de tudo isso” (cf. Lc 24,35-48).
No quarto Domingo o Bom Pastor nos manifesta o mistério da presença do Cristo nos pastores da sua Igreja. O desejo de Jesus é reunir todas as suas ovelhas num só rediu, num só rebanho: “Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (cf. Jo 10,11-18).
No quinto Domingo Jesus se apresenta como a Videira, a nova arvore da Vida e nós os seus ramos, quem quiser viver deve manter-se unido a Ele para alimentar-se de sua seiva. Assim também é a Igreja hoje, ela tem os frutos, o verdadeiro alimento que nós precisamos para crescer e também produzir: “Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, † como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer” (cf. Jo 15,5).
No sexto Domingo Jesus é o Amor do Pai e ninguém tem maior amor do que aquele que dá sua vida pelos amigos e nos dá novamente, como sinal dos seus seguidores o Mandamento do Amor: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando” (cf. Jo 15, 12-14).
No dia da Ascensão do Senhor (sétimo Domingo), Jesus antes de subir ao Pai, envia ao mundo suas testemunhas; elas e todo o povo profético manifestarão Jesus Cristo salvador: E disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda criatura! Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. Eis os sinais que acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios em meu nome; falarão novas línguas; se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão curados” (cf. Mc 16, 15-18).
Em Pentecostes o Espírito Santo realiza a plenitude da Páscoa de Cristo por meio da Igreja. Impelidos pela força de Jesus ressuscitado e pela fé, os apóstolos partem para sua missão do mundo. Jesus disse de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, ficarão retidos” (cf. Jo 20, 21-23).
Celebrar a Eucaristia neste período de Páscoa significa particularmente: reconhecer todas as manifestações de Jesus ressuscitado na sua Igreja e na vida de cada cristão; tornar-nos instrumentos destas manifestações, como membros do povo sacerdotal: dar graças ao Pai pela presença contínua de Jesus ressuscitado entre nós. Eu e você somos as testemunhas mais eloqüentes de que Cristo ressuscitou, por isso, viva como alguém ressuscitado em Cristo.
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Oração: Ó Deus, por vosso Filho Unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concedei que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na Luz da vida nova. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do espírito Santo. Amém
Cristo ressuscitou, ressuscitou de verdade Aleluia!

Feliz Páscoa!

Padre Luizinho, Com. Canção Nova.

Diretor espiritual e Formador no Pré-discipulado.

http://twitter.com/padreluizinho

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