Aos olhos dos seus colegas advogados e servidores reais, Thomas More era um tolo, um legalista, um moralistazinho sem conserto. Enquanto todos, primeiro-ministro, conselheiros reais, membros de altos cargos na corte, arcebispos, bispos, monsenhores, padres, monges, todos cediam às pressões de Henrique VII (exceção honrosa de Dom John Fisher), Thomas More lá permanecia, teimoso no interior de suas certezas, impávido, inamovível, com a segurança de estar fazendo o que sua consciência ordenava. Alguns até aconselhavam que ele fizesse uma “restrição mental”, assinasse um papel reconhecendo a primazia do Rei sobre a Igreja na Inglaterra e, portanto, aceitando “com os lábios” o inválido matrimônio com Ana Bolena. Thomas More sabia, no entanto, que no âmbito ético, parecer é fundamental. Aplicando o princípio no caso que está mobilizando os debates nos sites do país, do mesmo modo que não basta dizer que é católico, é preciso agir em consonância; não é suficiente dizer que é contra o aborto, tem que parecer também. No dia 11 de abril de 2012, dia triste para o judiciário brasileiro, alguns parlamentares eleitos pelos católicos para lutarem por seus princípios puseram o rosto para serem cuspidos, não negaram a cara aos que lhes arrancavam a barba.
O Deputado Eros Biondini, o deputado Marcos Feliciano, o vereador Hermes Nery, dentre outras lideranças sociais, se mobilizaram a fim de tornar nula a decisão acerca da ADPF 54 no STF, por vício processual insanável. A divulgação do voto do redator do processo a meios de comunicação é uma violação clara de normas vigentes na Corte Suprema. Os senhores deputados, honrando os eleitores que neles confiaram, agem para evitar um grande mal ao país: a morte de crianças indefesas. Com essa atitude, eles ganham a confiança desses mesmos eleitores para as próximas eleições. A despeito da “cara feia” da mídia, da chacota de seus colegas, dos conselhos para fazer a “restrição mental”, os deputados sabem que não basta “ser católico”, importa “parecer”, é necessário que as ações sejam concordes com as palavras.
Enquanto isso, os deputados Molon e Chalita não emitem um “ai” sobre o assunto que mobiliza o país. O deputado paulista, para dar a entender que tem algo mais importante para fazer que se mexer em favor dos indefesos bebês, tem a coragem de divulgar que está tratando de “endurecer” a lei seca. Concretamente, porém, nenhuma palavra sobre o problema mais grave do momento, sobre o ponto mais perigoso durante todo o dia.
Na página do twitter do Molon, o mesmo acontece.Quantos Wallys faltam nessa foto??
Também senti falta dos médicos católicos, eles mesmos que prometeram defender a vida humana e, especialmente, a vida humana mais frágil e indefesa. Quiçá suas vozes tenham sido caladas pela mídia brasileira, agressiva e monopolizante. Que não seja por vergonha dos amigos, por medo de perder o emprego, enfim, que não seja pela falta de fé que já corrói a fundo sua crença em Cristo e na sua Igreja.
Mas há ainda algo grave para acontecer: caso se confirme a legalização dos casos de aborto de anencéfalos, quero é ver quem vai ser o cabra-macho que negará a Eucaristia às Excelentíssimas Excelências, quando forem com seus netinhos e netinhas, suas esposas e esposos, à missa de domingo de manhã cedinho. Afinal, esse é um caso de excomunhão Latae Sententiae, não é? Ou será que as Excelências dirão que o país é laico e que não podem ser penalizados pelas suas decisões no Tribunal Superior?
Gostou? Clique no link abaixo e conheça o blog que publicou essa postagem!
Não basta ser, tem que parecer
Nenhum comentário:
Postar um comentário