Faltaria falar das mulheres comuns, camponesas ou citadinas, mães de família ou trabalhadoras.
A questão é muito extensa, e os exemplos podem chegar através de diversas fontes como documentos ou mil outros detalhes colhidos ao acaso e que mostram homens e mulheres através dos menores atos de suas existências.
Através de documentos, pôde-se constatar a existência de cabeleireiras, salineiras (comércio do sal), moleiras, castelãs, mulheres de cruzados, viúvas de agricultores, etc.
É por documentos deste gênero que se pode, peça por peça, reconstituir, como em um mosaico, a história real ‒ muito diferente dos romances de cavalaria ou de fontes literárias que apresentam a mulher como um ser frágil, ideal e quase angélico ou diabólico ‒ mas que não tinha voz nem vez.
Mondsee Folk Festival, Tirol |
Existem documentos demonstrando como em muitos locais, mulheres e homens votavam em assembléias urbanas ou comunas rurais.
Ouve um caso curioso: Gaillardine de Fréchou foi uma mulher e a única pessoa que, diante da proposta de um arrendamento aos habitantes de Cauterets, nos Pirineus, pela Abadia de Saint Savin, votou pelo Não, quando a cidade inteira votou pelo Sim.
Museu da Idade Média, Dinamarca |
Nas atas dos notários é muito freqüente ver uma mulher casada agir por si mesma, abrir, por exemplo, uma loja ou uma venda, e isto sem ser obrigada a apresentar uma autorização do marido.
Enfim, os registros de impostos, desde que foram conservados, como é o caso de Paris, no fim do século XIII, mostram multidão de mulheres exercendo funções: professora, médica, boticária, estucadora, tintureira, copista, miniaturista, encadernadora, etc.
(Autor: Régine Pernoud, “Idade Média ‒ o que não nos ensinaram”).
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