Quando a inveja nos atinge: Sua metodologia


  “A saúde da inveja é ver o outro doente”


         Mais do que um sentimento, a inveja, é algo, que aos poucos, vai adulterando a pessoa. Este mal pode atingir qualquer um de nós. Sua ação pode estar entre os que estão perto, bem como daqueles, que estão longe. Cada passo que damos buscando nosso objetivo com dignidade, trabalho, esforço, pode estar sendo vigiado, cobiçado por quem almeja e não consegue. Esta é a triste realidade de quem cai nas garras da inveja. Seu eu fica deformado, suas palavras, engordam pensamentos destrutivos do porque ele (ela) e não eu. A existência do seu ser parece não caber dentro das vinte e quatro horas do dia. Sua ânsia acalenta a notícia de que o outro (a) não conseguirá. O sorriso, embutido dentro de uma raiva, sobe ao pódio para aplaudir a considerada vitória do eu consegui. Nesta metodologia chegamos às palavras de Francisco Quevedo: “A inveja é assim tão magra e pálida porque morde e não come”.

        A inveja tem o prazer de receber a pessoa em seus aposentos. Para isso, prepara toda uma recepção, engalanada de aconchegos, musicais atrativos, embalando o visitante num falso caminho de boas vindas. Ao entrar no recinto da inveja, a cilada é tão bem feita, que a pessoa pensa estar num chão seguro e, sem se perceber, é acolhida no precipício daquilo que a leva a lágrimas de arrependimentos. Miguel Cervantes nos alerta: “A inveja vê sempre tudo com lentes de aumento que transformam pequenas coisas em grandiosas, anões em gigantes, indícios em certezas”. A inveja quer ver o outro descer os degraus e ter a certeza que chegou ao último. Neste benfazejo ensejo, ela, se sente dona do pedaço. Seu terreno é intocável. No baú, reserva os mais belos enigmas de criativos pensamentos para se defender. Quer ter uma razão, argumentada, num alto preço, investindo na derrota do outro. Fala-nos Niceto Zamora: “Os ataques da inveja são os únicos em que o agressor, se pudesse, preferia fazer o papel da vítima”.

        Monitorando sua pedagogia de ação, a inveja, nos seus altos índices de inteligência arquiteta seus botes, igual serpente (cobra), para quem se aproxima dela. Seu veneno é tão sutil que quando atinge a pessoa todo o corpo dói. A saúde da inveja é ver o outro doente. Suas gargalhadas atingem os mais estrondosos ecos. Já nos diz Antonella Albertini: “Quando você mostrar que encontrou a solução, as pessoas irão te atingir, te derrubar, expor seus defeitos e tudo que não conseguiu alcançar”. Publílio Siro dá mais um passo ao dizer: “Só o homem corajoso ou bem sucedido pode suportar a inveja”. Horácio completa: “O invejoso emagrece com a abundância do outro”.

        Dói no invejoso ver o outro alcançar o que por merecimento, dignidade, luta e lealdade conseguiu. A maior frustração da inveja é ver o sucesso do outro. Já nos diz o décimo mandamento da lei de Deus: “Não cobiçar as coisas alheias”. A inveja tem uma organização tão bem delineada que lembra as aranhas ao erigirem suas bonitas teias. Elas sabem quais os fios venenosos para surpreender suas presas e quais os que podem passar tranqüilas. Se as aranhas têm essa inteligência instintiva, imagina o invejoso. Já nos alerta Alberto da Brescia: “O invejoso se queima por dentro e por fora pela própria inveja”. Antístenes acrescenta: “A inveja consome o invejoso como a ferrugem o ferro”. Não engrosses a fila dos invejosos. Lute por seus objetivos com fé, amor, lealdade e, sobretudo, com honra. Pense nisso.

Côn. Manuel Quitério de Azevedo
Professor do Seminário de Diamantina e da PUC – MG
Membro da Academia de Letras e Artes de Diamantina – MG


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Inveja

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