Ravasi, o cibercardeal

Ravasi, o cibercardeal:

Reportagem de Marco Ansaldo, no “La Repubblica”, sobre ocardeal Ravasi, “ministro da Cultura do Vaticano”, que está no Twitter (ver aqui), tem blogue, assina uma coluna num diário, organiza o Átrio dos Gentios, faz um programa num canal televisivo e, podemos acrescentar, escreve prefácios nos livros de José Tolentino Mendonça (“O tesouro escondido”).

Gostei especialmente dos seguintes trechos, mas vale a pena ler tudo aqui.
"Ainda há um longo caminho a ser feito – explica o cardeal –, mas agora é o momento de estar na Internet. Existe um espaço que deve ser preenchido, depois do divórcio entre a linguagem dos sacerdotes e a dos fiéis da Igreja. A Igreja tem à sua frente um problema duplo. De um lado, deve conseguir encontrar uma nova abordagem. De outro, fazer com que a nova linguagem não desgaste o conteúdo: há grandes valores que, se reduzidos em um formato muito frio, correm o risco de desaparecer. Eis o complicado desafio: a alma deve entrar em um pequeno formato – e Ravasi parece se referir aos SMS –mesmo sendo infinita".
De fato, Ravasi é um homem capaz de conjugar instrumentos nascidos há pouco com meios amplamente consolidados. Sua Eminência insiste na necessidade de informação. "Este mundo, que às vezes parece um emaranhado de absurdos, é, no entanto, o nosso mundo. E a leitura do jornal – continua, citando Hegel – é a oração da manhã do homem moderno (aqui). É preciso ler os jornais. E é uma atitude esnobe aquela de quem diz que nunca lê os jornais, ou melhor, nem sequer os olha: uma atitude equivocada. O próprio fiel, de manhã, deve ter a Bíblia e o jornal, no qual verifica, mede, cruza a sua existência".
Ravasi observa que, "nos últimos anos, houve uma mudança antropológica". McLuhan, explica, "ensinou-nos que os meios de comunicação tornaram-se a nossa prótese. E essa atmosfera tão permeante atravessa a todos, até mesmo aqueles que se obstinam a não ter TV em casa ou o computador. A Igreja também está envolvida. Devemos adaptar o diálogo, atualizando-nos. Giovanni Battista Montini, o futuro Paulo VI, dizia em 1950 ao filósofo Jean Guitton: 'É preciso ser antigo e moderno. De que serve dizer a verdade, se os nossos contemporâneos não nos entendem?"

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