Quaresma: Por que cobrir as imagens no interior da Igreja?


Alguns fiéis têm se surpreendido ao entrar na Basílica N. Sra. de Lourdes e se deparar com suas enormes imagens de santos, com os crucifixos e até mesmo a imagem da padroeira, cobertos com véus roxos.  Trata-se de uma prática muito antiga na Igreja Católica por ocasião  da quaresma.  Na Idade Média, quando já não mais havia os chamados "penitentes públicos'', matinha-se, porém, a consciência da importância e da necessidade da penitência quaresmal; assim, na quarta-feira de Cinzas estendia-se um grande véu roxo com a largura de todo o templo entre a nave e o altar-mór. 

 Tal uso deste grande véu penitencial com o passar dos sèculos desapareceu de nossas igrejas, ou foi na vardade gradativamente modificado de modo que o Missal tridentino, anterior ao Concílio Vaticano II, previa que as imagens dos santos fossem cobertos com véu escuros durante a quaresma, mais precisamente a partir da quanta semana da quaresma, quando então se iniciava o Tempo da Paixão.  Isso mesmo! Se hoje o ciclo litúgico da Páscoa compreende basicamente os tempos litúrgicos da quaresma e da Páscoa, antes da reforma do Concílio Vaticano II o referido ciclo continha ainda entre a quaresma e a Páscoa o que era chamado de Tempo da Paixão, que se estendia desde o quinto domingo sa quaresma, também chamado de domingo oficioso da Paixão (oficioso porque o domingo oficial da Paixão é o Domingo de Ramos), até o Sábado Santo.

  O motivo principal para tal orientação era de que não perecia legítimo que os cristãos distraíssem com os Santos a sua devoção que deve estar fundamentada no Mistério Pascal de Cristo, ou seja na Sua paixão, morte e ressurreição.

Assim, cobrindo-se todas as imagens dos Santos e os cruscifixos surge com maior evidência o que há de essencial em nossas igrejas: o altar, onde se opera e atualiza o Mistério Pascal.  Todavia, como já aludimos acima, após a reforma litúrgica do concílio, não se pode mais falar propriamente de um Tempo da Paixão, nem de domingo oficioso da Paixão, além disso, hoje já não há mais nenhuma normatividade vigente quanto a esta prática tão antiga que caiu em desuso após a referida reforma litúrgica, sendo assim atualmente compreendida como facutativa; de modo que precisamente por isso aqui em nossa comunidade de N. Sra. de Lourdes optamos por cobrir as imagens dos santos desde o início da quaresma, na quarta-feira de Cinzas.

 Aproveitemos, caros irmãos e irmães, este tempo tão precioso para uma ulterior renovação espiritual a fim de nos libertarmos das amarras do pecado e podermos assim celebrar menos indignamente a Páscoa do Senhor que se aproxima



Pe. Valtemario S. Frazão Jr.
Pároco


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