O que é o Coronelismo Evangélico?

Os evangélicos sempre prezaram pelo discurso de “separação do mundo”, ou seja, os cuidados com as práticas mundanas e ímpias, já que somos novas criaturas. Esse discurso é verdadeiro, mas infelizmente pouco praticado. Quando leio as notícias e escândalos envolvendo o nome do senador José Sarney (PMDB-AP) lembro imediatamente de muitos líderes evangélicos que se comportam como coronéis, da mesma forma que o oligarca do Maranhão. Mas o que é coronelismo evangélico e quais as suas características? Quais as características dos coronéis seculares e eclesiásticos?O que é coronelismo?
Traduzindo, o coronel é uma pessoa influente, que exerce um poder maior do que as instituições que ele representa. Esse tipo de líder normalmente encontra amplo apoio pelas suas práticas “populistas”. Ele fala como o povo, age como o povo, mas na verdade exerce um poder despótico contra o povo. O coronel está acima da instituição, quando deveria ser o contrário.
O coronelismo evangélico é exercido em grandes denominações de todas as vertentes evangélicas, mas principalmente no meio pentecostal (o clássico, inclusive) e neopentecostal. Infelizmente são pessoas que esqueceram que o modelo de liderança de Jesus é o servir e não ser servido: “E ele (Jesus), assentando-se, chamou os doze e lhes disse: Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos” (Mc 9.35). Coronelismo evangélico é um mundanismo eclesiástico!
Quais as características do coronelismo?
As características do coronelismo são arcaicas, mundanas, símbolo do atraso e da falta de ética. Vejamos:
- Clientelismo
O clientelismo, segundo o Dicionário Houaiss, pode ser definido como uma “prática eleitoreira de certos políticos que consiste em privilegiar uma clientela (‘conjunto de indivíduos dependentes’) em troca de seus votos; troca de favores entre quem detém o poder e quem vota”. Isso é comum entre políticos ímpios. Agora, verificar isso entre pastores e pastores, ou, entre pastores e políticos… É vergonhoso, asqueroso e perverso. Infelizmente isso existe. O que não podemos é agir com complacência e tolerância diante dessas coisas mundanas. Infelizmente não é dessa forma que alguns grandes cargos eclesiásticos são negociados?
- Nepotismo
Os coronéis sempre querem a perpetuação do poder. Então, o que é melhor do que filhos e netos no mesmo cargo ou em cargos de confiança? Será que todos esses filhos nasceram vocacionadas para tais funções? Coincidência, não é? É claro que um filho de pastor pode ter vocação pastoral, mas então por que essa pessoa assume as melhores funções dentro da jurisdição eclesiástica? Infelizmente o nepotismo nasceu na antiga Igreja Católica medieval e renasce hoje no ambiente evangélico!
- Fisiologismo
Os coronéis confundem o privado com o particular. Não é a toa que os nobres deputados e senadores usam do dinheiro público para fins particulares, como o pagamento de um jantar para a namorada. O fisiologismo é isso, uma “conduta ou prática de certos representantes e servidores públicos que visa à satisfação de interesses ou vantagens pessoais ou partidários, em detrimento do bem comum” (Dicionário Houaiss). Muitas igrejas insistem em representantes políticos da denominação. Agora vem a pergunta: Por que esses representantes vêm da parentela de importantes líderes? Será que não existe vocacionado político entre pessoas sem parentesco com os líderes-mor?
- Carisma
Os coronéis normalmente são carismáticos (carisma aqui no sentido sociológico e não teológico). Normalmente agem e gostam de destacar que são autoridades constituídas por Deus, cabendo então o máximo de respeito e reverência… O pior, mesmo diante dos erros e equívocos. Muitos usam o bordão “não toqueis nos meus ungidos” e usam tal versículo inadequadamente como uma forma de proteção contra críticas. Os coronéis são necessariamente papistas, pois o que falam apresenta um valor da infalibilidade. Como carismáticos, também espiritualizam sua função, fazendo com que qualquer crítica torna-se demoníaca!
- Populismo
O coronelismo é casado com o populismo. O líder coronel fala o que o povo gosta de ouvir. Não se engane, muitas vezes até um discurso duro e conservador é usado estrategicamente para agradar certos ouvidos. Agora, o coronel na versão gospel não deixará de falar em bênçãos e usar bordões triunfalistas. O coronel é “o cara”, aliás, ele mesmo se acha “o cara”, o salvador da pátria ou da denominação!
- Midiático
Os coronéis gostam muito da mídia. Mas eles gostam desde que essa mídia seja chapa branca, sem esforço de investigação e denúncia. Na verdade, os coronéis gostam de controlar uma ou mais mídias. Todo coronel que se preze precisa de uma mídia ao seu favor. Na versão gospel não é diferente…
Essas e outras características rodam o universo coronelista. Infelizmente essa praga está no nosso meio. Isso é o famoso mundanismo que muitos denunciam, mas esquecem de suas faces variadas. Uma das faces do mundanismo é o coronelismo eclesiástico.



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