Dia desses estava assistindo a um programa de televisão cujo apresentador é um homem culto, mega empresário e bem sucedido profissionalmente. O assunto do programa girava em torno dos vários temas polêmicos que já havia sido apresentado.
Um dos temas falava sobre as donas de casa. Eis, então, a pérola do tal apresentador: "eu respeito muito a mulher que, mesmo fazendo faculdade, decide ficar em casa e cuidar dos filhos. Entretanto acho legal quando ela não pára com os estudos, mas continua se aprimorando. Essa, sim, merece meu respeito, porque não ficou em casa sendo inútil como dona de casa, mas continuou a se valorizar".
Não é difícil perceber nesta fala o preconceito do respectivo apresentador com as donas de casa. Na verdade, ele não respeita a mulher que decidiu ficar em casa por conta dos filhos, marido e casa, mas aquela que achou "cult" optar por isso.
O que seria "cult" neste assunto? Explico. Nossa sociedade é permeada pelo pensamento feminista de que a mulher não pode ficar em casa, pois perde tempo na vida e se rebaixa ao homem. Sendo assim, tentou equiparar homens e mulheres num mesmo patamar. Não deu certo. Então, resolveram dar à mulher a opção de trabalhar fora, ser o arrimo da família, enquanto o homem cuida dos filhos e da casa. Também não deu assim tão certo. Então, essa feminista encontrou um jeito de ficar em casa, mas não parecer "empregada" do lar (visão torta sobre os cuidados do lar, diga-se!). Ela cuida dos filhos, mas não deixa de estudar.
Ora, que a mulher pode fazer isso, não há problema algum. A única razão para repensar sobre isso é se esta mesma mulher entende que ser irrealizada é ser "apenas" mãe e esposa, dona de casa.
Nossa sociedade precisa, urgentemente, rever seus conceitos sobre este assunto. Já é passada a hora de compreender que a dona de casa é a base de uma família. Que por trás de um grande profissional há aquela dona de casa que cuidou dos filhos, da educação, da família. Que cuidar da casa e dos filhos não é nada inferior, mas importante e necessário. Que é chegada a hora de repensarmos se devemos mesmo delegar a outra mulher a chefia e o cuidado da nossa casa e família, pagando-lhe um salário mensal. Que hoje a sociedade precisa de mulheres que não enxerguem o serviço do lar como algo "cult", mas fundamental para uma família feliz.
Enquanto isso não ocorre, continuaremos a ver homens e mulheres que enxergam na dona de casa uma inútil que, a bem da verdade, inútil e inapropriado é este pensamento.
Evelyn Mayer, casada, mãe, professora de Língua Portuguesa e palestrante de recursos humanos em indústrias.
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