Quem assistiu os jogos da Copa percebeu tanto nos jogadores como nos torcedores, sinais de fé ou pelo menos de crenças religiosas. Jogadores que usam medalhas, rezam se persignam, e elevam os braços em sinal de gratidão a Deus.Do lado da torcida também foram expressivas as manifestações de preces, de mãos voltadas para os jogadores transmitindo força e inspiração.
O que acrescenta a fé, pode definir a vitória de um jogo? Primeiramente devemos esclarecer que Deus não vai tomar partido de uns contra os outros.Sendo o amor e a misericórdia em pessoa, protege, cuida e defende a todos.O Pe. Anthony de Mello explica bem esta assertiva com uma historinha intitulada: Jesus vai ao estádio de futebol. Jesus fica sentado na Arquibancada, um time faz um gol e Ele se levanta e festeja depois de certo tempo o outro time faz um gol e Ele se levanta de novo e festeja com alegria.
Um torcedor surpreso, pergunta: Afinal par quem você está torcendo? Ele responde com serenidade, eu vibro com a arte, a alegria de todos, gosto daquilo que faz bem aos meus irmãos. Não se pode usar a Deus para conseguir um resultado, ou para que Ele amarre as pernas do adversário. Deus nos protege contra o mal, o jogo brusco e desleal sim, mas a sua influência ou graça é nos tornarem esportistas e atletas mais íntegros, corajosos, humildes e solidários purificando-nos do estrelismo, arrogância e da tentação de vencer a qualquer custo, atingindo muitas vezes a integridade física do oponente.
A verdadeira religião coloca as coisas no seu lugar, é bonito torcer, é muito válido ganhar, mas o importante é como conseguimos a vitória, não existem mãos de Deus que introduzam a bola no gol como afirmava um jogador se justificando por ter feito um gol com a mão. A vitória é uma consequência de um esforço e empenho pessoal e cooperativo, de honra e patriotismo, de respeito pela camiseta e pela bandeira e o que elas significam. Um jogo de futebol numa copa mundial é uma excelente oportunidade para fazer crescer a consciência da fraternidade universal, que por cima das diferentes culturas, etnias e raças constituímos uma só família, e que a paz e o amor são as únicas medalhas que não obscurecem nem perdem o verdadeiro brilho que vem do Pai.
Deus seja louvado!
CNBB
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz é bispo de Campos (Rio de Janeiro).
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