REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (14/03/2012) - Tema: MORTIFICAÇÃO (PARTE I)

REC – Reflexões e Estudos CATÓLICOS (14/03/2012) - Tema: MORTIFICAÇÃO (PARTE I):

PRIMEIRO SENTIDO DA MORTIFICAÇÃO: MATAR O “HOMEMVELHO”

«Se não temortificas, nunca serás alma de oração» (SãoJosemaria Escrivá).
Por quê? Porquedentro de nós há, como diz São Paulo, duas forças opostas em contínua luta: o“homem velho” e o “homem novo” (ver Ef 4,22-24). A Escritura logo chama nossa concupiscência de “homem velho”, opostoao “homem novo” que é Jesus que vive em nós e nós mesmos que vivemos em Jesus. O homem velho temum nome: “egoísmo”, fruto do pecado original e dos pecados pessoais. O homemnovo também tem um nome: “amor”, fruto da presença do Espírito Santo na alma eda nossa correspondência.
Os dois “homens” sãocomo brigões que puxam de uma corda, cada um por um extremo, em sentidocontrário. Se o “velho” levar a melhor, arrasta-nos para longe de Cristo (poissó a graça e o amor nos aproximam dEle). Mas toda vez que o “novo” vence(”mortificando” o egoísmo), aproxima-nos de Deus, da amizade com Cristo, da uniãocom Ele.
Por isso, entende-sebem que Jesus diga: «Se alguém quiser vir comigo, negue-se a si mesmo [negue o"eu" egoísta], tome a sua cruz e siga-me» (Mt 16,24).
O “homem velho” ou esta carne deve ser, não digoaniquilado, porque é coisa impossível enquanto dure a vida presente, mas sim mortificado, ou seja, reduzido praticamenteà impotência, à inércia e à esterilidade de um morto; há que impedir-lheque dê seu fruto, que é o pecado, e anular sua ação em toda a nossa vida moral.


SEGUNDO SENTIDO DA MORTIFICAÇÃO: REPARAR OSPECADOS COMETIDOS

A mensagem de Fátima nos ajudará acompreender este ponto:
Eis queoutro dia, pouco depois da primeira aparição angelical, quando as criançasbrincavam perto do poço que existia no quintal da casa da família, o mesmo Anjoapareceu dizendo-lhes: "Que fazeis? Orai, orai muito. Os CoraçõesSantíssimos de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Ofereceiconstantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios." Lúcia pergunta entãoao Anjo: "Como nos havemos de sacrificar?"; ao que foi respondida:"De tudo que puderdes, oferecei a Deus um sacrifício em ato de reparaçãopelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores."
Em outra aparição,recomendou Nossa Senhora: "Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei muitasvezes, e em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparaçãopelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria".
Emoutra, dizia aos pastorinhos: “Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelospecadores, que vão muitas almas para o inferno por não haver quem se sacrifiquee peça por elas”.


ALGUNS TIPOS DE MORTIFICAÇÃO

1º) A mortificação externa, a da ordem epontualidade na oração. É importante ter uma hora e um lugar fixos para aoração e observá-los, mesmo que não tenhamos vontade nem facilidade (sódeixá-los se há “impossibilidade”).
«É preciso vencer -diz São Josemaria Escrivá - a poltronaria, o falso critério de que a oraçãopode esperar. Não adiemos nunca essa fonte de graças para amanhã. O tempooportuno é agora».

2º) A mortificação física da gula. Não façaessa cara de estranheza. Sim, gula e oração têm muito a ver, como ensinavam oscristãos dos primeiros séculos. Comer demais, além de fazer mal ao corpo,enfraquece a alma e a torna “pesada”. No século V, o abade João Cassiano,grande mestre da oração, escrevia: «O primeiro combate que devemos empreender écontra o espírito de gula. A abstinência corporal não tem outra razão de sersenão conduzir-nos à pureza do coração».

3º) A mortificação da imaginação. Nãopodemos ter a imaginação à solta, ao longo do dia. Dizem que Santa Teresa deÁvila chamava a imaginação de a “louca da casa”, o que é uma grande verdade;quem não se acostuma a mortificar devaneios à toa, filminhos mentais semsubstância, depois, quando chega a hora da oração, sofre o bombardeio dasdistrações: a imaginação solta as suas “bombas de fumaça” e não nos deixa fixara mente e o coração em Deus.

4º) A mortificação que purifica. SãoJosemaria compara a nossa alma a um «pássaro que ainda tem as asas empastadasde lama», e comenta que são necessários «muito calor do Céu [graça de Deus] eesforços pessoais pequenos e constantes [mortificações], para arrancar essebarro pegajoso das asas»

5) Finalmente, as mortificações necessáriaspara cumprir a Vontade de Deus. A própria oração nos faz ver, quase sempre,o que Deus quer de nós. Para dizer-lhe “sim”, teremos que dizer “não” a algumgosto, plano ou prazer pessoal. Por exemplo, para não deixar de ir à Missa aosdomingos. Ou para participar de um apostolado ou de um trabalho social em favordos necessitados... As mortificações que elas exigem são as pontes por ondepassa o amor. Do outro lado da ponte da mortificação, feita com amor a Deus eao próximo, estão os braços e o coração aberto de Cristo Jesus. E, com ele,está a alegria.


O JEJUM NA BÍBLIA

Na história da salvaçãoé frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura oSenhor comanda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comero fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência dobem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2,16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que «o jejum foiordenado no Paraíso», e «o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão».Dado que todos estamos entorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, ojejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assimfez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidandoo povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus» (8,21). O Onipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua proteção.O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo de Jonas aoarrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um jejumdizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua ira,de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e ospoupou.


A PENITÊNCIA NO CÓDIGO DO DIREITO CANÔNICO

Cân. 1250 — Os dias e tempos de penitência naIgreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma.
Cân. 1251 —Guarde-se a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinaçõesda Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser quecoincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira daPaixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Cân. 1252 — Estão obrigados à lei da abstinência osque completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos osmaiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores dealmas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por motivo de idade menor nãoestão obrigados à lei da abstinência e do jejum, sejam formados no sentidogenuíno da penitência.

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