Quem é pai ou mãe sofre ou já sofreu desta doença, desta fraqueza, deste martírio. Ou porque nos zangamos com toda a razão e a criança teve uma reacção absolutamente desproporcionada desatando aos gritos em absoluto sofrimento como se não houvesse amanhã; ou porque vamos sair à noite e o menino na hora da despedida baixou a cabeça e perguntou em voz baixa “vai sair outra vez… é?”; ou porque mandamos a criança para a cama só pelo sossego que a ida para a cama de um filho proporciona, e essa é, por isso, uma atitude egoísta; ou porque achamos que devíamos brincar mais com os nossos filhos e zangar-nos menos; ou porque simplesmente trabalhamos e passamos pouco tempo em casa, e é por causa disso que a criança teve negativa a Matemática. Todos os dias, todos os pais têm pelo menos seis ou sete vezes remorsos. Um drama.
É certo que os remorsos, ao contrário de outras doenças, não matam, mas moem. E as crianças sabem. Sabem e controlam os pais e as mães através dos remorsos, como se fossem um comando à distância: “Podes ir jantar fora, mas vais-te arrepender: o bifinho vai saber a vinagre. Ehehe…”
É urgente que seja lançado um Plano Nacional de Erradicação dos Remorsos e da Promoção do Alívio de Consciência. Mais uma vez, somos nós contra eles, os filhos.
É certo que os remorsos, ao contrário de outras doenças, não matam, mas moem. E as crianças sabem. Sabem e controlam os pais e as mães através dos remorsos, como se fossem um comando à distância: “Podes ir jantar fora, mas vais-te arrepender: o bifinho vai saber a vinagre. Ehehe…”
É urgente que seja lançado um Plano Nacional de Erradicação dos Remorsos e da Promoção do Alívio de Consciência. Mais uma vez, somos nós contra eles, os filhos.
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Remorsos:
Inês Teotónio Pereira , i-online 29 Dez 2012
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