Essas correntes filosóficas causaram muita influência nos cristãos primitivos, originando uma série de disputas, que deram origem a algumas teorias heréticas sobre a Trindade. As principais foram:
Monarquismo
Essa heresia surgiu da dificuldade em explicar o elemento divino na pessoa de Cristo, e mesmo do Espírito Santo, sem cair no erro do triteísmo.
O Monarquismo Modalista não admitia a existência da Trindade Ontológica (em essência), mas apenas Econômica (funcional), ou seja, Pai, Filho e Espírito Santo são uma única pessoa que se manifestou sucessivamente na história. Deus se manifestou na pessoa do Pai na Criação, na Pessoa do Filho na Encarnação e na Pessoa do Espírito Santo na Regeneração.
Já o Monarquismo Dinâmico negou a divindade essencial de Jesus, afirmando que Deus é essencialmente um, e que Jesus havia recebido o dinamis (poder) de Deus por ocasião de seu batismo, sendo elevado a uma categoria divina. Esse poder o abandonou poucos instantes antes de sua morte.
Arianismo
O Arianismo recebeu esse nome de seu fundador Ário (250-336 a.D.), que foi um Presbítero da igreja de Alexandria. Ário era essencialmente unitarista, e negava qualquer possibilidade de haver uma Trindade.
Segundo Ário, somente Deus era eterno, Jesus era uma criatura intermediária gerada do nada por Deus antes da criação do mundo. Desse modo o Pai nem sempre foi Pai, pois antes de ter criado o Filho, Deus existia sozinho. O Filho não é eterno.
Segundo Ário, a importância do Filho estava no fato de que ele foi o instrumento através do qual Deus criou todas as coisas e nada mais. É impossível não associar o arianismo ao que proclamam hoje as Testemunhas de Jeová.
Os Concílios
A igreja reagiu à maioria das heresias antigas reunindo-se em concílios onde foram formuladas declarações de fé que demonstravam a verdadeira ortodoxia. Os Concílios que mais trataram a respeito da trindade foram Nicéia e Calcedônia.
O Concílio de Nicéia foi convocado pelo Imperador Constantino por causa do Arianismo em 325 d.C. O Arianismo foi rejeitado nesse concílio, e formulada a seguinte declaração de fé:
“Cremos em um só Deus, o Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas, visíveis e invisíveis; E em um só Senhor, Jesus Cristo, o filho de Deus, gerado do Pai, unigênito, isto é, da substância do Pai, Deus de Deus, luz de luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado, não feito, de uma só substância com o Pai, pelo qual todas as coisas vieram a ser, coisas nos céus e coisas na terra, o qual, por nós, homens, e por nossa salvação, desceu e Se encarnou, tornando-Se homem, sofreu e ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus, e virá para julgar os vivos e os mortos; E no Espírito Santo. Mas, quanto àqueles que dizem „tempo houve em que ele não existia‟, e „antes de nascer ele não era‟ e que ele veio a existir do nada, ou que afirmam que o Filho de Deus procede de uma hipóstase ou substância diferente, ou é criado, ou está sujeito a alteração ou mudança – a esses a igreja Católica anatematiza”.
Essa declaração colocou o Filho em pé de igualdade com o Pai, ou seja, ele é da mesma substância do Pai. Não é um Deus diferente, e muito menos inferior.
No Concílio de Constantinopla, em 381, as diferenças com relação à divindade do Espírito Santo foram resolvidas. A Fé Nicena foi reafirmada nesse Concílio, mas a questão do Espírito Santo foi melhor esclarecida:
“Nós cremos no Espírito Santo, o Senhor, o Doador da Vida, que procede do Pai [4], que com o Pai e o Filho juntamente é adorado e glorificado…”
Essa declaração afirma claramente que o Espírito Santo não era subordinado ao Filho e nem ao Pai, mas era da mesma substância do Pai e do Filho.
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