“...Não quer dizer que tudo que os primeiros cristãos faziam era inspirado por pelo o Espírito Santo, só porque está escrito nas catatumbas não quer dizer que era o correto, temos que observar o que está escrito na bíblia e que o Apóstolos orientavam e mesmo assim com cautela, pois mesmo eles podem em algum momento sair da direção que o Senhor gostaria que eles seguissem, lembrem-se que todos cometeram falhas com exceção de Cristo.”
Prezado Protestante,
Será que a nova heresia protestante afirma que a pregação dos Apóstolos não é confiável? Que o testemunho da Igreja primitiva não importa? Ah, meus irmãos, que sonharam em ver, um dia, a união entre os cristãos, quão distante fica a vossa e nossa esperança: a cada dia que passa, a situação se torna mais e mais complicada! Como é triste ver tantas voltas e criativas (mesmo que absurdas) elucubrações na simples tentativa de negar a Verdade!
Pelas suas afirmações, caro leitor, o que percebemos muito nitidamente é que, para você, a única regra que vale é a palavra do “pastor” protestante, e nada mais. O que os Apóstolos pregaram não tem valor; o que a História e a própria Bíblia nos mostram sobre a prática da Igreja primitiva também não têm valor e, ao contrário do que afirma, para você, o que a Bíblia Sagrada atesta também não tem valor. A única coisa que tem valor e deve ser observada fielmente, segundo o seu pensamento, é a pregação do “pastor”, do alto do púlpito! É um caso explícito de idolatria, a um ser humano como se fosse um deus, com poderes absolutos sobre a própria verdade!
Então, tente perceber que você faz exatamente aquilo de que muitos protestantes acusam os católicos: você segue tradições de homens. Mas por favor não se ofenda. Antes que você procure algum argumento para tentar negar as minhas afirmações, eu vou explicar e provar o que estou dizendo, na viva e mais sincera esperança de que você compreenda:
Em primeiro lugar, não há nenhum sentido em dizer que, para compreender a Verdade, a Bíblia vale, e a pregação dos Apóstolos não vale, simplesmente porque (atenção agora)foram os Apóstolos que, direta ou indiretamente, escreveram o Novo Testamento da Bíblia! Em outras palavras, não existiria a Bíblia Cristã se não existissem os Apóstolos. Entende isto? Os Apóstolos não liam a Bíblia para conhecer e saber como seguir o Caminho (até porque a Bíblia Cristã ainda não existia naquele tempo); ao contrário, eles escreveram a Bíblia para que a Igreja soubesse como seguir o Caminho, - que é o próprio Senhor Jesus Cristo.
Fazendo um exercício imaginário, se você entrasse numa máquina do tempo, encontrasse os Apóstolos e dissesse a eles que, para seguir Jesus, confia única e exclusivamente na “Palavra de Deus”, referindo-se à Bíblia, eles lhe dariam um belo puxão de orelhas! Para os Apóstolos, como também em todo o contexto bíblico, a Palavra de Deus é o próprio Cristo, como o Apóstolo João escreveu logo no primeiro capítulo do seu Evangelho. Os Apóstolos viram, ouviram, tocaram e conviveram com a Palavra de Deus em Pessoa: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam a respeito da Palavra da Vida (...) o que vimos e ouvimos, isto vos anunciamos, para que tenhais comunhão conosco” (1Jo 1,1-3).
Então, sendo que os Apóstolos nos deram a Bíblia, - e não o contrário, - não há sentido em dizer que a Bíblia é confiável e os Apóstolos não. Logo, se os Apóstolos não são confiáveis, a Bíblia também não é, já que a Bíblia foi escrita pelos Apóstolos, que eram inspirados por Deus!
E se eram inspirados por Deus para escrever, não eram inspirados também para pregar, para orientar e conduzir a Igreja de Cristo, aquela mesma Igreja com a qual o Senhor prometeu que estaria até o fim do mundo (Mt 28,20)? Não foi esta Igreja edificada pelo Senhor? E o mesmo Senhor não prometeu que as portas do Inferno jamais prevaleceriam contra ela (Mt 16,18)? Então, se o Senhor prometeu que estaria para sempre com a Igreja, e que o Inferno não prevaleceria contra ela, - e essa Igreja era conduzida pelos Apóstolos, - então os Apóstolos tinham que ser conduzidos também pelo Senhor! Consegue entender isto? É óbvio, é claro como água!
Se você afirma que os Apóstolos, os quais conduziam a Igreja, não eram 100% confiáveis, então você está dizendo que o Senhor mentiu, ou então que a Bíblia também não é confiável, primeiro porque a Bíblia Cristã foi escrita pelos Apóstolos, segundo porque está escrito nesta mesma Bíblia que Jesus Cristo, diretamente, deu autoridade a estes Apóstolos sobre a Igreja, até mesmo para perdoar ou não perdoar os pecados (Jo 20,23)!
A argumentação que eu lhe apresentei até aqui, em Teologia, é chamada de “Argumento Invencível”, pois não há saída, não há como contrariá-la. Não é possível você dizer que os Apóstolos foram infalíveis para escrever os Evangelhos, os Atos e as Epístolas, mas não eram infalíveis para pregar e conduzir os primeiros cristãos, porque a Bíblia mesmo afirma o contrário, quando diz que Jesus estava com a Igreja, que o Inferno não prevaleceria contra a Igreja e que dava aos Apóstolos autoridade sobre a Igreja.
É exatamente a mesma coisa quando falamos do Papa, hoje, e a confusão dos protestantes também é exatamente a mesma: o Papa, como sucessor de Pedro, é um homem imperfeito e falho, sujeito ao pecado como qualquer um de nós, assim como foram os Apóstolos. Nós não cremos nos Apóstolos e nem no Papa como infalíveis, no sentido de serem perfeitos e intocáveis: cremos que, quando no exercício sagrado da condução da Igreja, aí sim eles são infalíveis. Cremos nisso porque cremos na Promessa de Cristo, que disse aos seus Apóstolos: “Eis que estou convosco até o fim do mundo” (Mt 28,20).
Bem, o fim do mundo ainda não chegou, e a Igreja continua a sua missão de levar o Evangelho a toda criatura (Mc 16,15). - Então, se eu creio em Jesus e creio nas Escrituras, preciso crer que Ele ainda está Presente no meio da Igreja (Ap 2,1), sendo a Cabeça da Igreja, que é o seu Corpo na Terra (1Cor 12,27 / Ef 4,12 / Rm 12,5). - E se Cristo é a Cabeça que conduz o Corpo, então eu não posso afirmar que a Igreja foi corrompida, desviada, nem que aquilo que a Igreja ensina esteja errado, pois ela não pode jamais desviar aqueles que buscam a Verdade: é esta a Promessa de Cristo!
Sim, filhos da Igreja podem se desviar, podem pecar e se corromper, e levar outros a fazerem o mesmo, é claro: infelizmente, isso é notório. Mas um filho da Igreja que se perde não representa a Igreja como um todo, assim como não podemos derrubar toda uma imensa árvore porque uma única folha nasceu defeituosa.
Mas tudo o que eu falei até aqui representa um só ponto da questão. A melhor maneira de convencer alguém que foi condicionado a acreditar que somente aquilo que está escrito na Bíblia pode ser levado em consideração (a famigerada doutrina da sola scriputra), é apontando e mostrando o que a própria Bíblia tem a dizer a respeito.
Por isso, eu costumo repetir sempre certas passagens a todos os que vêm aqui repetir a cartilha da sola scriputra (e são muitos), e quem acompanha este blog já sabe disso. Você pode ler algumas dessas repostas aqui e aqui, e ver um bom exemplo do tipo de fruto que a sola scriptura costuma dar aqui, por exemplo. Se você fizer uma pesquisa em nosso “Índice de respostas católicas a acusações protestantes e 'evangélicas'", encontrará material abundante sobre esses temas.
Mesmo assim, meu querido leitor Protestante, faço questão de publicar mais uma vez (pois temos que ser incansáveis na defesa da Verdade e na prática do bem, conforme diz a Bíblia em Gl 6,9) o que a Bíblia Sagrada tem a dizer sobre a doutrina que diz que devemos observar somente aquilo que dizem as Escrituras:
Em João 5, 39
“Vós examinais as Escrituras, julgando encontrar nelas a vida eterna. Pois bem! São elas mesmas que dão testemunho de mim. E vós não quereis vir a mim para que tenhais a vida.”
Aí está Jesus Cristo, na Bíblia Sagrada, declarando categoricamente que Ele não pode ser encontrado somente através das Escrituras.
Em 1 Timóteo 3, 15
“...Quero que saibas como deves portar-te na casa de Deus, que é a Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da Verdade.”
O Apóstolo Paulo define a Igreja como a coluna e o sustentáculo (ou a firmeza e o fundamento, segundo outras traduções) da Verdade. Em nenhum lugar da Bíblia está escrito que a Escritura é, sozinha, o fundamento da Verdade, mas sim a Igreja de Cristo.
Em 2Pedro 1, 20
“Sabei primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular.”
Mais uma vez, a Escritura é mais do que direta, e qualquer um que não seja cego ou não use uma venda nos olhos pode ver: primeiramente entendam que as profecias da Escritura não é de interpretação particular, isto é, não foram escritas para qualquer pessoa ler e interpretar do seu jeito, usando-as para qualquer fim, inclusive justificar os maiores absurdos, como temos visto ultimamente, desde a defesa do aborto até a invenção da "teologia da prosperidade".
Em 2 Tessalonicenses 2, 15
"Então, irmãos, estai firmes e guardai a Tradição que vos foi ensinada, seja por palavras, seja por epístola nossa."
Aí está o Apóstolo Paulo declarando, objetivamente, que devemos guardar não somente o que está escrito (as epístolas dos Apóstolos formam a maior parte do Novo Testamento da Bíblia), mas também a Tradição.
Em 2 Tessalonicenses 3, 6
"Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que anda desordenadamente, e não segundo a Tradição que de nós recebeu."
Apartai-vos de todo irmão que não anda segundo a Tradição da Igreja! O que mais é preciso que a Bíblia diga, para que alguém se convença da falsidade da doutrina da sola scriptura?
Bem, meu caríssimo leitor Protestante, eu lhe mostrei e provei biblicamente que o Magistério e a Tradição dos Apóstolos são, no mínimo, tão fundamentais para a Igreja quanto as Escrituras. Mais do que isso, esses três pilares do Cristianismo se integram, se completam e conferem sentido um ao outro. A Igreja de Cristo se fundamenta igualmente nestes três princípios, estes três apoios. Assim como uma estrutura não pode se manter estável se estiver apoiada em apenas um apoio, assim também a Igreja. Isolar as Escrituras, para utilizá-las como única regra de fé e prática, é o primeiro e maior erro dos protestantes.
Esperando que minha resposta possa ter auxiliado no esclarecimento destas questões, ou ao menos que eu tenha conseguido fazer pensar, encerro fraternalmente, em Cristo.
Gostou? Clique no link abaixo e conheça o blog que publicou essa postagem!
Resposta ao leitor: o Magistério, a Tradição Apostólica e as Escrituras
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