Havia no céu um anjo curioso! Queria saber o que se passava pelo mundo; escapous-e do céu e baixou à terra... Que amarga foi a sua decepção!... Não viu senão sangue; não pisou senão barro. Agitou suas asas brancas e rumou para o ceú...
Estavam fechadas as portas. Ouviu uma voz que lá de dentro lhe dizia:
- Anjo, não poderás entrar de novo no céu se não trouxeres da terra, num cálice, uma lágrima que recolheres por um ato de caridade que fizeres.
Rápido baixou o anjo à terra... Ouviu um leve gemido, que saía de uma casa perdida no meio do campo. . . Entrou.
. . Era um menino que estava a morrer sòzinho, abandonado de todos.O anjo olhou para êIe... O pobrezinhos sorriu-lhe e de seus olhos correu uma lágrlma... e morreu. O anjo recolheu em seu cálice de ouro aquela lágrima e, rico com aquêle tesouro, fende os ares, atravessa as nuvens, chega às portas
do céu.
- Anjo, que trazes aí?
- Senhor, uma lágrima que recolhi dos olhos de um menino agonizante que não tinha a seu lado nem os olhos carinhosos de sua mãe. . .
- Anjo, não basta.
E à terra desceu novamente o anjo... E outro ai lastimoso chegou- lhe aos ouvidos...Vinha de muito longe. . . Voa. . . chega ao fundo do deserto e entra numa caverna. Um santo anacoreta entrava em agonia. . . !
Pôs o anjo a sua mão esquerda debaixo da cabeça do homem de Deus, à maneira de macio travesseiro,e com a mão direita indicava-lhe os belos horizontes da eternidade. O anacoreta sorriu e morreu. . . Uma lágrima caía de seus olhos abertos.
. . O anjo colheu aquela lágrima e, rico com aquêle tesouro fende os ares, atravessa as nuvens, chega à porta do céu.
- Anjo, que trazes aí?
- Senhor, uma lágrima recolhida dos olhos de um anacoreta a quem consolei em sua última agonia.
- Não basta!
E outra vez o anjo desceu à terra... Uma multidão imensa conduzia à fôrca uma jovem rainha. Já se achava no fatal banquinho dos condenados. O anjo aproximou-se dela, ouviu-a e viu que era inocente. Levanta-se, faz um discurso e prova àquela multidão revoltada que aquela jovem rainha é inocente... E a multidão entusiasmada proclama-a de novo sua rainha e soberana.
De seu banquinho fatal levanta-se a rainha.. . cai de joelhos diante do anjo. . . Uma lágrima de gratidão rola de seus olhos.
O anjo recolhe em seu cálice aquela preciosa lágrima e, rico com aquêle tesouro, fende os ares, atravessa as nuvens, chega às portas do céu.
- Anjo, que trazes aí?
- Senhor, uma lágrima colhida dos olhos de uma rainha vilmente caluniada e por mim defendida.. .
- Não basta. não.
O anjo baixou de novo à terra triste e acabrunhado. .. Assentou-se numa pedra. . . Olhou para o céu e exclamou chorando:
Adeus céu, adeus!... Eu te perdi e não te gozarei mais, porque não encontro na terra uma lágrima que mereça tuas alegrias. . . Deixou cair a cabeça. . . O desespêro começava a apoderar-se dêle.. .
De repente a terra treme, o mundo estremece o, sol oculta sua face, as rochas partem-se, as trevas cobrem o universo...
O anjo levanta espantado a cabeça, olha por tôda a imensidade do escuro horizonte.. . Lá, ao longe, descobre um ponto de luz . . . uma colina... sôbre a colina uma cruz. . . na crz uma vítima... ao pé da vítima uma mulher que chora... O anjo agita impetuoso as asas. . . Voa, chega. . . olha: Santo Deus!- exclama - que é que vejo? Esta vítima é Jesus! é meu Deus! . . .Esta mulher é minha rainha... é Maria! Jesus, uma de tuas lágrimas... Maria, outra de tuas lágrimas...
E o anjo recolheu em seu cálice de ouro uma lágrima de Jesus e outra lágrima de Maria... O anjo chorou também, e aquela lágrima sua caiu no mesmo cálice e fundiu-se com as outras duas... E o anjo, rico com aquêle tesouro, fende os ares, atravessa as nuvens, chega às portas do céu.
- Anjo, que trazes aí?
- Senhor, uma lágrima de Jesus, uma lágrima de Maria e outra lágrima que é minha. . .
- Entra! entra! . . .
E entrava de novo no reino da felicidade o anjo das três lágrimas.
http://www.saopiov.org/2013/09/tesouro-de-exemplos-parte-407.html
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