ORIGENS PRETERNATURAIS DA COMOÇÃO SOCIAL

 QUODLIBETA

Que utilidade tem para um telespectador ou leitor de jornal, aqui no Brasil, ficar sabendo que um carro atropelou e matou dez pessoas no interior da Índia; ou que um sujeito estuprou várias mulheres em qualquer parte do mundo; ou que um atirador matou dezenas de pessoas nos Estados Unidos e se suicidou em seguida; ou, ainda, que crianças estão sofrendo assédios e ataques de pedófilos em várias partes do mundo? Que utilidade há para nós em saber, e ver, um sujeito pular do alto de um prédio rumo à morte? Que utilidade, enfim, teve uma notícia, com a filmagem exposta na TV, onde se vê um preso assassinar outro barbaramente dentro da cadeia? Nenhuma utilidade? Não, há uma utilidade, sim, não para o público, mas para os promotores de uma nova revolução: causar comoção social.
 Comoção é abalo, agitação de ânimo; social, quando ela parte de um ânimo coletivo. É possível haver um ânimo coletivo? Sim, quando há disposição semelhante entre as pessoas que convivem entre si, no modo de agir coletivamente. Se o ânimo é pacífico produz a paz social, mas se é abalado por comoções promove o contrário: clima de contendas, de rivalidades, etc.
A paz social ocorre quando os ânimos encontram-se em ordem, sem abalos ou agitações, permitindo às multidões um agir coletivo sereno, reto e pacifico, com vistas ao bem comum.
O senso de orientação permite às pessoas e aos povos saber conduzir-se , inclusive perante a perspectiva do futuro, próximo ou remoto. A perda desse senso de orientação leva as pessoas a perder também a paz interior, segurança no agir, até atingir à comoção conjunta com os outros habitantes da mesma localidade.
Quais são os agentes (modernamente falando) dessa comoção social? Em primeiro lugar está a mídia e os corifeus da Revolução. Como se sabe, a mídia é composta pelos órgãos de imprensa, rádios, jornais e TVs; quanto aos corifeus da Revolução, estão eles em todas as partes, até na própria mídia, mas em geral são compostos por grupos organizados secretamente nas universidades e outras organizações, dirigidos às vezes por interesses ou grupos internacionais, filosóficos e ideológicos. Tem se destacado ultimamente dentre tais grupos revolucionários os anarquistas, e o mais atuante, o chamado "black bloc", um movimento que visa destruir toda a estrutura social vigente e a volta ao tribalismo.
É claro que, antes de tudo, devemos levar em consideração as fontes de onde se originam os fatos, as notícias, que é, além dos protagonistas dos mesmos, a própria policia e a justiça que os leva aos jornais. Entretanto, é preciso notar que o próprio demônio (por ser um anjo regente dos revolucionários, e inteligente como é) procura produzir os fatos que possam gerar comoção social. Isso não é mais feito, como antigamente sempre o foi, pela pura ação das forças secretas, grupos revolucionários ou as pessoas isoladamente. Hoje, podemos dizer que a ação diabólica representa papel preponderante nestas ações. Ele possui, é certo, seus agentes humanos, mas, às vezes, age também por si mesmo. Segundo os princípios da "Regência Universal", o demônio conseguiu os "direitos" de regência sobre seus seguidores, servos ou apenas "alienados" e, ou os impele a agir ou age por eles. Assim, quando um anjo das trevas possui de fato um atirador para fazer um massacre nos Estados Unidos, como tem acontecido com frequência ultimamente, outros demônios inspiram órgãos da mídia a dar àquele fato o destaque necessário a criar uma comoção em toda a sociedade.
A possessão, vista como a clássica posse dos corpos humanos, já não é tanto visível quanto outrora. No mundo moderno, o que ele põe em uso é um tipo de possessão diferente, onde a regência sobre os maus é feita por efeitos indiretos e não pela imposição da força. Em primeiro lugar, há a regência sobre os homens em estado de pecado, cegando-os, levando-os a agir por impulsos e desregradamente. Depois vem a fase seguinte, que é a dureza de coração, a qual faz as pessoas ficarem inflexíveis e sem piedade ou cordura perante os semelhantes. Isso não ocorre somente com bandidos, mas até mesmo com pessoas tidas como boas e ordeiras e que praticam certos pecados. Os chamados "atos irrefletidos" dos indivíduos passam a ser feitos conjuntamente, mas já agora sob a regência diabólica. Tendo, pois, a regência sobre indivíduos e grupos sociais, fica fácil aos anjos das trevas levá-los a atingir seus objetivos, dentre os quais está a comoção e, como consequência desta, a desesperança.
Coadjuvando esta ação de regência dos anjos maus (que é direta sobre as pessoas possuídas pelo espírito de revolta e cheias de pecados), vem a ação da mídia excitando as populações através do realce que dão aos atentados, aos crimes hediondos, as tragédias "inexplicáveis", cuja repercussão na população é de desânimo, desesperança, etc. Se prestarmos atenção, verificaremos que todo noticiário que envolve tragédias é feito deixando propositadamente várias dúvidas ou falta de esclarecimento aos ouvintes: o destaque é dado ao crime insolúvel, ao bandido que ainda não foi preso, ao roubo e tráfico de drogas feitos bem próximos de delegacias ou de viaturas policiais – até mesmo o fato de faltar água nas mangueiras dos bombeiros é chamado a atenção, com o visível intuito de causar a descrença e desconfiança da população na ação dos órgãos policiais.
Isso demonstra que há uma certa regência diabólica para a condução de tais fatos, com o fim de causar desesperança nas populações. Como se viu, não se caracteriza tal regência como uma possessão clássica, mas um domínio coletivo sobre grupos de indivíduos com vistas a um fim específico.
Como ocorre uma comoção social? De modo geral se inicia excitando nas populações uma predisposição ao inconformismo: todo crime bárbaro é apresentado com destaque e se dá a entender que sempre ficam impunes – o que campeia é a impunidade – servindo isso para gerar e incrementar o inconformismo; astutamente a mídia incita a que se peça "justiça", quando, na realidade, as pessoas estão manifestando o desejo de vingança. Contribui também para incrementar tal inconformismo a ineficácia dos órgãos policiais e da própria justiça, esta última com sua morosidade e real impunidade. Da mesma forma, serve para incrementar tal comoção as manifestações dos inconformados, em geral passeatas e bloqueios de ruas com pneus queimados, às vezes simplesmente protestando contra a violência – coisa inócua e ineficaz para tal fim. Pois não são manifestações desordenadas, em geral feitas por elementos exaltados que poderia ter como efeito a diminuição da violência urbana; pode até inspirar o aumento da mesma, pois o bloqueio de ruas e estradas já é uma violência em si.
O que é justiça? O que é justiça social? A definição mais básica de justiça diz que é dar a cada um o que lhe é devido ou que lhe é direito, no caso, o mérito ou o castigo. No entanto, quando o povo é insuflado a "pedir justiça", muitas vezes se está incrementando o desejo de vingança pura e simplesmente. Ademais, a justiça verdadeira não visa somente o castigo, mas também o perdão. A perda desse sentimento de perdão leva as pessoas a desejar até mesmo fazer justiça com as próprias mãos. Assim, a justiça social é a distribuição da mesma a toda sociedade, mas inclui castigo e perdão. As anistias existem pra isso e estão previstas em todos os estatutos legais.
No final, sempre ocorre que essa inconformidade não gera a paz de alma das pessoas, mas uma comoção interior, e, no âmbito geral uma comoção social. Aqui entra o anjo das trevas para, através da comoção social, produzir o espírito de desesperança em todo o corpo social, levando as pessoas a praticar atos irrefletidos de toda natureza, até chegar ao suicídio. Como tem sido comum ultimamente: o assassinato de uma pessoa (ou mais) da própria família (sendo o mais comum da própria esposa) seguido de suicídio do criminoso. Há coisa mais diabólica do que isso? Pois bem: mais diabólico ainda é o destaque do fato que a mídia dá em seguida, não gerando outra coisa senão comoção coletiva, pois esta se constitui no caldo de cultura de outros crimes e suicídios que virão depois.
Vejamos, abaixo, alguns exemplos:
Veladamente nota-se um estímulo às torcidas de futebol insatisfeitas com o fracasso de seus times, as quais são levadas a agir intempestivamente praticando violências inauditas nos estádios e até nas ruas, ocorrendo às vezes crimes de mortes entre elas. No entanto, ninguém censura a mídia quando elogia alguma torcida por ser "fanática" – no caso de futebol o fanatismo é plenamente justificável, embora tenha produzido tantos crimes e violências.
Mas, os casos mais comuns, que são usados pelos instrumentos de promover comoções sociais são: crimes de estupros, pedofilias, assassinatos chocantes e brutais, crimes políticos e contra crianças, velhos e mulheres (chegou-se a dar destaque a violências contra índios, e fala-se a toda a hora em assassinatos de negros), os altos impostos dos governos, a questão da droga sem solução, a violência em família (pais contra filhos e filhos contra pais, ou marido contra mulher e vice-versa), altos salários de "marajás", propinas, etc. Qualquer notícia dos gêneros acima facilmente movimenta em segundos um batalhão de repórteres e câmaras de TV. Estas estão sempre presentes em alguns casos com a idéia de ação imediata, dando a impressão à população de que aqueles casos são corriqueiros. Em todas as capitais e principais cidades do Brasil há uma infinidade de programas televisivos dedicados exclusivamente a divulgar cenas de violências. Muitos deles com caro aparato de cobertura, composto até de helicópteros.
O último caso mais clamoroso de comoção social foi o da boate Kiss, de Santa Maria. O clamor por justiça tornou-se até um apelo insano, pois não se fala, em nenhum momento, em perdoar os culpados. De outro lado, quando os inconformados comemoram a data do evento, ou quando fazem alguma manifestação sobre o mesmo, fazem apenas "um minuto de barulho", dando a entender que são pessoas desregradas e descontroladas, sem saber o que fazer para de alguma forma reparar a dor que sofre as famílias das vítimas. E por que não, um minuto de oração? É disso que mais precisam as almas dos falecidos naquele trágico evento... Falamos de um caso clamoroso, que chamou a atenção de todo o Brasil; mas, casos semelhantes, embora de menor gravidade, ocorrem diariamente em nossas grandes cidades, ocupando a maior parte do noticiário de jornais, rádios e TVs.
Um caso característico ocorreu na Bahia: num acidente de trânsito uma médica atropela e mata dois ocupantes de uma motocicleta, motivando uma verdadeira celeuma provocada pela mídia, o que chamam de "clamor popular", fazendo com que a justiça tenha decretado a prisão imediata da motorista do automóvel, embora a mesma estivesse ainda hospitalizada. É claro que tal clamor foi artificial e provocado pelos meios de comunicação, levando e trazendo notícias superficiais, sem comprovação do que de fato ocorreu, baseando-se em depoimentos fugazes de um ou de outro lado. Se a lei diz que quem é réu primário, com endereço certo, sem perigo para a sociedade, pode responder pelo processo em liberdade, isso não vale para o caso do "clamor popular", verdadeira comoção social promovida pelos agentes desta revolução psicológica. Ainda propagam que apenas com a prisão da médica as famílias das vítimas alcançariam sossego em seus corações: o que é falso, pois a paz interior se alcança muito mais com o perdão do que com a vingança através de uma justiça falha e cheia de erros.
Um outro caso provocou comoção muito maior em São Paulo: trata-se do fato de um policial haver disparado sua arma e matado um inocente. Casos como esse ocorrem com muita frequência, provocando sempre grande comoção social por causa do destaque dado pela mídia, em geral em detrimento da ação policial e da moral da própria segurança pública, cheia de falhas e mal conduzida. O policial em questão diz, em sua defesa, que a arma disparou acidentalmente. Ninguém pode contestar tal versão, pois não havia nenhum motivo para que o mesmo atirasse no jovem. Nesse caso, é claro que houve uma intervenção nitidamente preternatural, pois como é que acidentalmente uma arma dispara e a bala é deflagrada exatamente na direção do peito da vítima, ocasionando sua morte? Para que o policial tivesse dado tal tiro propositadamente seria necessário que o mesmo estivesse fora de si, talvez possuído por algum espírito maligno – e nesse caso valeria aqui a tese da ação diabólica com o fim de causar comoção social. Poderia ter sido um tiro no ombro ou em qualquer outra parte menos mortal do corpo, mas, não – para os interesses diabólicos de provocar a comoção social era necessário que: 1º , o tiro fosse disparado por um policial a serviço; 2º, a vítima fosse um jovem trabalhador e livre de quaisquer ligações com o crime; 3º , que provocasse sua morte – estes são os elementos essenciais para provocar uma grande comoção social, como de fato houve. Não se trata aqui somente da prática de uma injusta, que poderia gerar clamores, mas de um crime brutal e sem explicações naturais. É ou não é algo diabólico isso? Em seguida organizam-se vários protestos, em geral feitos por moradores da rua e vizinhos da vítima, foi cedido até uma linha de ônibus para o transporte de pessoas; no meio de tais protestos, cheios de comoção e de ódio, as manifestações de vandalismos de grupos anarquistas que se aproveitam de tudo para praticar suas ações de guerrilha urbana.
O caso mais clamoroso de comoção social produzida pela mídia foi o ocorrido em Ruanda, quando uma etnia entrou em luta contra outra e perpetrou um genocídio. Depois ficou se sabendo que tudo foi promovido por um canal de TV e uma emissora de rádio. Os culpados foram julgados e condenados, pois tudo foi apurado por organizações internacionais. Os fatos, embora cheios de lances romanescos do cinema, estão retratados no filme "Hotel Ruanda" e podem ocorrer a qualquer hora também no Brasil, não por etnias, mas por grupos organizados. No caso de Ruanda foram mortas mais de 800 mil pessoas, por motivos torpes e étnicos. Os casos esparsos, de menor gravidade, que ocorrem em vários países (como o Brasil e Estados Unidos) parece indicar que é um mero treinamento para um grande e trágico lance de comoção geral que a mídia está preparando em todas as nações. E, como visto, contando com a ação diabólica que lhes fornece diariamente a matéria prima que são os crimes hediondos que causam comoções sociais.
Veja postagem sobre o genocídio de Ruanda:

A Rádio e Televisão Livre de Mil Colinas (RTLM), através de seu proprietário, Ferdinand Nahimana, e o jornal "Kangura", por intermédio também de seu dono, Hassan Ngeze, extremista hutu, fizeram diversas reportagens conclamando os hutus à vingança. Um outro que foi responsabilizado diretamente pelo genocídio, conforme julgamento feito na própria ONU, foi o jornalista Jean-Bosco Barayagwiza, co-proprietário da RTLM. As transmissões da TV eram feitas sob toques marciais de tambores para incitar o ódio dos hutus contra os tutsis. Os jornalistas, em suas reportagens, exortavam abertamente a população ao massacre.
Um ex-repórter da RTLM, Georges Ruggin, declarou que a emissora recebia informações de milicianos hutus sobre operações que pretendiam desencadear e emitia boletins radiofônicos que ajudavam a localizar e capturar as vítimas, a grande maioria civis, e até mesmo padres e freiras. (dados tirados da "Folha de São Paulo", 04.12.2003, A-13)


As almas do purgatório, não as esqueçais!

O Segredo do Rosário // visit site
Almas do purgatorio
Os Terríveis Sofrimentos 
O que os Santos Doutores ensinam acerca dos sofrimentos do purgatório nos penetram de tema com paixão pelas almas.
S. Boaventura ensina que nossos maiores sofrimentos ficam muito aquém dos que ali se padecem. São Tomás diz que o menor dos seus sofrimentos ultrapassam os maiores tormentos que possamos suportar. Confirmam Santo Ambrósio e São João Crisóstomo que todos os tormentos que o furor dos perseguidores e dos demônios inventaram contra os mártires, jamais atingirão a intensidade dos que padecem em tal lugar de expiação.
O fogo! Estremecemos só de lhe ouvir o nome. E estar-se no fogo inteiramente, num fogo ativo, penetrante, que vai até o início do ser – que cruel suplício.
Aquele fogo, diz S. Antônio, é de tal maneira rigoroso que comparado com o que conhecemos na terra, este se afigura como pintado num painel.

Após uma visão do purgatório, exclama Santa Catarina de Gênova. "Que coisa Terrível! Confesso que nada posso dizer e nem conceber que se aproxime sequer da realidade. As penas que lá se padecem são tão dolorosas como as penas do inferno".
É pior que todos os martírios, 0 Pe. Faber disse. Creio que as penas do purgatório são mais terríveis e insuportáveis que todos os males desta vida, diz São Gregório Magno.
S. Nicolau Tolentino teve uma visão de um imenso vale onde multidões de almas se retorciam de dor num braseiro imenso e gemiam de cortar o coração. Ao perceberem o Santo, bradavam suplicantes, estendendo os braços e pedindo misericórdia e socorro. Padre Nicolau, tem piedade de nós! Se celebrares a Santa Missa por nós, quase todas seremos libertadas de nossos dolorosos tormentos. São Nicolau celebrou sete missas em sufrágio dessas almas. Durante a última missa apareceu-Ihe uma multidão de almas resplandecentes de glória que subiam ao céu.

A Duração das Penas 
Assegura-nos S. Vicente Ferrer, que há almas que ficaram no purgatório um ano inteiro por um só pecado. Santa Francisca afirma que a maioria das almas do purgatório lá sofrem de trinta a quarenta anos. Muitos santos viram almas destinadas a sofrer no purgatório até o fim do mundo.
 As almas simples e humildes, sobretudo as que muito sofreram neste mundo com paciência e se conformaram perfeitamente com a vontade de Deus, podem ter um purgatório muitíssimo abreviado, às vezes horas…
S. Paulo da Cruz, estando em oração, ouviu que batiam à porta com força. – Que queres de mim, pergunta.
- Quanto sofro. Quanto sofro, meu Deus! Sou a alma daquele padre falecido. Há tanto tempo estou num oceano de fogo, há tanto tempo!… Parecem mil anos!
São Paulo da Cruz o conheceu logo e respondeu admirado: Meu padre, faz tão pouco tempo que faleceu e já me falas em mil anos. O pobre padre pediu sufrágios e desapareceu.
São Paulo da Cruz, comovido, orou muito por ele e no dia seguinte celebrou a Missa pela defunto. Viu-o, então, entrar triunfante no céu, na hora da comunhão.
O Papa Inocêncio III apareceu a Santa Lutgarga dizendo que deveria ficar no purgatório até o fim do mundo por algumas faltas no governo da Igreja.
Nosso Senhor mostrou-lhe quatro padres que estavam lá já mais de cinquenta anos, por administrarem mal os Ss. Sacramentos.
Santa Verônica Juliani fala de uma irmã que deveria ali permanecer tantos anos quantos passou neste mundo.
Ao padre Scoof, de Louvain, foi revelado que um banqueiro de Antuérpia estava no purgatório há mais de duzentos anos porque tinham rezado pouco por ele.

Toma, pois, a resolução de jamais deixar passar um dia sequer sem rezar pelos parentes falecidos. Tem piedade daqueles que nos deixaram e que agora estão sofrendo. Pensa nos membros de tua família que faleceram e que tens deixado em tão lamentável e total esquecimento.


 A Necessidade de Ajudar as Almas do Purgatório


Impotência para se acudirem

O estado das almas do purgatório é de absoluta impotência. Parecem-se com o paralítico estendido à beira da fonte de Siloé, que não podia fazer o menor movimento para ter alívio. Vêem suas companheiras de infortúnio, aliviados de tempos a tempos recebendo os frutos de uma comunhão, o valor de uma missa, e elas ficam esquecidas.

Vós que viveis na terra e tão facilmente vos comoveis ante o sofrimento e a ideia do abandono, ouvi as almas do purgatório pedindo-vos uma migalha desse pão que Deus vos dá com tanta abundância: uma pequena parte de vossas orações, boas obras, e sofrimentos! Como são justas as queixas que um religioso ouviu desses pobres corações abandonados.
"Ó irmãos! Ó amigos! Pois que há tanto tempo vos aguardamos, e vós não vindes; vos chamamos e não respondeis; sofremos tormentos que não tem iguais, e não vos compadeceis; gememos e não consolais".
Ai, dizia uma alma, ignora-se no mundo que o fogo do purgatório é semelhante ao do inferno. Se possível fosse fazer uma visita a essas mansões de dor, não haveria na terra quem quisesse cometer um só pecado venial, visto o rigor com que é punido.
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São Francisco Xavier percorria, à noite, as ruas da cidade, convocando com uma campainha o povo a orar pelas almas.
Outrora muitas almas saíam do purgatório graças às orações dos fiéis, mas agora poucas saem de lá. Poucos se preocupam com elas.

A Santa Missa Salva Almas 

A Santa Missa é o sacrifício de expiação por excelência. É a renovação do Calvário, que salvou o gênero humano. Na Missa colocou a Igreja a memória dos mortos, e isso no momento mais solene, em que a divina Vítima está presente sobre o altar. É a melhor, a mais eficaz, a mais rápida maneira de aliviar e libertar as almas dos nossos queridos mortos.
Certa feita, celebrando a Missa em uma igreja de Roma, São Bernardo caiu em êxtase e viu uma escada que ia da terra ao céu, pela qual os anjos conduziam as almas libertadas do purgatório em virtude do santo sacrifício. Nessa Igreja – Santa Maria Escada do Céu – há um quadro que representa essa visão.
Não há maior socorro às almas, diz Guerranger, que a Santa Missa: A Missa é a esperança e a riqueza das almas.
Podemos duvidar do valor de nossas orações; mas da eficácia do Santo Sacrifício, no qual se oferece o Sangue de Jesus pelas almas, que dúvida podemos ter?
Ao Beato João D'Avila, nos últimos instantes de vida, Perguntaram o que mais desejaria depois da morte. Missas! Missas!
Ao Beato Henrique Suzo apareceu depois da morte um amigo íntimo gemendo de dor e a se queixar: "Ai, já te esqueceste de mim".
- Não, meu amigo, responde Henrique, não cesso de rezar pela tua alma, desde que morreste.
- Ó, mas isto não me basta, não basta! Falta-me para apagar as chamas que me abrasam o Sangue de Jesus Cristo.
Henrique mandou celebrar inúmeras Missas pelo amigo. Este lhe apareceu então já glorificado e lhe diz: "Meu querido amigo, mil vezes agradecido. Graças ao Sangue de Jesus Cristo Salvador, estou livre das chamas expiadoras. Subo ao céu e lá nunca te esquecerei".
A cada missa, diz São Jerônimo, saem muitas almas do purgatório. E não sofrem tormento algum durante a Missa que lhes é aplicadas.

Seu Sacrifício também é uma Oração


Nossas Orações: Um meio fácil

Um movimento do coração, um olhar para o céu em sua lembrança, um suspiro de piedade, um pensamento de compaixão, os nomes de Jesus, Maria e José pronunciados com devoção em favor das almas, diminuem certamente suas penas.

Custa-nos muito pouco sufragar os defuntos. Somos obrigados a certas orações, a assistir Missas aos domingos, e aproximar-nos dos sacramentos, a perdoar nossos inimigos. Tudo isso é aceito por Deus e serve para alívio delas.
E os males do dia a dia? A fadiga do trabalho, as doenças, as humilhações, a tarefa de suportar os que nos rodeiam, os problemas, tudo isto pode servir para expiar os pecados das almas. E de que sofrimentos serão aliviados os finados!
Dizia S. Francisco de Sales: Vós que chorais inconsoláveis a perda de vossos entes queridos, eu não vos proíbo de chorar, não. Mas, procurai adoçar vossas lágrimas com o suave bálsamo da oração, que pode concorrer para as aliviar".
A oração de Marta e Maria leva Jesus a ressuscitar Lázaro. Nossas preces pelos defuntos hão de tirar as pobres almas daquele estado em que se encontram.
Poupai vossas lágrimas, dizia São João Crisóstomo, pelos defuntos e dai-Ihes mais orações. E Santo Ambrósio conclui: "É preciso assisti-Ias com orações do que chorá-las".
Nosso Senhor fez ouvir estas palavras a Santa Gertrudes: Muitíssimo grata me é a oração pelas almas do purgatório, porque por ela tenho ocasião de libertá-Ias das suas penas e introduzí-las no glória eterna.
Os testemunhos encontrados nas vidas dos Santos provam claramente as vantagens da oração que se fazem pelas defuntos! (S. João Damasceno)
Santa Teresa dizia que tudo obtinha por intermédio das almas dos fiéis.

Quando quero obter com certeza uma graça, diz Santa Catarina de Bolonha, recorro a essas almas que sofrem, a fim de que apresentem a Deus o meu pedido, e me é concedida a graça.
Nossos Sacrifícios

O sofrimento junto com a prece tem uma eficácia extraordinária para obter de Deus todas as graças. Aliviemos as almas do purgatório, diz São João Crisóstomo, com tudo que nos mortifica. Deus aplica aos mortos os méritos dos vivos.

Por aqueles que amais, sacrificai o que tendes de mais caro. Sacrificai-vos a vós mesmos. Ah, vejo essas almas felizes elevarem-se para o céu, nas asas de nossos sacrifícios, de nossas austeridades e sofrimentos, é o que diz o padre Belioux.
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O padre Jacques Monfort, S. J. escreveu um livro sobre a caridade para com as almas, e fê-lo imprimir em Colônia, por Guilherme Freysisen. tempos depois, ele recebeu uma carta do editor na qual narrava que seu filho e sua esposa tinham adoecido gravemente. Os médicos já tinham perdido as esperanças, e pensavam em funerais. Fui à Igreja e prometi distribuir cem exemplares do citado livro entre os padres a fim de lhes lembrar quanto se devem interessar pelos falecidos. No mesmo dia os doentes tiveram melhoras acentuadas e poucos dias depois estavam perfeitamente curados e tão sãos que o acompanharam à Igreja para agradecer a Deus tanta misericórdia.
Promete pois, em tuas dificuldades, propagar a devoção às santas almas e elas saberão ser gratas e o ajudarão.
A Gratidão das Almas

A ingratidão não pode existir no purgatório. Aquelas benditas almas nos hão de proteger e socorrer sempre.

O Cardeal Barônio conta que uma pessoa devota das almas foi terrivelmente tentada na hora da morte. Mas eis que uma multidão de pessoas veio em seu auxílio. Logo ficou livre de toda perturbação e perguntou: – Que multidão é esta que entrou aqui e na mesma hora senti alívio e fui socorrido pelo céu?
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O que fizerdes ao mínimo dos meus é a mim que o fazeis, diz o Senhor. Sereis medidos com a mesma medida que houverdes usado para com os outros. Deus é muito justo para deixar uma só ação sem recompensa e, recompensando como Deus, dá mais do que lhe deu.
Tudo o que damos por caridade, diz Santo Ambrósio, às almas do purgatório, converte-se em graças para nós e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado.
O purgatório é um banco espiritual em que podemos depositar quotidianamente nossas boas obras; e aí estão em seguro e se multiplicam; e quando estamos necessitados, daí vêm como viria o rendimento de um dinheiro depositado, a luz, a força, o auxílio que carecemos. Sejamos generosos; muito generosos.
Vantagens

Constituímos no céu um representante nosso que em nosso nome adora, louva e glorifica o Senhor.

Constituímos protetores nossos as almas por quem oramos, são Santas, é o que diz Suarez, essas almas caras a Deus. A caridade leva-as a nos amar… e intercederão por nós sem cessar.

As Almas Esperam por sua Ajuda



Como são esquecidos os mortos!

A Igreja, querendo que não nos esqueçamos das almas, consagrou um dia inteiro todos os anos à oração pelos finados. Determinou que em todas as missas houvesse uma recomendação e um momento especial pelos mortos. Ela aprova, sustenta e estimula a caridade pelos falecidos.

Como são esquecidos os mortos! Exclamava santo Agostinho! E no entanto acrescenta S. Francisco de Sales, em vida eles nos amavam tanto.
Nos funerais: lágrimas, soluços, flores. Depois, um túmulo e o esquecimento. Morreu… acabou-se!
Se cremos na vida eterna, cremos no purgatório. E se cremos no purgatório, oremos pelos mortos. O purgatório é terrível e bem longo para algumas almas.
S. Francisco de Sales tinha medo de seus admiradores. Essas pessoas, imaginando que depois da minha morte fui logo direto para o céu, me farão sofrer no purgatório.
Santa Tereza pedia: apelo amor de Deus, eu peço a cada pessoa uma Ave-Maria, a fim de Que me ajude a sair do purgatório e apresse a hora em que hei de gozar a vista de Jesus Senhor Nosso".
O grande Frederico Ozanan, deixou estas linhas: "Não vos deixes levar por aqueles que vos disserem: ele está no céu! Rezai sempre por aquele que muito vos ama, mas que muito pecou. Com o auxílio de vossas orações eu deixarei a terra com menos temor" .Santo Agostinho pede orações pelas almas de Mônica, sua mãe, e todos os leitores de seus livros.
Não canonizemos depressa nossos mortos. Nunca nos descuidemos do sufrágio deles, por que já o fizemos durante algum tempo, ou mandamos :celebrar alguma.

“Meu pudor está acima do dinheiro e do meu sonho”

 Deus lo Vult! // visit site

Bastante educativa esta história de uma jovem cantora italiana! Ela tem dezoito anos e fora escalada para o papel principal em um musical de David Zard, «tal vez el mayor productor musical italiano». María Luce Gamboni seria a disputadíssima Julieta no spettacolo «Romeo & Giulietta – Ama e cambia il mondo». Seria. Porque declinou o convite.

O motivo? Havia no espetáculo uma cena de semi-nudez. Em um dado momento, Julieta teria que se apresentar usando uma roupa transparente. Rapidamente a jovem María Luce chamou o produtor e lhe disse para procurar outra protagonista. Não quis sequer negociar, como se estivesse profundamente ofendida com a proposta indecorosa que lhe fora feita.

«Por encima del dinero y de mi sueño yo prefiero mi pudor», disse a jovem. E disse ainda uma outra verdade bastante esquecida nestes tempos em que a imodéstia dos espetáculos já se transformou em coisa tão banal e corriqueira que ninguém se preocupa em questionar mais: «el canto es una cosa, despojarse de la ropa, es otra».

A história me lembrou um outro desabafo que eu publiquei certa feita aqui no Deus lo Vult!, há mais de cinco anos já. Foi quando o brasileiro Pedro Cardoso disse que os atores eram obrigados a fazer pornografia. As palavras – atualíssimas – dele foram as seguintes:

O personagem é justamente algo que o ator veste. Ao despir-se do figurino, o ator despe-se também do personagem, e resta ele mesmo, apenas ele e sua nudez pessoal e intransferível.

E isto não é exatamente o ponto fulcral da queixa de María Luce? Ora, cantar é uma coisa, e ficar nua é outra coisa completamente diferente! A voz de uma jovem cantora não é melhor apreciada quando ela tira a roupa, muito pelo contrário. O mais provável é que a atenção seja atraída para o corpo desnudo e, diante dele, a beleza do canto passe despercebida. E a jovem italiana quer ser apreciada pelo talento que tem, e não pelos dotes físicos com os quais a natureza a agraciou.

Porque isto não deixa de ser uma forma de apelação desnecessária, de coisificação da mulher – vista como um objeto sexual -, de sacrifício da arte nos altares da pornografia "soft", de erotismo descabido, de vulgaridade dispensável. Ora, o que importa o corpo da jovem Giulietta – ou, melhor dizendo, o corpo da jovem cantora que a está representando, uma vez que despir-se do figurino é despir-se também do personagem – para a peça? Trata-se de um musical, e não de um ensaio fotográfico erótico!

É triste se deparar com um meio artístico tão erotizado assim. Mas é ao mesmo tempo reconfortante ver que uma jovem ainda é capaz de perceber o descabimento de certas exigências artísticas. E ainda é capaz de dizer "não". E de nos ensinar que há coisas mais importantes do que o sucesso. De nos ensinar que a realização pessoal não passa necessariamente pela fama, mas sim pela coerência com os próprios valores. Que o «pudor» – esta palavra que está tão fora de moda… – ainda é mais valioso do que o dinheiro.


Chiara Luce: Pequenos atos e grande exemplo

Oficina de Valores // visit site

Em relação aos santos, muitos pensam em alguma imagem de gesso de colocadas em igrejas ou na pessoa de uma Madre Teresa de Calcutá, que mudou o mundo de maneira positiva em uma grande escala. Mas a verdade que é que ser santo é buscar seguir os ensinamentos de Cristo em todos os momentos da sua vida, ou ainda, buscar uma íntima amizade com Jesus. Infelizmente alguns acham que isso é impossível nos tempos atuais, que não se tem um exemplo próximo a seguir. É verdade que a luta para ter uma vida santa não é nada fácil, os confessionários podem provar bem isso. Mas temos o grande exemplo de uma garota que com sua vida extraordinariamente comum, é reconhecida como Beata pela Igreja Católica.

Seu nome é Chiara Luce, ela nasceu em Sasselo na Itália em 1979 e morreu em 1990 com dezoito anos (22 dias antes de completar 19 anos). Muitos conhecem a história do fim da sua vida, o como ela lutou contra um dos piores cânceres, o osteossarcoma (tumor ósseo). De fato, a serenidade com a qual Chiara enfrentou o câncer desde os 17 é digna de verdadeiros santos, afinal somente quem possui uma íntima amizade com Deus pode aceitar de maneira tranquila o reencontro com Ele. Para os que não conhecem essa parte da sua vida, deixo apenas suas últimas palavras, dirigidas à sua mãe no momento antes de sua morte: "Tchau mamãe! Esteja feliz, porque eu estou feliz!"

Também vale recordar um pequeno relato de seu pai. Ele conta que um dia no hospital pensou que Chiara forçava uma felicidade para tentar proteger seus pais da dor, então ele decidiu expiar pela fechadura – para sua surpresa viu sua filha sorrindo e feliz da mesma maneira que sempre estava.

Alguns podem se perguntar o que Chiara tinha de tão diferente para conseguir tal serenidade, mas na verdade sua vida era bem comum. Seu pai era caminhoneiro e sua mãe dona de casa, seus pais eram exigentes com na educação da jovem, e isso com certeza contribuiu para a santificação dela. Sua mãe conta que quando Chiara tinha uns 6 anos, ela havia pedido para que a filha separasse alguns brinquedos para dar de presente aos mais pobres. Em um primeiro momento Chiara, como toda criança, não quis se desfazer de seus brinquedos. Mas alguns momentos depois sua mãe viu que ela estava separando os brinquedos entre novos e velhos e então disse algo como "O que foi mãe? Não se pode dar coisas velhas de presente".

À medida que Chiara foi crescendo, ela seguia um caminho a santidade de maneira natural. Aos 9 ano, ela ingressou no grupo Geração Jovem (GEN) do Movimento dos Focolares. Em tal movimento Chiara aprofundou muito sua fé. Lá, eal aprendeu algo que foi fundamental para seus últimos anos de vida: oferecer as dores a Jesus abandonado. Chiara também aprendeu a fazer mais gestos de caridade.

A jovem Chiara era muito ativa em relação a criar eventos para arrecadar fundo para o GEN e para quem precisasse de ajuda – ela não media esforços em organizar shows amadores, teatros e tudo mais, um dia chegou até a se vestir de palhaço. Da mesma forma, Chiara aprendeu a não se prender nas coisas materiais, um decidiu doar seu relógio favorito justamente por achar que estava muito apegada a ele.

Como é possível perceber, as atitudes acima não são atos extraordinários. Conheço muitas pessoas que fazem gestos parecidos – talvez até você mesmo faça. Mas todos sabem como pequenos sacrifícios repetidos se tornam cansativos e às vezes difíceis.

A vida de Chiara era como a de muitos jovens, ela era conhecida por ter bons amigos, gostar de conversar, gostava de viajar e praticava esporte. De fato, as suspeitas do câncer começaram após dores nas costas durante uma partida de tênis. E, assim como muitos jovens, ela também tinha seus momentos desagradáveis e suas dificuldades. Essa Beata, por mais que possa parecer estranho, também teve uma desilusão amorosa e teve dificuldades ao ingressar no ensino médio. Logo no primeiro ano, quando saiu de casa para cursar o ensino médio em uma cidade maior, Chiara teve dificuldades com uma professora e no final do ano acabou sendo reprovada e teve que repetir o ano. Muitos de seus amigos dizem que a professora foi injusta com Chiara, mas a verdade é que Chiara nunca falou mal da professora e sempre assumiu culpa e depois voltou para escola. Essa é uma grande característica dos santos, saber assumir suas próprias falhas e se esforçar para concertá-las.

Uma ultima característica que chamo a atenção em Chiara, é a forma com a qual ela conseguia dialogar com todos. Até mesmo os ateus e agnósticos que conviveram com ela, lembram-se da maneira respeitosa e amigável com a qual ela os tratava. Muitos dizem que sentiam algo diferente na presença dela.

Não vou escrever mais sobre essa garota que conseguiu ser santa com menos idade que eu, pessoa que eu tenho como modelo. Se você deseja conhecer mais sobre a história de Chiara, sugiro ler o livro "25 minutos" escrito por Franz Coriasco, um jornalista agnóstico que conviveu com Chiara por ser irmão da sua melhor amiga.

Hoje, 29 de outubro, é o aniversário natalício de Chiara e sua festa litúrgica na Igreja, na próxima sexta (1° de novembro) é a festa de Todos os Santos. Diante dessas celebrações, faço o convite para uma reflexão nos pontos que você precisa melhorar para ser santo no dia-dia. Talvez você possa achar tal fato é impossível, apenas lembro que "Não existe santo sem passado, nem pecador sem futuro"¹. Caso você não seja católico, faço o mesmo convite com outras palavras: reflita sobre os pontos em você precisa melhorar para melhorar o mundo no dia-dia.

Em mundo com tantos problemas quanto o nosso, as palavras do Beato João Paulo II (cuja festa foi a uma semana atrás) se tornam bastante atuais: "O mundo precisa de santos".

Bernardo da Costa
Estudante de Engenharia do Petróleo - PUC / Oficina de Valores

¹Frase encontrada por Dom François van Thuan, um bispo vietnamita, em sua cela enquanto estava preso pelo regime comunista.

20 conselhos para as famílias católicas que vão à Missa com seus filhos

Humanitatis - a internet para o homem // visit site

É bom ver uma família completa com pai, mãe e filhos sentada num banco para a Missa, é um estímulo a todos. Mas obviamente é uma situação que requer paciência e experiência. familia-en-misa

Na Igreja Católica há uma longa tradição de celebrar as famílias com filhos pequenos nas missas, os sacerdotes sempre destacam esse fato quando há crianças, mas há situações… As crianças choram. Gritam, correm e as vezes perturbam aos demais fiéis e não deixam o sacerdote concentrar-se na homilía. Essa é a razão destes 20 conselhos.

20) Ensinar-lhes acerca da importância da Missa. Diga-lhes porque assistem e o que os outros adoradores necessitam para para participar da liturgia. Ensinar a seus filhos sobre a importância da Missa os ajudará a desenvolver um profundo respeito e compreensão da mesma.

19) Deixe que os filhos escolham o restaurante se se comportarem durante a Missa. Se é uma tradição familiar comer depois da liturgia,diga-lhes que escolham o restaurante ou outro prêmio que lhes queira conceder se se comportam bem durante a Missa. Isto ajuda a fomentar o bom comportamento.

18) Chegue pontualmente à Missa, de preferência minutos antes de que inicie. A Missa deve ser para a família o ato mais importante da semana, portanto, todos devem começar a preparar-se com a suficiente antecipação para que possam tomar banho, aprontar-se e chegar a tempo para a Missa. Para sair de casa não deve haver irritações nem reclamações. Se não é possível assistir na hora prevista, assiste com a família sem raiva a missa seguinte.

17) Procure fazer com que a família se sente nos bancos da frente para evitar que os filhos se distraiam. Assim, os filhos poderão ver o sacerdote movendo-se no púlpito e ver seus gestos na celebração. Isso atrai sua atenção.

16) Faça que os filhos ouçam você participara da Missa: é recomendável pronunciar bem, vocalizando, para que eles ouçam e aprendam. Dê-lhes uma olhadinha animando-os a que participem.

15) É importante que nossos filhos nos vejam atentos e que nos vejam rezar: um bom momento para rezar é depois da comunhão, com muito respeito. É conveniente animá-los a que eles também se ponham de joelhos e rezem.

14) O respeito ao sacerdote: quando o sacerdote entra devemos por-nos de pé, e ao final da missa esperamos que saia ele para que saiamos nós.

13) Cantar a Missa. Incentive os filhos a cantar. E há poucas coisas neste mundo melhor para as pessoas que ouvir na Igreja o som do canto das crianças.

12) Invente um jogo auditivo. Durante a Missa, faça com que os filhos percebam quantas vezes ouvem uma palavra específica; Pode ser "amém", "vinde", "oremos" ou qualquer outra palavra de uso comum repetida durante a Missa. Não apenas os manterá ocupados, mas também os animará a escutar o que está acontecendo, e participarão em maior medida.

11) Ao tomar lugar nos assentos, separar os filhos com problemas. Você sabe quais são. Sentar uma criança de cada lado de vocês é uma boa prática. Isto é especialente importante se tendem a brigar muito. Não serão capazes de falar nem tocar-se durante a Missa.

10) Sente-se perto de famílias com filhos mal educados. O espetáculo das crianças vai manter seus filhos tranquilos porque vão estar em choque e se perguntarão porque não podem sair com eles dali. E seus filhos se verão muito bem em comparação.

9) Não creia nos adultos que dizem depois da Missa que seus filhos estão muito bem educados. Os anciãos constantemente veem as crianças com graus de moderação. Não estou dizendo nada contra isso. Todos merecemos paciência, especialmente as crianças. Por outro lado, não escute os se desagradam por seus filhos na Missa tampouco e fazem parecer que sua família é um transtorno para os demais. Você pertence a aquele lugar. E seus filhos também.

8) Não deixe que suas crianças vão ao banheiro durante a Missa. Há algo acerca das crianças e os banheiros. Deixar que uma criança vá ao banheiro no apenas faz com que todos os seus filhos lhes venha instantaneamente a síndrome do intestino irritável, mas também faz com que todos os outros filhos o sigam. Nunca se viu a manchete: "Menino explode durante a Missa, paroquianos empapados de urina". Nunca vi. Nem uma vez. Em resumo, não os deixem ir ao banheiro.

7)  Às vezes deixe-os ir ao banheiro. Eu si o que disse. Mas é uma questão de critério.

6) Díga a seus filhos que o abraço da paz não como a fila depois do jogo do torneio de futebol na qual todo mundo levanta a mão espalmada dizendo "boa partida".

5) Vista seus filhos de maneira realmente agradável e faça muito barulho enfiando-os no carro para ir à Missa domingo de manhã. É bom que os vizinhos vejam aonde vão. Isso derruba todas as suas desculpas para não ir. Eu sei o que disse Jesus acerca da oração escondida e não atrair a atenção sobre si mesmos, mas nunca a quem se vai inspirar a ir à Igreja. Eu sei que não se sente inspiração depois de lidar com um monte de meninos, mas às vezes ocorre inspiração justo quando está fazendo o melhor possível. Permita que o vejam.

4) Cuidado se leva o menor para sua Comunho. Se não está prestando atenção ele poderá receber o sacramento ción él podría recibir el sacramento antecipadamente. Eu mesmo recebi a Primera Comunión antecipadamente de um distraído jesuíta. E minha mãe me castigou! O jesuíta ficou impune, evidentemente.

3) Prepara as crianças para certas Missas. Diga-lhes que as palmas não são uma arma. Explique-lhes que não é necessário mostrar uma emoção transbordante quando gritam "Crucifica-O". Nós não somos católicos metodistas. Ah, e prepare-os para todos os "gerou" da Vigília da Natividade. Há algo acerca da palavra "gerou" quando repassamos a genealogia de Jesus que faz rir aos pequenos. Não sei porquê. Simplesmente os fazem rir. Se tem feito estudos e se tem demonstrado que cada criança no mundo pelo menos esboça um sorriso cada vez que ouve alguém a dizer: "E Salomão gerou Roboão. E Roboão gerou Abias. E Abias gerou Asa. E Asa gerou Josafá. E Josafá gerou Jorão. E Jorão gerou Ozias". Não sei porque os faz rir. Simplesmente faz.

2) Permita que cada filho ponha uma moeda ou duas na sacola da coleta. Faça-lhes sentir generosos. Às vezes, sentir-se generoso realmente inspira generosidade. Nem todo o tempo, mas às vezes.

1) Os filhos pequenos que não sabem ler querem usar o missal e os que sabem, não querem. Simplesmente tente limitar a quantidade de mudança de páginas. Ah, e não lhes diga que se chama missa até a idade universitária. Se se diz "missal" eles ouvirão "míssil". Eles obterão ideias divertidas. Como pais, o único que podemos fazer é apontar aos filhos a direção correta. Quando levam seus filhos à Missa apontam-lhes a direção correta. Se çhes ensinam a concentrar-se no Santíssmo Sacramento durante a Missa, fazem com que seja mais fácil que o Santíssimo Sacramento se converta no centro de sua vida

Fuentes: NCRegister, Signos de estos Tiempos

Tradução: Robson Oliveira


A Lição das Formigas

Deserto Interior // visit site


Não seja fraco, não tenha medo de enfrentar as tempestades que por ventura venham aparecer na sua vida.Todos passamos por momentos difíceis, estamos sempre expostos ao mal tempo, ao sol, a chuva, os forte ventos que sopram de um lado para o outro. Às vezes temos que atravessar os rios com correntezas violentas para continuar a nossa caminhada, mas é preciso enfrentar tudo isso porque sempre temos um objetivo a ser alcançado.

Veja s formigas, tão pequenas, muitas delas são microscópicas, mas todas tem a finalidade, o objetivo de chegar ao formigueiro.
Lembro que quando era criança na no interior do Rio Grande do Norte eu ia para o roçado com o meu pai e no tempo das chuvas onde fazíamos as plantações de milho, feijão e arroz, era um tempo de alegria porque tínhamos passado por um período de secas, então a chuva era uma benção.Lembro que até o animais corriam por todos os lados nas pastagens verdes...era tudo lindo de se ver.
Porém, passado alguns dias das chuvas começavam brotar nos campos muita relva, plantinhas, ervas e todas espécie de insetos e criaturas de Deus Pai Onipotente apareciam e ainda aparecem.
Certo dia eu fiquei impressionado com aquele "batalhão" de formiguinhas que transitavam por uma estrada oficialmente criada por elas.Nada passa por aquela estrada a não ser as próprias formigas.Outro detalhe, todas as estradas que as formiguinhas constroem são limpas e não tem buracos, nem dar para comparar comas estradas brasileiras...
O que eu observei naquelas formiguinhas foi a sua força de vontade, a união entre elas de manter-se independe sem precisar do auxílio de outro insetos, assim como os chacais, hienas e outros precisam das sobras do leões e leopardos etc. 
Mas diante de tudo isso um dia eu vi meu pai reclamando das formigas; elas comeram todas as nossas plantações que haviam acabado de nascerem.Eu não entendia muita coisa naquela época, mas sabia que as formigas recolhiam todas as folhas que elas cortavam e carregavam para dentro do formigueiro.
Sabia também, que elas para armazenar comida no formigueiro não medem esforços para atravessar qualquer obstáculo, passam pela água, se aproveitam de um gravetinho, de uma folha grande que seja suficiente para atravessar aquela corrente de água, mas elas não abrem mão do foco que é chegar ao formigueiro.
Muitas vezes precisamos agir como as formigas...ser insistentes, não desistir!
Fique com Deus!
PAZ E BEM!!!!
Tarcísio Silva
Paz e Bem!

Tenha Deus como seu Aliado

RCC Pitanga, Grupos de Oração Vida Nova com Cristo e Luz e Vida // visit site
A Palavra meditada, hoje, está em São João 6,14-21.
Meus irmãos, essa Palavra vem nos trazer um ensinamento muito importante e precioso. Jesus havia realizado um grande sinal: a multiplicação dos pães. Depois desse milagre, toda a multidão começou a proclamar que Ele era o Profeta. Ao perceber que o povo estava eufórico em razão do milagre e que O queria tornar rei, o Senhor decidiu subir a montanha para entrar em uma maior intimidade com o Pai, pela oração.

Ao anoitecer, os discípulos, que estavam cansados devido ao dia inteiro de trabalho e evangelização, entraram no barco e começaram a remar em direção a Cafarnaum. Eles remavam para lá, porque lá era um lugar estratégico, o centro do ministério de Jesus. Um lugar considerado como se fosse a casa deles, onde eles encontravam bem-estar para descansar. No entanto, não perceberam que haviam deixado Jesus para trás. Depois de terem remado mais ou menos uns cinco quilômetros, eles avistaram o Senhor caminhando sobre as águas e ficaram com medo, pois não O reconheceram. Mas, Jesus disse: "Sou eu. Não tenham medo".

Nesse momento há uma conversão entre os discípulos, porque eles, que até então remavam para o lugar do descanso com as próprias forças, agora se deparam com Jesus, um Companheiro para seguirem essa remada. Depois disso, eles pedem que o Senhor entre na embarcação, mas, para surpresa deles, ao falarem isso, o barco já havia chegado ao destino [Cafarnaum].

Irmãos, nós temos de entender que não é a nossa vida que leva Jesus, mas é Ele quem leva a nossa vida. O Senhor é quem caminha conosco e conduz o "barco" da nossa vida. Cristo é o nosso Aliado poderoso e nós não podemos abrir mão d'Ele nas nossas vidas.

Cristão, você precisa acordar a cada dia e dizer: "Bom dia, Espírito Santo, o Senhor é meu aliado! O que vamos fazer juntos hoje?" Pare de remar com as suas próprias forças, Deus é seu aliado! Acolher o Pai como seu Aliado significa carregar a cruz de cada dia, mas sabendo que Ele jamais o abandonará.

Talvez, você esteja brigado ou triste com Altíssimo, mas você precisa se reconciliar com Ele nesta manhã. Pelo poder Santo Espírito, que esse Deus caminhe pelas águas agitadas da sua alma, pegue o "barco" da sua vida e o leve para o lugar seguro que você precisa chegar: o céu.

Para você entender que Jesus é o seu Aliado e viver a alegria de ser levado ao lugar do seu repouso e felicidade, você precisa fazer a experiência da oração e não se afastar d'Ele.

Na montanha, o Senhor assumiu aqueles homens que queriam se afastar d'Ele. Da mesma forma, hoje, Jesus assume suas angústias, caminha sobre as águas agitadas da sua vida e o leva ao seu porto seguro. Mas, para que isso ocorra, você precisa rezar. Se você acha que não tem tempo para rezar, então peça ao Senhor essa graça; Deus lhe dará esse tempo.

Se você acha que não precisa do Pai e insiste em ficar remando com as próprias forças, volte e deixe-O caminhar sobre as águas da sua vida. Todos nós precisamos de Deus. Ele é nosso Aliado, nosso Amigo, nunca nos abandona.

Rezemos: "Senhor, caminhe sobre as águas agitadas da nossa vida e nos leve ao porto seguro. Mostre aos que desistiram da oração a importância dessa intimidade com o Senhor. Obrigado por caminhar conosco, poderoso Aliado. Nós não nos afastaremos mais da Sua presença.

Alexandre Oliveira
Membro da Comunidade Canção Nova


Transcrição e adaptação: Débora Ferreira


Diálogos pertinenentes entre a psicologia e a espiritualidade...

Terra Boa - Reflexões do Pe. J. Ramón // visit site
 
Autor: Comecemos diferenciando a 'experiência religiosa' da 'experiência de Deus' na vida de uma pessoa. A primeira, como aproximação ao sagrado, depende da iniciativa humana que se achega das "coisas" divinas para tirar delas algum benefício. A pessoa não está interessada nem um pouco em Deus, mas em si mesma, nem deseja manter um relacionamento com o sujeito divino, mas somente ambiciona as 'coisas' divinas que poderão lhe advir ou ajudar. A 'experiência de Deus', pelo contrário, é iniciativa de Deus que se aproxima da pessoa humana para se relacionar com ela. É uma parceria ou aliança entre dois sujeitos: o divino e o humano. A experiência religiosa é fundamentalmente manipuladora; a de Deus, encantadora.

A 'experiência religiosa' aqui entendida é, por sua natureza, interesseira e voltada para si mesmo, podendo ser campo propício para o exame e o estudo psicológico, sobretudo quando extrapola os seus resultados. A 'experiência de Deus' abre a pessoa para a transcendência e o confronto com Deus. Pode ser objeto do exame psicológico no que ela tem de fenômeno humano ou quando, sendo falsa, é fruto da própria imaginação ou projeção. Sendo verdadeira, a experiência de Deus humaniza e socializa, realizando quem a experimenta.

A 'experiência religiosa' (tradições, ritos, formas) faz parte deste mundo imenso da imaginação, impactando certamente os sentimentos. Ela é comum a muitas religiões e denominações. É o interesse humano aproximando-se das coisas divinas, para manipulá-las em benefício próprio. Esta experiência, aparentemente positiva, é perigosa quando fanática ('o corpo é mau; o espírito é bom...' Guerra santa; cruzadas...), pois reduz o ser humano aos objetos que pretende. Muitos 'fenômenos' (visões, alocuções, alucinações, etc.) são projeções do lado mais escuro da mente humana, acordando sentimentos e emoções (medo, angústia, prazer, etc.) anteriormente escondidos.

A 'experiência de Deus', parecida com a religiosa, é diferente na sua orientação e conteúdo. Aqui, a iniciativa é de Deus que irrompe gratuitamente no humano, convidando-o a ser mais sujeito de si mesmo. Os 'fenômenos espirituais', quando acontecem, não são absolutamente importantes, por mais estranhos que eles possam ser ou parecer. O que importa é a pessoa humana tocada por Deus e a sua possível resposta. A experiência relacional entre esses dois sujeitos, o divino e o humano, é fundamental. Este relacionamento inter-subjetivo é bidirecional: O Criador age na criatura e a criatura no seu Criador e Senhor. Esta ação imediata de Deus é certamente mística.

É verdade que este tipo de experiência não isenta a pessoa de suas limitações e contradições até profundas, mas consegue experiênciar e viver cada vez mais e melhor sua pertença humana aberta ao infinito. A consciência da própria limitação acolhida, faz viver com maior profundidade e sentido a própria vida. 

Na Igreja há, atualmente, uma suspeita generalizada para as experiências espirituais ou místicas. Aceita-se tranquilamente o amor de Deus para conosco, mas achamos erradamente impossível que o nosso amor possa chegar a Deus e, assim, o fazemos chegar apenas ao nosso próximo.

Psicólogo. Fale um pouco de como você vê, enquanto diretor espiritual, as implicações psicológicas que emergem da e na problemática religiosa, tanto em casos de 'gente normal' quanto no de 'pessoas psicologicamente problemáticas'. 

Autor: A sociedade, família e a vida religiosa estão passando por momentos significativos de grandes mudanças paradigmáticas, de busca de sentido, redefinição e pertença. Neste horizonte amplo, alguns (os mais fracos psicologicamente?) perdem o rumo, as expressões e até a própria identidade, espalhando sintomas que têm significados negativos e até nefastos. 

As pessoas psicologicamente 'problemáticas' costumam ser e aparecer como estranhas à primeira vista e entrevista. Observando este interlocutor 'problemático', suas palavras, gestos e comportamentos, podemos perceber facilmente algumas irregularidades explicitadas:
· Geralmente o modo de vestir e de se arrumar é largado e sujo, mostrando pouca auto-estima e um abandono acentuado de si mesmo.
· O modo de se relacionar é inexpressivo e carente, manifestando gestos lentos e olhar semi-perdido ou, pelo contrário, faz gestos teatrais e exagerados. O modo de assentar costuma ser afundado e depressivo, quase que tocando no chão.
· A fala costuma ser repetitiva e confusa... Quando falam de Deus, este parece ser terrível e espantoso, projetando provavelmente a imagem castradora do pai ou de seu super-ego. Às vezes, falam de suas 'alucinações religiosas' ('Nossa Senhora me disse... Um anjo me falou...', etc), para eles 'verdadeiras', mas sem um referencial objetivo com a própria vida. Essas 'obsessões' são geralmente 'espirituais', mas também podem ir misturadas com perversões sexuais (pedofilia, sadismo, masoquismo, fetichismo religioso, etc), mantendo a pessoa num horizonte pequeno, teimoso e reduzido pela duplicidade de vida: "de dia parece um santo; à noite vira um demônio..."

Estas pessoas quando evidenciam alguns desses sintomas devem ser encaminhadas a um psiquiatra, para obter a ajuda médica necessária. A orientação espiritual, evidentemente, não é possível nessas condições.

Mais difícil de perceber numa primeira entrevista são os casos de gente aparentemente "normal". Quando há perturbações profundas, essas afloram com o passar do tempo, pois não se consegue ser 'normal' o tempo todo. As dificuldades da vida expõem à vista de todos, a nossa interioridade ferida e fragmentada. Eis alguns desses possíveis sintomas que podem surgir com o tempo nas pessoas aparentemente normais:
· Exibicionismo. Chamam continuamente a atenção sobre si, seja pelas suas qualidades ou pelas suas carências; precisam ser constantemente o centro das atenções.
· Bipolarismo. As pessoas sofrem momentos de grande euforia com outros de profundo isolamento. Alegria e depressão, atração e rejeição, amor e ódio podem aparecer nos seus relacionamentos em pouquíssimo tempo e em graus elevados.
· Tergiversação. Alguns não querem ser transparentes nos seus relacionamentos. Falam muito, mas não dizem nada de significativo.
· Fuga dos 'superiores' e formadores. Outros têm grande dificuldade de falar espontaneamente com os superiores e diante deles ficando, geralmente, paralisados. Sabem, contudo, manipular com palavras e gestos os iguais ou os mais carentes do grupo.
· Vida espiritual de 'formas e fórmulas', isto é de aparências. Há um divórcio entre fé e vida. A fé professada não tem incidência alguma sobre os seus atos.
· Vida desordenada. Alguns facilmente exageram no uso do álcool, fumo, drogas (lícitas ou ilícitas), celulares e... computadores! O seu habitat natural (quarto, escritório, mesa de trabalho...) é totalmente bagunçado e desordenado, revelando a sua interioridade parecida. Geralmente ocupam-se de muitas coisas e não terminam bem nenhuma.
· Psicossomatização. Outros apresentam algum tipo de alergia, tique nervoso, úlcera, cansaço fácil, insônia, ansiedade, depressão, quando os desafios se fazem mais presentes.
· Não se enxergam. Há aqueles que, freqüentemente têm relacionamentos conflitivos com os mais próximos (família, comunidades) experimentando sentimentos desgastantes (agressividade, dependência, isolamento...), sem se sentir responsáveis por eles.

Estes orientados aparentemente 'normais' quando conseguem dar um tempo freqüente para orar pessoalmente, conseguem crescer humana e espiritualmente. Quando não, um acompanhamento psicológico adequado ajudará a que a pessoa se descubra, conheça e assuma mais profundamente os seus mistérios. A 'problemática religiosa' tem, geralmente, suas raízes numa problemática afetiva não conhecida ou mal resolvida.

Psicólogo: O que você usa da 'psicologia' na orientação espiritual?

Autor: Nos casos patológicos evidentes (pessoas psicologicamente problemáticas), procuro motivar para que o orientado busque um acompanhamento psicológico ou psiquiátrico adequado. Nos outros casos, aqueles 'aparentemente normais' se são capazes de manter uma vida de oração freqüente, são acompanhados espiritualmente com sucesso. 

Evidentemente, há pessoas que não conseguem fazer uma orientação 'espiritual', pois quando falam expressam continuamente sua problemática emocional e/ou psicológica alterada ou exacerbada. Outros são até capazes de usar alguns termos 'espirituais', mas não dizem nada de si mesmos ou da sua experiência humana mais profunda. É nesse humano mais profundo que podemos encontrar o sentido da vida, a consciência do Absoluto. Quando se consegue chegar a esses patamares, a orientação espiritual flui suave e docemente. 

Na orientação humano/espiritual tento usar o sentido comum, a observação, o escutar e ver se há adequação do que se diz com o que se faz... Não dou muita importância aos possíveis 'fenômenos espirituais', pois se são verdadeiros, humanizam e socializam. Se os tais 'acontecimentos aparentemente extraordinários' não humanizam, nem socializam, podemos desconfiar que, provavelmente, fazem parte de uma imaginação alterada e de uma fantasia exaltada. O amor/serviço é o sinal mais claro da normalidade e integração de uma pessoa e, evidentemente, da presença de Deus nela. 

Quais as diferenças entre a terapia e o acompanhamento espiritual? Ambas buscam a maior transparência possível no dirigido usando, porém, metodologias próprias. Existem algumas semelhanças: ambas contam com a ajuda de uma pessoa especializada (terapeuta, no primeiro: orientador espiritual, no segundo); utilizam a "palavra" como veículo de expressão; partilham experiências profundas (o primeiro, trabalha a partir das empatias ou transferências do cliente com o analista, até internalizar a consciência crítica nelas; o segundo, analisa a empatia ou transferência ocorrida no seu encontro e relacionamento com Deus), etc. Nos dois ocorre um processo experiêncial que deverá ir se desenvolvendo gradual e positivamente no seu processo vital ou no decorrer das diversas etapas ou 'semanas', no caso dos Exercícios Espirituais de S. Inácio de Loyola.

Psicólogo: Como você foi descobrindo a importância da dimensão 'psicológica'?

Autor. Primeiro, na compreensão e conhecimento de mim mesmo. Sem uma percepção adequada de si é impossível ir muito longe. Facilmente projetamos as nossas misérias nas palavras pronunciadas e nos gestos realizados! Outra descoberta deu-se na orientação humano/espiritual mantida, por mais de 15 anos, na formação inicial de vocacionados para a vida religiosa. Nela, percebi que uns não conseguiam falar da sua experiência de Deus, não porque não a tivessem, mas porque a experiência humana desordenada falava mais forte; outros tinham bloqueios nos seus relacionamentos parentais e não conseguiam ser normalmente felizes nem consigo, nem com os outros, nem com o "Deus" que diziam amar e acreditar. Tudo isso me foi questionando profundamente.

O campo da 'espiritualidade' esbarra, naturalmente, com o da psicologia e o da moral. Inácio de Loyola foi conhecendo, por experiência e observação pessoal e alheia, a profundidade da 'alma' humana. Este conhecimento é infindável, pois quanto mais se entra e se experimenta, mais longe estamos de entendê-lo e dominá-lo!

Evidentemente que tudo isso implica emocionalmente, mesmo quando não queremos que isso aconteça. As 'resistências' experimentadas fazem parte tanto da observação e leitura psicológica quanto da orientação espiritual. As resistências 'psicológicas' pertencem ao mundo das emoções; as 'espirituais' ao das 'moções'. A primeira fica em nós, a outra nos coloca em movimento e serviço.

Parece que a área 'espiritual' deixa transparecer (projeção?) mais e melhor, nossa realidade emocional sentida ou reprimida, subjacente a todos. Nada do que é humano deve nos assustar, pois somos muito complexos e diversos, tanto na identidade quanto na expressão da nossa realidade expressamos o que somos e sentimos. Uns viverão negativamente; outros positivamente. É assim que a humanidade caminha. 

Psicólogo. Que problemas chamam mais sua atenção?

Autor: Além dos que já foram apresentados anteriormente, surgem outros próprios da realidade humana complexa e que, às vezes, espantam até os seus próprios autores e parceiros. Inácio de Loyola sendo um 'mestre da suspeita' tentava, contudo, salvar sempre a proposta do próximo...

As fronteiras do certo ou errado não são muito claras, nem bem definidas nos dias de hoje, apesar das propostas 'paternas' (super-egóicas?) do magistério ordinário. Hoje correm paralelos outros alinhamentos comportamentais mais subjetivos (prazer, desgosto, atração, rejeição, etc.) do que "morais", e que não deveriam tanto nos assustar, nem poderíamos tão facilmente excluir.

Muitos problemas (realidades?) estão presentes no meio de nós, não por sermos religiosos ou vocacionados, mas por sermos humanos. O que fazer? As limitações que carregamos nos pertencem não por sermos 'religiosos', mas humanos. Contudo, a fé nos coloca de um modo mais misericordioso diante de qualquer realidade humana sentida ou experimentada.

Sabemos que as coisas incomodam menos quando conscientizadas e assumidas. A regra de ouro para não se assustar com nada do que é humano pode ser esta: 'Nada te turbe, nada te espante!...' Outra? 'Acolhe o outro como ele gostaria de ser acolhido...' Isto exige uma nova sensibilidade.

Conviver bem consigo e com os outros é uma sabedoria e um aprendizado que não depende da qualidade de nossas virtudes ou defeitos. Somos visceralmente incoerentes e pecadores, vasos de argila, nas mãos amorosas e misericordiosas do Pai que nos chama, continuamente, a construir a filiação divina e a fraternidade universal. Ele pode, e muito bem, fazer em nós e por meio de nós a sua obra de salvação.

Finalizando. Ninguém é perfeito. É possível passar pela vida e ser feliz com as limitações que temos. A humildade, a verdade e o amor enriquecem sempre o sentido da nossa vida. A espiritualidade se não me fez mais 'espiritual', espero que pelo menos me tenha feito muito mais humano!

Uma pergunta: Gostaria de acrescentar outras coisas sobre este assunto?

O Matrimônio, instituição natural. Pressupostos ideológicos

Teologia e Corpo // visit site
O Matrimônio, instituição natural. Pressupostos ideológicos
Referência: FERNÁNDEZ, Aurelio. Teología moral: curso fundamental de la moral Católica. Ed. Palabra. 4ª ed. Madrid, 2010. p. 320-323. Minha tradução. a) Doutrinas insuficientes Se trata de saber quais são os equívocos doutrinais que desorientam e impossibilitam ter um juízo … Continuar a ler

Documentário «Blood Money» estréia no Brasil

Deus lo Vult! // visit site

Não deixem de assistir o documento "Blood Money – Aborto Legalizado", que estréia no Brasil no próximo dia 15 de novembro.

Após o lançamento em São Paulo, têm início roadshows de pré-estreias, incluindo o Rio de Janeiro (6), Goiânia (7), Brasília (8), Belém (9), Curitiba (11), Salvador (12), Recife (13) e Fortaleza (14). Nestas cidades, Kyle [o diretor] falará de sua primeira incursão no cinema com esse documentário polêmico, que está se tornando um cult pelo realismo e crueza com que trata o tema e pelas denúncias que faz. O filme de 75' entra em cartaz nos cinemas a partir de 15 de novembro.

O Blog da Vida também falou sobre o filme, acrescentando que ele «trata do funcionamento da indústria criada em torno do lucrativo negócio das clínicas de aborto, mostra[ndo] de que forma as estruturas médicas disputam sua clientela e quais os métodos aplicados pelas clínicas para realização de cirurgias abortivas».

bloodmoney

É uma oportunidade ímpar. Não deixem de assistir!

Ficha Técnica:

  • Produção Executiva: John Zipp;
  • Produção: David K. Kyle, John Zipp;
  • Roteiro e Direção: David K. Kyle;
  • Montagem: Roman Jaquez e Steve Taylor;
  • Direção de Fotografia: Jeff Butler;
  • Trilha Original: John Wenger;
  • Cinegrafistas: Jeff Butler, Nick Kyle, Chris Kyle, Ken Biles, Peter Shinn.




Amor perfeito. A perfeição desse amor desejado se faz no sacrifício da entrega

Dado Moura - comportamento e reflexões // visit site

amorperfeito

Queremos encontrar alguém e viver um relacionamento que dure eternamente. E muitas revistas investem em matérias que através de alguns testes, seria possível encontrar o par ideal em 10 passos, por exemplo. Mas, infelizmente não há um gabarito para viver um amor perfeito, tampouco mandinga, simpatias ou qualquer outra receita.
Há quem duvide da existência desse sentimento, mas se há interesse em viver um grande amor há necessidade, também, de se comprometer verdadeiramente com a pessoa amada.

Em nossas relações, precisamos acreditar que podemos fazer sempre algo mais para conquistar o coração das pessoas com quem convivemos. Para alcançar essa meta é preciso que estejamos empenhado em realizar ou promover aquilo que é da necessidade ou desejo da pessoa a quem amamos. Um exemplo dessa dedicação acontece com as mães, que acordam cedo para prepararem o café das crianças. O mesmo fazem os pais que dedicam suas vidas no trabalho para conceder o conforto para os seus, entre outros.
Se perguntarmos para nossos pais quanto custou para eles esse trabalho, certamente eles diriam que foi a satisfação de ver crescer aqueles a quem muito amam.

Em nossos relacionamentos podemos até começar com grande afinco no exercício da realização dos desejos da outra pessoa, mas ao longo da caminhada vai acontecer alguns atritos, que podem suscitar no nosso coração a vontade de não sermos tão dedicados.
Algumas pessoas, já nos primeiros embates, querem desistir. Mas aquilo que distingue um verdadeiro relacionamento de qualquer outro tipo de envolvimento é o comprometimento entre as pessoas a quem se dispõe a amar. E só podemos viver essa experiência quando conhecemos as necessidades do outro a respeito desse projeto de vida comum, no qual se empenha para o seu amadurecimento.

Podemos ser românticos em dizer que a pessoa é a mulher ou o homem que pedimos a Deus mas, corremos o risco de viver na prática a intenção de apenas receber o que a outra pessoa pode nos oferecer, ao invés de suprirmos aquilo que é da sua necessidade.
Daí se faz a exigência de um relacionamento. Pois, para isso, custará o esforço de abandonar o nosso egocentrismo, a importância de nossas necessidades em favor do outro. Tal desprendimento faz com que coloquemos a pessoa amada em primeiro lugar e não o fazemos por opção.
Imbuído dessa convicção criamos novas experiências, mudamos a nossa maneira de pensar , de ver o mundo e as pessoas dentro das suas limitações, sem deixarmos de ser um com o outro.
A perfeição desse amor desejado se faz no sacrifício da entrega. Assim, o amor, o carinho e a atenção que desejamos receber será proporcional àquilo que ofertamos.

Um abraço

Dado Moura


O Negacionismo já não é o que era...

Actualidade Religiosa // visit site
Agora vou viver para uma prisão...


A definição de "negacionismo" do holocausto foi alterada para se tornar mais abrangente. Dizer que o holocausto aconteceu mas que a culpa foi dos judeus passa a ser condenado também, e não só.


Por fim, não deixem de ler este obituário no The Daily Telegraph sobre uma freira com uma história de vida muito, muito invulgar!

Edite Estrela, a euro-deputada que mais valia estar quieta

 Senza // visit site

Edite Estrela é a autora dum relatório que, caso tivesse sido aprovado no hemiciclo do Parlamento Europeu, teria que ser levado à prática na União Europeia. As medidas passavam por:

- legalizar o aborto em todos os paises (estariam sobre ataque cerrado os poucos países onde o aborto não é legal);
- acabar com a ideia de que os pais são os primeiros educadores e não o Estado; 
- educação sexual obrigatória em todas as escolas (falar de masturbação a crianças dos 0 aos 4 anos, por exemplo); 
- o fim da objecção de consciência por parte dos médicos, que passariam a ser obrigados, a bem ou a mal, a fazer abortos, mesmo sabendo que estavam a matar crianças indefesas.

Rapidamente surgiu uma movimentação de cidadãos europeus indignados com tudo isto (o que raramente acontece). O resultado foi o melhor possivel, e o estudo foi remetido à precedência.

Perante esta derrota, diz Edite (que quer ser uma estrela): 

"Houve aqui uma grande mobilização das forças mais conservadoras, dentro e fora do Parlamento. Recorreram a todos os meios para que este relatório não fosse aprovado. É preciso saber que são forças que se estão a mobilizar: mobilizaram-se em França, e estão a mobilizar-se em vários países, para que haja retrocessos na legislação. Apelo aos cidadãos esclarecidos e progressistas que não se abstenham e que votem, porque o que se decide no Parlamento Europeu tem consequências ao nível da legislação nacional e da vida de cada pessoa."

Nisto a euro-deputada tem toda a razão, o que eles decidem por lá afecta-nos por cá. Obrigado a todos os que ajudaram nesta vitória. Até breve!

A ALGUNS VEGETARIANOS – Para que tanta paixão sanguinolenta, meu Deus!, pergunta o meu coração…

 Reinaldo Azevedo | VEJA.com // visit site


Eu, hein… Tenho amigos vegetarianos, uma gente de paz. Um deles é meio mal-humorado. "Come um bife que passa!", costumo brincar. Ele não se zanga, não por isso. E também não nos trata, aos outros, os onívoros, como seres maus ou moralmente inferiores. Sempre que pedimos, ou sempre que ele decide, discorre sobre as vantagens do vegetarianismo, o que me parece uma escolha individual como qualquer outra, desde que as pessoas cuidem direito do equilíbrio de nutrientes. Uma dieta pobre de ferro, sem a reposição, segundo sei, pode ser devastadora para a saúde dos adultos e comprometer para sempre o desenvolvimento intelectual de crianças.

Eu não entendo muito dessas coisas, não. Na verdade, nada! Quem talvez possa discorrer com competência a respeito é meu amigo Ricardo Bonalume Neto, que sempre sabe tudo sobre assuntos complicados — das leis da evolução às armas usadas nas guerras do Fundodomundistão… O que me parece, numa aproximação meramente lógica do assunto, é que ser onívoro significa uma vantagem sobre ser exclusivamente herbívoro ou carnívoro. Será essa uma daquelas falsas evidências? "Barata é onívora é barata, Reinaldo!" Pois é. Ninguém pode acusar essa coisa nojenta de dificuldades de adaptação ou risco de extinção, né? Infelizmente. Será que se a gente tivesse se alimentado só de frutas, ervas e raízes, teríamos chegado até aqui ou estaríamos, ainda, para gáudio de alguns, disputando cipós com os nossos primos? Li em algum lugar, estou certo — mas não vou parar para pesquisar — que a carne foi fundamental no desenvolvimento do nosso cérebro. Infiro que a carne pode ter sido importante no fornecimento dos elementos objetivos que nos permitiram desenvolver também a ciência moral, que é coisa que os outros bichos, carnívoros ou não, vamos reconhecer, não têm. Não deve ter sido só a carne, ou um leão seria Caetano Veloso, né? Mas é Caetano que é um leãozinho…

Alias, nas conversas absurdas que andam por aí, há algumas barbaridades da lavra de Peter Singer, sobre quem Rodrigo Constantino já escreveu em seu blog. Um dos textos do livro "Esquerda Caviar", que será lançado em São Paulo na terça próxima, trata do assunto. Reproduzo um trecho (em azul):

Peter Singer, o mais famoso defensor dos direitos dos animais, tem uma ética utilitarista bastante peculiar. Para ele, está tudo bem em se eliminar um bebê deficiente se isso estiver no melhor interesse do bebê (?) e de seus familiares. Entende que muitas pessoas considerem isso chocante, mas acha contraditório que pensem assim aqueles que aceitam o direito de aborto. Julga medieval a noção de que a vida humana é sagrada, e considera o Cristianismo seu grande inimigo.

Em seu livro Ética prática, Singer coloca a capacidade de sofrimento como o grande fator na hora de avaliar direitos. Se o rato sofre quando usado em experimentos, então isso deve ser evitado. Por outro lado, se o idoso não sofre com uma injeção letal, segundo sua ética utilitarista, tudo bem. Singer diz: "Os especistas humanos não admitem que a dor é tão má quando sentida por porcos ou ratos como quando são seres humanos que a sentem".

Logo, ser um "especista" – alguém que prioriza a sua própria espécie – seria análogo a ser racista entre humanos. Singer coloca em pé de igualdade aquele que julga inferior um membro de outra "raça" (sic) humana e aquele que se julga acima e digno de mais direitos que um rato ou um porco.

Com base em seu único critério, o do sofrimento, alega que recém-nascidos da nossa espécie, por não terem elevado nível de consciência ainda, seriam tão passíveis de uso em experimentos quanto animais. O mesmo valeria para deficientes mentais. O filósofo coloca a seguinte questão:

"Se fizermos uma distinção entre os animais e esses seres humanos, caberá também a pergunta: de que modo poderemos fazê-la, a não ser com base numa preferência moralmente indefensável por membros de nossa própria espécie?"

Retomo
Vejam a que grau de delinquência pode chegar o fanatismo e o relativismo moral. Também para Singer, pois, não há diferença entre um campo de concentração nazista e um matadouro. Mengele poderia ter escolhido animais para fazer seus experimentos, mas resolveu escolher pessoas. Talvez Singer faça ao outro alguma restrição de natureza ideológica, mas não moral. É um escândalo.

Por que isso tudo? Porque passei a ser alvo também da violência retórica de alguns (muitos) que se dizem "vegetarianos" — e descobri que há uma infinidade de subdivisões nessa categoria. Há coisas que francamente não consigo entender e que transformam o ato de se alimentar numa operação de tal sorte complexa que é preciso haver muito tempo livre — que só o capitalismo na sua fase de abundância pode fornecer — para poder sobreviver… Da escolha do alimento à temperatura adequada, a operação, infiro, pode levar algumas horas. Como disse Fernando Pessoa sobre Rousseau, já citei aqui, é preciso que "mordomos invisíveis administrem a casa…"

Paixões sanguinolentas
O que chama a minha atenção é a paixão sanguinolenta dos mais fanáticos. Não estou aqui, obviamente, a me referir a todos os vegetarianos. Mas uma das bobagens influentes que andam por aí é que o consumo de carne contribui para a agressividade humana. Não deve ser assim…

Há quem sugira que eu seja estripado, empalado, vivissectado (particípio de "vivissectar"; não está no Houaiss, mas está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa) — isto é, acham que devo ser dissecado, descarnado mesmo, ainda vivo. Um deles deixa clara a razão: "Só para você ver como é bom…" Não é que ele defensa que eu passe por vivissecção no interesse da ciência. Para ele, isso é irrelevante. Ele só quer que eu sofra muito por ter ideias que ele considera erradas, com as quais ele não concorda. Suponho que se imagine assistindo ao espetáculo de horror. E, obviamente, se divertindo. Depois ele sai dali, de consciência leve e alma vingada, e vai comer alguns aspargos no azeite, com redução de aceto balsâmico e espuma de kiwi…

A gente deve se precaver sempre da fúria dos maus. Eles existem. Mas não devemos temer menos as obsessões dos que se candidatam a salvar a humanidade ou a corrigir todos os seus desatinos, desde que o mundo é mundo. É o que costumo chamar de "bondade concupiscente" .

Digamos que o vegetarianismo seja a escolha mais moral, mais racional, mais adequada aos desafios da humanidade que estão por aí e que estão por vir. Ainda assim, não haveria de se operar essa mudança do dia pra noite, não é? Uma coisa são as escolhas privadas; outra, distinta, impor ou desenvolver um padrão que, creio, desafia aspectos da própria evolução da espécie. De toda sorte, haverá de ser um processo longo, que passa também pelo convencimento e pelo desenvolvimento de uma ciência moral da integração e, em certa medida, da cooptação. Ou não funciona — a menos que se fuzilem comedores de carne. Nesse caso, pode haver uma reação…

Muito bem! Esses vegetarianos que escreveram pra cá — não me refiro, pois, a todos os vegetarianos —, com esse grau de estupidez e de violência retórica, vão convencer a quem? Não estão em busca de aliados, mas de inimigos; não querem divulgar a sua causa; preferem vivê-la como cultura de exceção, num pequeno grupo, como se fossem dotados de uma exclusividade moral que os coloca acima dos demais.

É um comportamento muito típico, aliás, de certos setores radicalizados daquilo que o PT chamava antes "burguesia" e da alta classe média. Como o capitalismo, que a maioria deles também odeia, lhes garante o ócio e a faculdade de fazer escolhas (podem, inclusive, optar pelo vegetarianismo, que é uma dieta cara quando exercida com responsabilidade nutricional ), podem sair por aí fazendo sua pregação. Tivessem de coletar, caçar ou pescar para sobreviver — ou, modernamente, de TRABALHAR —, não estariam por aí pregando a morte de humanos porque, segundo dizem, estes não respeitam os bichos.

De todo modo, peço perdão a esses juízes severos. Tão logo a gente consiga dar carne, leite e ovos a todos os pobres anêmicos do mundo, muito especialmente às crianças, prometo integrar as hostes do aspargo.

Mas sem luta armada. O gosto por chicória não foi feito para matar ninguém.


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