Deste batismo participam todos os crentes de todas as épocas ao serem incluídos na Igreja, o Corpo de Cristo, quando da sua regeneração‐conversão.
O batismo com o Espírito Santo no dia de Pentecoste marcou o início da fase neotestamentária da Igreja de Deus, confirmou a exaltação de Cristo à direita de Deus Pai, e inaugurou “os últimos dias”.
O poder prometido pelo Senhor Jesus aos seus discípulos, e que viria a eles por ocasião do Pentecoste, está relacionado com a evangelização apostólica até aos confins da terra, e consiste essencialmente na capacitação de cada crente para testemunhar de Cristo e para viver uma vida em que se veja o fruto do Espírito.
A Escritura ensina que a experiência normal do batismo com o Espírito Santo coincide com a regeneração‐conversão, e que são selados por este mesmo Espírito todos os que creem genuinamente em Cristo Jesus.
Portanto, o batismo com o Espírito Santo, indispensável para a genuína regeneração‐conversão, não se confunde com a chamada”segunda bênção,” referente ao derramamento do Espírito no livro dos Atos dos Apóstolos.
Antes, é a graça vitalizadora e capacitadora disponível a todos os crentes, e não apenas a alguns.
Acresce que a indizível bênção da regeneração‐conversão de modo algum é inferior à chamada “segunda bênção.” Portanto, a recepção inicial de Cristo, pela fé, está associada ao batismo com o Espírito Santo.
A Escritura também ensina que o batismo com o Espírito Santo, como narrado no livro de Atos, foi dado soberanamente por Deus em circunstâncias especiais, ocorrendo algumas vezes de forma súbita, como no Pentecoste.
Quando o Espírito veio sobre os apóstolos e os demais reunidos no cenáculo, tomou‐os de surpresa, vindo “de repente”(At 2.2a). Eles esperavam o cumprimento da promessa, mas não sabiam quando e nem como ela se daria.
Em outras ocasiões, o batismo com o Espírito ocorreu de forma inesperada, como na casa de Cornélio,e ainda em outras através da imposição de mãos dos apóstolos.
A Escritura dirige‐se a todos os que já são crentes como tendo já sido batizados com o Espírito.
Em nenhum lugar ela encoraja os que já são crentes a buscar esse batismo, quer por preceito, quer por exemplo. Na expressão “batizar com o Espírito Santo,” o verbo ocorre no tempo futuro (“batizará”) apenas antes de Pentecoste, e aponta para aquele evento como o futuro cumprimento da promessa do Antigo Testamento.
Após o Pentecoste, nas cartas escritas pelos apóstolos às comunidades, os crentes são reconhecidos como já tendo sido batizados com o Espírito. Paulo escreveu aos Coríntios: “em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo” (1 Co12.13).
A Igreja alegra‐se com o desejo de muitos dos seus pastores e membros de ter uma vida espiritual mais profunda e plena, e encoraja‐os a buscar continuamente o ser cheios do Espírito, como Paulo ensina1 Co 12.3; Rm 8.9‐10; 1 Jo 4.2. At 10.44‐46.At 8.14‐16; 19.6. Neste sentido, aquelas experiências foram únicas, já que não temos mais apóstolos como os Doze ou Paulo. Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; e At 11.16.
Aprouve a Deus que o batismo com o Espírito Santo, ocorrido no dia de Pentecoste, como um evento histórico‐escatológico crucial, fosse marcado por manifestações especiais, como o som de vento impetuoso, línguas de fogo e o falar em línguas estrangeiras.
As duas primeiras destas manifestações foram restritas àquele evento, e a última ocorreu ocasionalmente na era apostólica.
Todas elas estavam ligadas ao processo de universalização do Evangelho, segundo At 1.8, e pertenceram, assim,como sinal do cumprimento da promessa do Espírito, àquele período específico da história da redenção.
É importante notar que ao relatar à Igreja de Jerusalém a descida do Espírito sobre Cornélio e os de sua casa, o apóstolo Pedro só pôde referir‐se a uma experiência semelhante, ocorrida alguns anos antes, ou seja, à de Pentecoste, e não a experiências mais recentes.Isto sugere que entre o Pentecoste e a conversão de Cornélio, que ocorreu vários anos depois, nenhuma outra experiência semelhante à do Pentecoste havia ocorrido que pudesse servir de referencial mais recente.
Alguns têm entendido e afirmado que as línguas são a evidência inicial mais importante do batismo com o Espírito Santo.
Essa afirmação baseia‐se principalmente nas narrativas do livro de Atos em que o batismo com o Espírito Santo é seguido pelo falar em línguas.
1 Co 12.28,29.At 2.1‐4; 8.14‐17; 10.44‐48; 19.6‐7.At 11.15.11Entretanto, o livro de Atos igualmente relata várias outras ocasiões, que podem ser descritas como “batismo com o Espírito Santo,” em que as línguas não aparecem,como a conversão dos três mil no dia do Pentecoste,o caso dos Samaritanos,e a conversão de Saulo.
Embora o argumento do silêncio não seja conclusivo, no mínimo revela que, para o autor de Atos, as línguas não eram indispensáveis como evidência do batismo com o Espírito Santo. Quando o autor de Atos as menciona ao narrar o ocorrido na casa de Cornélio e com os discípulos de João Batista, seu propósito é deixar claro que a descida do Espírito sobre estes grupos foi da mesma ordem do ocorrido no Pentecoste, como desdobramentos de um evento inaugural único. Em nenhum lugar do Novo Testamento as línguas são mencionadas como a evidência normal do batismo com o Espírito Santo, ou da Sua plenitude, para os crentes, após o Pentecoste.
A evidência inconfundível da plenitude espiritual, segundo Paulo, é o fruto do Espírito.Portanto, o falar em línguas não deve ser considerado como a evidência de nenhuma destas duas experiências.
A Natureza das Línguas
Quanto à exata natureza das línguas faladas miraculosamente no Novo Testamento, devemos buscar indícios nos relatos do livro de Atos e na primeira carta de Paulo aos Coríntios.
O final do Evangelho de Marcos (16.9‐20) traz o falar “novas línguas”como um dos sinais que haveriam de acompanhar os que crêem (v. 17).
Alguns têm sugerido que as “novas línguas” ali mencionadas se referem a um novo tipo de línguas,diferente da linguagem humana.
Entretanto, o adjetivo kaino/j (“novo”), empregado na expressão, não significa necessariamente “um novo tipo,” mas simplesmente algo que é novidade, ainda não costumeiro ou conhecido (comparar com At 17.21), em oposição a palaio/j, “velho”.
O sentido natural seria o de falar línguas até o momento ainda não Ver At 2.1‐4; 10.44‐47; 19.1‐7.É evidente em At 2.38‐39 que os três mil haveriam de receber o mesmo Espírito que os apóstolos receberam.
Entretanto, Lucas limita‐se a narrar que os mesmos foram batizados com água e agregados à Igreja, cf. 2.41.At 8. 14‐18. Embora não mencionado, é possível que o fenômeno tenha também ocorrido naquela ocasião At 9.17‐19.
A afirmação de Paulo em 1 Co 14.18, de que ele fala em línguas, não implica necessariamente que ele as tenha falado em sua conversão (ou batismo com o Espírito). Gl 5.22‐23.12 faladas pelos que criam, e portanto, uma novidade para eles.
A palavra traduzida como“línguas,” aqui, e em todo o Novo Testamento, é a palavra normal em grego para linguagem humana, glw=ssa.
Parece evidente que as línguas descritas em Atos 2 eram idiomas humanos conhecidos pelos ouvintes presentes por ocasião do Pentecoste.
A declaração de Lucas em At 2.4 deixa pouca dúvida de que o milagre foi o de os apóstolos falarem em outras línguas que não as suas próprias, e não, como alguns têm sugerido, o de os presentes ouvirem em suas próprias línguas.
O fenômeno, pois, foi dictivo, e não auditivo. Não há qualquer indício de que as línguas faladas nas demais ocasiões mencionadas em Atos fossem de natureza diferente.
Pedro considerou o que ocorreu na casa de Cornélio como sendo idêntico ao fenômeno ocorrido em Pentecoste (At 11.15).
Quanto às línguas mencionadas por Paulo na sua primeira carta aos Coríntios,embora sua exata natureza seja de mais difícil interpretação, não há qualquer evidência exegética, teológica, ou histórica, de que fossem diferentes do precedente estabelecido em Atos, ou seja, dos idiomas falados no Pentecoste.
Alguns têm apontado para a expressão “outras línguas,” que ocorre várias vezes em 1 Co 14, como indício de que se trata de línguas diferentes dos idiomas humanos. Porém, a palavra “outras” não ocorre no original grego, tratando‐se de uma interpretação dos tradutores para o português Alguns ainda apelam para 1 Co 14.2 para apoiar a ideia de que Paulo está lidando em 1 Coríntios com um fenômeno distinto de At 2.4‐11. O texto afirma que “quem fala em língua, não fala a homens, senão a Deus, visto que ninguém o entende, e em espírito fala mistério.” Porém, à luz do contexto, transparece que Paulo está se referindo ao que fala em língua, e o mesmo não é entendido ou interpretado.
A expressão“gemidos inexprimíveis” em Rm 8.26, semelhantemente, não pode ser tomada como referência ao dom de línguas, mas sim como referência à intercessão do Espírito pelo
crente.
Caso as línguas faladas em Corinto, ou em qualquer outra igreja neotestamentária, fossem diferentes das faladas em Atos, esperar‐se‐ia que o apóstolo Paulo, ou outro escritor do Novo Testamento, estabelecesse a diferença em seus escritos.
O silêncio de Paulo sobre a natureza das línguas, em sua primeira carta aos Coríntios, revela que o apóstolo está assumindo que seus leitores, vivendo alguns anos após o Pentecoste,
estavam a par do que ocorrera naquela ocasião.
À luz do precedente estabelecido em Atos, torna‐se mais natural supor que as línguas de Corinto eram, como em Atos, idiomas humanos.
Devemos observar que há várias evidências a este favor na própria carta aos Coríntios. Paulo claramente se refere ao dom como sendo falar “línguas de homens” (1Co 13.1).
A expressão “e de anjos” foi possivelmente adicionada por Paulo como exagero intencional, como também as expressões seguintes “conhecer toda a ciência” e “ter fé capaz de remover montes.”Em 1 Co 14.20‐21 Paulo claramente se refere a idiomas humanos.
O dom de “interpretar” (1 Co 12.10, e(rmhnei/a glwssw=n)pode também ser entendido como tradução de um idioma conhecido para outro (ver At 9.36; Jo 1.42).
Os argumentos acima, se tomados juntamente com o precedente em Atos, constituem‐se
em indício importante de que as línguas mencionadas em Corinto e no resto do Novo
Testamento são um único e mesmo fenômeno.
Em nenhum lugar a Escritura fala de dois A expressão “não fala aos homens, mas a Deus” ainda pode ser entendida à luz de At 2.11 e 10.46. É aparente destas passagens que os apóstolos no Pentecoste e os Gentios na casa de Cornélio dirigiram‐se a Deus ao falar em línguas (idiomas), e não aos homens ali presentes.
Nesta passagem Paulo utiliza o argumento conhecido como redutio ad absurdum, que consiste em argumentar hipoteticamente um determinado ponto. Ele não afirma que exista alguém que tenha todo o conhecimento, que tenha fé que remova montes ou que fale línguas de anjos. O que ele afirma é que,mesmo que estas coisas ocorressem, ainda assim, sem amor, elas nada seriam.
O Propósito das Línguas
Evidenciar a Universalidade da Graça As línguas mencionadas no livro de Atos ocorreram por ocasião da descida do Espírito Santo sobre judeus (2.1‐13), sobre gentios que eram simpatizantes do judaísmo(10.44‐46; 11.16‐17), e finalmente sobre alguns discípulos de João Batista (19.1‐7).
Aparentemente, elas funcionaram como evidência externa da descida do Espírito sobre estes diferentes grupos, refletindo o progresso do Evangelho a partir dos judeus,passando por grupos intermediários até alcançar, finalmente, os gentios, conforme Jesus determinou em At 1.8. Podemos concluir que, como evidência do cumprimento das diferentes etapas do Pentecoste, as línguas cessaram.
Sinal do Juízo de Deus sobre os incrédulos
É importante ainda notar que as línguas serviram como sinal do juízo de Deus
sobre os descrentes.
Escrevendo aos Coríntios sobre o propósito das línguas, Paulo afirma: “Na lei está escrito: Falarei a este povo por homens de outras línguas e por lábios de outros povos, e nem assim me ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas constituem um sinal, não para os crentes, mas para os incrédulos” (1 Co 14.20‐22).
A citação de Paulo vem de Is 28.11‐12. Nesta passagem, Isaías profetiza a invasão de Israel pelos caldeus, povo cuja língua era totalmente desconhecida para os judeus.
Os gritos dos soldados caldeus invasores eram o sinal de que o juízo de Deus estava se abatendo sobre a nação incrédula.
A profecia de Isaías baseia‐se no que Moisés escreveu em Dt 28.49‐53,sobre Deus usar um povo de linguagem desconhecida para castigar Israel em decorrência da desobediência, um tema também desenvolvido em Jr 5.15 (ver ainda Is 33.19 Alguns têm defendido a diferença entre as línguas de Atos e de Corinto com base nas diferenças na manifestação do fenômeno nas duas ocasiões: em Atos as línguas foram faladas por todos, não precisaram de intérprete para serem entendidas e vieram de forma inopinada sobre os presentes. Em Corinto, as línguas não eram faladas por todos, careciam de intérprete para sua compreensão e estavam sob o controle dos que falavam.
Porém, essas diferenças são mais bem entendidas como circunstanciais, e não como essenciais. Em ambos os casos, a essência do milagre consistia em pessoas falando fluentemente em línguas que lhes eram previamente desconhecidas.
Paulo, por sua vez, partindo da profecia de Isaías, aplica o mesmo princípio aos seus dias, ao escrever aos Coríntios sobre o propósito do dom de línguas.
Assim como no passado o juízo de Deus sobre os judeus descrentes evidenciou‐se através da destruição da nação por um povo cuja linguagem lhes era desconhecida, assim também o juízo de Deus sobre os judeus descrentes na época do Novo Testamento, tirando‐lhes o Reino e
passando‐o para outro povo, manifestou‐se através das línguas faladas miraculosamente
pelos gentios que receberam o Messias de Israel.
Portanto, como sinal do juízo de Deus sobre um Israel incrédulo, as línguas serviram a um propósito histórico e definido.
Assim, podemos concluir que, sob o prisma de sinal do juízo de Deus, as línguas cessaram.
SOBRE O DOM DE PROFECIA
A Natureza da Profecia
A profecia, como exposição e aplicação das Escrituras no poder do Espírito Santo, permanece na Igreja de Cristo em todas as épocas, e deve ser desejada e recebida como sendo o melhor dos dons (1 Co 14.1,39). De acordo com Ap 19.10, “o testemunho de Jesus é o espírito da profecia,” significando que o propósito e o cerne da profecia é o testemunho da verdade sobre Cristo, a qual se encontra revelada nas Escrituras (ver Jo 5.39).
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REFUTAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO PENTECOSTAL-MONTANISTA-MODERNA
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