O darwinismo e a “mãe natureza” - G.K.Chesterton

O darwinismo pode ser usado para dar suporte a duas moralidades insensatas, mas nunca poderá ser usado para dar suporte a uma única moralidade sã. O parentesco e a competição entre todas as criaturas vivas podem ser usados com motivo para sermos insanamente cruéis ou insanamente sentimentais, mas não para um amor sadio pelos animais. Na base evolucionista podemos ser desumanos ou absurdamente humanos, mas não podemos ser humanos. O facto de nós e o tigre sermos um só pode ser uma razão para sermos compassivos para com o tigre. Ou pode ser uma razão para sermos tão cruéis como o tigre. Podemos ensinar um tigre a imitar-nos, mas não podemos, com muito mais rapidez, imitar o tigre. No entanto, em nenhum dos casos a evolução nos dirá como tratar um tigre racionalmente, isto é, admirar-lhe as listas e evitar-lhes as garras.

Se desejamos tratar um tigre racionalmente, teremos de voltar ao jardim do Éden. Continua a vir-me à mente uma lembrança obstinada: apenas o sobrenatural tem uma visão sã da Natureza. A essência de todo o panteísmo, do evolucionismo e da moderna religião cósmica está, realmente, nesta afirmação: a Natureza é nossa mãe. Infelizmente, se olharmos a Natureza como mãe, descobriremos que ela é uma madrasta. A questão principal do Cristianismo era esta: a Natureza não é nossa mãe; a Natureza é nossa irmã. Podemos orgulhar-nos da sua beleza, pois temos o mesmo pai; mas ela não tem nenhuma autoridade sobre nós; temos de admirá-la, mas não imitá-la. Isto dá ao prazer tipicamente cristão, na Terra, um estranho toque de leveza que quase chega à frivolidade. A Natureza foi uma mãe severa para os adoradores de Isis e Cibele; a Natureza foi uma mãe severa para Wordsworth ou para Emerson. Mas a Natureza não é severa para S. Francisco de Assis ou para George Herbert. Para S. Francisco de Assis, a Natureza é uma irmã, uma irmã mais nova: pequena e que gosta de dançar, de quem rimos e a quem também amamos.


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