Não por acaso essas três manifestações do mal encarnaram-se em homens de grande intelecto e capacidade de convencimento: Lutero, Marx e Hitler. Os três males - que aqui vejo como as "Três Dores da Alemanha" - se caracterizam ainda por uma estreita relação com a Igreja Católica, quer diretamente, como no caso de Lutero, que foi monge católico, ou indiretamente, como foi o caso de Marx, ateu convicto da necessidade de destruição do cristianismo, e Hitler, um católico de fachada.
Agora, entretanto, é a vez da Igreja alemã apunhalar a Igreja Universal. A revolta e o desejo de destruir o que há de santo e católico estão dentro do templo de Deus.
Chega-nos a notícia que a Igreja Alemã, num ato cismático (entretanto não receberão preâmbulo doutrina para assinar), planeja aprovar a comunhão para os divorciados em segunda união. Sobre isso já escrevemos antes.
A reunião plenária dos bispos da Alemanha está marcada para março próximo, mas segundo informa o site "Catholic Herald" (CH), os bispos já possuem um documento pré-aprovado com diretrizes para a prática. O documento seria baseado na nota que a arquidiocese de Friburgo emitiu em outubro, mas que foi feita sem efeito pela Congregação para Doutrina da Fé, comandada hoje por um bispo alemão, e também num rascunho redigido por uma comissão de seis bispos.
Segundo informa o CH, os bispos estão confiantes que a sua "prática pastoral" não sofrerá qualquer repreensão de Roma. Essa confiança foi reforçada, segundo o CH, pela nova Exortação Apostólica Pós-Sinodal do Papa Francisco.
"Nós já temos as nossas próprias diretrizes e o Papa assinalou claramente que certas coisas podem ser decididas localmente.
Não somos a única diocese que busca soluções úteis para este problema e nós tivemos reações positivas de outras dioceses na Alemanha e do exterior nos assegurando que eles já praticam o que nós escrevemos em nossas diretrizes",afirmou Robert Eberle, porta-voz da arquidiocese de Friburgo.
A exortação Apostólica "Evangelii Gaudium", publicada no último dia 26, no seu número 32 assinala que:
Dado que sou chamado a viver aquilo que peço aos outros, devo pensar também numa conversão do papado. Compete-me, como Bispo de Roma, permanecer aberto às sugestões tendentes a um exercício do meu ministério que o torne mais fiel ao significado que Jesus Cristo pretendeu dar-lhe e às necessidades atuais da evangelização. O Papa João Paulo II pediu que o ajudassem a encontrar «uma forma de exercício do primado que, sem renunciar de modo algum ao que é essencial da sua missão, se abra a uma situação nova». Pouco temos avançado neste sentido. Também o papado e as estruturas centrais da Igreja universal precisam de ouvir este apelo a uma conversão pastoral. O Concílio Vaticano II afirmou que, à semelhança das antigas Igrejas patriarcais, as conferências episcopais podem «aportar uma contribuição múltipla e fecunda, para que o sentimento colegial leve a aplicações concretas». Mas este desejo não se realizou plenamente, porque ainda não foi suficientemente explicitado um estatuto das conferências episcopais que as considere como sujeitos de atribuições concretas, incluindo alguma autêntica autoridade doutrinal. Uma centralização excessiva, em vez de ajudar, complica a vida da Igreja e a sua dinâmica missionária.
Segundo o trecho acima, com negritos meus, o Papa vê um novo futuro para as Conferências Episcopais. Bento XVI nunca viu as conferências episcopais como verdadeiros sínodos ou como entidades com referências canônicas. As conferências são uma criação recente, que predata em alguns anos a própria inauguração do Vaticano II. As conferências episcopais não possuem um status dentro da realidade eclesial superior a um órgão meramente consultivo; ao longo dos anos, entretanto, elas adquiriram considerável poder a ponto de regular o que um bispo, este sim um verdadeiro prelado, pode ou não fazer dentro da sua diocese. Isso nos conduziu à situação esdruxula em que vivemos hoje no Brasil, por exemplo, onde bispos católicos ortodoxos são reféns da CNBB.
Acredito - e aqui cabe uma pausa - que as conferências episcopais são, na sua maioria, as verdadeiras pedras de tropeço na ação evangelizadora da Igreja. Potencializar a sua autoridade, conferindo-lhes alguma posição análoga a uma "antiga Igreja Patriarcal" reduzirá a Igreja Universal a uma porção de igrejolas nacionais unidas por comodismo, interesse financeiro ou afinidade ideológica. O "sentire cum ecclesia" desaparecerá se o projeto apontado por Francisco no nº 32 se tornar realidade.
Uwe Renz, porta-voz da diocese de Rottenburg-Stuttgart, acredita que os bispos alemães estão agindo de acordo com o "espírito do ensinamento do Papa Francisco". Até onde sei o espírito do Papa Francisco encontra-se com o mesmo, não saiu a borboletear pelas margens do Reno.
Estamos como as vésperas de uma invasão, num estado de guerra fria. É guerra, mas ao mesmo tempo não é.
O que fará Francisco se a Alemanha adotar a comunhão aos divorciados? Prosseguirá com sua "Agenda 32" de patriarcalização das Conferências Episcopais? Não sabemos ainda.
A doutrina da Igreja sobre o divórcio é clara. As palavras de Francisco nem tanto. Esse é o problema do discurso "pastoral", que é inevitavelmente ambíguo e subjetivo.
A aprovação da prática pela Alemanha conduzirá a um efeito dominó em toda a Europa e América Latina. Se a Santa Sé indulgenciar tal prática escandalosa com um silêncio pastoral obsequioso ou com uma aprovação tácita justificada por algum malabarismo teológico, então será hora deste blogueiro jogar a toalha. Desculpe o desabafo, mas todos experimentamos extravios, incertezas, dúvidas. Quem não experimentou? Todos, eu também! Faz parte da fé.
Rezo para que as portas do inferno não prevaleçam, para que Francisco veja o perigo diabólico da "Agenda 32" e derrote a marcha de hereges que rompe nas terras de Ratzinger.
Antes perder a moribunda igreja alemã que perder todo o rebanho!
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