Queridos irmãos e irmãs,
Saudações no Cristo que vem!
No mês de janeiro do ano da Graça do Senhor de 2012 o noviciado Interprovincial Santo Antônio Maria Zaccaria estará em festa, pois, a partir de hoje, 14, nove noviços emitirão os primeiros votos religiosos, um professo também emitirá os votos solenes e onze postulantes iniciarão o ano canônico do noviciado em nossa nobre família religiosa dos Barnabitas. A celebração será, para nossa alegria, presidida pelo Revmo. Superior Geral P. Giovanni Maria Villa e concelebrada por quatro Revmos. provinciais, o padre mestre e outros confrades. Essa celebração será dia 14 de janeiro, na Capela de Santo Antônio Maria Zaccaria, às 18h30min.
A liturgia será do II Domingo do Tempo Comum, cujo tema, pela Providência, nos exorta a refletir sobre a vocação e o seguimento de Jesus Cristo. As leituras serão: 1 Sam 3,3b-10.19 1 Cor 6,13c-15a.17-20 Jo 1,35-42.
Agora convido a todos a uma reflexão sobre a vocação de Samuel e a sua atualização.
A primeira nota que é preciso sublinhar na história da vocação de Samuel é que a vocação é sempre uma iniciativa de Deus (“o Senhor chamou Samuel” – vs. 4a). É Deus que, seguindo critérios que nos escapam absolutamente, mas que para Ele fazem sentido, escolhe, chama, interpela, desafia o homem. A indicação de que “Samuel ainda não conhecia o Senhor porque, até então, nunca se lhe tinha manifestado a Palavra do Senhor” (vs. 7) sugere claramente que o chamamento de Samuel parte só de Deus e é uma iniciativa exclusiva de Deus, à qual Samuel é, num primeiro momento, totalmente alheio.
Uma segunda nota é sugerida pelo enquadramento temporal do chamamento: Deus dirige-se a Samuel enquanto este estava deitado, presumivelmente, durante a noite. É o momento do silêncio, da tranquilidade e da calma, quando a algazarra, o barulho e a confusão se calaram. A nota sugere que a voz de Deus se torna mais facilmente perceptível ao vocacionado no silêncio, quando o coração e a mente do homem abandonaram a preocupação com os problemas do dia a dia e estão mais livres e disponíveis para escutar os apelos e os desafios de Deus.
Uma terceira nota diz respeito à forma como se processa a resposta de Samuel ao chamamento de Deus. Antes de mais, o autor do texto sublinha a dificuldade de Samuel em reconhecer a voz do Senhor. Javé chamou Samuel por quatro vezes e só na última vez o jovem conseguiu identificar a voz de Deus. O fato sublinha a dificuldade que qualquer chamado tem no sentido de identificar a voz de Deus, no meio da multiplicidade de vozes e de apelos que todos os dias atraem a sua atenção e seduzem os seus sentidos.
Depois, sobressai o papel de Eli na descoberta vocacional do jovem Samuel. É Eli que compreende “que era o Senhor quem chamava o menino” e que ensina Samuel a abrir o coração ao chamamento de Javé (“se fores chamado outra vez, responde: fala, Senhor; o teu servo escuta” – vs. 9). O pormenor sugere que, tantas vezes, os irmãos que nos rodeiam têm um papel decisivo na percepção da vontade de Deus a nosso respeito e na nossa sensibilização para os apelos e para os desafios que Deus nos apresenta.
Finalmente, o autor põe em relevo a disponibilidade de Samuel para ouvir e para acolher a voz de Deus: “fala Senhor; o teu servo escuta” (vs. 10). No mundo bíblico, “escutar” não significa apenas ouvir com os ouvidos; mas significa, sobretudo, acolher no coração e transformar aquilo que se ouviu em compromisso de vida. O que Samuel está aqui dizendo a Deus é que está disposto a acolher os seus apelos e desafios e a comprometer-se com eles. O que Samuel está dizendo a Javé é que aceita embarcar no desafio profético e ser um sinal vivo de Deus, voz “humana” de Deus, na vida e na história do seu Povo.
Dessa forma, a vocação é sempre, como vimos uma iniciativa misteriosa e gratuita, de Deus. Antes de qualquer coisa, o vocacionado deve ter plena consciência de que na origem da sua vocação está Deus e que a sua missão só se entende e só se realiza em referência a Deus. Um vocacionado se torna um profeta. Um profeta não se torna profeta para realizar sonhos pessoais, ou porque entende ter as qualidades requeridas para a missão e faz uma opção profissional pela profecia. O profeta torna-se profeta porque um dia escutou Deus a chamá-lo pelo nome e a confiar-lhe uma missão. Todos nós, chamados por Deus a uma missão no mundo, não podemos esquecer isto: a nossa missão vem de Deus e tem de se desenvolver em referência a Deus; não nos anunciamos a nós próprios, mas anunciamos e testemunhamos Deus e os seus projetos no meio dos nossos irmãos.
São muitas as “vozes” que ouvimos todos os dias, vendendo propostas de vida e de felicidade. Muitas vezes, essas “vozes” confundem-nos, alienam-nos e conduzem-nos por caminhos onde a felicidade não está. Como identificar a voz de Deus no meio das vozes que dia a dia escutamos e que nos sugerem uma colorida multiplicidade de caminhos e de propostas? Samuel não identificou a voz de Deus sozinho, mas recorreu à ajuda do sacerdote Eli. Na verdade, aqueles que partilham conosco a mesma fé e que percorrem o mesmo caminho podem ajudar-nos a identificar a voz de Deus. A nossa comunidade cristã, a nossa comunidade religiosa, desafia-nos, interpela-nos, questiona-nos, ajuda-nos a purificar as nossas opções e a perceber os caminhos que Deus nos propõe.
Por: André Carlos M. Carvalho, aspirante Barnabita.
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A vocação de Samuel e sua atualização
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