Quem permanece nele não peca (1Jo 3,6)

Quem permanece nele não peca (1Jo 3,6):
Quando João Baptista viu vir Jesus ao seu encontro exclamou “eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. João reconhecia naquele Jesus que vinha ao seu encontro, ao seu baptismo de água para o arrependimento, aquele que era capaz de realizar a libertação de todo o pecado do mundo, de proceder ao baptismo do Espírito como lhe tinha sido anunciado.
São João Evangelista, na sua Primeira Carta, retoma esta mesma ideia e exclamação de São João Baptista, mas alarga a sua amplitude, torna-a mais abrangente e assim podemos ler que não só Jesus tira o pecado do mundo, pelo seu sacrifício de amor, como também todo aquele que permanece em Jesus não peca.
Há assim uma permanência, uma sintonia e uma unidade que permitem que aquele que vive em Jesus, com Jesus e para Jesus não peque. Podemos falar de uma certa transfiguração, de uma mudança ontológica que nos configura com aquele que é o sem pecado e portanto nos comunica essa mesma condição.
Contudo, e aqui se coloca o desafio, para que tal aconteça não podemos deixar de ter sempre presente que somos filhos de Deus, nascemos daquele que é Justo e portanto a justiça e a sua prática, aliada à esperança da acção salvadora de Jesus, nos conduzem a essa pureza que identifica o Cordeiro de Deus e Verbo de Vida.
A condição de sem pecado constitui-se assim a partir da identificação e da fidelidade a essa mesma identificação, da configuração com o Filho de Deus e a sua acção redentora, do assumir que somos outros filhos convocados a uma obra redentora. Como nos diz São Paulo somos chamados a completar em nós o que falta à paixão de Cristo, e na medida em que o procuramos fazer permanecemos no amor de Deus e em Jesus sem pecado.
Peçamos por isso ao Senhor que aumente em nós a esperança e a confiança, para que procuremos em cada dia e em cada situação da nossa vida nos irmos configurando cada vez mais a Cristo, verdadeiro Homem e verdadeiro Deus.

Ilustração: “São João Baptista”, atribuído a Caravaggio, Kunstmuseum Basel.

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