Pecado original e atual

Como se apaga o pecado original? O pecado original apaga-se com o santo Batismo.

O pecado original não é uma culpa voluntária nossa; e por isto, como por ele não merecemos nenhuma pena, nenhum castigo, também para o apagar da nossa alma não temos de nos sujeitar a nenhum sacrifício. É-nos apagado por meio do Batismo, que confere à alma a graça santificante, que deveríamos, por disposição de Deus, possuir, mas que não possuímos porque fomos privados dela pelo pecado de Adão.


Que é o pecado atual? O pecado atual é o pecado cometido voluntariamente pela pessoa que tem o uso da razão.

De quantos modos se comete o pecado atual? O pecado atual comete-se de quatro modos, isto é, por pensamentos, por palavras, por obras e por omissões.

1. O pecado original (que consiste simplesmente na privação da graça santificante) não fomos nós que o cometemos, desobedecendo à lei de Deus. O pecado que cometemos, desobedecendo à lei de Deus, denomina-se atual, isto é, um pecado que cometemos agora, durante a nossa vida. Diz-nos o catecismo que é atual o pecado que comete voluntariamente a pessoa que tem o uso da razão.

Quem não tem uso da razão não pode cometer pecado? Não; porque, não tendo o uso da razão, não é capaz de ter vontade própria, e onde não há vontade não há desobediência. O homem, ser inteligente, obra segundo a vontade e é, por isso, responsável pelos seus atos enquanto os quer.

Portanto o homem, para cometer pecado, deve conhecer que com o seu ato transgride a lei de Deus e, todavia, querer esse ato; quer, não obstante ter conhecido que ele é uma violação dessa lei. Por isso as crianças, que não têm ainda o uso da razão, e as pessoas, que nunca o atingiram ou o perderam, não são capazes de pecar. Mesmo que cometam um ato que de per si seja pecaminoso, não têm culpa, porque lhes falta a vontade de praticar uma coisa contrária à lei de Deus.

A palavra voluntariamente indica-nos que só é pecado a desobediência voluntária à lei de Deus. Por exemplo, hoje é dia santo. Eu, sem saber que era um dia santo de guarda, trabalhei todo o dia e nem um terço rezei. Não cometi pecado, porque, embora tenha trabalhado voluntariamente, não pensando e, por isso, não sabendo que era dia santo, eu não quis transgredir a lei de Deus; ao contrário, se me lembrasse que era dia santo, não trabalhava.

Por isso, embora o meu ato tivesse sido materialmente contrário à lei de Deus, como me faltou a vontade de praticar uma coisa contrária a essa lei, eu não cometi pecado.

2. O pecado atual se pode cometer de quatro modos; ou seja, quem tem o uso da razão pode desobedecer voluntariamente à lei de Deus de quatro modos: por pensamentos, por palavras, por obras e por omissões.

a. Peca-se por pensamentos, quando se pensa voluntariamente, isto é, sabendo que se pensa e comprazendo-se em pensar, numa coisa má, ou se deseja fazê-la, embora se saiba que é má, proibida.

Por exemplo, hoje é dia de abstinência. Fábio, pensa: Oh! se tivesse uma boa costeleta, como a comeria com todo o gosto, se bem que seja dia de abstinência. Ele, portanto, pensa, compraz-se, quer, deseja uma coisa má. Por isso, perante Deus é culpado. Ao contrário, um outro pensa e diz: Oh! se hoje não fosse dia de abstinência, como eu comeria carne com todo o gosto uma lombo de porco. Este não comete pecado, porque não pensa transgredir a lei, antes mostra querer observá-la; manifesta o que faria hoje se não houvesse a lei da abstinência.

b. Peca-se por palavras, quando se proferem palavras proibidas, que ofendem a Deus, ao próximo, etc., como: blasfêmias, calúnias, maledicências, palavras e canções desonestas, conversas más, etc.

c. Peca-se por obras quando se praticam atos proibidos, ou por outra, contrários aos preceitos negativos, isto é, àqueles que nos proíbem fazer uma coisa; por exemplo, roubar, matar, etc.

d. Peca-se por omissões quando voluntariamente se deixa de fazer o que está mandado. Desobedece-se não com uma obra má, mas por não fazer o que não só é bem, mas bem mandado; como, por exemplo, aquele que, embora podendo, não faz jejum num dia de preceito.

Prática: – Recebemos de Deus a alma e o corpo, a inteligência, o coração e os sentidos, e, por isso, devemos submeter-nos a Ele em tudo o que somos. – No exame de consciência para a confissão, pensai também nos pecados cometidos por omissão, coisa que alguns descuram gravemente.

Exemplos: – Parábola da figueira estéril. – Contou Jesus: “Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi buscar fruto nela, e não o achou. Pelo que disse ao que cultivou a vinha: – Olha, três anos há que venho buscar fruto a esta figueira, e não o acho; corta-a, pois, pelo pé; para que está ela ainda a ocupar a terra? Mas ele, respondendo, lhe disse: Senhor, deixa-a ainda este ano, enquanto eu a escavo ao redor e lhe jogo esterco; e, se com isto der fruto, bem está; e, se não, virás cortá-la depois (São Lucas, XIII, 6-9). – Esta parábola mostra-nos que, se pelos pecados da omissão, não obstante todas as solicitudes da Igreja, não produzimos frutos de boas obras, Deus ordena que sejamos tirados deste mundo onde ocupamos inutilmente o lugar.

Fonte: Assc. Apostolado do Sagrado Coração de Jesus


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