Nota do Editor: O seguinte artigo foi submetido ao The Remnant pela sua autora, a Sra. Solange Hertz. Ele apareceu pela primeira vez, no entanto, na revista Triumph em julho de 1973, provando mais uma vez que a Sra. Hertz é certamente uma das escritoras mais prescientes da sua geração. Eu tive a oportunidade de visitar a Sra. Hertz em suo lar na Virgínia, este mês, e eu gostaria de garantir aos seus muitos fãs da Remnant que ela está com boa saúde, de boa mente e bom espírito, mesmo aos 92 anos. Em algum momento em breve espero escrever sobre essa visita, de fato, tão inspirador e informativo foi estar em contato com o cérebro da nossa velha amiga.
Que Deus a abençoe sempre!
MJM
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Se é politique d’abord, como W.H. Marshner diz que deve ser, na Triumph de novembro de 72, então nós temos que começar em casa, porque é de onde todos os políticos vêm.
Ninguém estava mais consciente da interação dinâmica da política pública e privada do lar do que Friedrich Engels. Escrevendo em 1884 a partir de notas de Karl Marx, ele diz em A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado: “Com a transferência dos meios de produção para a propriedade comum a família particular deixa de ser a unidade econômica da sociedade. O cuidado do lar privado é transformado em uma indústria social. O cuidado e a educação das crianças se tornam um caso público, a sociedade cuida de todas as crianças igualmente, sejam elas legítimas ou não. E isso coloca um fim à ansiedade sobre as ‘conseqüências’, que não são o fator social essencial – tanto moral quanto econômico – que impedem uma menina de dar-se ao homem que ela ama. Será que isso não é motivo suficiente para trazer o estabelecimento gradual de um intercurso sexual sem restrições, e com isso também uma opinião pública mais branda em relação à honra da donzela e a condição feminina?” (Dificilmente se pode reprimir um sorriso aqui, ele soa tão Vitoriano.)
- Mais sobre educação dos filhos no GBC
Engels superestimou o poder da sociedade para corromper o lar. Ele postulou – erroneamente – que o lar “é a criatura do sistema social, e irá refletir a sua cultura”, e que “deve avançar com o avanço da sociedade, e mudar à medida que a sociedade muda, mesmo o que fez no passado”. E a mulher, é claro, é o pivô sobre o qual a sociedade muda de direção. Sua emancipação “primeiro se torna possível quando ela é capaz, em uma extensa escala social, de participar da produção, e o trabalho no lar ganha a sua atenção apenas num ponto insignificante. E isso, pela primeira vez foi possível graças a grande indústria moderna, que não só admite o trabalho das mulheres em uma ampla faixa, mas absolutamente exige isso, e também se esforça para transformar o trabalho doméstico privado mais e mais em uma indústria pública”.
O poder público, por outro lado, “é um produto da sociedade em um determinado estágio de desenvolvimento, é a confissão de que essa sociedade se enredou em uma contradição insustentável com ela mesma, que é dividida por antagonismos irreconciliáveis que é impotente para dissipar… Este poder nascido da sociedade, mas colocando-se acima dela, e cada vez mais separando-se dela, é o Estado. Como sabemos, o marxismo clássico viu tanto o Estado e a família como males necessários que gradualmente iriam “definhar” ante o avanço da comunidade utópica sem classes.
Trinta e cinco anos antes de esses pensamentos serem publicados, Marx e Engels já haviam professado no Manifesto: “As declamações burguesas sobre a família e a educação, sobre a sagrada relação de pai e filho, se tornam ainda mais repugnantes quando, pela ação da indústria moderna, todos os laços de família entre os proletários são feitos em pedaços, e seus filhos transformados em simples artigos de comércio e instrumentos de trabalho”.
Vamos dar aos demônios sua dívida, o Capitalismo na realidade catapultou a família para a sua condição atual, mas Marx e Engels estabeleceram como princípio que a própria família é um produto do Capitalismo, condenada à destruição junto com ele. Pobres coitados, como ateus eles não poderiam saber que a família é um mistério, uma criação divina desde o início, a partir do qual todos os sistemas sociais bons e maus surgiram. E continuarão a surgir. Se os revolucionários nunca subestimaram o seu poder para impedir os seus programas, muito menos os contra-revolucionários devem subestimar seu poder de reforma do projeto.
Como a Igreja, a família é fundada sobre a rocha. Sustentada por baixo por toda a massa do direito natural, nunca poderia deixar de realizar o que Deus quer que ela realize se o pecado não a tirasse da base. O Papa Pio XI sublinhou o fato de que “Tanto o homem quanto a sociedade civil derivam sua origem do Criador, que ordenou mutuamente um ao outro. Portanto não podem ser isentos de suas obrigações correlativas, nem negar ou diminuir os direitos uns dos outros… Mas, assim como no organismo vivo é impossível prever o bem do todo, a menos que a cada parte e cada membro individual seja dado o que ele precisa para o exercício das suas funções próprias, da mesma forma é impossível cuidar do organismo social e do bem da sociedade como uma unidade a menos que cada peça e cada membro individual… seja fornecido com tudo o que é necessário para suas funções sociais.
“Não haveria hoje nem Socialismo nem Comunismo, se os governantes das nações não tivessem desprezado os ensinamentos e as advertências maternas da Igreja. Com base no liberalismo e secularismo eles desejavam construir outros edifícios sociais que, poderosos e imponentes quanto pareciam à primeira vista, muito em breve revelaram a fraqueza de suas fundações, e hoje estão desmoronando, um após outro diante de nossos olhos, como tudo o que não se fundamenta na pedra angular de Jesus Cristo deve desmoronar”. (Divini Redemptoris).
Sendo este o caso, a família verdadeira tem pouco ou nada a temer do caos ou mesmo da anarquia. No verdadeiro caos, as estruturas naturais reafirmam-se com uma vingança, só ganham força a partir da dissolução dos agregados artificiais que estavam sufocando-as. Infelizmente, não há razão para acreditar que o tipo de “caos” como o que enfrentamos hoje é salutar, mas é em si mesmo artificialmente planejado. De fato, sabemos dos escritos dos pais do Comunismo que é uma arma política deliberadamente forjada pelo qual a sociedade é intimidada a aceitar uma estrutura cada vez mais tirânica invadindo o todo da vida privada. Contra esses, a própria natureza treme.
Monarquia em Casa
A natureza treme porque a economia política é basicamente um assunto de família, seus primeiros esboços naturais foram definidos no lar de Adão e Eva no Éden. Séculos mais tarde, nenhum prospecto político melhor tinha sido encontrado ainda, pois Deus esboçou a sobrenatural sociedade cristã de um padrão que Ele colocou à vista, novamente, em um lar particular. Desta vez foi o pertencente ao carpinteiro José e sua esposa Maria de Nazaré, Politique, oui, mas o lar d’abord. [Política, sim, mas primeiro o lar.]
Mesmo agora em casa, a entidade política básica, podemos ver a interação entre sociedade e indivíduo aparte da convenção partidária, e certas coisas se destacam. Não podemos deixar de notar, por exemplo, que não existem direitos iguais, nem mesmo votos iguais. A família não é uma democracia mais do que a Igreja ou qualquer outra instituição divina. E isso pode ser considerado uma única organização na medida em que é um organismo.
A opinião daqueles que tem dois anos de idade, dificilmente tem o mesmo peso que as dos de doze anos de idade. Por outro lado, os de dois anos de idade possuem alguns privilégios caprichosos que seu irmão mais velho não possui, como sendo permitida uma birra ocasional, por exemplo.
Tudo isso é uma maneira popular de notar que a entidade política clássica é uma hierarquia. Não é uma sociedade sem classes. Há gradações e nuances em estados de vida, direitos e responsabilidades. Porque isso é distribuído a partir do Pai para baixo, no entanto – e não das crianças para cima, ou mesmo de tias e tios nos bastidores – o governo da família é algo mais do que algo meramente hierárquico. É uma monarquia, com uma pessoa no topo da qual todo o poder e privilégio flui. Tanto quanto eu sei, chocante como isso possa ser, esta é a única forma de governo formal e sancionada positivamente na Escritura e na Tradição, todas as outras formas são apenas permitidas devido à dureza de nossos corações. E esta forma ideal reflete não apenas a estrutura monárquica do universo por Deus Pai, mas a própria ordem das Pessoas na Santíssima Trindade, onde Deus, o Pai é a Fonte tanto do Filho quanto do Espírito Santo.
Sabendo em que aberrações o mundo cairia, Deus Pai enviou Seu Filho para contar ao político corrupto Pôncio Pilatos: “Você não teria nenhum poder contra mim, se não fosse dado do alto” (João 19,11). Pilatos pode muito bem ter entendido “do alto” como meramente “César”, mas o ponto é o mesmo, na medida em que a fonte do poder é, em última análise Deus, de quem o próprio César recebe suas credenciais. Daí resulta que a família humana não é mesmo apenas uma monarquia. Porque a sua cabeça verdadeira é Deus, o Pai, a família humana é uma teocracia, assim constituída por sua própria natureza.
Mas é ainda mais do que isso. A partir do lar de Nazaré, na plenitude dos tempos, Deus o Pai estabeleceu uma Sagrada Humanidade na pessoa de Seu Filho como governante absoluto da família humana. “Todo o poder me é dado no céu e na terra” (Mateus 28,18). E Ele deixou claro para o político Pilatos: “Eu sou um rei. Para isso nasci e para isto vim ao mundo”. Disse-lhe também “Meu Reino não é deste mundo “(João 18,37).
Portanto, a família cristã, derivando sua autoridade, hierárquica monárquica deste homem divino, é uma entidade sobrenatural político implantada em todo o mundo no tempo, mas transcende-o totalmente. É uma teocracia eterna. Seus cidadãos são imortais. Dotada de poder do alto, é invencível. O chefe da família já havia decretado: “Eu venci o mundo”. Existem as mais profundas razões teológicas para entronizar o Sagrado Coração de Jesus em cada lar católico.
Pais como políticos
Se os pais não são políticos, eles não são pais. A autoridade política com que Deus os dotou no início sobre a sua economia doméstica continua a ser anterior ao coletivismo, democracia, capitalismo, ou quaisquer outros artifícios sociais derivados da ilusão de que o poder vem de baixo. Os pais têm poder. Eles usam isso para o bem ou para o mal. Na análise final, só eles podem destruir o lar, porque em última análise, só eles possuem o dever constituído, a autoridade de Deus para o fazer. Quem mais poderia? Na economia de Deus, Cristo não poderia ter sido executado por qualquer pessoa na Terra, senão Pôncio Pilatos. Nem poderia ter sido entregue a ele para ser julgado por ninguém senão o sumo sacerdote Caifás. Para estes homens de Deus, o Pai tinha delegado o poder de matar Seu Filho, se assim decidissem.
A condenação de Cristo foi eminentemente legal, um drama de autoridade prostituída. E Cristo disse a Pilatos, além disso, “Aquele que me entregou a ti tem maior pecado” (João 19,11), pois o mau uso do poder espiritual tem efeitos muito mais mortais em seu possuidor do que o poder temporal apenas mal utilizado. Nem mesmo Pilatos se rebaixou a usar sua autoridade para incitar o povo contra Cristo como Caifás fez. A autoridade usada para dobrar mentes irá enfrentar o mais rigoroso ajuste de contas.
Mantendo estes fatos em mente, e eles são fatos, podemos ver que a menos que o lar deliberadamente faça mau uso ou deponha a sua autoridade por sua própria vontade, nunca pode ser “a criatura do sistema social”, como ensina Engels, nem vai “mudar à medida que a sociedade muda” a menos que ele queira. Onde a sociedade se afastou da verdade, se afastou primeiro em casa. O lar cristão tem a obrigação de se manter firme em princípios imutáveis que lhe são confiados. Será que a família cristã dos tempos apostólicos estava em conformidade com declínio da cultura romana? Enfaticamente não porque a única sociedade em que o lar pode ter referência válida é o reino que Cristo fundou.
O lar é a base natural de contra-revoluções. Hoje ele deve proclamar a verdade em meio ao erro. Vai doer. Mesmo Platão viu que quando o transtorno ocorre, só pode ser corrigido por um sofrimento proporcional. Revelação e autoridade vestem a sociedade a partir de cima, mas o bem-estar natural é produzido a partir de baixo, onde Deus o colocou. Qualquer um que tenha visto um ferimento físico sendo curado durante um período de tempo sabe que o processo não ocorre de fora para dentro A ferida não fecha, cobrindo-se com o tecido saudável de suas bordas externas. A cura ocorre de baixo para cima, dentro da própria ferida, onde as células saudáveis são ativadas e se multiplicam, certamente deslocando lentamente as danificadas. Por um momento parece que nada está acontecendo, na verdade a confusão geralmente parece piorar. A ferida pode supurar. Ou a gangrena pode definir onde a ação celular está muito fraca. Quando isso ocorre, a amputação é o único remédio.
Apenas pela ativação profunda da lei natural e dos processos naturais podem ser curadas as feridas sociais hoje sem violência e destruição, legítimos que estes podem ser como último recurso. Estamos diante de um mundo cujas instituições devem ser remodeladas de dentro para fora. Elas não podem mais ser remendadas para que se mantenham. Marx e Engels viram isso, mas infelizmente prescreveram uma pesada dose dos mesmos irritantes que causaram a doença, em primeiro lugar.
A América tem colocado em prática, em segunda mão, os erros europeus por tempo suficiente. A interpretação Calvinista da usura envenenou sua economia desde o início; um falso conceito de “direitos iguais” irá despachar no devido tempo o que resta de seu governo livre. A família sofreu cruelmente por participar de ambos os erros. O que o capitalista não vende à família, o burocrata todo-poderoso em breve irá impor pela força. Mas a família teocrática ainda está lá, no fundo da sociedade que supura e tem o poder e a autoridade para aumentar e multiplicar por ordem divina se ela quiser. Ela transformou a Roma pagã no Sacro Império Romano pelo simples expediente de reconstituir-se no padrão divino em relação adequada com a lei natural a revelação, e a autoridade. Ela produziu guerreiros, economistas e políticos que se tornaram santos. Ela ainda pode fazê-lo. Não pode haver política saudável sem políticos saudáveis, e estes são produzidos em residências saudáveis.
Mesmo mal feito vale a pena
Reconhecido ou não, Cristo é a cabeça verdadeira de cada lar, o pai é Seu vigário, que pode atuar legitimamente nele apenas como Cristo agiria. São Paulo chega à conclusão óbvia de que a mãe, portanto, tem a mesma relação com o marido que a Igreja tem com Cristo, como o coração para a cabeça, como o corpo para a alma. Ambos estabelecem a norma de obediência na família, ele a Deus o Pai, ela ao marido, pois a obediência começa com os pais não com as crianças, que só pode imitar o que vêem.
Como se pode esperar que a criança obedeça a um pai desobediente? Vamos colocar a culpa onde ela pertence. Crianças na família são “fiéis”, o pequeno rebanho de Cristo, que deve ser alimentado e guiado, que é tão facilmente escandalizado, e ainda a quem foi prometido o Reino. Enquanto qualquer vestígio de falsa “democracia” não for erradicado do lar, a obediência nunca irá prosperar lá.
As crianças podem certamente ser consultadas de acordo com sua idade e talentos (e melhor em privado), como a hierarquia consulta aos fiéis, mas nunca devem pais jogar suas responsabilidades sobre elas, relegando as decisões importantes para a família em geral, reuniões tão caras aos escritores das comédias de situação. Se as crianças estão amadurecendo e assumindo as responsabilidades por si mesmas, elas aprendem observando os mais velhos sem medo e obstinadamente tolerando seus fardos, e não por serem forçadas a tomar decisões acima da capacidade de sua idade. Se a sociedade está perdendo o controle sobre a maravilhosa fecundidade e a segurança da hierarquia, este controle foi perdido primeiro em casa. Onde a estrutura adequada é religiosamente mantida, o lar pode manter-se isento da corrupção do mundo pelo silêncio interpondo sua autoridade antes do estado onde este se tornou corrupto.
Como um organismo vivo com o seu mandato de Deus, o lar é o inimigo natural da mera organização. Seguro em suas origens divinas possui o privilégio de brincar, divertir-se no mundo como a Santa Sabedoria aos olhos do Altíssimo. Movimentos sociais ou religiosos que procuram organizá-la em uma base puramente racional devem ser silenciosamente ignorados. Como uma teocracia, o lar é a cidadela do governo pessoal. Técnicas quantitativas não podem ser aplicadas lá sem transformar o lar em algo diferente do que é – um mistério divino.
Ele pode se dar ao luxo de ser alegremente antieconômico e ineficiente no sentido comum do mundo, pois obedece a uma lei maior. Se segue um caminho mais excelente. A mãe em casa pode fazer um vestido para Mary Jane, que poderia ser comprado de uma produção em massa num super-empório por uma fração do custo em tempo e dinheiro. “Se um homem desse todos os bens de seu lar para obter amor, ele deveria desprezá-lo como nada! … As muitas águas não podem extinguir o amor, e nem os rios [de especialistas em eficiência?] podem afogá-lo” (Cânticos 08,07 )
O lar é o único lugar que resta onde qualquer coisa vale a pena ser feita ainda que se faça mal**, como Chesterton coloca. O mordomo prudente lá é livre para encontrar as crises financeiras, fazendo grandes doações extras para a caridade, talvez espetando um pouco a Providência, ou para abrir espaço para a geladeira nova, deixando a mesa velha da avó do lado direito da cozinha, onde ela colocou. Ele tem uma desconfiança profunda e evangélica da abordagem profissional à vida, e verdade seja dita, de todos os profissionais.
Sua contribuição [a dos profissionais] para a desagregação do lar moderno foi incalculável. Profissionais, como o curador Dr. Spock, tem sido permitidos, ou melhor, convidados, a reduzir o mistério do lar a um sistema de técnicas superlativas, muitas das quais, aliás, podem ser muito melhor ensinadas pelo gato da família. Acredite ou não, o lar tem até um contador de histórias profissional, o chamado Doctor Seuss. Onde estão os Doutores da Igreja?
Mães e pais foram levados a crer que, sem orientação profissional não se pode gerenciar o lar de forma alguma, tão desesperadamente os experts tem sido confundidos com a autoridade. De repente os Gourmets tornaram-se árbitros sobre o que vai ao forno. Apenas os catequistas profissionais podem transmitir a fé, seja ao vivo ou em gravações. Fornicadores profissionais invadem o quarto para ensinar os pais a “amar”. Experts entronizados como lares e penates da família usurparam seu magistério, da mesma forma que os teólogos têm usurpado o magistério da Igreja. Exigindo adoração e propiciação de seus devotos, em troca dos menores favores, eles acabam por ditar todos os seus movimentos. Alguns agora arrancam abertamente sacrifício humano na forma de contracepção e aborto obrigatórios, e eles estão conseguindo.
Brandindo a letra que mata, eles têm tudo, mas espancaram até a morte o espírito que dá a vida. E dar vida é o negócio do lar, que não é projetado para transformar produtos profissionais, mas seres humanos. “Não terás outros deuses diante de mim!” troveja Deus Pai, como fez no Sinai. No entanto, não só os pais persistem em sua idolatria, eles ensinam seus filhos a fazerem o mesmo. No lar as crianças aprendem a cortejar esses falsos deuses observando seus pais fazê-lo. Muitos são incitados a se tornarem pais verdadeiramente profissionais, com casas ordenadas com a mesma eficiência e utilitarismo admirados pela sociedade secular. Mesmo estes, porém, deve dar lugar ao desejo de velocidade, porque o diabo não tem muito tempo sobrando, e tempo de qualquer maneira é dinheiro, e uma família realmente boa deve ser uma família rica. A pobreza, uma vez que é conselho evangélico, devem ser exterminada na sua origem.
Política caseira
O fato de que os profissionais produzam resultados espetaculares com velocidade e eficiência dentro dos estreitos limites de seus negócios é o que faz sua interferência tão difícil de dispensar. Eles têm mais truques na manga do que os magos do Faraó, e os truques funcionam. Qualquer coisa que o mordomo prudente faz, eles podem fazer melhor. O sucesso de Montessori na engenharia de crianças não pode mais ser negado que a pronta excelência do pre-pre-parado jantar de seis pratos congelados. Poucos pais têm a fortaleza intestinal para gerenciar um lar de segunda categoria, fazendo com calma, coisas maravilhosas ainda que mal feitas** frente a tal excelência.
O que começa como uma ajuda incidental logo se torna um luxo crônico, terminando como uma total necessidade. Mantendo o seu nariz no mundo, o lar segue logo seu aroma todos os dias, “avançar com o avanço da sociedade e mudar à medida que a sociedade muda”, segundo os melhores princípios marxistas. Em nenhum lugar isto é melhor visto do que na síndrome da creche. Boas em si mesmas e úteis em emergências, no devido tempo as pré-escolas passaram a ser identificadas com a mística burguesa. O que começou com o Dr. Montessori como um apoio muito necessário para os pobres acabou como símbolo de status para os ricos. Creches em geral, juntamente com a escolaridade obrigatória, para as gerações têm sido parte integrante de uma mentalidade contraceptiva latente e generalizada. Pais que encolheriam de horror ao deixar cair um feto da família na lata de lixo, podem deixá-lo cair por premeditação através da contracepção artificial, e não têm quaisquer dúvidas em depositá-los na escola. Qualquer coisa para que ele fique fora do lar!
Montessori é uma cura duradoura para os males do lar tão eficaz quanto são tapetes de parede a parede. Esta senhora médica super-extendida, tão competente em seu campo, fornece um bom exemplo de como a perícia inocente, natural, pode levar a mais perigosa – e tola – das aberrações se autorizada a seguir livremente o seu caminho. Estou me referindo à sua famosa (e muitas vezes citada) fabricação de uma igreja de tamanho infantil com mini-paramentos e bancos, em que as crianças devem ser ensinadas sobre a experiência de adoração. Se a verdadeira adoração fosse um passatempo natural como o hóquei, isso faria sentido, mas que maneira de introduzir a criança ao sobrenatural!
Tal abordagem arranca pela raiz o senso de certo temor. Como pode a criança por tais meios, estar ciente da transcendência de Deus, do fato de que a adoração é essencialmente uma ocupação celeste, que nesta vida estará sempre na maior parte além dela? Um pai com bons instintos espirituais faria exatamente o oposto: ele levaria seu filho para as igrejas grandes e belas, onde tudo é grande demais para ele. Ele o faria consciente de sua insuficiência.
Deus sabe o quanto a verdadeira adoração tem sido sufocada pela moda diabólica de trazer a liturgia até o tamanho e nível do adorador adulto, quanto mais ao da criança. Se esta prática se enraíza em casa estamos perdidos, porque a noção do sobrenatural será destruída no próprio local onde deve se enraizar. O lar é o primeiro lugar onde nós encaramos o fato de que a religião exige um puxar com força para cima, longe de nós mesmos para as coisas além das nossas forças naturais e da nossa compreensão. Privados do alcance que somente o temor pode provocar, a criança é puxada impiedosamente de volta para seus próprios recursos insignificantes, além de ser arruinada pela atenção demasiada.
Disse o Papa Pio XI: “Qualquer outra empresa, por mais atraente e útil que seja, deve ceder diante da necessidade vital de proteger o próprio fundamento da fé e da civilização cristã.” Isso foi em 1937. É mais tarde do que pensamos, e os pais fazem melhor em ficarem ocupados com uma boa política caseira antes que seja tarde demais. Não é um trabalho para meros profissionais. Apenas amateurs, amantes, podem enfrentá-lo.
A plataforma já foi formulada: Pai Nosso… Venha A Nós O Vosso Reino. Seja Feita A Vossa Vontade, Assim Na Terra – Como No Céu.
Original aqui.
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Notas da tradutora:
*Esse foi um dos melhores textos que já traduzi.
**O fazer mal, mal feito refere-se aqui a não ser feito com perfeição técnica, e também a ser feito com dificuldade.
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Manifesto da mamãe
Mais sobre educação dos filhos no GBC
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