Um dos temas mais refletidos no blog Non Nise Te! é o ateísmo. Já meditamos sobre a incoerência que é acreditar no ateísmo, de modo tão acrítico, sem aperceber-se de suas premissas filosóficas; refletimos sobre o moralismo escondido por detrás das críticas ateias à religião; meditamos sobre a hipocrisia do ateísmo, que não vê o mal que ele provocou no século XX, mais que todos os séculos juntos; também escrevemos sobre o que chamei de neo-ateísmo, que é a prática comum de ter vergonha de ser cristão, mesmo quando foi o cristianismo e foram as paróquias quem primeiro acolheram os professores brilhantes, os cantores espetaculares, os atores magníficos; também falamos sobre a carência de racionalidade do ateísmo, que não admite ser contestado e exige fé de seus membros; sobre as mentiras veiculadas por organizações como a ATEA, que mentem propositadamente para enganar e confundir os incautos.
Toda essa longa introdução é para divulgar o texto do Pe. Anderson Alves, no Zenit, que tratou de esclarecer um aspecto importante do ateísmo, em geral. O texto completo pode ser lido aqui. Destaco apenas o elemento que entendo ser o mais importante desse excelente texto (destaque nosso):
Embora isso seja claro, é comum pensar que o relativismo funde o ateísmo; que as pessoas que não aceitam Deus, fazem-no porque não querem aceitar a existência da verdade, à qual deveriam se submeter. Isso é um absurdo. O ateísmo parte de uma afirmação que tem valor de verdade absoluta: Deus não existe. Se essa afirmação não fosse tomada pelos ateus como verdade, eles simplesmente deixariam de ser ateus. O relativismo para eles se dá somente nas “verdades” inferiores e todos deveriam se submeter ao imperativo único da nova moral: é proibido estabelecer regras morais.
Concordo com o Pe. Anderson Alves. Parece-me evidente que o ateísmo não é um derivado epistemológico puro e simples. Não se deduz a inexistência de Deus do relativismo, pelo simples fato de o relativismo epistemológico absoluto ser uma impossibilidade lógica. Já vimos em outro lugar, lá em junho de 2011, que o relativismo absoluto é um contra-senso:
O relativismo é autofágico: aceitando suas premissas e aplicando-as, ele se autoconsome. De modo mais claro: se a verdade depende de alguma circunstância, a verdade do princípio relativista também dependerá, tornando relativa a aplicação do princípio. Logo, o relativismo epistêmico não pode ser sustentado sem se contradizer.
Está clara a negação do ateísmo pela via epistêmica. De fato, baseando-se apenas na razoabilidade de suas asserções, o ateísmo é uma canoa furada. Nisso, penso, o reverendo sacerdote petropolitano acertou na mosca! Entretanto, não entendo que o Pe. Anderson tenha destacado suficientemente a filiação do ateísmo a orientações metafísicas. Explico: se é verdade que não se deduz a teoria da epistemologia, é clara a presunção metafísica da falta de um Ser Transcendente, em qualquer teoria ateísta. O ateísmo de qualquer matiz necessita negar o Ser Transcendente em suas premissas, para poder estabelecer-se como doutrina válida. Perceba-se que tal necessidade não é corolário de qualquer raciocínio, de qualquer conhecimento: é premissa! Parte-se da inexistência de Deus, nunca se chega a ela cientificamente.
Contudo, e aí concordo com o Pe. Anderson, essa premissa metafísica ocorre não por necessidade lógica, mas por decisão metafísica: escolhe-se seguir o ateísmo, o ateísmo não se impõe como teoria válida. Daí que cada seguidor do ateísmo entende ter motivos “seguros” para seguir a doutrina, mesmo que a doutrina seja insegura per se.
Parabéns ao Pe. Anderson pela excelente reflexão. E que os homens de boa vontade, aqueles que desejam viver pela Verdade, escapem das armadilhas hodiernas da cultura ateia em que vivemos.
PS. Ao final dessa reflexão, minha consciência exige que se diga, apesar de ser evidente por natureza: esse texto trata de ateísmo e não de ateístas. Interessa-me a questão epistemológica, o conteúdo metafísico implicado, nunca a posição pessoal de qualquer indivíduo, que pode inclusive ter razões que expliquem suas escolhas – embora tais razões nunca justifiquem essas mesmas opções. Preocupa-me a defesa e a divulgação de teorias absolutamente carentes de fundamentos racionais, nunca a escolha de pessoas, as quais respeito e sempre respeitarei, ainda que discorde radicalmente do rumo que escolheram dar para suas vidas.
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Reflexões sobre o Ateísmo
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