ORIGENS VERDADEIRAS DA MAÇONARIA - OS SOCINIANOS E A CORPORAÇÃO DOS FREE-MASONS

 Nota dos Editores: Amigos, depois de tratarmos de alguns aspectos iniciais  (aqui, aqui, aqui e aqui) e das origens fantasiosas da Maçonaria, abordando as seitas e iniciações do Egito, de Elêusis, os Templários e os construtores da Idade Média, iremos adentrar agora nas verdadeiras origens da seita. Como vimos, todos os autores maçons tentam, sem auxílio de prova alguma, ligar sua seita a estas sociedades antigas. Contudo, apesar da ingenuidade de muitos devoradores de romances, esta instituição satânica não é tão antiga quanto muitos pensam. É o que veremos a partir de agora. Boa leitura!


O autor do Véu levantado para os curiosos atribui à Maçonaria uma origem que acredito útil assinalar, visto que ela não carece de certa probabilidade. 

Eis como ele se expressa:

"É da Inglaterra que os maçons da França afirmam tirar sua origem; é então entre nossos vizinhos que temos que examinar os progressos da Maçonaria. Lá, não se tratava deles no início do século passado (o autor escrevia em 1791). Foi somente por volta da metade do século que eles foram admitidos, sob o reino de Cromwel, visto que eles se incorporaram com os independentes que formavam então um grande partido. Após a morte do grande protetor, seu prestígio diminuiu, e foi somente por volta do fim do século XVII que eles conseguiram formar assembleias a parte, sob o nome de Freys-Maçons, de homens livres ou de pedreiros livres; e eles só foram conhecidos na França e conseguiram formar prosélitos aí por meio dos ingleses e dos irlandeses que passaram por este reino com o rei Jaime e o pretendente. É entre as tropas que eles foram inicialmente conhecidos, e por seu meio que eles começaram a fazer prosélitos, que se tornaram formidáveis depois de 1760, quando eles tiveram em sua liderança Clermont, abade de Saint-Germain-des-Prés.
Mas é preciso remontar mais adiante para ter a primeira e verdadeira origem da Maçonaria. Vicenza (Itália) foi o berço da Maçonaria em 1546. Foi na sociedade dos ateus e dos deístas, que estavam reunidos aí para conferenciar juntos sobre as matérias da religião, que dividiram a Alemanha em um grande número de seitas e de partidos, que foram lançados os fundamentos da Maçonaria. Foi nesta academia célebre que se examinou as dificuldades que dizem respeito aos mistérios da religião cristã, como pontos de doutrina que pertencem à filosofia dos gregos e não à fé.
Estas decisões mal chegaram ao conhecimento da República de Veneza,  e ela perseguiu seus autores com a maior severidade. Prenderam Jules Trevisan e Francisco de Rugo, que foram estrangulados. Bernardino, Okin, Loelius Socino, Peruta, Gentilis, Tiago Chiari, Francisco o Negro, Darius, Socino, Alcias, o padre Leonardo se dispersaram para onde eles puderam; e esta dispersão foi uma das causas que contribuíram para espalhar suas doutrinas em diferentes lugares da Europa. Loelius Socino, depois de construir um nome famoso entre os principais líderes dos hereges que colocavam a Alemanha em chamas, morreu em Zurique, com a reputação de ter atacado mais fortemente o mistério da Santíssima Trindade, o da Encarnação, a existência do pecado original e a necessidade da graça de Jesus Cristo.
Loelius Socino deixou, em Fausto Socino, seu sobrinho, um defensor hábil em suas opiniões; e é aos seus talentos, à sua ciência, à sua atividade incansável e à proteção dos príncipes que ele soube colocar em seu partido, que a Maçonaria deve sua origem, seus primeiros estabelecimentos e a coleção dos princípios que são a base de sua doutrina.
Fausto Socino encontrou muita oposição a vencer antes que sua doutrina fosse adotada entre os sectários da Alemanha, mas seu caráter flexível, sua eloquência, seus recursos, e, sobretudo, o propósito que ele manifestava de declarar a guerra contra a Igreja romana e de destruí-la, lhe atraíram muitos partidários. Seus sucessos foram tão rápidos que, ainda que Lutero e Calvino tivessem atacado a Igreja romana com a violência mais enfurecida, Socino os ultrapassaria muito. Colocaram como epitáfio, sobre seu túmulo, em Luclavic, estes dois versos:
"Tota licet Babylon destruxit secta Lutherus,
Muros Calvinus, sed fundamenta Socinus"
Que significam que se Lutero tivesse destruído o telhado da Igreja católica, designada sob o nome de Babilônia; se Calvino tivesse derrubado as paredes dela; Socino poderia se glorificar de ter arrancado dela até os fundamentos. As proezas destes sectários contra a Igreja romana eram representadas em caricaturas tão indecentes quanto gloriosas a cada partido; devemos notar que a Alemanha estava cheia de gravuras de todos os tipos, nas quais cada partido disputava a glória de ter feito mais mal à Igreja.
Mas é certo que nenhum líder dos sectários concebeu um plano tão vasto, tão ímpio, quanto aquele que formou Socino contra a Igreja; ele não somente procurou subvertê-la e destruí-la, ele tomou a iniciativa, ademais, de levantar um novo templo no qual ele se propôs fazer entrar todos os sectários, reunindo todos os partidos, admitindo todos os erros, fazendo um todo monstruoso de princípios contraditórios; visto que ele sacrificou tudo à glória de reunir todas as seitas para fundar uma nova Igreja, no lugar daquela de Jesus Cristo, ele se fez um ponto capital de subversão, a fim de decepar a fé dos mistérios, o uso dos sacramentos, os terrores de uma outra vida, tão esmagadores para os maus. 
Este grande projeto de edificar um novo templo, de fundar uma nova religião, levou os discípulos de Socino a se armarem com aventais, martelos, esquadros, espátulas, como se eles tivessem a vontade de fazer uso deles na edificação do novo templo que seu líder tinha projetado; mas na verdade, estes são apenas indumentárias, ornamentos que servem de adereço, em vez de instrumentos úteis para edificar. 
Sob a ideia de um novo templo, precisamos entender um novo sistema de religião, concebido por Socino, e à execução do qual todos seus seguidores prometem se empregar. Este sistema não se parece em nada com o plano da religião católica, estabelecida por Jesus Cristo, ele é mesmo diametralmente oposto a ele; e todas as partes só tendem a ridicularizar os dogmas e as verdades professadas na Igreja, que não se harmonizam com o orgulho da razão e a corrupção do coração. Este foi o único meio que Socino encontrou para reunir todas as seitas que estavam formadas na Alemanha: e este é o segredo que empregam hoje os maçons, para povoar as lojas dos homens de todas as religiões, de todos os partidos e de todos os sistemas.
Eles seguem exatamente o plano que Socino tinha prescrito, que era de associar os sábios, os filósofos, os deístas, os ricos, os homens, em uma palavra, capazes de sustentar sua sociedade, por todos os recursos que estão em seu poder; eles guardam aos de fora o maior segredo sobre seus mistérios: semelhantes a Socino, que aprendeu, por experiência, quanto se deve usar de deferência para obter êxito em seu empreendimento. O estrondo de suas opiniões o forçou a deixar a Suíça em 1579, para passar pela Transilvânia, e daí para a Polônia. Foi neste reino que ele encontrou as seitas dos unitários e dos anti-trinitários, divididas entre elas. Como líder hábil, ele começou por se insinuar agilmente ao espírito de todos aqueles que ele queria ganhar; ele sensibilizou uma estima igual para todas as seitas; ele aprovou claramente os empreendimentos de Lutero e de Calvino contra a corte romana; ele acrescentou mesmo que eles não tinham se apoderado definitivamente da destruição da Babilônia; que era preciso arrancar dela os fundamentos, para edificar sobre suas ruínas o templo verdadeiro.
Sua conduta respondia a seus projetos. Afim que sua obra avançasse sem obstáculos, ele prescreveu um silêncio profundo sobre seu empreendimento, como os maçons o prescrevem nas Lojas, em matéria de religião, a fim de não induzir nenhuma contradição sobre a aplicação dos símbolos religiosos cujas suas Lojas estão repletas, e eles fazem um juramento de nunca falar, diante dos profanos, do que ocorre na Loja, a fim de não divulgar uma doutrina que só pode se perpetuar sob um véu misterioso. Para ligar mais estreitamente o conjunto de seus sectários, Socino quis que eles se tratassem de irmãos, e que eles tivessem tais sentimentos. Dai vieram os nomes que os socinianos usaram sucessivamente de Irmãos-UnidosIrmãos-PolonesesIrmãos-MoráviosFrey-Maurur, de Irmãos da Congregação, de Free-Murer, de Irmãos-Maçons, de Freys-Maçons, de Free-Maçons. Entre eles, eles se tratam sempre de irmãos, e tem pelos outros a amizade mais demonstrativa[1]".
O autor, Lefranc, poderia trazer em favor de sua tese provas mais convincentes que aquelas que acabamos de ler. Teria-lhe sido fácil, por exemplo, demonstrar a semelhança que sempre existiu entre a doutrina maçônica e a doutrina dos socinianos.

De um lado e do outro, eles rejeitam os mistérios; tudo se limita, para os adeptos, ao dogma da existência de Deus. Mas o Deus dos maçons, que é aquele de Socino, não se parece com o Deus dos católicos. Não há nem Pai, nem Filho, nem Espírito Santo no ser misterioso que criou toda as coisas, e ao qual se deu o nome de Grande Arquiteto do Universo. Este Deus construtor só se ocupa vagamente das ações humanas. Sua moral não é austera, e sua justiça se revela por uma indulgência que confina no faça o quiser.

Entre os maçons e os discípulos de Socino, encontram-se adeptos que tem acreditado dever rejeitar a ideia de Deus. É assim que hoje uma fração muito importante da Maçonaria professa o ateísmo, como o fazem bom número de socinianos.

Um autor disse que o socinianismo era a arte de descrer. A mesma palavra é aplicável à Maçonaria.

Os maçons, como os socinianos, estão sempre determinados em filiar para sua seita homens de postos elevados, a fim de se subtraírem das medidas repressivas.

Os maçons tem estatutos conhecidos por todos os membros da Ordem, e Monita secreta, que eles tem o cuidado de não publicarem, e cujos líderes, entenda-se os líderes iniciados não espalham nunca.

Por volta de 1679, Fausto Socino chegou à Polônia e redigiu um tipo de símbolo que seus discípulos aceitaram sem reclamações. Mas está comprovado que esta confissão de fé tinha sido feita apenas para o povo. Os sábios da seita nunca se sujeitaram a ela, salvo pela forma.

Uma vez estabelecidos na Polônia, os líderes do novo culto enviaram emissários à Alemanha, à Holanda e à Inglaterra. Estes apóstolos eram escolhidos entre os iniciados mais inteligentes. Eles tinham por missão de nunca pregarem de um modo ostensivo. Eles deveriam ganhar para suas doutrinas, o maior número de adeptos que eles pudessem, homens ativos e de um espírito culto, com os quais eles conseguissem se colocar em relação nas cidades que lhes eram designadas.

Este modo de propaganda, não temos de esquecer, foi invariavelmente seguido por todos os ritos maçônicos, no século XVIII.

O sucesso dos socinianos ficou longe de ser completo na Alemanha e na Holanda, onde católicos e protestantes se reuniram para atrapalhar a nova seita. Os ingleses, ao contrário, acolheram muito bem os discípulos de Socino.

A simpatia que eles reencontraram além da Mancha não fez eles renunciarem de sua prudência ordinária. Não os vemos por nenhuma parte se sucederem com imponência. Sua propaganda foi aí o que ela tinha sido por toda parte, ou seja, secreta.

Eles procuraram penetrar nas diversas associações que floresciam então na Inglaterra, como membros honorários ou  admitidos. A confraternidade dos Pedreiros Livres, ou Free-Masons, se mostrou particularmente clemente pelos recém-chegados.


Os socinianos realizaram tantos progressos, que em 1681, William Penn passou para a América, com um grande número de seus compatriotas, pertencendo quase todos à associação dos operários construtores, e fundou lá a Pensilvânia (floresta de Penn). Este território foi concedido aos imigrantes por Carlos II.

Deve-se a esta colônia a construção de uma grande e bela cidade, cujo nome basta para revelar a origem. Quero falar da Filadélfia, cidade dos irmãos, ou cidade dos quackers.

Estes inovadores eram republicanos e professavam a filantropia e o deísmo.

Sua doutrina não diferia em nada daquela de Socino e de seus discípulos, que a Maçonaria aceita por sua vez.

O F.. Ragon, depois de ter quase reconhecido que a Maçonaria descende do socinianismo, parece lamentar, e acrescenta as reflexões que iremos ler, sem se perguntar se é possível conciliá-las com o que ele escreveu algumas linhas acima:

"Uma prova bem evidente e muito concludente, diz ele, de que estes numerosos membros, aceitos na confraria inglesa dos operários-construtores, não eram e não se acreditavam maçons, é que nenhuma oficina maçônica, este meio poderoso de união e de civilização, quase indispensável em uma colônia nascente, foi fundada por eles em sua capital, pela razão de que não havia ainda Maçonaria sobre o globo. São seus sucessores que, cinquenta e um anos depois da fundação da Filadélfia, viram entre eles, em 24 de junho de 1734, vários maçons que se dirigiram à Grande-Loja de Boston (constituída em 30 de abril de 1733, pela Grande-Loja da Inglaterra), para obter dela constituições para abrir uma Loja em sua cidade. Benjamin Franklin, tão festejado depois, foi dela o primeiro venerável[2]".
O autor afirma então que em 1681 a F..M.. não existia. Mas Ragon estava distraído, pois na página seguinte ele diz totalmente o contrário. Rebold escreve de seu lado:
"Durante as perturbações que desolaram a Grã-Bretanha por volta da metade do século XVII, e depois da decapitação de Carlos Iº (1649), os maçons da Inglaterra e particularmente aqueles da Escócia trabalharam em segredo no re-estabelecimento do trono derrubado por Cromwel; eles pensaram e criaram, no interesse de seu partido, dois graus superiores; em uma palavra, eles deram à Maçonaria um caráter completamente político. As discussões nas quais o país estava preso já tinham produzido a separação dos maçons artistas dos maçons aceitos. Estes, como já dissemos, eram membros honorários, que, segundo um uso imemorial, foram agregados à sociedade: eles eram homens influentes e de alta posição. É graças à seus esforços que Carlos II, recebido maçom em seu exílio, retornou sobre o trono de seu pai em 1660. Este príncipe, em seu reconhecimento, deu à Maçonaria a denominação de Arte-Real, porque era a Maçonaria que tinha principalmente contribuído na restauração da realeza[3]".
Como se ele temesse não ser suficientemente claro, o autor teve o cuidado de acrescentar que, desde esta época, as Lojas da Grã-Bretanha eram compostas em sua maior parte por maçons aceitos e contavam apenas com um pequeno número de maçons artistas. Elas não se ocupavam mais muito, diz ele ainda, do objeto material da associação.

Assim, após a decapitação de Carlos Iº, em 1649, os maçons trabalharam ativamente no re-estabelecimento do trono. Em 1660, Carlos II se fez maçom, e deu à Maçonaria a denominação de Arte-Real, como testemunha de seu reconhecimento.

Por afirmar, após isso, que a Maçonaria não existia ainda em 1681, época onde William Penn passou para a América na liderança dos socinianos, conhecidos desde então sob o nome de Quackers, ele demonstra muita distração ou muita audácia.

Os escritores da seita estão ademais acostumados com isso.

O autor das Lettres sur la Franc-Maçonnerie afirma que a organização da Sociedade remonta à uma época anterior ao reino de Carlos Iº.

"Descobriu-se, diz ele, na biblioteca Bodleiana de Oxford um velho manuscrito contendo o interrogatório sofrido por um maçom no tempo de Henrique Iº, rei da Inglaterra. Este documento foi impresso com as anotações feitas pelo célebre Locke, tanto para explicar a linguagem já ultrapassada, quanto para lançar alguma luz sobre o assunto que motivou o interrogatório. Deixemos por um momento os autores de um documento semelhante re-impresso em Londres com a última Constituição maçônica; basta ao nosso objeto observar que Locke garantiu a antiguidade e a autenticidade do manuscrito. Ora, aquele que conhece a probidade e o alcance do espírito deste filósofo, deve necessariamente concluir que já havia maçons na Inglaterra no tempo de Henrique Iº,  e, por consequência, vários séculos antes do reino de Carlos Iº, o que torna absolutamente inadmissível a opinião que data deste último a origem da Maçonaria[4]".
O autor em questão, depois de ter declarado inadmissível a opinião que faz remontar ao reino de Carlos I a organização da seita maçônica, percebe, ele também, que ele foi um pouco muito afirmativo, e, em uma nota emitida no fim do volume, ele dá como não carecendo de probabilidade o sentimento que ele condenou no início de seu livro.

Talvez ele temesse expor-se ao ridículo tratando com um desdém de mal gosto os argumentos do F.. Nicolaï em favor das origens modernas da Maçonaria.

O manuscrito sobre o qual se apóia o autor das Lettres critiques et philosophiques não prova que o maçom de quem ele trata foi um maçom no sentido moderno da palavra. É recorrendo à equívocos do mesmo gênero que Rebold, no começo de seu Précis historique, faz remontar a Maçonaria aos operários construtores de Numa Pompilius, salvo em afirmar um pouco mais adiante que os maçons não existiam ainda em 1681.

Ragon, o autor sagrado da Ordem, está, ele também, em contradição com Rebold.

"Em 1616, diz ele, o célebre antiquário Elie Ashmole, grande alquimista, fundador do museu de Oxford, se fez admitir com o coronel Mainwarring na confraria dos operários maçons em Warrington, na qual se começava a agregar ostensivamente indivíduos estranhos à arte de edificar. 
Neste mesmo ano, uma sociedade de Rosa-Cruz, formada segundo as ideias daNova Atlantis de Bacon, se reuniu na sala de reunião dos Free-Masons em Londres. Ashmole e os demais irmãos da Rosa-Cruz, tendo reconhecido que o número dos operários de ofício estava ultrapassado por aquele dos operários da inteligência, visto que o primeiro ia a cada dia se enfraquecendo, enquanto que o último aumentava continuamente, pensaram que tinha chegado o momento de renunciar às fórmulas de recepção destes operários, que consistia somente em algumas cerimônias um pouco parecidas àquelas utilizadas entre todas as pessoas de profissão, as quais tinham, até então, servido de proteção aos iniciados para alistar adeptos. Eles lhes substituíram, ao modo das tradições orais das quais eles se serviam para os aspirantes nas ciências ocultas, por um modo de iniciação decalcado sobre os antigos mistérios, e sobre aqueles do Egito e da Grécia; e o primeiro grau iniciático foi escrito tal, por pouco, como nós o conhecemos. Este primeiro grau tendo recebido a aprovação dos iniciados, o grau de companheiro foi redigido em 1648; e aquele de mestre, pouco tempo depois; mas a decapitação de Carlos Iº em 1649 e o partido que Ashmole tomou em favor dos Stuarts, conduziram grandes modificações à este terceiro e último grau, tornado bíblico, simplesmente lhe deixando como base este grande hieroglifo da natureza simbolizada por volta do fim de dezembro. Esta mesma época viu nascer depressa os graus de mestre-secreto, mestre-perfeito, eleito, mestre-irlandês, cujo Carlos Iº é o herói, sob o nome de Hiram; mas estes graus de círculos políticos não eram professados em nenhuma parte; não obstante, mais tarde, eles foram o ornamento do escotismo".
A Maçonaria existia então em 1681, independentemente do que tenha dito Rebold.

Aqui se apresenta uma objeção que importa resolver.

Os companheiros de William Penn não eram maçons, visto que em 1731, ou seja, cinquenta anos após seu estabelecimento na América, os socinianos ou quackers da Filadélfia se dirigiram à Grande-Loja de Boston para se iniciarem.

Os imigrantes foram todos iniciados, segundo nosso sistema. Desde então as reuniões na Loja não tinham razão de ser. A Maçonaria é o que ela é porque ela forma um Estado no Estado. Se todos os franceses fossem maçons, as oficinas tornar-se-iam uma redundância, a menos que eles transformassem os locais maçônicos em capelas e que celebrassem aí um culto qualquer. É o que os primeiros colonos da Pensilvânia compreendiam sem esforço. Mas cinquenta anos depois de sua chegada na colônia, a quase totalidade dentre eles tinha desaparecido, para dar lugar a uma nova geração, que não era iniciada, ou cuja iniciação deixava de estar em relação com as modificações que Ashmole tinha praticado na organização da seita. É, portanto, natural, supor que os irmãos da Filadélfia tenham se dirigido à Grande-Loja de Boston para obter dela uma nova constituição.

Em 1650, os maçons aceitos, aqueles que os escritores da Maçonaria chamam um pouco pomposamente os operários da inteligência, deram à seita uma direção política. Eles queriam alcançar por este meio o estabelecimento sobre o trono da família dos Stuarts. Os membros da Sociedade, cujas visões não eram as mesmas, foram cuidadosamente expulsos. Os partidários da monarquia criaram então um grande templo, no qual eles eram os únicos admitidos, e ao favor do qual eles podiam se reconhecer.

É somente desta época que data a aparição, na Maçonaria, do nome de Jacques de Molay. Ashmole modificou seu grão-mestre no sentido dos iniciados monarquistas, dos quais ele partilhava ademais todas as ideias.


[1] Lefranc, Le voile levé pour les curieux, pp. 32 e suiv.
[2] Ragon, Orthodoxie maçonnique, pp. 28 e 29.
[3] Rebold, Précis historiques de la Franc-Maçonnerie.
[4] Lettre critiques et philosophiques sur la Franc-Maçonnerie, Paris, Chamerot, 1835.


La Franc-Maçonnerie, histoire authentique des sociétes secrètes, depuis les temps les plus reculés jusqu'à nos jours. Leur rôle politique, religieux et social, par un ancien Rose-Croix. 2º ed. Bloud et Barral, Paris.

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