"Quem não quiser que o inimigo penetre na fortaleza, deve conservar as portas fechadas."
"São Francisco de Sales."
Quase todas as paixões que se revoltam contra nosso espírito tem sua origem na liberdade desenfreada dos olhos, pois os olhares livres são os que despertam em nós, de ordinário, as inclinações desregradas.
"Fiz um contrato com meus olhos de não cogitar sequer uma virgem" (Jó 31,1). O pensamento está intimamente ligado ao olhar, não se podendo separar um do outro, e, para não ter maus pensamentos, propôs-se esse santo homem nunca olhar para uma virgem.
Santo Agostinho diz: "Do olhar nasce o pensamento, e do pensamento a concupiscencia." Se Eva não tivesse olhado para o fruto proibido, não teria pecado; ela porém, achou gosto em contemplá-lo, parecendo-lhe bom e belo; apanhou-o então, e fez-se culpada da desobediência. Aqui vemos como o demônio nos tenta primeiramente a olhar, depois a desejar e, finalmente, a consentir. Por isso nos assegura São Jeronimo que o demônio só necessita de nosso começo: dá-se por satisfeito se lhe abrimos a metade da porta, pois ele saberá conquistar a outra metade. Um olhar voluntário, lançado a uma pessoa do outro sexo, acende uma faísca infernal que precipita a alma na perdição. "As primeiras setas que ferem as almas castas, diz S. Bernardo, e não raro as matam, entram pelos olhos." Por causa dos olhos caiu Davi, esse homem segundo o coração de Deus. Por causa dos olhos caiu Salomão, esse instrumento do Espírito Santo. Por causa dos olhos, quantas almas não se perderam eternamente?
Vigie, pois, cada um sobre seus olhos, se não quiser chorar uma vez com Jeremias: "Meus olhos me roubaram a vida" (3,51); as afeições criminosas que penetraram em meu coração por causa dos meus olhares, lhe deram a morte. São Gregório diz: "Se não reprimires os olhos, tornar-se-ão ganchos do inferno, que a força nos arrastarão e nos obrigarão, por assim dizer, a pecar contra nossa vontade."
"Quem contempla o objeto perigoso, começa a querer o que antes não queria." É também o que diz a Escritura quando diz que a bela Judite escravizou a alma de Holofernes, apenas este a contemplou (16,11).
Sêneca diz que a cegueira é mui útil para a conservação da inocência. Seguindo esta máxima, um filósofo pagão arrancou-se os olhos para guardar a castidade, como nos refere Tertuliano. Isso, porém, não é lícito a nós, cristãos católicos; se queremos conservar a castidade, devemos,contudo, fazer-nos cegos por virtude, abstendo-nos de olhar o que possa despertar em nós os maus pensamentos. "Não contemples a beleza alheia; disso origina-se a concupiscencia, que queima como fogo" (Eclo 9,8). A vista seguem-se as imaginações pecaminosas, que acendem o fogo impuro.
Que os teus olhos estejam fixos no Senhor...
Gostou? Clique no link abaixo e conheça o blog que publicou essa postagem!
"Modéstia dos olhos."
Nenhum comentário:
Postar um comentário