Quando eu tinha 19 semanas de gravidez, me disseram que meu bebê não tinha cérebro. Esta doença é conhecida como "anencefalia". Disseram-me que meu bebê estava vivo só porque ele estava ligado a mim, mas que ele não poderia sobreviver por conta própria. O médico disse que eu poderia continuar com a gravidez de forma segura, mas que meu bebê morreria logo após o nascimento. Eu poderia decidir interromper a gravidez nesse momento, induzindo o parto com 20 semanas e deixar meu bebê morrer sem vê-la ou abraçá-la (não quero saber o que fazem com os bebês nesses casos). Suponho que para algumas pessoas seria uma decisão difícil, mas para mim não foi. Não tive que pensar nisto nem por um segundo. Sabia que não se ganhava nada com a interrupção da gravidez e minha filha já era a pessoa que eu mais amava no mundo. Mesmo que ela permanecesse inconsciente como os médicos disseram-me, e somente vivesse apenas alguns segundos ou minutos, ainda que nascesse morta, valeria a pena. Assim começou nossa odisséia ...
Hoje, enquanto escrevo isso, Faith (Fé em Inglês e nome da bebê) tem 10 semanas de idade (e um dia) e está bem. Ela é plenamente consciente e sensível como qualquer bebê "normal". Ela é muito sensível ao toque (principalmente quando é algo frio) e não há dúvida que ela pode ouvir. Ela sorri, faz balbucios quando feliz, chora e é uma menina guerreira. Ela sabe o que gosta e o que não gosta e o faz perceber isto. Ele tem sua própria personalidade que nos encanta. Ficamos surpresos com o seu desenvolvimento ... desde os primeiros dias sorria e dizia coisas do bebê ("bu", "dá", "bua" ... muito bonito). Desde o nascimento ela podia levantar a cabeça e quando ela se sentou, com apenas 5 dias, nos deixou sem palavras.
Como Faith estava claramente consciente e passando muito bem, fizeram-lhe uma tomografia computadorizada para confirmar o diagnóstico. Um neurocirurgião e radiologista analisaram as imagens e concordaram que a Faith incrivelmente tinha anencefalia. Não sabiam como explicar porque Faith estava viva e respirando, muito menos porque agia conscientemente. Há coisas que os médicos não podem explicar
Espero que por meio da partilha de nossa história, possamos dar alguma luz a essa enfermidade chamada de anencefalia, mas acima de tudo espero que por meio da vida de Faith possamos ver a graça de Deus. Acredite em mim ... há mais esperança e alegria esperando por elas do que poderiamos imaginar. Sei isto por experiência própria! Podem ler todos os livros e revistas médicas que se queira, mas isso é a vida real. É este o verdadeiro amor. Eu amo minha filha como Deus A fez. Ela é um dom e um milagre e sempre será.
Infelizmente, como era de se esperar (cedo ou tarde), Faith Hope (esperança e fé) morreu com 93 dias de vida, e assim a mãe explicou:
Os melhores 93 dias da minha vida ...
... Eu passei com minha filha. A Faith foi para o céu hoje. Passamos toda a manhã e parte da tarde na cama abraçadas. Eu disse a ela que a amava muito. Eu a tinha em meus braços quando ela morreu. Foi por volta de 4h40min. da tarde. Eu tinha acabado de trocar-lhe a fralda e a peguei enrolada em um cobertor. Ela sorriu docemente e continuou assim por alguns segundos ... Eu achei muito lindo. Esperei que voltasse a respirar novamente, mas não o fez. Ela olhou para mim, abrindo seus olhos encantadores, e eu percebi o que estava acontecendo. Eu disse a ela para ir com Jesus. Eu disse a ela que a amava e que estava tudo bem, que logo estaria no céu. Eu a abracei e chorei sobre ela. Toquei o peito e não havia batimentos cardíacos. Mas ainda continuava linda. E mesmo agora, ainda o é ... Eu a tenha nos braços e ela parece feliz e em paz. Deus é bom.
Se você quiser saber mais sobre ela, você pode sempre visitar o blog da mãe (http://babyfaithhope.blogspot.com).
Eu sinceramente acredito que eu não haveria sabido o valor de ter uma filha assim. Não sei sobre vocês, mas eu acho que não poderia resistir nem mesmo alguns segundos olhando para a minha filha sabendo que muito em breve ela deixaria de estar comigo.
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Fonte: http://zurcheva.wordpress.com/2009/06/23/faith-un-bebe-con-anencefalia/
Tradução: J. Lago
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