MARIA, A MÃE DE JESUS, BÊNÇÃO DE DEUS
Georgino Rocha
Os pastores acorrem ao “portal de Belém”, o curral onde nasce Jesus, e encontram um cenário absolutamente normal para uma família “em trânsito”. Observam o recheio envolvente e o seu olhar concentra-se nas pessoas e nas atitudes. Condiz tudo com o que lhes havia sido anunciado pelo Anjo de Deus. Nada de prodígios nem raridades. Apenas, um Menino que é contemplado por Maria e por José, seus responsáveis directos. Então, abrem o coração e narram o que tinham ouvido e sentido. São notícias de encher a alma, de fazer ecoar por toda a terra. Lucas, anos mais tarde já depois da ressurreição de Jesus, põe por escrito e embeleza o texto e desvenda o sentido escondido no que havia acontecido.
Maria, a mãe de Jesus, acolhe em seu coração o comentário dos pastores e tenta compreender o seu alcance. Continua a procurar entender com a sua inteligência o “mistério” em que, por amoroso convite de Deus, se vê envolvida. Cresce e amplia o âmbito da sua fé, redimensiona o “espaço” do seu coração, revigora as energias físicas do seu corpo debilitado pela viagem e pelo parto. Tenta captar o alcance do que está a acontecer. Será assim toda a vida: uma adesão cordial ao projecto de Deus realizado em seu Filho e progressivamente dimensionado à maneira humana.
Deste modo, brilha em Maria a aventura do coração crente: escutar, dialogar, acreditar, praticar, orar confiadamente. A fé é dom que gera em quem o recebe a resposta de adesão, a doação de serviço, a dedicação de entrega. Sem reservas. A razão humana é chamada a pensar, a meditar, a questionar, a tentar ir mais “longe” na compreensão do dom recebido. Iluminada pela fé e alicerçada na razão, pode a consciência aderir à verdade libertadora e “voar” nos horizontes do Infinito.
Pela fé, Maria gera Jesus, a bênção de Deus para toda a humanidade. O seu nome é bendito para sempre. Nascido de uma mulher – como afirma o autor da carta aos cristãos da Galácia - faz-se humano, obedece à vida, cumpre os rituais da sua cultura religiosa e vive as circunstâncias do seu tempo. Desde o início que nos ensina a ser humanos. Mais tarde, anunciará novas dimensões que, agora, estão apenas indiciadas.
Em Jesus, Deus abençoa-nos, isto é, manifesta e diz o bem que nos quer, a vida que nos deseja, o tempo que nos oferece, o futuro que nos prepara, a aliança que connosco celebra. E quem acolhe esta bênção pode abençoar porque reconhece que Deus está na origem de todo o bem; que está presente nas pessoas e nas famílias; que destina a todos e a cada um os bens criados e transformados pela tecnologia. Abençoar alguém é desejar-lhe que tome consciência da presença de Deus na vida, na família, nos projectos, nos sonhos em realização.
No início do Ano Novo, que o bom Deus nos dê a sua bênção, olhe com bondade o nosso coração e lhe conceda sabedoria para entender a vida como doação confiante. Que o ano 2012 não nasça envelhecido pela “convulsão social” da crise, pela insensibilidade e indiferença de tantos cidadãos, mas surja com germens de esperança a brotar em todos e encontre pessoas à altura do tamanho dos desafios com que nos debatemos e reclamam solução urgente em nome da dignidade humana. A exemplo de Maria, a mãe de Jesus.
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