Música Sacra

São Pio X (1903-1914): [...]“A música sacra, como parte integrante da Liturgia solene, participa do seu fim geral, que é a glória de Deus e a santificação dos fiéis. A música concorre para aumentar o decoro e esplendor das sagradas cerimônias; e, assim como o seu ofício principal é revestir de adequadas melodias o texto litúrgico proposto à consideração dos fiéis, assim o seu fim próprio é acrescentar mais eficácia ao mesmo texto, a fim de que por tal meio se excitem mais facilmente os fiéis à piedade e se preparem melhor para receber os frutos da graça, próprios da celebração dos sagrados mistérios.


Por isso a música sacra deve possuir, em grau eminente, as qualidades próprias da liturgia, e nomeadamente a santidade e a delicadeza das formas, donde resulta espontaneamente outra característica, a universalidade.



Deve ser santa, e por isso excluir todo o profano não só em si mesma, mas também no modo como é desempenhada pelos executantes.



Deve ser arte verdadeira, não sendo possível que, doutra forma, exerça no ânimo dos ouvintes aquela eficácia que a Igreja se propõe obter ao admitir na sua liturgia a arte dos sons. Mas seja, ao mesmo tempo, universal no sentido de que, embora seja permitido a cada nação admitir nas composições religiosas aquelas formas particulares, que em certo modo constituem o caráter específico da sua música própria, estas devem ser de tal maneira subordinadas aos caracteres gerais da música sacra que ninguém doutra nação, ao ouvi-las, sinta uma impressão desagradável.”[...] (Tra Le Solicitudine - 1903)



Servo de Deus Pio XI (1922-1939): [...] “Aqui é oportuno recordar que por antiga e constante disciplina da Igreja, como também em virtude das mesmas Constituições Capitulares, hoje todavia vigentes, é necessário que todos quantos estejam obrigados ao ofício coral conheçam, ao menos na medida conveniente, o canto gregoriano, ao qual hão de ajustar-se todas as Igrejas, sem exceptuar nenhuma, entenda-se só àquilo que tiver sido restituído à fidelidade dos antigos códices, e já dado pela Igreja como edição autêntica [vaticanis typis].”[...] (Divini Cultus Sanctitatem - 1928)



Venerável Pio XII (1939-1958): [...]“Por isso, deve a Igreja, com toda diligência; providenciar para remover da música sacra, justamente por ser esta a serva da sagrada liturgia, tudo o que destoa do culto divino ou impede os féis de elevarem sua mente a Deus.



E, de fato, nisto consiste a dignidade e a excelsa finalidade da música sacra, a saber, em - por meio das suas belíssimas harmonias e da sua magnificência - trazer decoro e ornamento às vozes quer do sacerdote ofertante, quer do povo cristão que louva o sumo Deus; em elevar os corações dos fiéis a Deus por uma intrínseca virtude sua, em tornar mais vivas e fervorosas as orações litúrgicas da comunidade cristã, para que Deus uno e trino possa ser por todos louvado e invocado com mais intensidade e eficácia. Portanto, por obra da música sacra é aumentada a honra que a Igreja dá a Deus em união com Cristo seu chefe; e, outrossim, é aumentado o fruto que, estimulados pelos sagrados acordes, os fiéis tiram da sagrada liturgia e costumam manifestar por uma conduta de vida dignamente cristã, como mostra a experiência cotidiana e como confirmam muitos testemunhos de escritores antigos e recentes.”[...] (Musicae Sacrae Disciplina - 1955)



Beato João XXIII (1958-1963)[...] “ Igualmente, se por uma parte é necessário promover o canto uníssono dos fiéis- voz unânime e símbolo da única e mesma caridade [...] Para assegurar que as Scholae Cantorum sejam estimadas, e onde chegaram a definhar ou decair, ressurjam a uma nova vida[...] Não será pouco o trabalho, mas mais numerosos serão os frutos que se colherão, à maior glória de Deus e proveito da vida cristã”[...] (Iucunda Laudatio – 1961)



Beato João Paulo II (1978-2005): [...]“Com efeito, a música e o canto não representam um mero decoro ou um ornamento que se sobrepõe à acção litúrgica. Pelo contrário, eles constituem uma realidade unitária com a celebração, consentindo o aprofundamento e a interiorização dos mistérios divinos.”(...) É necessário que o "cantar na liturgia" nasça do "sentire cum Ecclesia". Só assim a união com Deus e a capacidade artística se unem numa feliz síntese em que os dois elementos o canto e o louvor penetram toda a liturgia.[...]” ( Discurso aos membros do Pontifício Instituto de Música Sacra – 2001)



[...] “De fato, as palavras, que tanta importância têm na celebração litúrgica, mais sublinhadas são por meio do canto e assim recebem especial expressão de solenidade, beleza e dignidade, que permitem à assembleia sentir-se de alguma sorte mais próxima da santidade do Mistério mesmo que atua na liturgia. (...) Na atualidade é sumamente necessário que o patrimônio musical da Igreja seja apresentado e desenvolvido não só entre as novas e juvenis Igrejas mas também entre aqueles que tiveram conhecimento dos séculos do canto gregoriano e polifônico em língua latina. Agora, introduzido o costume das línguas vernáculas, vêem que se requerem outras formas idôneas de música na liturgia.” (Carta ao cardeal Höffner – 1980).



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