Philly.com antecipa a notícia, que se tornará pública dentro de poucos dias, de que o novo arcebispo de Philadelphia, Dom Charles Chaput, decidiu vender a residência episcopal e se mudar para uma casa mais modesta. O mesmo Dom Chaput havia se desfeito da residência episcopal de Denver e passado a viver no seminário diocesano.
A razão apresentada pelo arcebispo para se desfazer do patrimônio é que a arquidiocese de Philadelphia deverá vender edifícios paroquiais e escolas no futuro próximo e que, neste caso, manter o palácio “baronal” causaria ainda mais dissabor aos fiéis.
Compreendo as razões do arcebispo, afinal, qual bispo gostaria de fechar paróquias e escolas edificadas pelos antepassados com tanto sacrifício? Por outro lado, como não se perguntar a razão de se ter chegado a tal estado de coisas? As paróquias e escolas foram construídas e mantidas em tempos bem mais difíceis e numa época em que os católicos eram uma minoria insignificante no cenário americano.
Há também um aspecto simbólico na decisão do bispo, uma vez que o valor apurado com a venda não resolverá os problemas financeiros da arquidiocese. Tal decisão servirá somente para diminuir um patrimônio, também ele símbolo dos anos de glória dos fundadores do catolicismo no país.
Outra questão emergente é o crescente peso das despesas com “burocracia” eclesial nas dioceses americanas, muitas delas verdadeiras “agências” pastorais, com estrutura e funcionários mantidos com os alegados “parcos” recursos.
Não estou aqui discutindo a situação particular da Philadelphia, que desconheço, mas a questão em si. Vejam alguns exemplos da situação brasileira, bem menos confortável financeiramente do que a americana, para ilustrar a questão.
O Cardeal Arns, então arcebispo de São Paulo, vendeu o antigo palácio episcopal alegando que os recursos supervenientes seriam usados para atender às necessidades pastorais da arquidiocese – e suponho que o foram de fato. Pergunto-me: não teria hoje a arquidiocese de São Paulo outras necessidades pastorais a atender? E não tem de satisfazê-las sem abrir mão de mais patrimônio? E se hoje pode encontrar outras fontes de recursos, como não poderia tê-las encontrado antes?
O arcebispo do Rio na mesma época, Cardeal Eugênio Salles, e os seus sucessores não se desfizeram nem do Palácio São Joaquim – residência oficial do arcebispo – nem da residência do Sumaré, onde vive atualmente Dom Eugênio. Ora, a arquidiocese do Rio tinha e tem as mesmas necessidades pastorais de São Paulo e procura os recursos para atendê-las agora, como procurava à época. Não somente não vendeu o patrimônio, como construiu naquele tempo o Edifício João Paulo II que atende a uma gama variada de atividades apostólicas e abriga a cúria metropolitana.
Aqui mesmo em Campos, Dom Roberto Guimarães se viu diante da necessidade de se desfazer do Colégio Eucarístico diocesano. Eram tantas as dívidas, inclusive com os professores, e tal a perda de credibilidade do antigo colégio, que a venda parecia um imperativo. Dom Roberto se mostrou irredutível e confiou o colégio a um padre competente que, não somente liquidou as dívidas, como reconquistou a credibilidade do colégio. Imaginem se tivesse vendido o simples paço episcopal para resolver mais facilmente um problema emergencial?
Aqui mesmo em Campos, Dom Roberto Guimarães se viu diante da necessidade de se desfazer do Colégio Eucarístico diocesano. Eram tantas as dívidas, inclusive com os professores, e tal a perda de credibilidade do antigo colégio, que a venda parecia um imperativo. Dom Roberto se mostrou irredutível e confiou o colégio a um padre competente que, não somente liquidou as dívidas, como reconquistou a credibilidade do colégio. Imaginem se tivesse vendido o simples paço episcopal para resolver mais facilmente um problema emergencial?
Sem pretender polemizar a questão, parece-me em tese uma solução que se levada ao extremo não deixaria “pedra sobre pedra” e mereceria um juízo impiedoso das gerações futuras.
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