Um Pai fala das mentiras contra a Igreja ensinadas nas escolas

Um Pai fala das mentiras contra a Igreja ensinadas nas escolas
Senza  /  João Silveira

Na semana passada, o meu filho adolescente abordou-me com o texto da sua prova simulada nas mãos. Ele estuda numa escola católica, ressalte-se, o que não torna necessariamente  mais fácil a luta para que ele não perca a fé diante da forma como as disciplinas de história, literatura e ciências são muitas vezes apresentadas pelos professores. 


No caso concreto, era uma questão de história:


"Enquanto as civilizações sarracena e bizantina desenvolveram amplos estudos de física, matemática, astronomia e medicina, as ciências, na sociedade europeia, não avançaram muito, devido à repressão da Igreja Católica a qualquer estudo que colocasse em risco a sua doutrina religiosa."


Devido às conversas que temos em casa sobre questões históricas relacionadas com a Igreja, ele respondeu na prova que a frase estava errada. Lembrou-se de como eu lhe comentara o incidente com Galileu Galilei, ou de como eu lhe mencionara o excelente livro "O que a Civilização Ocidental deve à Igreja Católica", de Thomas Woods, ou mesmo a importância da recta razão na compreensão da fé, como ressaltado já por sábios como São Justino, do século II, pelos Padres Alexandrinos do século II e III, por homens como Santo Agostinho (século IV), Boécio (século V), Alcuíno (séc. VIII), Abelardo (séc. XII), Santo Anselmo (Séc. XIII), para não mencionar Erasmo e Thomas Hume (séc. XVI), todos numa impressionante defesa da razão humana, reiterada em diversos concílios como o IV de Latrão (1215) e os Concílios Vaticano I (1870) e Vaticano II (1965), além da encíclica Fides et Ratio, de João Paulo II, a cujo respeito eu também eventualmente comentara com ele.

É uma impressionante cadeia de homens sábios e documentos em defesa da razão e da ciência produzidos numa única instituição, a Igreja Católica. Não se conhece outra instituição com uma história assim. Mas, uma vez divulgado o gabarito pela escola, para sua surpresa (e a minha) a resposta correta, para a escola, é que a frase estava certa. O que fez com que meu filho me questionasse com uma certa agressividade na voz, e não sem um certo ar de decepção na confiança da formação que eu lhe tinha dado.

Resolvi entrar em contacto com a direcção da escola, por e-mail, e fi-lo assim:

"Prezado director,

Sou pai de um aluno do ensino médio, e fiquei com uma dúvida grave sobre a prova simulada feita por vós. Ele mostrou-me a prova, e a questão 64 é manifestamente falsa. Mas pelo gabarito publicado, ela estaria verdadeira para a escola.

A questão afirma que a Igreja Católica manteve o Ocidente na ignorância científica, repelindo as pesquisas e os avanços científicos, com medo de que o avanço da ciência ameaçasse a fé, que entretanto eram alcançados por sarracenos (muçulmanos) e bizantinos. Isto é manifestamente falso: basta olhar um noticiário de TV para perceber qual das duas esferas do mundo desenvolveu a tecnologia, se o ocidente católico ou o oriente bizantino e muçulmano.

Não é à toa que o renascimento Carolíngeo se deu no século IX no ocidente, mesmo sob a crise das invasões bárbaras, e já no século XII o sistema europeu de universidades estava firmemente estabelecido pela Igreja Católica, sem igual no mundo inteiro. Enquanto os muçulmanos degolavam os seus desafectos e os bizantinos mantinham o seu império sob um tacão de autoritarismo político.

Também não é à toa que o ocidente deu ao mundo, no século XIII, um Santo Alberto Magno, doutor em ciências, e que os monges inventaram os arreios de cavalo eficazes que renovaram a face da Europa durante a baixa idade média. Não é à toa que Galileu Galilei escrito o que escreveu porque era um professor de universidades católicas no século XVI, e que baseou o seu estudo nas teorias de Copérnico, um padre católico. Há uma série de imbecilidades escritas sobre Galileu, inclusive a de que ele teria sido queimado na fogueira, e repetidas por professores de história de formação anti-religiosa. É uma lenda negra. Galileu morreu de velho, no seu leito, cercado por suas cinco ou seis filhas freiras, confessou-se, recebeu a comunhão e a unção dos enfermos e está enterrado numa igreja católica.

Note-se que a cientista Marie Curie era uma devota católica, e que o seu trabalho repercutiu-se no Brasil com o padre Roberto Landell de Moura, que foi a primeira pessoa no mundo a transmitir voz por rádio, em 1903, e que o seu professor marxista de história não deve conhecer, é claro, apesar das inúmeras patentes que este padre tem no Brasil e nos EUA.

Mesmo a Wikipedia, que muitas vezes não é confiável nas suas informações, faz um interessante reconhecimento da importância da Igreja no fomento da razão através da história:

"Muitos clérigos da Igreja Católica ao longo da história fizeram contribuições significativas para a ciência. Dentre esses clérigos-cientistas estão nomes ilustres tais como Nicolau Copérnico, Gregor Mendel, Alberto Magno, Roger Bacon, Pierre Gassendi, Ruđer Bošković, Marin Mersenne, Francesco Maria Grimaldi, Nicole Oresme, Jean Buridan, Robert Grosseteste, Christopher Clavius, Nicolas Steno, Athanasius Kircher, Giovanni Battista Riccioli, William de Ockham, e muitos outros. Centenas de outros nomes têm feito contribuições importantes para a ciência desde a Idade Média até os dias atuais.

Na verdade, pode-se perguntar por que é que a ciência se desenvolveu num ambiente maioritariamente católico. Esta questão é levantada pelo padre Stanley Jaki no seu livro "The Savior of Science". Jaki mostra que a tradição cristã identifica Deus como racional e ordenado. Ele identifica os escolásticos da Alta Idade Média pela sua despersonalização da natureza."

O artigo da Wikipedia, que é um tanto longo, não deixa de ressaltar a importância dos jesuítas para a ciência moderna, e inclusive o facto de que nada menos do que trinta e cinco crateras lunares têm o nome de cientistas jesuítas. Isto parece deixar bem claro qual é a posição institucional da Igreja sobre a ciência, bem diferente daquela maldosamente exposta na referida afirmação da prova. É muito fácil para um jovem adolescente perder a fé, muitas vezes ocorre sem motivo, e certamente é muito mais fácil quando há uma colaboração externa deste tipo.

Gostaria de esclarecer esta dúvida, tendo acesso à fonte da qual o professor que elaborou a questão retirou a informação, que, das coisas que conheço, é manifestamente falsa e agressiva à fé católica, à qual a escola alega pertencer.

Mas não se trata de questão de fé, trata-se da necessidade de expor um erro académico grave, que não consigo acreditar ter sido intencional. Não vejo nenhum problema em que se exponha publicamente os erros que historicamente os filhos da Igreja Católica cometeram, mas acho que, no ambiente académico, existe o direito de saber o fundamento de uma afirmação tão grave, tão contrária à boa evidência histórica, e que parece apenas ser a repetição leviana, em meio académico, de uma hostilidade propagada em meios anticlericais para minar a confiança na Igreja."

A escola deu-me uma resposta burocrática, através de uma assessora, que prometeu rever o assunto com a professora, mas ainda não fez nenhuma crítica sobre estas afirmações. Não posso evitar a sensação de ser minoria, mesmo dentro de uma escola católica. Mas é hora de não ter constrangimentos em lutar pela verdade, mormente quando a mentira propagada constitui, além de tudo, um ataque à fé.


Paulo Vasconcelos Jacobina in Zenit


Original Article: http://senzapagare.blogspot.com/2015/03/um-pai-fala-das-mentiras-contra-igreja.html



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