Descoberta traz à tona o trágico fim de Herodes, o rei que mandou matar os Santos Inocentes
Ciência confirma a Igreja / Luis Dufaur
Herodes ordena o massacre dos Santos Inocentes. Matteo di Giovanni, Galleria Nazionale di Capodimonte. |
O rei Herodes, o Grande (73 a.C. aprox. — primeiros anos da era cristã), passou para a História como um das figuras mais relevantes da vida judaica na transição do Antigo para o Novo Testamento.
Deve-se a ele a restauração do Segundo Templo de Jerusalém e muitas obras arquitetônicas de grande fôlego em Israel.
Porém, ele foi responsável por crimes espantosos, entre os quais o massacre dos santos inocentes em Belém. Através desse mosticínio ele tentou matar o Menino Jesus, o Messias prometido, que os Reis Magos foram adorar, segundo o Evangelho de São Mateus (Mt 2,13-18).
13. um anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes vai procurar o menino para o matar.
14. José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.
15. Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o Senhor dissera pelo profeta: Eu chamei do Egito meu filho (Os 11,1).
16. Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia indagado dos magos.
17. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:
18. Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem (Jer 31,15)!
Herodium: a entrada descoberta. Mas a localização do túmulo ainda é mistério. |
Ele era odiado pelos judeus pois além de crudelíssimo era gentio.
Mais precisamente pertencia ao povo dos idumeus ou edomitas, isto é, descendentes de Esaú, o homem símbolo dos maus, que haviam sido parcialmente judaizados.
Herodes temia que o povo se revoltasse contra ele quando estava ainda vivo, ou que destruísse sua última moradia depois de morto.
Escavado na pedra no alto de uma elevação cônica, o local é conhecido como Herodium, a 12 quilômetros de Jerusalém e a sudeste de Belém.
O acatado historiador Flávio Josefo (in Antiguidades Judaicas, 17.6.4) diz que Herodes morreu depois de um eclipse lunar.
Josefo descreveu a doença final de Herodes – às vezes chamada "Mal de Herodes" – que era insuportável.
Alguns peritos médicos hodiernos concluíram que o rei padecia de doença renal crônica complicada por gangrena de Fournier.
Os estudiosos modernos concordam que ele sofreu durante toda a sua vida de depressão e paranoia.
Sintomas similares ficaram registrados por ocasião da morte de seu neto Agripa I, em 44 a.C., de quem se relata que os vermes eram visíveis porque a putrefação atingiu-o em vida.
Segundo o historiador Josefo, Herodes estava obcecado pela probabilidade de ninguém lamentar sua morte.
Herodium: no alto de um morro cônico uma fortaleza-túmulo |
Felizmente a ordem não foi cumprida.
O Herodium sobreviveu nas mãos de seus descendentes, entre os quais Herodes Antipas (20 a.C. – depois de 39 d.C.), filho de Herodes o Grande.
Antipas martirizou a São João Batista e teve o deplorável desempenho na condenação de Nosso Senhor narrado nos Evangelhos.
Contudo, na última revolta contra os romanos, os judeus acabaram se atrincheirando em Herodium e os romanos o destruíram no ano 71 d.C.
Mas os restos de Herodes, ou seu sarcófago, ainda não foram localizados.
Arqueólogos israelenses e estrangeiros não cessam hoje de investigar e escavar, fazendo curiosas e impressionantes descobertas na estranha montanha que foi comparada a um ameaçador artefato no deserto.
Herodium: o acesso inconcluso ao túmulo secreto |
O corredor de cerca de 20 metros de extensão e 6 metros de altura está formado por um complexo sistema de arcos em três níveis.
Três arqueólogos israelenses concluíram que Herodes – talvez temendo uma vingança popular pelo massacre das criancinhas de Belém – concebeu o corredor como parte da fortaleza que perpetuaria sua memória e ocultaria seu corpo após a morte. Um como que monumento fúnebre real numa escala épica.
As escavações apontaram que o corredor não chegou a ser concluído:
"Parece que a interrupção aconteceu quando Herodes percebeu que sua morte se aproximava e resolveu converter todo o topo do morro num complexo em sua memória".
Os Santos inocentes junto com São João Evangelista. Igreja de San Tiago, Plaza de España |
Problemas políticos israelo-palestinos hoje dificultam os trabalhos no local, mas os objetos recuperados estão em exposição e poderão voltar a ele, dependendo de futuras negociações.
Espanta pensar no fim de pesadelo desse rei, perseguido pela própria consciência, consumido pela doença somática e psíquica, rodeado pelo desprezo popular pelo fato de ter martirizado os Santos Inocentes. Uma prefigura de seu destino eterno.
Do outro lado, os Santos Inocentes reinam por todo o sempre no Céu junto a Jesus Cristo, que também nasceu em Belém, envolvidos de glória e gozosa bem-aventurança.
Por maiores que tenham sido os cuidados materiais de Herodes, o Grande, para preservar seu corpo perecível, nada disso lhe garantiu a felicidade eterna e tal vez a afastou para sempre.
Original Article: http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com/2015/03/descoberta-traz-tona-o-tragico-fim-de.html
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