O sacrário, pequeno cofre instalado no altar onde a Eucaristia é resguardada, foi aberto. Do seu interior, foram levadas hóstias, já consagradas. A pessoa não arrombou o compartimento, mas usou a própria chave, que estava dentro de um relicário no altar para ter acesso ao conteúdo do sacrário. Além disso, também levou toalhas do altar-mor; o lecionário, livro que reúne leituras recomendadas para o culto cristão e uma cadeira.
Seguindo sua rotina, a igreja foi aberta por volta das 08 horas da manhã e fechada às 11 horas. Ela seria reaberta ao público às 13h30, mas o crime foi percebido antes do retorno da rotina do espaço religioso, o que leva o padre Fabio Vieira a crer que a pessoa tenha se escondido no interior da igreja antes dela ter suas portas fechadas para o intervalo do almoço.
"Alguém mal intencionado entrou na Catedral, ficou escondido embaixo das escadas que dão acesso à torre da igreja e quando fechamos as portas, às 11 horas, ela abriu o sacrário, pegou as toalhas do altar, deixando o sacrário aberto. Alguém que imaginamos que já tinha observado, já sabia onde estavam as coisas, pois a pessoa já sabia onde estavam as chaves e cometeu essa profanação, esse sacrilégio com Jesus Cristo", disse o religioso em entrevista ao Diário, lembrando que outros objetos de maior valor monetário não foram levados.
"Parece-nos que foi algo bem premeditado, que a pessoa queria as hóstias consagradas. Ela estava mal intencionada nesse sentido porque, se fosse para roubar, teria outros objetos de valor, ela teria pego imagens, castiçais, cálices, paramentos e demais objetos na sacristia, já que teve acesso a todo espaço. Ela simplesmente pegou o sacrário, fez a profanação com Jesus Cristo, fez o desrespeito com o Nosso Senhor", diz o padre ao afirmar que essa atitude foi um grande golpe para a comunidade católica.
"Choca porque mexe com a nossa essência, que é a Eucaristia. E a gente sem saber para que foi feito, com que finalidade levaram esses materiais. Não tem palavras para dizer o que acontece com uma pessoa dessas que não teme a Deus", diz ao explicar que, aos olhos da religião católica, atos como esse geram a excomunhão para quem o praticou.
Como rastro, o criminoso abandonou um par de sandálias femininas próximo à porta de entrada da igreja, que deixou entreaberta. Segundo o padre Fábio, essas mesmas portas ficarão fechadas até domingo, dia quando o bispo diocesano, Dom Martinez, conduzirá um ato de desagravo.
"É pedir perdão, desculpas, um sentimento de retratação a Deus pela profanação que aconteceu. Até lá, a Catedral ficará fechada e não abrirá as portas. É uma tristeza profunda como se estivéssemos em luto", explicou o religioso que também registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Polícia Civil de Corumbá. O ato de desagravo está marcado para acontecer a partir das 19 horas e está aberta para toda comunidade católica da cidade.
Apesar da sensação de insegurança que o fato gerou, o padre Fábio diz que fechar as portas da igreja é uma possibilidade remota, entretanto, afirma que a comunidade deve discutir formas de garantir uma maior segurança no local.
"A grande maioria da comunidade não pode pagar por um delinquente. Vamos reunir o Conselho da Comunidade e ver quais serão as providências que iremos tomar do ponto de vista da segurança. Não estamos nos sentindo seguros", declarou o religioso que finalizou, dizendo: "A única coisa que a gente pode fazer é rezar por essa pessoa que fez isso".
Profanação na Catedral de Corumbá, MS - Hóstias são roubadas do Sacrário
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