Parece haver um certo espírito progressista que precisa em tudo acompanhar as mudanças da época de modo que, hoje, mesmo as determinações do último Concílio tornam-se ultrapassadas e passíveis de desprezo. Em seu lugar, cumpre erigir outras normas, de acordo com o tempo e o lugar. E o mais irônico é que, não obstante este curso de coisas tenha por pressuposta a desobediência à Igreja, ele costuma exigir, no entanto, a adesão do fiel sob pena de chamar-lhe desobediente. Quem quiser, por exemplo, cantar o Glória segundo a fórmula que a Instrução Geral do Missal Romano prescreve, enfrentará todo tipo de dificuldades e será visto como se estivesse animado por qualquer capricho, apegado a rubricismos, e precisando acompanhar o transitar natural da vida, aceitando o espírito de contínua renovação. Se se opuser a este espírito, o sujeito será tido como rebelde. Embora nada mais queira senão obedecer, o fiel submisso à Igreja e ao Papa será tido como o inconveniente, o arengueiro, o divisor, o que não aceita a pluralidade natural da Igreja e que supostamente se manifestaria, também, neste caráter fluido com que cada comunidade e cada pessoa "cumpre" o seu papel na Liturgia.
Quem obedecer à Igreja será tachado de desobediente. Quem, no entanto, isento de qualquer maior zelo pela Sagrada Liturgia, não se importa de transgredi-la, será identificado como quem compreendeu bem a alma da coisa. Um movimento ou uma organização - ou uma Conferência -, contudo, que se obstina na expressa desobediência ao Papa não pode arvorar-se o direito de ser obedecida. A sua pertinácia é constante grito de revolta. Os seus desmandos são expressão da sua cerviz altiva, incapaz de submeter-se. Pluralismo, democracia, apego ao gosto pessoal, ignorância da natureza real da Liturgia: eis o que caracteriza este espírito que anda às soltas na Igreja, sobretudo na América Latina onde ainda se sente, de modo muito vivo, a influência da Teologia da Libertação que fez e continua a fazer estragos imensuráveis.
Em que compensa obedecer à Igreja se o sujeito se verá sozinho, se atrairá para si a animosidade de muitos e complicará a própria vida? Compensa sim! Estar do lado de Nosso Senhor quando este está a ser ultrajado é o que de melhor podemos fazer. Defendê-lo das injúrias e ofensas; ser uma voz, ainda que solitária, a gritar no meio de uma multidão dispersa: "servirei! Faça-se como o Espírito Santo e a Igreja determinaram"; tudo isso é uma honra sem tamanho! "Sofrer pelo Amado é melhor que fazer milagres", diz S. João da Cruz. Experimentar a solidão deste maior Solitário que é Nosso Senhor... Compensa sim.. Lutemos e amemos, compreendendo que o nosso amor por Ele também se expressa pelo zelo por Sua casa.
Em que compensa desobedecer à Igreja para brincar de protagonismos e desmandos na Liturgia? Mesmo se obtiveres o apreço das pessoas, "que vale ao homem ganhar o mundo se vier a perder a própria alma?"
Diz S. Paulo: "Se eu quisesse agradar aos homens, eu não seria servo de Cristo". Eis algo que deveria nos nortear no nosso serviço litúrgico! Obedeçamos à Igreja, ainda que isto nos dê a fama de rebeldes. Sirvamos à Igreja, ainda que isto arruíne a nossa "carreira". Lutemos por uma Liturgia bem celebrada, pedindo a Nosso Senhor que o zelo por Sua casa também nos devore e rezando para que as pessoas despertem de seu sono e façam como Jacó que, ao acordar, exclamou: "Que terrível é este lugar! É aqui a casa de Deus!"
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Liturgia - Obedecer a Quem?
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