Comentário à Missa do próximo Domingo
Domingo II Tempo da Quaresma
4 de Março de 2012
A Transfiguração, pretende ensinar que Jesus é o Filho de Deus. Esta cena constitui uma palavra de ânimo para os discípulos (e para os crentes, em geral), pois nela manifesta-se a glória de Jesus e atesta-se que Ele é – apesar da cruz que se aproxima – o Filho amado de Deus. Os discípulos ficam com garantia de que o projecto que Jesus apresenta é um projecto que vem de Deus, e, apesar das dúvidas, recebem o dom da esperança para acolherem este projecto de salvação.
A transfiguração é uma teofania, quer dizer, uma manifestação de Deus. Portanto, o autor do relato coloca no quadro todos os ingredientes que, no imaginário judaico, acompanham as manifestações de Deus (e que encontramos quase sempre presentes nos relatos das teofanias do Antigo Testamento). Vejamos então, o monte, a voz do céu, as aparições, as vestes brilhantes, a nuvem e mesmo o medo e a inquietação daqueles que vêm o divino. Isto não é um conjunto de fotografias de um acontecimento, mas uma catequese que pretende ensinar que Jesus é o Filho amado de Deus, que traz aos homens um projecto que vem de Deus.
São Paulo, ensina-nos, afinal, que nada pode estar contra nós, porque Deus é por nós. Mas, o que mais há neste mundo é medo de Deus. A presença de Deus provoca medo a este mundo, porque os corações desta geração estão ocupados com coisas desnecessárias em relação à fé, isto é, em vez de acreditarmos de verdade no Seu amor e na Sua misericórdia, concebemos um Deus todo-poderoso que castiga e se vinga de nós. Esta visão de Deus é totalmente destorcida e não tem sentido diante das palavras e gestos amorosos de Jesus.
Neste sentido, chega de anunciar um Deus contra o que quer que seja. Vamos proclamar e viver um Deus simples e amigo de todos, um Deus da inclusão contra todas as formas de exclusão. Um Deus que não se compadece com a violência, a maldade, a inveja, a exploração, a fome e a nudez.
Neste meu singelo manifesto, quero proclamar um Deus que detesta e vomita, todas as formas de alienação ou ópio, todos os ritualismos desumanos que ainda subsistem na nossa Igreja, todos os apelos aos sacrifícios ou promessas, que mais não são exploração desenfreada dos fracos e dos pobres, todos os caminhos que levam à luta do poder pelo poder, todas as formas de dominação religiosa sem Evangelho, todos os caminhos que estão pejados de escárnio, de discriminação e ostracismo dentro da nossa Igreja...
Por fim, vamos estar com Deus, para que nada nos impeça a mudança, para a realização da sua vontade. Transfiguremos todo o mal que há em nós para o bem que vem de Deus. Só assim construiremos a vida cheia de felicidade para todos.
José Luís Rodrigues
Imagem Google
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