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"NINGUÉM PODE MATAR A UNÇÃO DE DEUS EM NÓS, DIZ PADRE JONAS, NO ENCONTRO RCC BRASIL
Conversão de SÃO PAULO, Apóstolo
// Caritas in Veritate
Nota biográfica:
Oração de coleta:
Senhor Deus, que instruístes o mundo inteiro com a palavra do apóstolo São Paulo, concedei a quantos celebramos hoje a sua conversão a graça de caminharmos para Vós, como ele, dando testemunho da vossa verdade no mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
Um Mundo mais Feminino? – por Matheus Pigozzo
O seminarista Matheus Pigozzo toca num ponto importante da vida de muitos casais da atualidade: o igualitarismo, que é tão injusto quanto o machismo ou o feminismo. Aliás, já lembramos em outro texto que o feminismo é só a outra face da moeda do machismo. Será que a dignidade da mulher deriva de suas tarefas extra-domiciliares? Será que a dignidade da mulher depende de sua atividade social? Matheus apresenta um bom texto sobre tema proibido na mídia laical.
Um Mundo mais Feminino?
Não sei já perceberam, mas está cada vez mais comum vermos a presença feminina em ambientes tidos como exclusivamente masculinos; as funções sociais e políticas parecem ser ultrapassadas se, ao menos parcialmente, não são ocupadas por mulheres. Até a voz que apresenta a programação televisiva agora é feminina! Para muitos, isso é uma vitória contra um sistema social machista e opressor. Agora a mulher passou não só a ser autorizada, mas quase que coagida a alcançar as mesmas funções e obrigações do sexo oposto.
Não se trata aqui de defender, com tom anacrônico, a volta de uma época na qual as mulheres eram vistas, por muitos, como incapazes e inapropriadas aos mais diversos assuntos da sociedade. O que importa, no momento, é refletir se o fato de hoje uma mulher dirigir um ônibus, pegar em armas na carreira militar ou anunciar filmes na televisão a torna "mais igual", mais independente e mais mulher.
A tradição cristã, na qual a nossa civilização encontra suas bases, sempre – ao menos teoricamente e de forma oficial – ensinou a igual dignidade do sexo feminino em relação ao masculino: a figura da criação da mulher que sai do lado de Adão, indicando nem a inferioridade, nem superioridade; a exaltação da figura mariana, sendo uma mulher a pessoa criada com maior pureza e santidade; o ensino do respeito ao casamento e ao sexo, evitando a coisificação do outro etc. Porém, ao mesmo tempo, sempre deixou explicito – e isso não só a tradição de um povo, pois é algo que está presente de forma clara na natureza comum a todos os humanos – que homem e mulher são diferentes na sua anatomia, sua psicologia e na sua função e familiar.
Analisem, pois, ajudados pela analogia bíblica do corpo. A mão tem maior dignidade do que o joelho? Não. Ambos formam um único mesmo digno corpo, no entanto, cada um exerce uma função diferente. O fato de o joelho permitir o movimento das pernas, o genufletir ou o apoio numa queda não o torna mais importante ou mais digno do que a mão, que desenvolve o papel de pegar, acariciar ou de comunicar, gestualmente, com alguém. Ambos são corpo, ambos são igualmente bons, apesar de exercerem papéis diversos. O homem e a mulher são iguais por serem imagem e semelhança de Deus, e não por pretenderem possuir o mesmo feitio anatômico, andar com as mesmas roupas ou fazer o que, geralmente, o outro faz.
A sociedade está envolta por uma atmosfera de igualitarismo tão grande que parece não ver que tratar diferentes de forma igual é tão ruim quanto tratar iguais de forma diferente. O nível chegou a tão alto escalão de gravidade que hoje se prende, denuncia e critica, duramente, quem captura tartarugas marinhas ou caça golfinhos no oceano, mas não se dá importância, e até se incentiva, a matar seres humanos inocentes no seio materno. Será que um golfinho nascido tem maior valor que um homem ainda no ventre da mãe? Ou todas as vidas são iguais? Entre salvar um cachorro que está para morrer afogado e salvar uma criança que está prestes a ser atropelada, há gente que fica com sérias dúvidas.
Mas, retornando ao assunto deste artigo, me questiono: será que com todas essas mudanças, com todo esse espaço, as mulheres têm sido mais respeitadas, mais bem tratadas, melhor valorizadas? Por um lado, acho que essa orquestração ideológica conseguiu seu objetivo. Sim, hoje as mulheres são tratadas iguais aos homens. Mas isso é realmente bom para elas? O privilégio de nove meses de gestação, por ser muito diverso da condição masculina, agora é trocado por longos machos anos de estressante trabalho, não por ser preciso para sustentar a família, mas para chegar aos altos patamares do status empresarial. A vida empenhada em zelar pela casa e a educar os filhos, vê-los crescer, dar os primeiros passos e dizer as primeiras palavras, foi masculinamente substituída pela vida dos quilométricos engarrafamentos e da entediante rotina trabalhista. Enfim, da cozinha ao escritório, dos filhos aos patrões ou empregados, do aconchego do lar à aventura do mundo! Ela está mais feliz? Ela está mais mulher? Ela está mais ela?
Não é minha intenção dizer que lugar de mulher é exclusivamente em casa, não. Às vezes, trabalhar não é só um direito, mas uma necessidade; porém, não pode ser justa uma promoção social da mulher na qual se exclua ou denigra o que mais a faz ser quem é: ser mãe, ser esposa, ser feminina, ser mulher. Sinceramente, entre os sorrisos das "modernas" mulheres do trabalho e das simples donas de casa com seus muitos filhos, vi nessas últimas um teor mais feliz, mais pleno, verdadeiro e natural.
Posso estar enganado; contudo, penso que só trataremos a mulher de forma justa e coerente quando entendermos que não é por falar em uma conferência "boa noite a todos e todas!", ou por votarmos em uma mulher somente pelo fato de ser mulher, ou, ainda, por racharmos a conta do restaurante, para sermos justos com uma assalariada. Mas, sim, quando entendermos que ela é mulher, que é diferente, e que essa diferença é bela e não interfere na sua importância e na sua dignidade. Aí imagino que teremos um mundo mais feminino, e não um mundo de mulheres sem feminilidade.
Matheus de Barros Pigozzo
Seminarista da Arquidiocese de São João Batista
Niterói-RJ
Se me perguntarem o que é o amor...
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A nuvem negra da depressão
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Os 19 Cardeais de Francisco
Continuando os posts com um pouco do perfil dos novos cardeais criados pelo Papa Francisco. Como sempre, tomaremos um tema controversa e a opinião do novo cardeal. Dessa vez traremos o cardeal Vincente Nichols, sobre a ordenação de mulheres.
Vincent Gerard Nichols
Dom Vincent Gerard Card. Nichols
O arcebispo de Westminter, Vincent Nichols, foi um dos que colaborou com Bento XVI na elaboração do Ordinariato Nossa Senhora de Walsingham, preparando o Anglicanorum Coetibus. Um tema delicado entre anglicanos é a ordenação de mulheres, que passou a ser oficial em 1992. Muitos especialistas dizem que essa foi a gota d'água para grande parte dos fiéis que pediram para voltar à Igreja Católica. Por isso, reveste-se de importância a declaração do agora cardeal Vincent Nichols sobre o sacerdócio feminino. O fato de o repórter que fez a entrevista ridicularizar a resposta do cardeal é um bom sinal:
Inicio perguntando sobre padres-mulheres. Muitos amigos católicos romanos dizem-me não verem nada errado com a ordenação de mulheres – de fato, elas seriam bem-vindas nas igrejas. O arcebispo Nichols tem uma perspectiva diferente – uma que não é meramente antiga mas praticamente da Idade de Bronze em seu pré-feminismo: "Uma compreensão católica do sacerdócio é tão fortemente enraizado nas ações históricas de Jesus e em todos seus antecedentes no lugar do sacrifício na vida. E essas coisas… elas estão enraizadas no papel do homem. Você sabe, em alguns sentidos, a tradição do celibato vem da tribo de Levi e, certamente, sacrifício e noção de sacrifício. No Antigo Testamento, o sacrifício de sangue era para um homem realizar. Não para uma mulher, que dá a vida".
I begin by asking about women priests. Many Roman Catholic friends tell me they see nothing wrong with the ordination of women – indeed, that they would welcome it in their church. Archbishop Nichols takes a rather different view – one that is not merely old-fashioned but practically Bronze Age in its pre-feminism: "A Catholic understanding of priesthood is so strongly rooted in the historic actions of Jesus and in all their antecedents in the place of sacrifice in life. And those things … they are rooted to the role of the man. You know, in some ways, the celibacy tradition goes back to the tribe of Levi and, certainly, sacrifice and the notion of sacrifice. In the Old Testament, the shedding of blood was for a man to perform. It was not for the woman, who gave life".
Esse é um dos 19 novos cardeais escolhidos pelo Papa Francisco, o Papa Pobre. Que eles imitem seu irmão na caridade e verdade
“Quanto mal fazem à Igreja os padres untuosos!” – sobre o pe. Fábio de Melo e suas más colocações
O revmo. Pe. Fábio de Melo voltou a aprontar das suas. Em entrevista que ainda não foi ao ar (mas da qual alguns trechos já foram amplamente divulgados pelos órgãos de mídia), o padre soltou a seguinte estarrecedora frase:
Jesus não queria a Igreja, queria o Reino de Deus, mas a Igreja foi o que conseguimos dar a Ele.
É impressionante como uma frase tão pequena possa conter um número tão grande de absurdos, e é muito difícil conceber como uma pessoa católica, que tenha ao menos noções básicas de Catecismo, seja capaz de proferi-la e ao mesmo tempo manter a Fé. Esta frase estarrecedora, em uma única linha,
- afirma que a Igreja não é da vontade de Deus [Jesus não queria a Igreja];
- introduz uma oposição descabida entre "Igreja" e "Reino de Deus" [não queria a Igreja, queria o Reino de Deus]; e
- afirma que a Igreja é criação humana [a Igreja foi o que conseguimos dar a Ele].
Não percamos tempo com fabiodemelorices. Vamos à Doutrina Católica.
Primeiro, é óbvio que a fundação da Igreja sempre esteve nos desígnios de Deus. Nem poderia ser diferente, uma vez que, se Cristo tivesse querido com Sua Encarnação uma coisa diferente da Igreja, teria fracassado miseravelmente em Sua Missão e, portanto, não seria Deus e, portanto, não deveríamos nos preocupar com Ele e nem com mais nada nessa vida.
Não fossem suficiente as claríssimas palavras de Nosso Senhor nos Evangelhos – "E eu te declaro que és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra Ela" -, o Catecismo ainda nos diz com todas as letras:
766. (…) Assim como Eva foi formada do costado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração trespassado de Cristo, morto na cruz (CCE).
Se tudo isso ainda não bastasse, o erro de número 52 condenado por São Pio X no decreto Lamentabili é o seguinte:
52. Cristo não pensou constituir a Igreja como uma sociedade destinada a durar na terra por uma longa série de séculos; além disso, na mente de Cristo, o reino dos céus juntamente com o fim do mundo já deveria ter chegado.
Ora, tudo isso posto, em qual esotérico sentido, então, de que maneira minimamente católica é possível afirmar "Jesus não queria a Igreja"? Essa frase é herética e blasfema. Encontrá-la nos lábios de um sacerdote católico é daquela espécie de desolação no lugar santo que nos faz gritar do fundo da alma: Exsurge, Deus, iudica causam tuam.
Em segundo lugar, não existe oposição entre a Igreja fundada por Cristo e o Reino de Deus, exatamente porque a Igreja por Ele fundada é precisamente o Reino de Deus já inaugurado na terra! De novo, é o que nos ensina o Catecismo:
541. (…) Ora a vontade do Pai é «elevar os homens à participação da vida divina». E fá-lo reunindo os homens em torno do seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, a qual é na terra «o germe e o princípio» do Reino de Deus (CCE).
567. O Reino dos céus foi inaugurado na terra por Cristo, e resplandece para os homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A Igreja é o gérmen e o princípio deste Reino. As suas chaves são confiadas a Pedro (CCE).
A Igreja já é o Reino de Deus! Pouco importa aqui a obviedade de que este Reino só estará plenamente estabelecido quando Cristo voltar em Sua Segunda Vinda Gloriosa, exatamente porque, então, será a Igreja – a mesmíssima Igreja da qual hoje fazem já parte todos os católicos – que reinará perfeitamente. O Fim dos Tempos não destrói a Igreja, cáspita, mas é exatamente o contrário: realiza-A em plenitude! Que um sacerdote católico não saiba dessas coisas é uma dessas tragédias religiosas que, em épocas mais sensatas, seria interpretada como um sinal do Fim dos Tempos iminente e levaria os católicos a baterem no peito e fazerem penitência, suplicando ao Senhor misericórdia pelos seus muitos pecados.
Em terceiro lugar, e muito sucintamente, é óbvio que a Igreja não é criação humana. Não é criação humana porque é criação de Cristo, que é Deus. Não é criação humana porque Ela não poderia ser Santa e Santificante se fosse o homem que A tivesse criado, uma vez que o homem não tem por si só capacidade de santificar a nada e nem a ninguém. E não é criação humana, por fim, porque assim o diz com todas as letras a Doutrina Católica: «a Igreja católica [é] fundada por Deus» (Lumen Gentium, 14).
Não fomos nós que "demos" a Igreja a Cristo, foi Ele quem no-La deu, através do Seu Sacrifício na Cruz; e o fez para que por meio d'Ela (e somente por meio d'Ela) pudéssemos nos unir a Ele. Qualquer criança minimamente catequizada aprende isso. Por que diz o contrário o pe. Fábio de Melo?
Após a polêmica inflamada, o pe. Fábio publicou no Facebook uma de suas famosas respostas que não respondem a coisa alguma. Absolutamente nada do blá-blá-blá lá despejado tem o mínimo a ver com o que se está discutindo. Aproveito a oportunidade, no entanto, para fazer (mais uma vez) um comentário que talvez possa ser útil ao reverendíssimo sacerdote. Lá, no seu Facebook, no meio da tagarelice irresponsável, o padre diz o seguinte:
Estou unido ao Papa Francisco, quando movido por coragem profética, falou-nos do perigo que a Igreja corre de tornar-se uma ONG.
Será que está mesmo? Em outra tristemente famosa entrevista (ocorrida em meados do ano passado), o padre Fábio fez questão de destacar a sua própria vaidade e afirmou ser «vaidoso sim». A matéria que inicia esse post traz na manchete a seguinte piedosa frase proferida pelos lábios sacerdotais do padre Fábio de Melo: «Sempre me senti artista». Será que o padre Fábio acredita, em consciência, estar unido ao Papa Francisco?
Vejamos o que o Vigário de Cristo tem a dizer sobre isso. Em homilia proferida na semana passada (sábado, 11 de janeiro; original italiano aqui, tradução para o português aqui, de onde retiro a citação), o Papa Francisco falou o seguinte:
[Q]uanto mal fazem à Igreja os padres untuosos! Aqueles que colocam a sua força nas coisas artificiais, na vaidade.
Quantas vezes se ouve dizer, com dor: "Este é um padre-borboleta, porque há sempre vaidade nele".
Se nos afastamos de Jesus Cristo, devemos compensar isto com outras atitudes… mundanas. E assim, há todas estas figuras… também o padre de negócios, o padre empreendedor…
[...]
É belo encontrar padres que deram a sua vida como sacerdotes, verdadeiramente, de quem as pessoas dizem: "Sim, tem esta característica, tem aquela… mas é um padre". E as pessoas têm a intuição.
Em vez disso, quando as pessoas vêem os padres – para dizer uma palavra – idólatras, que em vez de terem Jesus têm os pequenos ídolos… pequenos… alguns até devotos do "deus Narciso"… Quando as pessoas vêem isto, dizem: "Coitado!"
Que sirvam estas palavras para o pe. Fábio, mas que sirvam também para nós, a fim de que saibamos escolher com mais sabedoria os homens que admiramos e a quem seguimos. Procuremos – como nos pede o Papa Francisco – aqueles «padres que deram a sua vida como sacerdotes». Procuremos os padres que nos falem das coisas de Deus! Não percamos tempo com estes que, ao contrário, têm um gosto particular por frases heréticas e blasfemas, nunca se responsabilizando pelas barbaridades que ensinam com seus exemplos e suas palavras.
“Quanto mal fazem à Igreja os padres untuosos!” – sobre o pe. Fábio de Melo e suas más colocações [feedly]
"Quanto mal fazem à Igreja os padres untuosos!" – sobre o pe. Fábio de Melo e suas más colocações
// Deus lo Vult!
O revmo. Pe. Fábio de Melo voltou a aprontar das suas. Em entrevista que ainda não foi ao ar (mas da qual alguns trechos já foram amplamente divulgados pelos órgãos de mídia), o padre soltou a seguinte estarrecedora frase:
Jesus não queria a Igreja, queria o Reino de Deus, mas a Igreja foi o que conseguimos dar a Ele.
É impressionante como uma frase tão pequena possa conter um número tão grande de absurdos, e é muito difícil conceber como uma pessoa católica, que tenha ao menos noções básicas de Catecismo, seja capaz de proferi-la e ao mesmo tempo manter a Fé. Esta frase estarrecedora, em uma única linha,
- afirma que a Igreja não é da vontade de Deus [Jesus não queria a Igreja];
- introduz uma oposição descabida entre "Igreja" e "Reino de Deus" [não queria a Igreja, queria o Reino de Deus]; e
- afirma que a Igreja é criação humana [a Igreja foi o que conseguimos dar a Ele].
Não percamos tempo com fabiodemelorices. Vamos à Doutrina Católica.
Primeiro, é óbvio que a fundação da Igreja sempre esteve nos desígnios de Deus. Nem poderia ser diferente, uma vez que, se Cristo tivesse querido com Sua Encarnação uma coisa diferente da Igreja, teria fracassado miseravelmente em Sua Missão e, portanto, não seria Deus e, portanto, não deveríamos nos preocupar com Ele e nem com mais nada nessa vida.
Não fossem suficiente as claríssimas palavras de Nosso Senhor nos Evangelhos – "E eu te declaro que és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra Ela" -, o Catecismo ainda nos diz com todas as letras:
766. (…) Assim como Eva foi formada do costado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração trespassado de Cristo, morto na cruz (CCE).
Se tudo isso ainda não bastasse, o erro de número 52 condenado por São Pio X no decreto Lamentabili é o seguinte:
52. Cristo não pensou constituir a Igreja como uma sociedade destinada a durar na terra por uma longa série de séculos; além disso, na mente de Cristo, o reino dos céus juntamente com o fim do mundo já deveria ter chegado.
Ora, tudo isso posto, em qual esotérico sentido, então, de que maneira minimamente católica é possível afirmar "Jesus não queria a Igreja"? Essa frase é herética e blasfema. Encontrá-la nos lábios de um sacerdote católico é daquela espécie de desolação no lugar santo que nos faz gritar do fundo da alma: Exsurge, Deus, iudica causam tuam.
Em segundo lugar, não existe oposição entre a Igreja fundada por Cristo e o Reino de Deus, exatamente porque a Igreja por Ele fundada é precisamente o Reino de Deus já inaugurado na terra! De novo, é o que nos ensina o Catecismo:
541. (…) Ora a vontade do Pai é «elevar os homens à participação da vida divina». E fá-lo reunindo os homens em torno do seu Filho, Jesus Cristo. Esta reunião é a Igreja, a qual é na terra «o germe e o princípio» do Reino de Deus (CCE).
567. O Reino dos céus foi inaugurado na terra por Cristo, e resplandece para os homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo. A Igreja é o gérmen e o princípio deste Reino. As suas chaves são confiadas a Pedro (CCE).
A Igreja já é o Reino de Deus! Pouco importa aqui a obviedade de que este Reino só estará plenamente estabelecido quando Cristo voltar em Sua Segunda Vinda Gloriosa, exatamente porque, então, será a Igreja – a mesmíssima Igreja da qual hoje fazem já parte todos os católicos – que reinará perfeitamente. O Fim dos Tempos não destrói a Igreja, cáspita, mas é exatamente o contrário: realiza-A em plenitude! Que um sacerdote católico não saiba dessas coisas é uma dessas tragédias religiosas que, em épocas mais sensatas, seria interpretada como um sinal do Fim dos Tempos iminente e levaria os católicos a baterem no peito e fazerem penitência, suplicando ao Senhor misericórdia pelos seus muitos pecados.
Em terceiro lugar, e muito sucintamente, é óbvio que a Igreja não é criação humana. Não é criação humana porque é criação de Cristo, que é Deus. Não é criação humana porque Ela não poderia ser Santa e Santificante se fosse o homem que A tivesse criado, uma vez que o homem não tem por si só capacidade de santificar a nada e nem a ninguém. E não é criação humana, por fim, porque assim o diz com todas as letras a Doutrina Católica: «a Igreja católica [é] fundada por Deus» (Lumen Gentium, 14).
Não fomos nós que "demos" a Igreja a Cristo, foi Ele quem no-La deu, através do Seu Sacrifício na Cruz; e o fez para que por meio d'Ela (e somente por meio d'Ela) pudéssemos nos unir a Ele. Qualquer criança minimamente catequizada aprende isso. Por que diz o contrário o pe. Fábio de Melo?
Após a polêmica inflamada, o pe. Fábio publicou no Facebook uma de suas famosas respostas que não respondem a coisa alguma. Absolutamente nada do blá-blá-blá lá despejado tem o mínimo a ver com o que se está discutindo. Aproveito a oportunidade, no entanto, para fazer (mais uma vez) um comentário que talvez possa ser útil ao reverendíssimo sacerdote. Lá, no seu Facebook, no meio da tagarelice irresponsável, o padre diz o seguinte:
Estou unido ao Papa Francisco, quando movido por coragem profética, falou-nos do perigo que a Igreja corre de tornar-se uma ONG.
Será que está mesmo? Em outra tristemente famosa entrevista (ocorrida em meados do ano passado), o padre Fábio fez questão de destacar a sua própria vaidade e afirmou ser «vaidoso sim». A matéria que inicia esse post traz na manchete a seguinte piedosa frase proferida pelos lábios sacerdotais do padre Fábio de Melo: «Sempre me senti artista». Será que o padre Fábio acredita, em consciência, estar unido ao Papa Francisco?
Vejamos o que o Vigário de Cristo tem a dizer sobre isso. Em homilia proferida na semana passada (sábado, 11 de janeiro; original italiano aqui, tradução para o português aqui, de onde retiro a citação), o Papa Francisco falou o seguinte:
[Q]uanto mal fazem à Igreja os padres untuosos! Aqueles que colocam a sua força nas coisas artificiais, na vaidade.
Quantas vezes se ouve dizer, com dor: "Este é um padre-borboleta, porque há sempre vaidade nele".
Se nos afastamos de Jesus Cristo, devemos compensar isto com outras atitudes… mundanas. E assim, há todas estas figuras… também o padre de negócios, o padre empreendedor…
[...]
É belo encontrar padres que deram a sua vida como sacerdotes, verdadeiramente, de quem as pessoas dizem: "Sim, tem esta característica, tem aquela… mas é um padre". E as pessoas têm a intuição.
Em vez disso, quando as pessoas vêem os padres – para dizer uma palavra – idólatras, que em vez de terem Jesus têm os pequenos ídolos… pequenos… alguns até devotos do "deus Narciso"… Quando as pessoas vêem isto, dizem: "Coitado!"
Que sirvam estas palavras para o pe. Fábio, mas que sirvam também para nós, a fim de que saibamos escolher com mais sabedoria os homens que admiramos e a quem seguimos. Procuremos – como nos pede o Papa Francisco – aqueles «padres que deram a sua vida como sacerdotes». Procuremos os padres que nos falem das coisas de Deus! Não percamos tempo com estes que, ao contrário, têm um gosto particular por frases heréticas e blasfemas, nunca se responsabilizando pelas barbaridades que ensinam com seus exemplos e suas palavras.
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E chamam a isso “liturgia”!
Ele, o cardeal, afirma: "A indicação mais útil surgida no Sínodo foi a recomendação de celebrar bem a Missa. A primeira obra de evangelização é a própria liturgia. Se ela é bem celebrada, exerce uma força de atração e é já uma evangelização em si mesma. Não é necessário acrescentar coisas... O que é belo, atrai e desarma. Muitos bispos africanos e asiáticos falaram-me dos 'prosélitos de porta'... aqueles pagãos que chegam à porta das igrejas atraídos pela beleza da liturgia. Sentem que algo importante acontece ali..."
Daneels está certíssimo! Nunca esqueçamos que a Celebração eucarística não é uma folia, um teatro, uma invenção da cabeça de padre espertinho e de uma comunidade "criativa" em inventar modas! A Missa não é um festa – pelo menos não uma festa no sentido corrente do termo! Não é isso e nunca será isso!
A Missa é um sacrifício sagrado, santíssimo na forma ritual de banquete. Um rito não deve ser mudado, inventado, adulterado! O rito é algo sagrado e santo: deve ser simplesmente recebido e celebrado! Participar do rito não é inventar coisas, fazer coisinhas, pequenas atividades, mas sim deixar-se tomar por ele, invadir por ele: pelo silêncio, pelas palavras, pelos gestos sagrados, pela gravidade, pela piedade, pelo senso do mistério santo... Participa bem e frutuosamente do rito quem, invadido por ele e nele mergulhado, encontra o Santo, o Eterno, o Senhor tão íntimo, tão próximo e tão santo e aí, por Ele colhido e tocado, é transformado! Por isso mesmo, Jesus seguiu à risca o rito judaico e estabeleceu um novo rito, o rito eucarístico, que devemos celebrar com reverência, unção e respeito amoroso.
O Cardeal está coberto de razão! Basta pensar em João Paulo II e Bento XVI... O Santo Padre Francisco, quando celebra, não faz gracinha para ninguém: celebra os santos mistérios e pronto: com gravidade e reverência.
Veja que a afirmação do Cardeal é perfeita. Se a liturgia for inventada pelo padre ou pela comunidade, não passa de um teatro chato e de mau gosto! Liturgia inventada é coreografia, é autocelebração que cedo ou tarda, cansa, mata de monotonia! O rito repetido sempre é mistério santificante; a coreografia é gesto humano que sempre tem que ser renovado pela criatividade e, ainda, assim, acaba enfadando! A liturgia somente encanta se for maior que o padre e que a comunidade, se for sagrada, se nos der a presença santíssima e misteriosa do Senhor Jesus, o Enviado do Pai!
E pensar que no nosso Brasil a gente tem que suportar cada celebração, cada invenção, cada criatividade! É dança "litúrgica", é um palavreado vazio, é uma inflação de comentários, é um repertório de cânticos que não tem nada de litúrgico nem ligação alguma com o tempo litúrgico e o mistério celebrado, é aviso que não acaba mais, é palma pra lá e pra cá, é o mau gosto na ornamentação, é a bagunça nos paramentos inventados, é a falta de respeito ao texto do missal... E chamam a isso "liturgia"!
5 Práticas de Ex-protestantes que precisam ser abandonadas
PROPONEN ESTATUA DE SATÁN EN OKLAHOMA
Miembros de un grupo satánico han presentado su diseño para una estatua propuesta en el Capitolio del estado de Oklahoma, incluyendo un sitio para que la gente pueda sentarse en el regazo del diablo "para la inspiración y la contemplación".
El Templo Satánico con sede en Nueva York presentó su propuesta a los funcionarios de Oklahoma este mes después de solicitar un espacio en los terrenos del capitolio a finales del año pasado. Los satanistas expresan que su estatua "complementaría y contrastaría" con un monumento de los 10 mandamientos colocado en el Capitolio de Oklahoma City en 2012.
El monumento propuesto por los satanistas representa a Baphomet, un ídolo pagano con cabeza de cabra sentado en un trono de 7 pies (2,13 metros) de altura, con la inscripción de un pentagrama invertido. En la versión de un artista proporcionado por el templo satánico, niños sonrientes observan con adoración la figura diabólica.
"La estatua servirá como un modelo que llama a la compasión y la empatía entre todas las criaturas vivientes", Lucien Greaves, un vocero del Templo Satánico, expresó en una declaración. "La estatua también tendrá un propósito funcional como silla en donde la gente de todas las edades se pueda sentar en el regazo de Satán para inspiración y contemplación".
De acuerdo con su página en Indiegogo, los satanistas han recaudado más de 16.000 dólares rumbo a su meta establecida de 20.000 dólares para la construcción del monumento, el cual Greaves dijo sería "un marcador histórico que conmemora a los chivos expiatorios, los marginados, la minoría demonizada y los que han sido expulsados injustamente".
El Templo de Satán no es más un cuerpo religioso organizado en torno a rituales y reuniones regulares que una banda ambulante de provocadores políticos, de acuerdo con Greaves. Ellos creen que Satán es un "constructo literario", dijo el vocero, no es un ser real con cuernos y pezuñas.
La estatua propuesta incluye citas de los poetas Lord Byron y William Blake.
"Las prisiones se construyen con las piedras de la Ley, los burdeles se construyen con las piedras de la Religión" lee la cita de Blake. El poeta del Siglo 18 era cristiano, si bien con una inclinación mística y poco uso para la moral tradicional.
La figura principal de la estatua, Baphomet, ha sido asociada desde hace mucho con Satán, dijo Greaves. Durante el Siglo 12, los Caballeros Templarios, un grupo de cruzados cristianos, fueron acusados de rendir culto a Baphomet en sus rituales secretos.
"A partir de la mitología creada por estas acusaciones en contra de los templarios, ahora tenemos como símbolo para Satán una bestia con cabeza de cabra", dijo Greaves.
Desde la década de 1960, el símbolo oficial de la Iglesia de Satán ha sido una variación de la cabeza con cuernos de cabra; esta iglesia no está afiliada al Templo de Satán. El director de la Iglesia de Satán ha dicho que él no aprueba la idea de una estatua satánica en lugares públicos.
El Representante del estado de Oklahoma, Paul Wesselhoft, dijo que no cree que la estatua de los satanistas sea aprobada.
"Lo que los descalificará no tiene en realidad nada que ver con Satán como tal; se trata que no tiene un significado histórico para el estado de Oklahoma", dijo Wesselhoft.
Trait Thompson, presidente del Comité de Conservación del Capitolio de Oklahoma, dijo que no ha recibido aún el diseño propuesto por los satanistas. También dijo que no se tomarán en cuenta solicitudes hasta que se haya resuelto una demanda sobre el monumento de los 10 Mandamientos.
La Unión Estadounidense de Libertades Civiles ha presentado una demanda por el monumento a los Diez Mandamientos de Oklahoma, calificándolo de un aval inconstitucional del gobierno a la religión.
Después de que se diera a conocer la propuesta de los satanistas, el estado fue inundado con peticiones de grupos para erigir monumentos a su propia fe, entre ellos hindúes y pastafarianos, una religión satírica que "rinde culto a" el Monstruo del Espagueti Volador.
En diciembre, los legisladores estatales dijeron que el mensaje de los satanistas no volaría en su estado de la franja bíblica, en donde cerca de dos tercios de la población es cristiana.
"Creo que únicamente los monumentos que reflejen los valores de Oklahoma deberían ser permitidos en terrenos del capitolio", dijo el Representante del estado, Bob Cleveland.
Deus surpreende-nos pela alegria
O mundo surpreende-nos pela tristeza
O mundo surpreender-nos pela tristeza: acidentes, assassínios, conflitos, violência e destruição. As pessoas dizem: «Não viste aquilo, não ouviste aquela.., não é terrível.., não é inacreditável?». Desta forma, o poder das trevas continua a surpreender-nos com a tristeza humana.
Surpreendidos pela tristeza, ficamos paralisados, por isso optamos para "sobreviver" no meio dum mar de tristezas. Sentimo-nos como vítimas dum naufrágio que procuram ansiosamente uma tábua de salvação. O mal do mundo aparece-nos como uma fatalidade sem remédio e, pouco a pouco, acabamos por aceitar resignados o papel de vítimas pelas cruéis circunstâncias da vida.
Deus surpreende-nos pela alegria
Deus surpreende-nos pela alegria: a alegria do Magnificat, do Benedictus e do "Nunca dimittis". A alegria dos anjos e dos pastores na gruta de Belém. A alegria surpreendente dos conchos que andam, dos cegos recuperam a visão, dos mudos que falam. A alegria transbordante da Ressurreição do Senhor. A alegria da Efusão poderosa do Espírito Santo no dia de Pentecostes. A alegria dos apóstolos que proclamam a Boa Nova do Reino de Deus e Jesus confirma o anúncio com milagres e prodígios.
O grande desafio da fé é deixarmo-nos surpreender pela alegria. Recordo-me duma vez em que estava sentado à mesa de jantar com alguns amigos a discutir sobre a depressão económica do país. Continuávamos a amontoar estatísticas que nos convenciam cada vez mais de que as coisas não podiam senão piorar. Então, de repente, o filho de quatro anos dum dos meus amigos abriu a porta, correu para o pai e disse-lhe: «Olha, pai! Olha! Encontrei um gatinho no jardim… Olha. Não é giro?». E, enquanto mostrava o gatinho ao pai, o menino acariciava-o com as mãos e apertava-o contra a face. Tudo mudou de repente. O miúdo e o gatinho tornaram-se o centro das atenções. Houve sorrisos, carícias e muitas palavras de ternura. Enfim, fomos surpreendidos pela alegria!
Deus fez-Se um menino no meio dum mundo violento. Seremos nós surpreendidos pela alegria ou continuamos a dizer: «Sim, é bonito e terno, mas a realidade é diferente»? E que tal se a criança nos revelasse aquilo que, efetivamente, é a realidade?
Minha unha encravada
As notícias são bizarras: mulher gasta fortuna para tornar-se a Barbie ucraniana, homem americano quer tornar-se o par da Barbie, o Ken. Ambos submetem o corpo a transformações e mudanças bizarras. E não é exceção. Pode-se encontrar relatos parecidos de uma Barbie inglesa, um Ken europeu em outros anos, mas com o mesmo espírito: a busca do impossível. E na luta por uma perfeição física inalcançável, virtudes humanas são sumariamente esquecidas. Nesse caso concreto, o "Ken" norte-americano é um troglodita, segundo a "Barbie" do leste europeu.
Bizarríssimo!!
Não sei se os leitores concordam, mas diante dessas notícias, me sinto feliz assim, meio fora de esquadro. Sim, gostaria de ter uns 15 centímetros a mais; sim, gostaria de ter uma voz mais grave (muitas vezes faz riso um pigmeu e sua vozinha fraca pedindo silêncio para gigantes de vozeirão). Mas sinceramente essa beleza artificial, impossível naturalmente, essa beleza invejosa não me agrada nem me atrai. E mais importante: um olhar espiritual não pode deixar de ouvir aqui um sussurro antigo, muito antigo.
Muito bizarríssimo!!!
Esse sussurro é na verdade um eco, um eco daquele diálogo pré-lapsário: "sereis como deuses, sereis perfeitos… Nenhum mal, nenhuma imperfeição, nenhuma dor poderá lhes acometer". Esses jovens não foram suficientemente maduros para reconhecer no cheiro de formol e silicone os fedores infernais. Não é possível servir a dois senhores! Senhor, obrigado, muito obrigado pela minha língua presa, meu dente encavalado e minha unha encravada.
Deus me mostrou ? Deus me disse, Deus me revelou ?...Tem Certeza ?
Rito de Beatificação de Madre Assunta será realizado em São Paulo
O documento, datado em 17/12/2013, foi assinado pelo cardeal Angelo Becciu e encaminhado à congregação.
De acordo com a vice-postuladora da causa, Irmã Jaira Oneida Mendes Garcia, o local e o horário da celebração ainda serão definidos, mas é provável que seja na própria Catedral da Sé.
Madre Assunta chegou ao Brasil em 1895, e faleceu, em 1948, no bairro de Vila Prudente, em São Paulo.
Leia a íntegra do documento:
Venerável Madre Assunta Marchetti
Madre Assunta Marchetti nasceu em Lombrici - Camaiore, Itália, em 15/8/1871, e faleceu, em São Paulo, junto aos órfãos do Orfanato Cristóvão Colombo (atualmente chamado Associação Educadora e Beneficente Casa Madre Assunta Marchetti), no dia 1/7/1948, no bairro de Vila Prudente, cidade de São Paulo.
Madre Assunta chegou ao Brasil com suas companheiras, em 27/10/1895, e teve uma vida de fé, esperança e caridade radical. Amou intensamente o próximo, especialmente as suas irmãs de congregação, dedicando-se de modo preferencial aos migrantes, aos órfãos, aos doentes, aos sofredores e aos pobres que precisavam de ajuda.
A congregação
A Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas, foi fundada pelo Beato João Batista Scalabrini, em Piacenza, aos 25 de outubro de 1895, e tem como cofundadores os irmãos Padre José Marchetti e Madre Assunta Marchetti. Sua missão é o serviço evangélico e missionário aos migrantes, especialmente aos mais pobres e necessitados. Expandiu-se, inicialmente, no Brasil, e, em seguida, na Europa (1936), na América do Norte (1941) e, nos últimos anos, em vários países da América Latina, da Ásia e da África.
Atualmente, marca presença em 26 países, conta com 800 irmãs e 156 comunidades, e sua sede geral encontra-se em Roma. As irmãs consagram sua vida a Jesus Cristo, segundo as exigências do Carisma Scalabriniano, vivem a fraternidade em comunidade, como elemento indispensável da consagração religiosa, e se fortalecem na fidelidade vocacional mediante a oração, a meditação da Palavra de Deus e a Celebração Eucarística, fonte de comunhão com Deus e com os irmãos.
As Irmãs Missionárias Scalabrinianas, ao longo do desenvolvimento da história da congregação, dedicaram-se, e continuam ainda dedicando-se, à educação, à ação social e pastoral, ao serviço da pastoral da saúde, à catequese, à evangelização e à colaboração com a Igreja local a favor dos migrantes e dos pobres.
A Igreja Católica Apostólica Romana, mãe e mestra da humanidade peregrina, reconheceu a congregação, em 1934, como Instituto de Direito Pontifício e aprovou, definitivamente, suas Constituições, em 1948, solidificando assim a existência da Congregação MSCS para que continue exercendo a missão que lhe é específica.
Fiéis ao carisma e atentas aos desafios da mobilidade, a congregação acolhe a proposta da Igreja de colocar-se a serviço dos que estão envolvidos com o drama do fenômeno das migrações, sendo "sinal da ternura de Deus e testemunho particular do mistério da Igreja, casta, esposa e mãe (V.C. 57), motivadas pelas Palavras do Evangelho: "Eu era estrangeiro e vocês me acolheram" (Mt 25,35)
Jesus é alimentado
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1. Luc. 11, 27.
Íntegra da Conferência do prof. De Mattei sobre o Vaticano II
Enquanto estava no hospital, recebi por email do sr. Ureta – a quem conheci por ocasião da vinda do prof. De Mattei para Recife – um importante material que lhe pedira lá no Círculo Católico: o texto completo da Conferência do Prof. Roberto de Mattei sobre "Os Bastidores do Concílio Vaticano II" que ele proferiu em diversas cidades do Brasil. Só agora tive condições de o disponibilizar.
Apresento, assim, aos leitores do blog o texto definitivo das palestras do prof. de Mattei no Brasil, corrigido pelo próprio autor ao retornar para Roma. Em .pdf ele pode ser baixado aqui. Para leitura no próprio blog, vejam abaixo. Os nossos sinceros agradecimentos ao Prof. Roberto e ao sr. Ureta pelo envio deste material.
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Apresentação do livro
O Concílio Vaticano Segundo – uma história nunca escrita
Caros amigos,
É para mim uma grande alegria estar aqui hoje convosco e poder falar de um tema com tamanha importância. O tema é o Concílio Vaticano Segundo, um evento que teve lugar há já cinqüenta anos – entre 1962 e 1965 – e que pertence hoje à história, mas também à atualidade.
O Vaticano Segundo foi, de fato, um evento "epocal", um evento que abriu uma época na história da Igreja e do mundo. A verdade, porém, é que ainda não saímos dessa época. Sem o Vaticano Segundo, não conseguimos compreender o Papa Francisco; não conseguimos compreender a crise na Igreja atual. Porque é verdade que essa crise existe, ela está diante dos nossos olhos e é uma crise sem precedentes na história. É uma crise que a todos nós diz respeito, como homens e como cristãos; uma crise à qual não conseguimos escapar, com cujas conseqüências devemos lidar e cujas causas nos compete perceber. E as causas remontam precisamente ao Concílio Vaticano Segundo.
O meu livro O Concílio Vaticano Segundo – uma história nunca escrita quis ser um contributo para compreender a história de ontem, mas também para podermos compreender a crise religiosa de hoje. E compreender é a condição necessária para agir.
Nesta minha obra, pretendi reconstituir o que se passou em Roma durante os três anos que vão de 11 de Outubro de 1962 a 8 de Dezembro de 1965, quando 2500 Padres Conciliares se reuniram sob a orientação, primeiro de João Vinte e Três, e depois de Paulo Sexto, no Vigésimo Primeiro concílio da história da Igreja. Sublinho que se tratou do Vigésimo Primeiro concílio. Com efeito, o Vaticano Segundo não foi o primeiro nem o último concílio da história da Igreja; foi um ponto, um momento da longa história da Igreja. E esta história contou com vinte e um concílios ecumênicos. Alguns – Nicéia, Trento, Vaticano Primeiro – são inesquecíveis devido ao alcance teológico dos seus documentos; outros foram esquecidos, o que não significa que não tenham sido concílios autênticos e solenes. Um concílio entra para a história pela qualidade dos documentos que produziu. No século Dezesseis, houve dois: o Quinto Concílio de Latrão (1512-1517) e o Concílio de Trento (1545-1563). Toda a gente recorda o grande Concílio de Trento; ninguém recorda o Quinto Concílio de Latrão .
Mas o Vaticano Segundo foi um concílio diferente de todos os que o precederam.
A 25 de Janeiro de 1959, João XXIII anunciou a convocação de um concílio pastoral e não dogmático. No seu discurso de abertura explicava: «Uma coisa é o depósito ou as verdades da fé, outra coisa é o modo como são anunciadas, continuando porém a ser idênticos o seu significado e sentido profundos.»
Este elemento pastoral é uma característica surpreendente, dado que nos vinte concílios anteriores a forma fora sempre dogmática e normativa, sem que tal excluísse o elemento pastoral; nem Trento nem o Vaticano Primeiro tinham sido privados de dimensão pastoral. No Vaticano Segundo, porém, o elemento pastoral não era apenas um «fato», ou seja, a natural explicação do conteúdo dogmático do Concílio de uma forma adaptada aos tempos, como sempre se tinha feito; este «elemento pastoral» foi elevado a princípio alternativo do «elemento dogmático», subentendendo-se a prioridade do primeiro relativamente ao segundo.
A dimensão pastoral, em si mesma acidental e secundária relativamente à dimensão doutrinal, acabou por se tornar prioritária, introduzindo uma revolução na linguagem e na mentalidade.
O padre John O'Malley, da Georgetown University, definiu o Vaticano Segundo como «um evento lingüístico», fazendo notar que as profissões de fé e os cânones foram substituídos por um «gênero literário» a que chama «epidíctico», ou seja, discursivo. A Igreja despojou-se das suas vestes dogmáticas e revestiu -se de uma nova indumentária, pastoral e exortativa, já não obrigatória nem definitiva. Mas usar termos diferentes dos do passado significa levar a cabo uma transformação cultural mais profunda do que possa parecer: o modo como algo se apresenta, o estilo com que algo se exprime revela um modo de ser e de pensar; o estilo, escreve O'Malley, é a expressão última do significado.
Pode-se acrescentar que a revolução na linguagem não consistiu apenas na alteração do significado das palavras, mas também na omissão de certos termos e conceitos. Haveria muitos exemplos para dar:
Afirmar que o inferno está vazio, coisa que o Concílio não fez, é certamente uma proposição temerária, se não mesmo herética; omitir, ou limitar ao máximo, as referências ao inferno, como fez o Concílio, não constitui uma proposição errônea, mas é uma omissão que abre caminho a um erro ainda mais grave que o do inferno vazio, a saber, a idéia de que o inferno não existe, porque não se fala dele e aquilo que é ignorado é como se não existisse.
A partir do momento em que assumo uma linguagem «simpática», para não assustar as pessoas, e decido deixar de falar no inferno, estou efetivamente a afastar a imagem do inferno e, portanto, a idéia de um castigo reservado àqueles que morrem em pecado mortal. Não estou a pronunciar uma heresia, porque não estou a dizer que o inferno não existe, mas a minha omissão, o meu silêncio sobre o inferno, provoca danos ainda maiores. Com efeito, se eu negasse abertamente o inferno, haveria certamente quem reagisse, reafirmando a ortodoxia; mas se não falo sobre ele, a heresia impõe-se de forma mais insidiosa.
No esquema De Ecclesia, o Concílio Vaticano Segundo tratava dos fins últimos do homem, mas nada dizia sobre o inferno. Numa intervenção que fez na aula conciliar, o patriarca latino de Jerusalém, Alberto Gori, considerou «surpreendente» e «inadmissível» esta omissão acerca da existência do inferno por parte da assembléia dos Padres; e salientou que era necessário falar sobre ele, não só porque se tratava de uma verdade indiscutida da Revelação cristã, mas também por razões pastorais, dessa pastoral a que o Concílio atribuía uma importância tão grande.
Nos anos do Concílio e nos anos que se lhe seguiram, foram muitos o teólogos, de Hans Küng a Karl Rahner, de Urs von Balthasar a Edward Schillebeeckx, que reduziram o inferno a uma representação mitológica ou que, admitindo embora a sua realidade, defenderam que ele está «vazio». A negação ou o redimensionamento do inferno era conseqüência de uma insistência, talvez excessiva, na misericórdia divina, que levava a esquecer por completo o papel da justiça divina. As conseqüências para a responsabilidade pessoal dos homens nos domínios da fé e da moral da Igreja viriam a ser desastrosas.
Mas há um exemplo de omissão que é, por assim dizer, macroscópico: o do comunismo. Sendo este a negação da ordem natural e social, pode ser definido como uma espécie de inferno na terra, como um castigo para as nações.
Os historiadores estão de acordo sobre este ponto: não houve em toda a história um século mais dramático e cruento do que a centúria de Novecentos, o século dos totalitarismos, das guerras mundiais, das Revoluções planetárias, dos genocídios e das perseguições religiosas. E entre todas, a mais difusa e sistemática foi a perseguição movida contra o cristianismo pelo comunismo. Assim, no século Vinte, o comunismo é a idéia criminosa por excelência.
Há uma pergunta que ainda hoje não tem resposta: por que foi que a solene assembléia dos Padres conciliares, reunidos em Roma para tratar das relações entre a Igreja e o mundo moderno, ignorou o fenômeno mais colossal e evidente da sua era, o imperialismo comunista?
Até ao Concílio Vaticano Segundo, o Magistério da Igreja Católica tinha se manifestado repetidamente contra o comunismo. Nos vota dos Padres conciliares chegados a Roma antes da celebração da reunião magna, o comunismo aparecia como o mais grave dos erros a condenar. Em 1961, o Muro de Berlim tinha rasgado a profunda ferida no coração da Europa. E em 1962, mesmo nas vésperas da abertura do Concílio, a crise dos mísseis em Cuba tinha confirmado os objetivos expansionistas e a capacidade de agressão do imperialismo comunista.
A assembléia conciliar teria sido o lugar por excelência para fazer ao comunismo um processo análogo ao que foi o de Nuremberga para o nacional-socialismo; não seria um processo de caráter penal, nem um processo ex post dos vencedores sobre os vencidos, como aconteceu em Nuremberga, mas um processo cultural e moral, ex ante, das vítimas no confronto com os perseguidores. Era o que já tinham começado a fazer os chamados dissidentes.
Mas decorriam os anos Sessenta e surgiam três estrelas no horizonte: para além de João Vinte e Três, havia ainda Nikita Kruschev e John Fitzgerald Kennedy. Pairava sobre o mundo um novo espírito de otimismo; foi neste período que se delineou um novo clima de «degelo» entre realidades que o Magistério havia definido como antitéticas. Pedia-se agora à Igreja que se abrisse docilmente e sem resistências a esta sociedade moderna, agora caracterizada por um processo de descristianização, inverso ao que fora iniciado sob Constantino; e houve mesmo quem se referisse ao fim da Era "Constantiniana", iniciada no longínquo século IV. Ora, nesta nova sociedade, o comunismo era a expressão máxima da modernidade. Por isso, muitos, mesmo entre os católicos, vinham agora alvitrar que, em vez de condenar o comunismo, era preferível dialogar com ele, acreditando que, assim fazendo, tanto ele como a Igreja poderiam mudar para melhor.
Sabemos hoje que, em Agosto de 1962 na cidade francesa de Metz, o cardeal Tisserant, em representação do Vaticano, selou um acordo com o novo arcebispo rtodoxo de Yaroslav, mons. Nicodemo – o qual, como ficou documentalmente provado após a abertura dos arquivos de Moscou, era um agente do KGB. Com base neste acordo, as autoridades eclesiásticas comprometeram-se a não falar do comunismo no Concílio: era esta a condição exigida pelo Kremlin para autorizar a participação de observadores do Patriarcado de Moscou no Concílio. No Arquivo Secreto do Vaticano, encontrei uma nota escrita por Paulo Sexto que confirma a existência deste acordo.
Outros documentos de especial interesse foram publicados por George Weigel no segundo volume da sua imponente biografia de João Paulo Segundo. Entre as amplas fontes consultadas por este autor contam -se os arquivos do KGB, do SluzbaBezpieczenstewa (SB) polaco e da Stasi da Alemanha de Leste. Weigel encontrou aí documentos que confirmam que os governos comunistas e os serviços secretos dos países de Leste tinham penetrado no Vaticano, chegando a infiltrar -se até aos mais altos níveis da hierarquia católica para promoverem os seus interesses.
Durante os anos do Concílio e do pós-Concílio, o Colégio Húngaro de Roma transformou-se numa filial dos serviços secretos de Budapeste; entre Sessenta e Cinco e Oitenta e Sete, todos os reitores deste Colégio foram agentes, treinados na área da desinformação e com competência para a instalação de sistemas de escuta. Por sua vez, e ainda segundo Weigel, o SB polaco fez o possível por influenciar e deformar a discussão do concílio em certos aspectos da teologia católica. Foi o caso do papel de Maria na história da salvação: o diretor do Quarto Departamento, o coronel Stanislaw Morawski, trabalhou com uma dúzia de colaboradores, todos eles peritos em mariologia; a intenção era preparar um texto destinado aos bispos do Concílio no qual se criticava a concepção «maximalista» da Santíssima Virgem, defendida pelo cardeal Wyszynski e por outros prelados.
Poucos foram os que se aperceberam desta agressão sistemática à Igreja. Um deles foi o prof. Plínio Corrêa de Oliveira, verdadeiro animador da resistência conservadora no Concílio: grande pensador e homem de ação, que conseguia perceber o que estava a passar-se graças à sua teologia contra-revolucionária da história.
Entre os vota chegados a Roma, há um que chama a atenção, pela amplitude do quadro que apresenta, pelos males que denuncia e pelas soluções que propõe: é o do bispo de Jacarezinho, Geraldo de Proença Sigaud, que em 1961 seria elevado por João XIII a arcebispo de Diamantina. Este texto de D. Geraldo Sigaud revela claramente a inspiração, e talvez mesmo a mão, de Plínio Corrêa de Oliveira – que em 1959 tinha publicado, no número 100 da revista Catolicismo, o seu texto de referência: Revolução e Contra-Revolução.
Tal como Corrêa de Oliveira, também D. Geraldo utilizavaos termos "Revolução" e "Contra-Revolução" com o sentido preciso com que, após a Revolução Francesa, tinham sido usados tanto pelo Magistério como por esse fecundo filão do pensamento católico que foi definido de contra-revolucionário
De acordo com o bispo de Jacarezinho, já em 1959 a situação da Igreja Católica era dramática, devido às infiltrações neo modernistas. "[…] Na minha modesta opinião, se o Concílio pretende obter efeitos salutares, deve começar por considerar o estado atual da Igreja que, à semelhança de Cristo, vive uma nova Sexta-Feira Santa, entregue aos seus inimigos sem defesa, como dizia Pio Doze aos jovens italianos. É necessário compreender o combate sem tréguas que se trava em todos os campos contra a Igreja, conhecer o inimigo, distinguir a estratégia e a tática da batalha, a sua lógica, detectar claramente a sua psicologia e a sua dinâmica, para interpretar com precisão cada um dos confrontos, organizar o contra-ataque e orientá-lo com segurança."
Nesta ampla comunicação, D. Geraldo Sigaud augurava uma "ciência da Contra-Revolução" que ajudasse a Igreja a atalhar os erros internos e externos.
"A conspiração da Revolução é única e orgânica; e deve ser combatida de uma forma e com uma ação unitária e orgânica. […] Parece-me que deve ser criada uma estratégia católica e um centro de metódica batalha contra a revolução em todo o mundo, e que os católicos devem ser chamados a isto. É razoável que a Santa Sé dirija esta 'ofensiva'. Os elementos do clero e do laicato que já foram provados na batalha contra-revolucionária devem constituir o "estado-maior" deste exército. Deve ser criada uma verdadeira ciência da guerra contra-revolucionária, tal como existe uma ciência da Revolução".
A história é feita de minorias, e também no Concílio Vaticano Segundo se assistiu ao enfrentamento de duas minorias: uma conservadora e uma progressista. Entre elas havia essa massa baldeante que era o Terceiro Partido .Todavia, era o núcleo daquelas duas minorias quem detinha a ciência da Revolução e da Contra-Revolução.
A minoria progressista era formada por um grupo de bispos da Europa Central; por isso se dizia que o Reno vinha agora desaguar no Tibre. A figura chave deste alinhamento foi o Cardeal Suenens, que por muitos era tido como o chefe do progressismo europeu.
O cardeal Suenens era o jovem cardeal de Bruxelas que, no dia seguinte à sua elevação à púrpura, acorreu a Roma para sugerir a João Vinte e Três que desse uma orientação pastoral ao Concílio; mas sobretudo era o homem que, desde o início do Concílio, tinha estabelecido um pacto de ferro com D. Helder Câmara, bispo auxiliar do Rio e depois bispo vermelho do Recife. D. Hélder estabeleceu desde a primeira semana uma intensa cooperação com o Cardeal Suenens, que nas suas cartas privadas era indicado com o nome cifrado de "Padre Miguel". "A nossa amizade nasceu logo nos primeiros dias do Concílio", recorda o Cardeal Suenens, referindo-se a Dom Hélder;"Este homem desempenhou um papel fundamental nos bastidores, embora nunca tenha tomado a palavra durante as sessões conciliares!" A partir desta altura, o tandem Câmara-Suenens será um dos motores "ocultos" da assembléia conciliar.
Em carta ao Padre José Oscar Beozzo, o sacerdote belga François Houtart, professor na Universidade de Lovaina, mostrou detalhadamente a rede de contatos entre bispos e teólogos europeus e latino-americanos criada por Dom Hélder Câmara. "A rede que D.Hélder tinha estabelecido, e para cuja constituição eu contribuí, compreendia bispos, não só da América Latina, mas também de quase todos os países europeus, especialmente da Bélgica, dos Países Baixos,da França e da Alemanha, bem como de alguns países da Europa de Leste, em especial a Polônia, com Mons. Karol Wojtyla, e a Ásia, com Mons. Binh, arcebispo de Saigon, e Mons. Fernandes, arcebispo de Nova Deli.E compreendia igualmente um certo número de teólogos, como Schillebeeckx, Congar, De Lubac e Daniélou." (Fim de citação)
Suenens foi o homem escolhido para orientar os quatro «moderadores» do Concílio: uma posição chave que ocupou durante três anos. Foi ele também que a Vinte e Nove de Outubro de 1964, colocou o problema do controlo da natalidade, proferindo em plena Basílica de São Pedro e em tom veemente, estas palavras: «Não repitamos o processo de Galileu!».
Na primeira sessão do Concílio, enquanto o partido anti-romano cerrava fileiras em torno de linhas estratégicas definidas com grande precisão, os conservadores não estavam ligados entre si nem tinham estratégias, à exceção de um grupo inspirado por Plínio Corrêa de Oliveira, que se auto-definia como o"Pequeno Comitê" . Foi deste grupo que nasceu, entre a segunda e a terceira sessão, o Coetus Internationalis Patrum.
Logo no mês de outubro, Plínio Corrêa de Oliveira instalou em Roma um secretariado composto por catorze pessoas que, seguindo ativamente os trabalhos da assembléia, proporcionava um serviço eficaz aos dois bispos que lhe eram mais próximos: D. Geraldo de Proença Sigaud e D. Antônio de Castro Mayer, bispo de Campos. Com o apoio organizativo e as sugestões estratégicas do Prof. Corrêa de Oliveira, os dois bispos brasileiros estabeleceram uma intensa série de contatos com os ambientes conservadores romanos.
Em agosto de 1963, Plínio Corrêa de Oliveira publicava um estudo – com o título "A liberdade da Igreja no Estado comunista" – no qual se interrogava sobre a licitude da "coexistência pacífica" entre a Igreja e os regimes comunistas. Nele mostrava que os católicos não podiam aceitar um modus vivendi com o comunismo que implicasse a renúncia à defesa dos seus direitos naturais, em especial o direito à propriedade privada, sancionado por dois mandamentos, mas negado pelo comunismo. O ensaio, traduzido em diversas línguas, foi distribuído a todos os Padres Conciliares e aos jornalistas de todo o mundo presentes em Roma, suscitando um eco que se fez ouvir do outro lado da Cortina de Ferro.
À distribuição do ensaio, vieram juntar-se duas importantes iniciativas sugeridas pelo pensador brasileiro. Na vigília da segunda sessão, Dom Geraldo Sigaud e Dom Antônio Mayer promoveram uma petição, assinada por mais de duzentos Padres. Nela os signatários pediam que o Santo Padre fizesse elaborar um esquema que se propusesse expor os erros do comunismo e do socialismo e os riscos de que a mentalidade católica se tornasse maleável a tais erros.
A segunda iniciativa foi posta em prática por D. Geraldo Sigaud. A Três de fevereiro de 1964, entregou pessoalmente a Paulo Sexto uma outra petição, esta subscrita por 510 prelados de 78 países. Implorava-se que o Pontífice, em união com todos os bispos, consagrasse o mundo, e explicitamente a Rússia, ao Imaculado Coração de Maria.
As duas iniciativas estavam naturalmente relacionadas e eram ambas escaldantes.
As petições promovidas pelos dois bispos brasileiros e o livro do Prof. Corrêa de Oliveira constituíam, como este último fazia notar na revista Catolicismo, um todo coerente e orgânico: "três episódios de inconfundível importância na luta contemporânea contra o maior adversário do Santo Padre,da Igreja Católica e da Cristandade."
Mais tarde, a 9 de Outubro de 1965, surgiria a petição que já visava diretamente a condenação do comunismo. O documento foi apresentado por 454 Padres Conciliares oriundos de 86 países diferentes, mas nem sequer foi transmitida às Comissões que estavam trabalhando no esquema, o que provocou um enorme escândalo .
O Cardeal Oddi recordava assim este episódio: "O Monsenhor Glorieux, francês, fez desaparecer na sua gaveta esta petição. Um fato desconcertante. Uma sessão reunida para falar dos problemas da Igreja no mundo contemporâneo e não teve a coragem para condenar o comunismo. Ele que, à época, era o grande adversário da fé. Seremos julgados pela história, estou certo disso."
A constituição Gaudium et Spes, o décimo sexto e último documento promulgado pelo Concílio, que pretendia ser uma definição completamente nova das relações entre a Igreja e o mundo, não incluiu qualquer forma de condenação do comunismo. O silêncio sobre o comunismo veio a ser uma retumbante omissão desta histórica assembléia.
Referindo-se a este mesmo silêncio, escrevia D. Hélder Câmara em novembro de 1965: "O Concílio Vaticano Segundo disse muitíssimo, tanto com as suas palavras como com os seus silêncios." Por sua vez, Plínio Corrêa de Oliveira, que se tinha batido na frente oposta, recorda: "Sob a presidência, primeiro de João XXIII e depois de Paulo VI, reuniu-se o Concílio Ecumênico mais numeroso da história da Igreja, onde se esperava que fossem tratadas todas as questões mais importantes da atualidade relativas à causa católica. Entre elas não podia faltar — de maneira alguma! — a atitude da Igreja em face do seu maior adversário de então, um adversário tão completamente oposto à sua doutrina, tão poderoso, tão brutal, tão insidioso, que a Igreja nunca tinha deparado com outro assim na sua história quase bimilenar."
Podemos hoje perguntar-nos quem eram os verdadeiros profetas do Concílio: aqueles que – como os artífices da Ostpolitik – afirmavam que era necessário chegar a um acordo, a um compromisso com o comunismo, porque, pensando que o comunismo iria durar um ou dois séculos, achavam que ele interpretava as ânsias de justiça da humanidade e que iria ser ele a melhorar o mundo, ou antes aqueles que, fiéis à doutrina da Igreja e sem ilusões, denunciavam a brutal opressão do comunismo, reclamando uma sua solene condenação.
O que eu faço neste livro é ser a voz dos vencidos do Concílio, que é a voz da Tradição e que hoje se revela como uma voz profética.
Plínio Corrêa de Oliveira foi um dos poucos a conseguir entrever o alcance revolucionário do Concílio Vaticano Segundo.
Hoje em dia, toda a gente se apercebe do alcance revolucionário do Maio de Sessenta e Oito, que foi uma revolução cultural mais profunda e incisiva que uma revolução política. Contudo, antes de Sessenta e Oito houve Sessenta e Dois, ou melhor, o triênio Sessenta e Dois – Sessenta e Cinco, os anos do Concílio; e o fato é que o Vaticano Segundo foi também uma revolução na cultura, na mentalidade e na linguagem, uma revolução que modificou profundamente a história dos anos seguintes – como se comprovou depois no próprio Maio de Sessenta e Oito.
Quero sublinhar que, quando falo de revolução, não me refiro à doutrina contida nos dezesseis documentos conciliares. Refiro-me ao evento histórico, um evento que alterou a linguagem da Igreja, no sentido mais amplo do termo. Foi esta a revolução pastoral do Vaticano Segundo: não foi uma revolução no conteúdo, mas na forma pela qual este conteúdo foi expresso. A avaliação do conteúdo e do grau de autoridade que cada documento possa ter, essa já será uma indagação e distinção que, tendo em conta o depósito da fé e as verdades definitivamente propostas no passado, competirá à teologia ou a um eventual pronunciamento infalível do magistério, desde que assuma caráter dogmático.
Dizer isto não significa negar aos documentos o valor que eles têm; significa que, de fato, no plano histórico, os documentos não são tudo. Ninguém conhece as constituições da Revolução Francesa, e no entanto houve nada menos que quatro após a Declaração dos Direitos do Homem; ninguém sabe o que nelas está escrito, mas toda a gente sabe o que foi a guilhotina. A guilhotina tem um significado superior ao das constituições revolucionárias e explica muito melhor do que elas o que foi a Revolução Francesa.
Hoje, ainda não saímos da Revolução Francesa. Diria ainda mais, me parece que a essência do Vaticano Segundo está precisamente na tentativa de conciliar a Igreja com o mundo moderno nascido da Revolução Francesa. Um mundo que a Igreja sempre havia combatido, e que hoje deixou de combater.
A herança mais pesada que o Concílio nos deixou é precisamente, na minha opinião, a perda do espírito militante da Igreja.
Quando, a 12 de Outubro de 1963, mons. Frani, o bispo croata de Split, propôs que no esquema De Ecclesia, ao novo título de Igreja «peregrinante» se continuasse a juntar a denominação tradicional «militante», a proposta foi recusada: a imagem que a Igreja devia oferecer ao mundo já não era a idéia de luta, de condenação e de controvérsia, mas sim de diálogo, de paz, de colaboração ecumênica e fraterna com todos os homens. A minoria progressista conseguiu, não tanto uma alteração da doutrina da Igreja, quanto uma substituição da imagem hierárquica da Esposa de Cristo pela imagem de uma assembléia democrática, dialogante e inserida, ou melhor, absorvida pela história.
Na realidade, a Igreja que sofre no Purgatório e a que triunfa no Paraíso é a mesma que combate em nome de Cristo na Terra; por isso, esta é chamada de "Igreja", mas por isso também ela é «militante»; a recuperação deste espírito, parece-me ser uma urgência para a Igreja do nosso tempo.
A alegria da luta é uma característica do combatente católico do século Vinte e Um; um combatente que olha para o futuro sem esquecer o passado; e que nos momentos difíceis recorre ao Magistério vivo da Tradição, que ilumina os nossos passos como iluminou os passos de Atanásio, invicto campeão da fé durante a terrível crise ariana do século Quarto. Atanásio deixou-se levar principalmente pelo seu sensus fidei. Este sensus fidei, como nos recorda o beato Newman, durante os setenta anos da crise ariana, foi mantido mais pelos simples fiéis que pelos bispos. Estes, à exceção de alguns, como Atanásio, Eusébio de Vercelli ou Hilário de Poitiers, de fato, não testemunharam a fé ortodoxa.
O Batismo e o Crisma infundem em nós o "sensus fidei". O Crisma nos dá, além do mais, uma graça toda especial para nos assistir na militância pública em defesa de Cristo, da sua verdade e da Igreja. Depois, é a nós que compete cooperar com a graça nesse combate.Mas ambos os sacramentos nos dão o senso comum dos fiéis, a adesão às verdades de fé por instinto sobrenatural, antes mesmo de o ser através dum raciocínio teológico. Por isso, ninguém pode nos tirar a palavra quando o que está em jogo é o bem da Igreja. Mesmo que se desse, Deus não o queira, uma defecção do Vigário de Cristo, ainda assim, jamais o Espírito Santo, por um momento que fosse, cessaria de assistir a sua Igreja. Dentro dela, uma porção de Pastores e fiéis, por mais exígua que essa possa ser, sempre continuará conservando e transmitindo a verdadeira fé. Para estes, o modelo é a Santíssima Virgem, que sozinha manteve a fé naquele sábado que precedeu a Ressurreição. Desde então, o seu coração tem sido o escaninho onde se guarda a Tradição da Igreja.
A vida da Igreja jamais foi tranqüila. Em si mesma, a Igreja Católica é ontologicamente santa e imaculada,mas ao longo da história teve de lutar sem cessar para conservar a pureza da sua doutrina e dos seus costumes contra inimigos externos e internos que a foram agredindo.
Também hoje temos necessidade de protetores da Tradição; entre os seus possíveis patronos, gostaria de recordar Santa Teresa, a Grande, aquela Santa Teresa que dizia que daria a vida pela mais pequena cerimônia da Igreja. Quantas vidas teria dado, quanto sangue teria derramado Santa Teresa perante a devastação dos altares, o desmoronamento dos ritos, o clima de fúria iconoclasta e de ódio à tradição que nos rodeia!
A Santa de Ávila escreveu palavras que podem nos reconfortar hoje, nestes dias difíceis da nossa vida e da nossa história: «Nada te perturbe, nada te espante, quem a Deus tem, nada lhe falta; tudo passa, só Deus não muda» Palavras que são um manifesto da Tradição.
A Tradição não é apenas a regula fidei da Igreja, é também o fundamento da sociedade e o critério de juízo sobre a história desta mesma sociedade.
Pois bem, esta frase de santa Teresa – «só Deus não muda» – significa que só aquilo que reflete a lei natural e divina vive e merece viver na história; aquilo que é anti-natural, aquilo que se afasta da ordem divina, está destinado a cair e a se corromper.
Não se pode sujeitar a verdade divina e imutável aos fatos ou aos eventos, por mais avassaladores e "epocais" que estes sejam; é a verdade a dever julgar os fatos e a história. A história, por seu lado, serve para nos recordar que o que aconteceu ontem pode se repetir hoje, e que, ontem como hoje, e amanhã, nos tempos de crise e de dificuldades há sempre uma, e só uma, regra da fé, o critério para discernir entre o que é católico e o que não o é: a fidelidade à Tradição, que é a fidelidade às Verdades entregues por Cristo à sua Igreja com estas palavras: "O céu e a terra passarão, as minhas palavras, porém, não passarão" (Mt. 24, 35).
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