Que sempre existiu de forma um tanto velada, agora parece tomar
as cores mais brilhantes das campanhas de marketing com as quais já
estamos familizarizados. Acostumados com a publicidade de pastas de
dente, sabonetes, carros, telefones e coisas assim, que agora nos
acostumemos com as campanhas publicitárias que aí estão para nos vender…
(?) igreja! Já é possível encontrar, em algumas grandes cidades do
nosso país, peças publicitárias das mais diversas, criativas,
chamativas, convidando quem quiser a ser da igreja tal. E quais as
vantagens? Ora, na igreja tal fazemos isso, fazemos aquilo, ajudamos
necessitados, recuperamos dependentes, somos mais isso, somos mais
aquilo. Nada de novo debaixo do sol, já dizia o bom e velho Salomão.
Proselitismo, “pesca em aquário”, dê o nome que quiser, é coisa antiga.
Só que o que antes era restrito, meio que escondido, agora é escancarado
em praça pública. Ora, “e por que não?”, dizem os adeptos do marketing.
Pensando na igreja-empresa, ou empresa-igreja, sei lá, eles estão
certos mesmo. Pois já nos ensinam os primeiros conceitos de marketing
que o vendedor de sapatos tem dois caminhos plausíveis: vender sapatos
para quem já os usa, e/ou vendê-los para quem ainda não os usa. O
primeiro caminho é bem mais fácil, oferece resultados mais rápidos, e só
depende do tal sapato ter algum diferencial que o favoreça na
comparação com os concorrentes. O segundo caminho é mais demorado,
requer maior esforço, o que geralmente fica a cargo das ONG´s e da Saúde
Pública. É justamente por isso que as primeiras perguntas dos bons
marqueteiros são: “qual é o tamanho do mercado?”, “qual é o perfil dos
atuais compradores?”, “quais as necessidades dos compradores estão sendo
alcançadas com os atuais fornecedores, quais não?” Vender o produto
para quem já o compra é o caminho!
O tamanho do “mercado evangélico brasileiro” realmente anima qualquer
um. Uns dizem que somos 17% da população (uns 30 milhões), outros 22%
(40 milhões). A maior estimativa que achei em pesquisas fala em algo
perto dos 45 milhões de evangélicos no Brasil. Seja qual você escolher,
estamos falando de algo perto de “uma Argentina” (37 milhões de
habitantes), um pouco mais, um pouco menos. Cá entre nós, belo mercado,
não?
Qual o perfil dos atuais evangélicos? Quais as necessidades deles que
não vem sendo supridas “pelas atuais igrejas fornecedoras”? Só para dar
um exempo, e para estimar por baixo, deixando um pouco de lado a
maioria pentecostal & neo-pentecostal, basta analisar que em geral
os evangélicos das igrejas chamadas históricas ou tradicionais vem
costumeiramente procurando “um produto” mais contemporâneo, menos
“engessado”, menos tradicional, menos litúrgico. Não é necessário ser um
“gênio de marketing” para “bolar” um “produto” que atenda às
necessidades destes evangélicos.
Portanto, por que não vender igreja para crente que está insatifeito
com o atual fornecedor? Não é isso que faria um bom marqueteiro? Não é
isso que faria um bom vendedor?
É… alguns bons já estão fazendo isso!
Por que perder tempo evangelizando incrédulos? Para que tanto esforço
para convencer um descalço a calçar sapato? Que vendamos sapato para
quem não vive sem eles, para quem quer tê-los às dúzias! Vamos convencer
os crentes de hoje que a nossa igreja é mais!
Infelizmente, vivemos numa época em que igreja está virando um produto a ser oferecido.
Pena que igreja não é “produto”. Ou pelo menos não deveria ser. Deus
chama de igreja o coletivo de pessoas alcançadas pela Sua graça e
transformadas pela Sua intervenção.
Lamentavelmente, estamos na época em que os evangélicos são
considerados um mercado para quem se pode vender produtos e serviços. E
tudo isso porque os evangélicos assumem e gostam de ser tratados como
mercado, como clientes, como consumidores dos produtos e serviços pelos
quais, direta ou indiretamente, “pagam”. Buscam a melhor pregação, a
melhor música, a melhor “unção”, a melhor solução para os seus
problemas, a melhor programação para os seus filhos, e por aí vamos
ladeira abaixo.
Pena que ser cristão não é ser cliente. É ser discípulo de Cristo. É
ter tomado a cruz e decidido segui-lo. É ser de Cristo e viver para Ele.
É ser igreja.
É triste ver que igreja virou produto e crente virou cliente. Mais
triste ainda é notar que a pregação da cruz de Cristo vem virando
acessório; algo que, na hora oportuna, “alguém vai falar… o importante é
que a pessoa chegue até aqui! ” A pregação do evangelho de Jesus passa a
ser tratada como algo “venha ver o que Deus tem para turbinar a sua
vida”. Pecado, arrependimento, cruz? “Ora, nem fale assim porque pode
assustar quem chega…”
Os marqueteiros e vendedores de igreja que me perdoem, mas não posso
aplaudi-los. Por mais que reconheça sua capacidade de mensurar e
caracterizar um mercado tão promissor e criar um produto atrativo! Que
vendam o que quiserem, mas não o chamem de “igreja”. O dono dela, Deus,
não nos autoriza a isso.
Os clientes de igreja, consumidores de atrações, idem. Que busquem
seus melhores pregadores, a melhor programação. Mas não contem comigo
para chamar tudo isso de igreja ou de evangelho. A isso dou nomes como
“clube”, “confraria de amigos”, “programas de entretenimento”,
“lenitivos de almas aflitas”, etc, etc.
Fonte:sitea feexplicada
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