Sempre me pareceu bastante óbvio que estimular e incentivar o homossexualismo fatalmente o levaria a se manifestar socialmente sob formas cada vez mais degeneradas. Porque, como se diz em boa teologia moral católica, abismo atrai abismo: o pecado clama por outro pecado ainda maior, e este por outro, e mais outro ainda, e esta cadeia só é encerrada quando o pecador, por misericórdia divina, cai em si e, com a graça de Deus, empreende um esforço lancinante para pôr fim ao redemoinho vicioso em cujo vórtice se encontra cativo. Como é bastante óbvio, uma pessoa que se encontra nessa situação lastimável merece toda a nossa solidariedade e todo o nosso auxílio para dar um basta ao drama que está desempenhando; quando, ao contrário, nós fingimos que isso é muito bonito e aplaudimos entusiasmados uma alma angustiada que sofre violentando diuturnamente a sua natureza, tornamo-nos réus da sua tragédia.
Não nos enganemos: seremos cobrados pelo triste fim de tantas pessoas que nós incentivamos a embarcar nesta canoa furada da violência contra a própria natureza à qual os homens dos dias de hoje gostam de tecer tantos elogios. Como se um barco furado fosse uma coisa positiva por quebrar os paradigmas anacrônicos da integridade dos cascos náuticos e por se constituir num grito de liberdade contra o imperialismo dos grandes transatlânticos e o eurocentrismo das caravelas que macularam a pureza das Américas transportando homens brancos para cá: chavões à parte, somos pessoalmente responsáveis por cada pessoa que, com nossa ação ou omissão, induzirmos a navegar neste esquife macabro.
Há uma forma bastante fácil de se comprovar empiricamente o quanto o homossexualismo é desordenado: basta dar-lhe livre curso social e observar se ele vai tender a algum equilíbrio ou se, ao contrário, vai polarizar-se em extremos cada vez mais ridículos. Infelizmente, nós já estamos em condições de conhecer os resultados desta experiência: este artigo do New York Times (traduzido na Folha) nos dá o triste e desolador retrato do nonsense ao qual conduz a exaltação da cultura gay. Espalhadas ao longo de um confuso e angustiante texto (onde ao leitor é propositalmente nebuloso saber, por exemplo, se as pessoas citadas são homens ou mulheres) estão inúmeras pérolas da intelectualidade e dos bons costumes contemporâneos.
Conforme o texto, há uma nova geração para a qual o simples direito de relacionar-se sexualmente com pessoas do mesmo sexo já não é mais o bastante. Reclamam a multiplicação das definições sexuais (ou “comportamentais”, “existenciais” ou seja lá como chamem isso), até o ponto de transformar a simples auto-definição das pessoas em uma atividade excruciante e enlouquecedora:
- Se o movimento gay hoje parece ter como foco o casamento gay, a geração de Stephen busca algo mais radical: virar de ponta-cabeça os papéis e superar o binômio macho/fêmea.
- Com a profusão de novas categorias, como “genderqueer” ["gênero bicha"] ou “andrógino”, cada uma dotada de uma subcultura on-line, montar uma identidade de gênero pode ser um verdadeiro trabalho do tipo “faça você mesmo”.
Trata-se de uma geração que tem profundos e nobres anseios, entre os quais se destaca a fixação fetichista em modernos utensílios descartáveis voltados à obtenção de prazer interpessoal igualmente descartável:
- Em novembro, cerca de 40 alunos lotaram o Centro LGBT para o evento inaugural do grupo. O microfone estava aberto a todos. Os organizadores panfletaram convites oferecendo “camisinha de graça! Protetor labial de graça!”.
O profundo equilíbrio desses jovens encontra sua máxima representação num rapaz (?) que é incapaz de diferenciar um órgão sexual de um cinto de penetração e numa garota (?) que acha reconfortantemente normal enxergar a própria sexualidade como uma mancha amorfa:
- Britt explicou que ser bigênero é manifestar tanto a persona masculina quanto a feminina, quase como ter um “pênis que possa ser colocado e tirado”.
- No colégio, Kate se identificava como “agênero” (sem gênero) e usava o pronome “eles” (“they”, que é neutro em inglês); agora ela vê seu gênero como “uma mancha amorfa”.
As Universidades americanas, isentas de todo interesse pecuniário demagógico e motivadas somente por um profundo e angélico desejo de atender aos anseios legítimos desta comunidade, competem entre si para mostrar quem é a mais moderna e receptiva:
- A Universidade do Missouri, em Kansas City, tem seu Centro de Recursos LGBTQIA que, entre outras coisas, ajuda os alunos a localizar banheiros “de gênero neutro” no campus.
- O plano de saúde da faculdade [Universidade da Pensilvânia] inclui cirurgia de mudança de sexo.
- A universidade [da Pensilvânia] já tinha duas dúzias de grupos de gays, incluindo o Negros Gays, a Aliança Lambda e o J-Bagel, a “comunidade judaica LGBTQIA”.
- Segundo pesquisa do grupo Campus Pride, ao menos 203 campi permitem que alunos transgêneros dividam o quarto com colegas do gênero de sua preferência; 49 têm um processo de mudança de nome e gênero nos registros da universidade, e 57 cobrem terapia hormonal.
E, por fim, estas pessoas estão valentemente em luta contra a derradeira exclusão: a da sigla que as define, ainda insuficientemente vasta para abarcar toda a diversidade do alfabeto:
- Parte da solução é acrescentar letras à sigla, e a bandeira dos direitos pós-pós-pós-gays tem ficado mais longa -ou frouxa, para alguns.
- O Amherst College tem um Centro LGBTQQIAA, no qual cada grupo ganha sua própria letra.
- “Por que só determinadas letras entram na sigla?” indagou Santiago.
Fazia tempo que eu não via um texto tão ridículo, e acho que nem nos meus mais pessimistas devaneios eu poderia imaginar uma tão grande futilidade erigida em bandeira de luta da juventude. As bobagens acima seriam certamente consideradas pelos militantes gays como caricaturas desonestas de conservadores homofóbicos, se não fossem a mais cândida e sincera auto-expressão das novas gerações de eufóricos continuadores do combate contra a natureza apregoado pelo movimento gay.
O meu temor é haver quem não perceba o quanto tudo isso é humanamente degradante; quem defenda ser saudável esta radical negação da natureza humana; quem acredite que o sexo é uma coisa tão exógena ao ser humano que é possível simplesmente optar por ambos ou por nenhum; quem ache que goza da mais perfeita sanidade mental um indivíduo cujo sonho é um pênis que pudesse colocar e retirar. Contra estes eu talvez nem saiba o que é possível dizer. Provavelmente só me levariam a abanar a cabeça, desesperançado.
Apenas um último detalhe. Os militantes gays gostam de bradar que o homossexualismo não é (mais) doença segundo a Organização Mundial da Saúde. Aqui, resta-lhes a constrangedora incumbência de explicar como é possível, então, que ele naturalmente degenere nesta caterva de patologias sexuais e comportamentais, devidamente catalogadas como distúrbios pela mesmíssima OMS que gostam de evocar em seu favor. Será que vão dizer que nisso a OMS está errada – e irão conviver com esta embaraçosa concessão seletiva de autoridade a este órgão? Ou negarão sua afinidade com estes novos revolucionários sexuais – dando assim as mãos aos “homofóbicos” para condenar esta militância dos que pretendem «superar o binômio macho/fêmea»?
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