Chamados e Amados como Filhos


“Jesus é a pedra que vós os construtores desprezastes e que se tornou a pedra angular”. Com esta afirmação de Pedro temos a revelação de um Novo Testamento que Cristo veio inaugurar que supõe também a criação de um novo povo de Deus, a Igreja no qual todos somos filhos dEle e não mais servos: “já não vos chamo servos mas amigos pois vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai”.

Com a Sua Encarnação Cristo passou a viver entre nós como homem, se tornou semelhante a nos para que nós sejamos semelhantes a Ele para que possamos nos unir eternamente com Ele quando o virmos tal como Ele é. Ele é a pedra rejeitada pela sinagoga do povo do Antigo Testamento que se constitui na pedra angular, de amarração de todo o edifício do novo povo do Novo Testamento. Neste redil da Igreja, todas as ovelhas do Bom Pastor são conhecidas pelo nome numa comunhão com Deus que se consumará na eternidade.

Cristo se compara com o Bom Pastor, diferenciando-se de todos os demais pastores que, trabalhando somente pelo salário, fogem mediante a presença do lobo, não amam cada ovelhinha ao ponto de arriscar a vida para salvá-la do perigo, já que não as conhecendo desde seu nascimento, não lhes tem amor algum.

O Bom Pastor é o dono das ovelhas que as conhece desde o momento do nascimento pois ajudou no parto e deu o nome a cada uma delas. Jesus é o Bom Pastor que antes do nosso nascimento já no conhecia e havia chamado pelo nome (Jr.1,1ss). Embora essa passagem diga respeito à consagração de Jeremias como profeta, diz respeito também a cada cristão que, no momento de seu Batismo foi consagrado como filho de Deus e recebeu um nome que Ele já conhecia desde toda eternidade.

“Pois não existe debaxo do céu um outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” já que slavação aqui é a expressão do livramento completo e duradouro de tudo o que ameaça a humanidade que, quando dEle se separou pelo pecado, causou a si o maior de todos os danos que poderia se causar, a morte.

Cristo nos salvou porque se tornou homem como ós sem deixar de ser Deus para poder sofrer em si as consequencias de nossos pecados.

O Bom Pastor conhece as suas ovelhas num nivel muito mais profundo que um pastor dono de suas ovelhas que as conhece desde seu nascimento, uma vez que Ele não somente nos criou por amor, nos deu o ser, planejando cuidadosamente cada uma das caracteristicas de nosso corpo, alma e espírito.

“Ele é a pedra angular” que amarra todas as pedras da Igreja em todos os seus niveis: triunfante, padecente e militante, sendo que nesta última dimensão se compõe também daqueles que não estando ainda no mesmo redil recebeu uma prece daquele que por elas deu a vida pedindo que haja um só rebanho e um só pastor, para que todos tenham vida e vida em abundancia (JO.10,10).

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Chamados e Amados como Filhos

Testemunhos a respeito do primado de São Pedro



São Cipriano (210-258) de Cartago :"Sobre um só foi construída a Igreja: Pedro".


“Roma falou, encerrada a questão (Santo Agostinho Sermão 131,10)


Tertuliano(202) de Cartago : "A Igreja foi construída sobre Pedro".

Santo Ambrósio (340-397) bispo Treves Italia:"Onde há Pedro, aí há a Igreja de Jesus Cristo".

 No princípio do sec. II, Santo Inácio de Antioquia (110):escreve aos romanos que a Igreja de Roma preside a todas as demais.

São Pedro Crisólogo († 450) "No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questoes referentes a fé sem o consentimento do Bispo de Roma"

Papa Pio XII (Enciclica "Mystici Corporis Christi":"Há os que se enganam perigosamente, crendo poder e ligar a Cristo, cabeça da Igreja, sem aderir fielmente a seu vigário na terra. Porque suprimindo este Chefe visível, quebrando os laços luminosos da Unidade, eles obscuressem e deformam o Corpo Mistico do Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e achado dentro dos homens ,procurando o porto da Salvção eterna".

 Orígenes: “E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.(...)" In Joan. T.5 n.3;

 E o mesmo São Cipriano de Cartago: "No entanto, Pedro, sobre o qual a Igreja foi edificada pelo mesmo Senhor, falando por todos, e respondendo com a voz da Igreja, diz: “Senhor, para onde havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna; e nós cremos que tu és o Cristo, filho de Deus vivo.”" Epist. 54, a Cornelius, n.7.

[Conselho de Laodicéia, AD 365] "Ninguém deve orar em comum com os hereges e cismáticos."

O Papa Pio IX, o Concílio Vaticano I, Sess. 4, Chap. 4, cap. 3, Canon, ex cathedra "Se alguém fala assim, que o Romano Pontífice tem apenas o ofício de inspeção ou direção, mas não o poder pleno e supremo de jurisdição sobre a Igreja universal, não só nas coisas que dizem respeito à fé e à moral , mas também naqueles que pertencem à disciplina e ao governo da Igreja espalhada por todo o mundo;., ou que ele possui apenas as partes mais importantes, mas não plenitude de todo este poder supremo ... seja anátema "

Papa Bonifácio VIII, Unam Sanctam, 18 de novembro de 1302, ex cathedra: Declaramos, proclamamos, definimos que é absolutamente necessário para a salvação que toda criatura humana esteja sujeita ao Pontífice Romano .."

Os cismático se beneficiaram com o Vaticano II.

Os Papas conciliares são ‘amigo’ dos cismáticos.
O não reconhecimento da soberania de São Pedro sobre os demais no Concilio de Jerusalém, é uma forma dos hereges e cismático, de obscurecer a primazia de Pedro.

E mais, por três vezes, Nosso Senhor pede a São Pedro que apascente as suas ovelhas (conduza o rebanho): "Disse Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Respondeu-lhe Pedro: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe outra vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele disse-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta os meus cordeiros. Disse-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Ficou triste Pedro, porque pela terceira vez, disse-lhe: Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que te amo. Disse-lhe (Jesus): Apascenta as minhas ovelhas." (S. João, XXI, 15-17).

Então, Nosso Senhor entregou o rebanho (os fiéis) à condução de São Pedro. Ele é o guia do rebanho, portanto a maior autoridade terrena da Igreja. Ou será que o falso pastor Paulo Cristiano pensa que o Jesus era um feliz proprietário de um rebanho de ovelhas???

Passemos então aos sofismas que ele usa para confundir os católicos e seus asseclas, ao citar os padres da Igreja.

Como todo herege protestante digno deste nome, Paulo Cristiano faz uma citação torta dos padres da Igreja, citando só o que lhe convém. Vejamos a citação de Inácio de Antioquia por inteiro:

"Inácio... à Igreja que preside na região dos romanos, digna de Deus, digna de honra, digna de ser chamada "feliz", digna de louvor, digna de sucesso, digna de pureza, que preside ao amor, que porta a lei de Cristo, que porta o nome do Pai, eu a saúdo em nome de Jesus Cristo, o Filho do Pai" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos [Prólogo]).

Elogios maiores a uma sé apostólica não poderiam ser ditos, em especial, que Roma "preside ao amor" e "porta a lei de Cristo". É o bispo de Roma então que porta a lei de Cristo, que detém a doutrina! E não o que o falacioso Paulo Cristiano quer fazer acreditar.

Continuemos a citação de Santo Inácio de Antioquia:

"Nunca tiveste inveja de ninguém; ensinastes a outros. Quanto a mim, desejo guardar aquilo que ensinais e preceituais" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 3,1).

"Em vossa oração, lembrai-vos da Igreja da Síria que, em meu lugar, tem Deus por pastor. Somente Jesus Cristo e o vosso amor serão nela o bispo" (Inácio de Antioquia, +107, Carta aos Romanos 9,1).

Então, Santo Inácio, bispo da Igreja da Síria, diz que somente Jesus Cristo e o "vosso amor", isto é, o papa serão o bispo, querendo mostrar assim a sua submissão ao Papa.

Citemos ainda, para reforçar, alguns outros padres da Igreja:

Origines: "E Pedro, sobre quem a Igreja de Cristo foi edificada, contra a qual as portas do inferno não prevalecerão.(...)" In Joan. T.5 n.3; 

E o mesmo São Cipriano de Cartago:

"No entanto, Pedro, sobre o qual a Igreja foi edificada pelo mesmo Senhor, falando por todos, e respondendo com a voz da Igreja, diz: "Senhor, para onde havemos de ir? Tu tens as palavras de vida eterna; e nós cremos que tu és o Cristo, filho de Deus vivo."" Epist. 54, a Cornelius, n.7.

E o mesmo santo diz ainda:

"(…) dado que ambos batismos são apenas um, e que o Espírito Santo é um, e a Igreja fundada por Cristo Senhor Nosso sobre Pedro, por fonte e princípio de unidade, é também única." Epist. 69, a Januarius, n. 3 

E ainda São Gregório de Nissa:

" A memória de Pedro que é a cabeça dos Apóstolos é celebrada e junto com ele [Pedro] os outros membros da Igreja são glorificados, e a Igreja de Deus [no próprio] é consolidada. Este, juntamente à prerrogativa concedida a ele pelo Senhor é pedra firma e solidíssima sobre a qual o Senhor fundou sua Igreja." (citado por Franca, Leonel, Pe., A Igreja a Reforma e a Civilização, Ed. Agir, 2a. ed. pág. 531).

E Paulo Cristiano ainda diz: "Deste prólogo se depreende que cada igreja tinha a sua jurisdição limitada ao seu território ou região.". Ora, ou este senhor desconhece a estrutura e organização da Igreja católica ou usou um sofisma barato. Cada bispo da Igreja tem a sua jurisdição local, e é o responsável pela condução temporal da igreja local e espiritual de seu rebanho. Assim, temos no estado de São Paulo, aqui no Brasil, várias dioceses, em Campinas, em São Paulo, em São José dos Campos, etc, todas elas subordinadas ao Papa, porém conduzindo os assuntos locais.

O malfadado mestre de sofismas, com sua mentalidade formigal, tenta mostrar que as divergências entre as várias sés apostólicas do início do cristianismo provam que estas eram independentes umas de todas as outras, como se cada uma fundasse uma denominação protestante em particular.

Na questão específica dos gentios, aparece novamente São Pedro, o papa, para definir a questão, o que o mestre de falácias sorrateiramente esconde:

"Ao fim de uma grande discussão, Pedro levantou-se e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que já há muito tempo Deus me escolheu dentre vós, para que da minha boca os pagãos ouvissem a palavra do Evangelho e cressem.
Ora, Deus, que conhece os corações, testemunhou a seu respeito, dando-lhes o Espírito Santo, da mesma forma que a nós. Nem fez distinção alguma entre nós e eles, purificando pela fé os seus corações.
Por que, pois, provocais agora a Deus, impondo aos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar? Nós cremos que pela graça do Senhor Jesus seremos salvos, exatamente como eles."

Então, São Pedro, o primeiro papa, após uma grande discussão se levanta e define dogmaticamente que os gentios estavam dispensados das práticas judaica. "Roma locuta, causa finita" como bem o disse Santo Agostinho. Note como isto demonstra a unidade da Igreja sob o Papa!

Logo depois, o mestre de falácias tenta demonstrar que a diferença dos costumes das várias igrejas eram sinal de falta de união. Por fim, antes que perdesse totalmente o fio da meada, ele tenda se redimir dizendo que "De fato, havia unidade mais que uniformidade."

Outro engano, ou desonestidade, do mestre de falácias é aplicar o pensamento formigal aos padres da Igreja. Discussões entre teólogos sempre existiram e sempre existirão na Igreja. Só o papa tem as chaves, ou seja, tem o poder de dizer ex-catedra quais as doutrinas da Igreja são verdadeiras.

Mas segundo o entendimento formigal de Paulo Cristiano, todos os teólogos tem que pensar exatamente a mesma coisa. O papel fundamental do Papa nesta questão é o de discernir aquilo que é ortodoxo e o que é herético nas proposições dos teólogos, mesmo os padres da Igreja.

Tertuliano, que escreveu muitas coisas boas, infelizmente acabou por se tornar um cismático ao se tornar um montanista, heresia condenada pela Igreja já em sua época, e terminou sua vida atacando-a furiosamente. Quem sabe se corrompido por um mestre em falácias?

E o falacioso mestre prossegue com sua lista duvidosa, sem uma citação sequer, nem mesmo tirada do contexto, como o fez com Santo Inácio de Antioquia.

E ainda tenta dizer que Santo Agostinho dizia que São Pedro não era o papa. Será que ele chegou a essa conclusão quando Santo Agostinho diz "Roma Locuta, causa finita" (Roma fala, causa finda)?

A seguir ele dá uma lista de hereges (como ele) e cismáticos, como se isto provasse a falta de unidade da Igreja. Nosso Senhor Jesus Cristo mesmo disse: "Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha."(Evangelho segundo São Mateus, XII, 30)

Assim, prossegue o nosso malfadado mestre de falácias tentando provar a unidade das igrejas protestantes. Elas que só são unidas no seu ódio à verdadeira Igreja Católica Apostólica Romana...

Com relação à falta de unidade protestante, onde diz que uma pesquisa minuciosa de um apologista protestante reduz o número de seitas protestantes para menos de... 10.000. Ora, 10.000 igrejolas protestantes com idéias contraditórias a respeito de dogmas tão fundamentais quanto a Trindade, segundo Paulo Cristiano, não podem ser sinal de falta de unidade. São "apenas" 10.000 denominações protestantes diferentes, um número que para ele deve parecer bem pequeno...

Com relação à unidade dos cristãos e à verdadeira Igreja de Cristo, o papa Pio XI escreveu, na encíclica Mortalium Animos:

"Acreditamos, pois, que os que afirma serem cristão, não possam fazê-lo sem crer que uma Igreja, e uma só, foi fundada por Cristo. Mas, se indaga, além disso, qual deva ser ela pela vontade do seu Autor, já não estão todos em consenso."

"Assim, por exemplo, muitíssimos destes negam a necessidade da Igreja de Cristo ser visível e perceptível, pelo menos na medida em que deva aparecer como um corpo único de fiéis, concordes em uma só e mesma doutrina, sob um só magistério e um só regime. Mas, pelo contrário, julgam que a Igreja perceptível e visível é uma Federação de várias comunidades cristãs, embora aderentes, cada uma delas, a doutrinas opostas entre si."

"Entretanto, Cristo Senhor instituiu a sua Igreja como uma sociedade perfeita de natureza externa e perceptível pelos sentidos, a qual, nos tempos futuros, prosseguiria a obra da reparação do gênero humano pela regência de uma só cabeça (Mt 16,18 seg.; Lc 22,32; Jo 21,15-17), pelo magistério de uma voz viva (Mc 16,15) e pela dispensação dos sacramentos, fontes da graça celeste (Jo 3,5; 6,48-50; 20,22 seg.; cf. Mt 18,18; etc.). Por esse motivo, por comparações afirmou-a semelhante a um reino (Mt, 13), a uma casa (Mt 16,18), a um redil de ovelhas (Jo 10,16) e a um rebanho (Jo 21,15-17)."

"Esta Igreja, fundada de modo tão admirável, ao Lhe serem retirados o seu Fundador e os Apóstolos que por primeiro a propagaram, em razão da morte deles, não poderia cessar de existir e ser extinta, uma vez que Ela era aquela a quem, sem nenhuma discriminação quanto a lugares e a tempos, fora dado o preceito de conduzir todos os homens à salvação eterna: "Ide, pois, ensinai a todos os povos" (Mt 28,19)."

"Acaso faltaria à Igreja algo quanto à virtude e eficácia no cumprimento perene desse múnus, quando o próprio Cristo solenemente prometeu estar sempre presente a ela: "Eis que Eu estou convosco, todos os dias, até a consumação dos séculos?" (Mt 28,20).

"Deste modo, não pode ocorrer que a Igreja de Cristo não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista hoje e em todo o tempo, e também que Ela não exista como inteiramente a mesma que existiu à época dos Apóstolos. A não ser que desejemos afirmar que: Cristo Senhor ou não cumpriu o que propôs ou que errou ao afirmar que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Ela (Mt 16,18)."

Então a Igreja deve ser visível, una e fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo. E a única fundada por Nosso Senhor Jesus Cristo, sobre Pedro, foi a Igreja Católica Apostólica Romana. Contra a palavra de um falso pastor, a palavra de um Papa! Viva o Papa!


Fonte: http://www.lucianobeckman.com/

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À respeito do primado de São Pedro

Relato do nosso encontro de padres com o Papa Bento XVI (14/02/2013) - Parte VI




O primeiro documento aprovado pelos Padres conciliares, recordou-nos Bento XVI, foi a constituição sobre a liturgia, a Sacrosanctum Concilium. Aos que dizem que o concílio não falou de Deus, Bento XVI mostrou que a liturgia é a grande obra de Deus e, portanto, tendo começado pela liturgia, o Vaticano II começava sob o primado de Deus, segundo a Regra de São Bento: “Nihil operi Dei praeponatur”.

O Papa disse-nos que a liturgia, entendida como fonte de espiritualidade, estava um pouco distante da vida dos fiéis em geral. Os estudos histórico-teológicos, de recente, haviam mostrado as riquezas da liturgia, e havia, por assim dizer, um grande desejo, por parte de muitos, de que essas riquezas fossem comunicadas ao povo. Os missais que traziam para os fiéis uma tradução em língua vernácula dos textos latinos não eram suficientes para introduzir uma maior participação no ato litúrgico, que não podia reduzir-se à forma em que, muitas vezes, apenas o acólito respondia por toda a assembleia.

O concílio introduziu, disse-nos o Santo Padre, o conceito de participação. No entanto, o real objetivo dos Padres foi obnubilado pelo que Bento XVI chamou de “concílio da mídia”. O Concílio Vaticano II real e verdadeiro, em não poucos casos, chegou às bases pela mediação de uma mídia sensacionalista e, portanto, a sua real imagem em muitos aspectos foi distorcida. Daí compreendemos porque se tenha chegado, nos anos pós-conciliares, a banalizações por vezes graves do ato litúrgico, com introduções de elementos que lhe são estranhos. Para o Papa, a verdadeira participação não combina com a banalização da liturgia.

Bento XVI mostrou-se convicto de que o senso do sacro pertence à natureza mais íntima da liturgia e, por isso, ela não pode reduzir-se a uma obra meramente humana, saída da nossa criatividade. Não pode ser banalizada e empobrecida do mistério da salvação. Diante da tese segundo a qual o “sacrum” seria uma noção pagã, Bento XVI reafirmou que tal noção, ao invés, pertence à nossa relação com o mistério insondável de Deus.

Assim, ele esclareceu que, ainda que os textos litúrgicos hoje, depois da reforma pedida pelo concílio, possam ser rezados em língua materna, isso, de modo algum, tira o véu do mistério contido na liturgia. Ninguém pode dizer, por exemplo, que “compreende” a missa só porque ele vem rezada em vernáculo. Nesse sentido, será sempre necessária uma catequese mistagógica que nos faça penetrar cada vez mais no mistério de Deus, ensinou.

Padre Elílio de Faria Matos Júnior

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Relato do nosso encontro de padres com o Papa Bento XVI (14/02/2013) - Parte VI

Mitos Acerca do Matrimônio - II

É incrível a quantidade de pessoas (e de meninas principalmente) que acredita, no fundo da sua alma, que uma “alma gêmea” a aguarda em algum lugar.

Seguindo a série “Mitos acerca do Matrimônio“, há um mito bastante curioso e muito comum entre os idealistas de todas as idades: o “Mito da Cara-Metade”, também conhecido por “Mito da Alma Gêmea”. As pessoas que se deixaram enganar por esse mito acreditam ingenuamente que há, em algum lugar, uma outra pessoa que é perfeitamente compatível com elas. Sem qualquer motivo, creem que há uma metade delas perdida no mundo, uma metade que as completa. O lema dessas pessoas é: “a metade da minha felicidade está lá fora”; ou “minha alma gêmea está me esperando”. Por isso, a tarefa do homem no mundo é encontrar essa metade escondida e, se encontrada, fazer de tudo para casar-se com ela. Encontrando-a e casando-se com ela, a felicidade está garantida. Não é necessário pensar muito para ver que isso é um mito, e bem descarado. Mas é incrível a quantidade de pessoas (e de meninas principalmente) que acredita, no fundo da sua alma, que uma “alma gêmea” a aguarda em algum lugar.

Este mito é perigoso por vários motivos. Um dos maiores problemas é a premissa equivocada de que cada pessoa é incompleta. O mito da metade perdida assegura aos que nele acreditam que, em sua natureza afetiva mais íntima, todo homem precisa de um complemento para que sua felicidade seja completa. Esse princípio é falso, ora bolas! A Antropologia Filosófica ensina, já desde Aristóteles, que todos os homens são unos e não partidos. Isto quer dizer que, em si mesmos, todos possuem as condições necessárias para sermos felizes, sem que seja necessário encontrar algum elemento externo (objeto ou pessoa) que complemente a natureza humana supostamente defeituosa.Se não é conveniente que “o homem esteja só”, isso nada tem a ver com alguma imperfeição individual, mas certamente diz respeito ao Dom de Si, que deve ser toda vida humana. O matrimônio é o lugar onde este Dom surge mais concretamente, inclusive com a geração de filhos.Se o homem encontra no Amor sua perfeita realização não é porque lhe falte algo, mas porquanto o Amor eleva a natureza humana a alturas superiores, alturas inimagináveis apenas por suas próprias forças.

Ora, é verdade que um companheiro justo, honesto, carinhoso, bom, ajuda muitíssimo na caminhada árdua por essa vida cheia de obstáculos. É claro também que uma companheira atenta, educada, laboriosa, gentil colabora na santificação de todos na família. Contudo, é um erro sem tamanho transferir para outra pessoa a responsabilidade pela própria felicidade. E mais: é tremendamente injusto (com o cônjuge!) desejar que outra pessoa, que por sua natureza é falível e limitada, sacie  o desejo de infinito que mora no coração de todo homem. Se alguém pode saciar a sede humana de Verdade, de Bondade, de Beleza, de Totalidade, esse é Deus.Qualquer outro objeto de amor que rivalize com o Amor a Deus torna-se Bezerro de Ouro, pois rouba  o culto que só a Ele se deve.

Deus mesmo inspira, sustenta e guia cada criatura para a felicidade (Familiaris Consortio, 34).

Portanto, esperar encontrar outra pessoa que traga-me a felicidade desejada é transformar o outro em ídolo, esse sim um erro crasso. Afinal, quem conhece a natureza humana um pouquinho sabe que todos os homens temos defeitos (grandes ou pequenos). Todos fomos marcados pelo Pecado Original, o que torna o matrimônio cristão uma longa viagem entre feridos, uma caminhada com feridos. É mais feliz nessa viagem quem compreende a “doença” que toca o outro e ajuda-lhe na cura.

Outro equívoco comum entre os que acreditam na “Alma Gêmea” é famigerada “compatibilidade”. Tem que ter muita fé – fé irracional, é bom que se diga – para realmente acreditar que há por aí alguma pessoa, educada em outra família, talvez falando outra língua, com costumes e hábitos distintos do seu, com uma psicologia inversa à sua, que seja compatível com exatamente tudo o que você pensa. E se a compatibilidade é “sexual”, aí o problema é maior, pois reduz o relacionamento humano a um elemento, o físico, bastante mutável e com data de validade para acabar: a impotência acabará com o amor do matrimônio.

Pelo contrário, o fato é que não há duas pessoas, nem gêmeas, que sejam 100% compatíveis sobre qualquer assunto. O que se dirá de dois cônjuges? O matrimônio é justamente o exercício humano de adequação, diálogo, tensões (por que não?), em que as pessoas que compõem o matrimônio mudam de opinião, abrem mão de desejos, tudo pelo bem do outro. O matrimônio não é uma estojo de caneta chique, todo acolchoado, em que os elementos se encaixam perfeitamente, sem barulho, sem impacto, sem incômodos. Quem anela se dar em matrimônio precisa saber que o outro terá nas suas mãos parte importante de seu coração e que isso é desejado por Deus. É Deus mesmo quem abençoa os matrimônios, como que solicitando aos cônjuges (se possível fosse) que O auxilie na tarefa de santificação do esposo ou esposa.

O sacramento do matrimónio, que retoma e especifica a graça santificante do baptismo, é a fonte própria e o meio original de santificação para os cônjuges. Em virtude do mistério da morte e ressurreição de Cristo, dentro do qual se insere novamente o matrimónio cristão, o amor conjugal é purificado e santificado: ‘O Senhor dignou-se sanar, aperfeiçoar e elevar este amor com um dom especial de graça e caridade’.

O dom de Jesus Cristo não se esgota na celebração do matrimónio, mas acompanha os cônjuges ao longo de toda a existência. O Concílio Vaticano II recorda-o explicitamente, quando diz que Jesus Cristo ‘permanece com eles, para que, assim como Ele amou a Igreja e se entregou por ela, de igual modo os cônjuges, dando-se um ao outro, se amem com perpétua fidelidade… Por este motivo, os esposos cristãos são fortalecidos e como que consagrados em ordem aos deveres do seu estado por meio de um sacramento especial; cumprindo, graças à energia deste, a própria missão conjugal e familiar, penetrados do espírito de Cristo que impregna toda a sua vida de fé, esperança e caridade, avançam sempre mais na própria perfeição e mútua santificação e cooperam assim juntos para a glória de Deus’ (Familiaris Consortio, 56).

Todo cônjuge é o Agente Especial para causa da Santificação (AES) do outro elemento do matrimônio, agente enviado e abençoado por Deus na celebração matrimonial. Nada de facilidades, nada de simplismos, nada de atalhos.

As pessoas que se sentem atraídas pelo “Mito da Cara-Metade” têm a mesma matriz psicológica: elas temem. Temem que, dando seu coração, dando o que têm de mais íntimo, sejam traídas. Por isso esperam alguém perfeito, alguém totalmente compatível, com quem não haverá disputas, nem brigas. Alguém assim pode garantir-lhes o sucesso matrimonial. Felizmente essa pessoa não existe. Os que esperam a “Alma Gêmea” precisam aprender com o desenho animado Nemo: nas dificuldades e riscos é quando mais crescemos. Nesta vida há riscos.

Finalmente, quero deixar um questionamento aos que realmente acreditam nesse mito. Os que defendem o “Mito da Cara-Metade” têm alguns problemas para resolver: o que aconteceria àquelas pessoas que não encontraram sua cara-metade, ou por que elas morreram de acidente de trânsito, ou por que simplesmente casaram antes com outra pessoa, ou por que não querem casar-se? A resposta fria deveria ser: Essas pessoas seriam infelizes necessariamente, pois a “outra metade de sua laranja” não estaria disponível para viver “feliz para sempre” nesta vida. Vocês realmente acham que isso é razoável? Se sim, boa sorte na sua “busca”. Para os que sabem que o matrimônio é uma escolha, não o arbítrio de um destino cego, deixo uma meditação: amor, para ser de verdade, deve ser integral. Não pode depender de retribuição ou condições. Tem que ser eterno!



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Mitos Acerca do Matrimônio - II

Legalizando a mentira

Em meados do ano passado, uma coluna do Carlos Ramalhete contra a adoção de crianças por duplas de homossexuais provocou a ira da militância gayzista da internet. Não foi a primeira vez que o professor abordou o assunto na Gazeta do Povo; dois anos antes, em situação idêntica, foi publicado um texto (ainda hoje atual) onde o articulista fustigava impiedosamente o que chamou de um problema de definição. Hoje, o desenrolar dos fatos mostrou o quanto aquelas prospectivas estavam corretas: desde então o problema continua degenerando em monstruosidades cada vez maiores.

Há alguns dias, recebemos a notícia pouco animadora de que a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu, a uma dupla lésbica, «a adoção da filha de uma delas pela outra». O assunto é propositalmente confuso, mas em resumo o que o STJ fez foi mandar lavrar, para uma pobre criança, uma Certidão de Nascimento deliberadamente falsificada, onde – ao arrepio do bom senso e da natureza – consta, com chancela legal, a escandalosa mentira de que a menor nasceu de duas senhoras lésbicas. Igualmente, há menos de uma semana, chegou-nos ao conhecimento que uma criança de Recife terá, por ordem judicial, uma Certidão de Nascimento com três nomes: o do pai, o da mãe e o da madrasta. Mais uma vez, em atenção a uma agenda ideológica anti-natural, outra criança será privada do direito a um registro veraz sobre as suas origens.

Estamos contemplando, atônitos, uma despudorada política judiciária de ressignificação da realidade. Até então, ensinaram-nos o dicionário e a experiência de mundo que uma “certidão” era um documento que atestava algum fato realmente acontecido: Joãozinho casou-se com Mariazinha, seu Epaminondes faleceu no dia tal, Ritinha nasceu de seu Roberto e de dona Marieta. Subordinava-se, como é razoável, o mundo real ao pedaço de papel: o oficial de cartório tinha o dever de se ater à realidade no exercício do seu trabalho. Ele não podia inventar nada.

Hoje, o Estado se acha no direito de obrigar um pobre escrivão a fazer aquilo que ele, em consciência, não poderia fazer jamais: escrever uma mentira num documento de fé pública. Os documentos oficiais, assim, deixam de ser um registro fidedigno da realidade para se transformarem em uma folha em branco onde o Estado registra não aquilo que aconteceu, mas o que os envolvidos gostariam que tivesse acontecido. Dobra-se a realidade diante da ideologia, escamoteia-se a objetividade dos fatos em atenção ao subjetivismo dos indivíduos. Se reescrever o passado é uma prática indigna de homens intelectualmente honestos, que censura não merece esta tentativa criminosa de adulterar o presente?

Como que escarnecendo da credibilidade dos nossos já tão desgastados poderes públicos, o velho ditado de que “papel aceita qualquer coisa” vem reivindicar cidadania também em nossos registros civis. Desfilam em nossos cartórios os maiores despautérios: fulana tem duas mães e nenhum pai, sicrano tem dois pais e nenhuma mãe, beltrano tem um pai e duas mães. Em tempos menos estúpidos, se fosse o notário a redigir por conta própria semelhantes disparates, decerto ele seria rapidamente demitido por atentar contra a credibilidade dos documentos públicos. Hoje, para nosso desespero, magistrados ordenam que se registrem oficialmente as maiores falsidades, e todos aplaudem essa ignomínia como se fosse possível à mentira ser alguma espécie de avanço social.

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Legalizando a mentira

Quando é hora de se casar


hora de casarNamorar é uma bela fase e, coincidentemente, este momento acontece na ocasião em que começamos a nos aventurar naquelas coisas que poderiam nos trazer a sonhada independência. Todas as nossas energias estão concentradas na realização de nossos projetos.

Há quem prefira, primeiramente, realizar suas conquistas pessoais. Isto é, estão empenhados na  carreira profissional, em terminar o estudos, conseguir um bom emprego… Outros pensam em comprar uma casa, carro, fazer viagens etc… e dificilmente, neste momento, alguém pensaria em se casar.

Para as mulheres, além de desejarem também as mesmas coisas, elas não deixam de considerar a idade como  um fator agravante.  Pois, para elas, o problema se concentra na possibilidade de que envolvidas na busca da realização profissional, deixarem de realizar, também, o sonho da maternidade.

Apesar de todas as questões,  tanto homem quanto a mulher não abrem mão de viver a experiência do namoro.
Contudo, uma vez apaixonado, quem  nunca se pegou pensando sobre a melhor momento para se casar? E para isso acontecer não tem uma idade determinante.

Quando a pessoa acredita ter encontrado alguém para viver o resto de seus dias, os seus projetos passam a abrir espaço também para a possibilidade do casamento.
Mesmo apaixonados, sabemos que o tempo de namoro é um período favorável para o conhecimento sobre aquela pessoa com quem poderemos um dia nos comprometer, através do vínculo do matrimônio. Mas isso não acontece de um dia para a noite.

Desta forma, não podemos anteciparmos em estabelecer uma data ou ter aquela pessoa como o (a) esposo (a), somente porque estamos tomados por uma paixão. Pois será no decorrer do namoro que ambos terão condições de avaliar, se é por aquela pessoa que eles estarão realmente dispostos a fazer suas renúncias.
É importante ter em mente que o casamento não é uma maneira de “validar” o senso de responsabilidade de alguém, garantir a aposentadoria, tampouco, remendar situações. Muitas pessoas acabam se casando por questões financeiras, por uma oportunidade para sair de casa, ou por uma gravidez que acelerou os planos dos enamorados. Entretanto, nenhuma dessas situações podem garantir a felicidade que se deseja, quando  são assumidas como justificativas para o casamento. Igualmente, não será por pressão dos colegas e amigos que, por não entenderem os planos do casal dos namorados, começam a insistir em cada conversa, quando será o dia que os namorados pretendem, finalmente, se casarem.
Haverá um momento em nossas vidas, que por livre e espontânea vontade, vamos colocar os nossos desejos em segundo lugar, tendo em vista a felicidade do outro.

Assim, aquele casal que até pouco tempo atrás, mal cogitava a possibilidade de um compromisso, agora, envolvido por esse sentimento, assume o desejo de estabelecer vínculos duradouros.

De comum acordo, a moça e o rapaz sentindo-se prontos assumem a responsabilidade da exigente vida conjugal. Desta vez, sabendo que podem contar com a dedicação do outro neste projeto, no qual, ambos farão juntos novas descobertas.
Essa maturidade permitirá ao casal perceber que o projeto de vida a dois, somente se realiza em parceria, tendo em vista da felicidade daquele a quem se ama.

É desse desejo de assumir um projeto de vida comum e por conta da intenção de fazer o outro feliz consigo que os casais jamais poderão se esquecer. Pois este será o motivo e  o ponto de partida em que os nubentes deverão retomar, especialmente, quando as pequenas divergências começarem a aparecer na vida conjugal.
Um abraço
Dado Moura

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Quando é hora de se casar

Cartoon: a imprensa e os conclaves

Cartoon: a imprensa e os conclaves:
Genial! Cliquem para ampliar. Encontrei no Facebook.
conclave-rdzd
Traduzindo: trata-se de um jornalista (do New York Times, mas poderia ser qualquer um) escrevendo sobre os conclaves de 1958, 1963, 1978, 2005 e 2013. Uma única frase perpassa as décadas (tradução livre):
1958: “A Igreja está morrendo rapidamente…

1963: e apenas um papa moderno, de mente aberta…

1978: capaz de libertar os ensinamentos da Igreja das profundezas da Idade Média…

2005: e torná-los relevantes para o mundo moderno…

2013: pode esperar salvá-la”.
E, no último quadrinho, o jornalista que escreveu isso ainda pensa: “pobres ignorantes… sempre presos ao passado”!


Para onde conduz a ideologia gay?

Há aquela frase de efeito que diz que a inteligência humana tem limites, mas a estupidez não. Hoje eu pensei nela – obviamente mais como recurso retórico do que como proposição teológica – aplicada ao binômio santidade x pecado. Parece que há um limite para até onde o homem é capaz de subir; mas, para descer, ele desgraçadamente sempre encontra um buraco mais fundo onde se enfurnar. Isso porque, diferentemente do pecado, Deus não violenta a vontade humana: se ao homem que se esforça por se tornar melhor há sempre a concupiscência puxando-o para baixo, para aquele que dá as costas ao Altíssimo e afunda cada vez mais na podridão do pecado não existe nenhuma mão divina puxando-o para fora do pântano. Estendida em direção a ele, sim, sempre; arrastando-o contra a sua vontade, jamais.

Sempre me pareceu bastante óbvio que estimular e incentivar o homossexualismo fatalmente o levaria a se manifestar socialmente sob formas cada vez mais degeneradas. Porque, como se diz em boa teologia moral católica, abismo atrai abismo: o pecado clama por outro pecado ainda maior, e este por outro, e mais outro ainda, e esta cadeia só é encerrada quando o pecador, por misericórdia divina, cai em si e, com a graça de Deus, empreende um esforço lancinante para pôr fim ao redemoinho vicioso em cujo vórtice se encontra cativo. Como é bastante óbvio, uma pessoa que se encontra nessa situação lastimável merece toda a nossa solidariedade e todo o nosso auxílio para dar um basta ao drama que está desempenhando; quando, ao contrário, nós fingimos que isso é muito bonito e aplaudimos entusiasmados uma alma angustiada que sofre violentando diuturnamente a sua natureza, tornamo-nos réus da sua tragédia.

Não nos enganemos: seremos cobrados pelo triste fim de tantas pessoas que nós incentivamos a embarcar nesta canoa furada da violência contra a própria natureza à qual os homens dos dias de hoje gostam de tecer tantos elogios. Como se um barco furado fosse uma coisa positiva por quebrar os paradigmas anacrônicos da integridade dos cascos náuticos e por se constituir num grito de liberdade contra o imperialismo dos grandes transatlânticos e o eurocentrismo das caravelas que macularam a pureza das Américas transportando homens brancos para cá: chavões à parte, somos pessoalmente responsáveis por cada pessoa que, com nossa ação ou omissão, induzirmos a navegar neste esquife macabro.
Há uma forma bastante fácil de se comprovar empiricamente o quanto o homossexualismo é desordenado: basta dar-lhe livre curso social e observar se ele vai tender a algum equilíbrio ou se, ao contrário, vai polarizar-se em extremos cada vez mais ridículos. Infelizmente, nós já estamos em condições de conhecer os resultados desta experiência: este artigo do New York Times (traduzido na Folha) nos dá o triste e desolador retrato do nonsense ao qual conduz a exaltação da cultura gay. Espalhadas ao longo de um confuso e angustiante texto (onde ao leitor é propositalmente nebuloso saber, por exemplo, se as pessoas citadas são homens ou mulheres) estão inúmeras pérolas da intelectualidade e dos bons costumes contemporâneos.
Conforme o texto, há uma nova geração para a qual o simples direito de relacionar-se sexualmente com pessoas do mesmo sexo já não é mais o bastante. Reclamam a multiplicação das definições sexuais (ou “comportamentais”, “existenciais” ou seja lá como chamem isso), até o ponto de transformar a simples auto-definição das pessoas em uma atividade excruciante e enlouquecedora:
  • Se o movimento gay hoje parece ter como foco o casamento gay, a geração de Stephen busca algo mais radical: virar de ponta-cabeça os papéis e superar o binômio macho/fêmea.
  • Com a profusão de novas categorias, como “genderqueer” ["gênero bicha"] ou “andrógino”, cada uma dotada de uma subcultura on-line, montar uma identidade de gênero pode ser um verdadeiro trabalho do tipo “faça você mesmo”.
Trata-se de uma geração que tem profundos e nobres anseios, entre os quais se destaca a fixação fetichista em modernos utensílios descartáveis voltados à obtenção de prazer interpessoal igualmente descartável:
  • Em novembro, cerca de 40 alunos lotaram o Centro LGBT para o evento inaugural do grupo. O microfone estava aberto a todos. Os organizadores panfletaram convites oferecendo “camisinha de graça! Protetor labial de graça!”.
O profundo equilíbrio desses jovens encontra sua máxima representação num rapaz (?) que é incapaz de diferenciar um órgão sexual de um cinto de penetração e numa garota (?) que acha reconfortantemente normal enxergar a própria sexualidade como uma mancha amorfa:
  • Britt explicou que ser bigênero é manifestar tanto a persona masculina quanto a feminina, quase como ter um “pênis que possa ser colocado e tirado”.
  • No colégio, Kate se identificava como “agênero” (sem gênero) e usava o pronome “eles” (“they”, que é neutro em inglês); agora ela vê seu gênero como “uma mancha amorfa”.
As Universidades americanas, isentas de todo interesse pecuniário demagógico e motivadas somente por um profundo e angélico desejo de atender aos anseios legítimos desta comunidade, competem entre si para mostrar quem é a mais moderna e receptiva:
  • A Universidade do Missouri, em Kansas City, tem seu Centro de Recursos LGBTQIA que, entre outras coisas, ajuda os alunos a localizar banheiros “de gênero neutro” no campus.
  • O plano de saúde da faculdade [Universidade da Pensilvânia] inclui cirurgia de mudança de sexo.
  • A universidade [da Pensilvânia] já tinha duas dúzias de grupos de gays, incluindo o Negros Gays, a Aliança Lambda e o J-Bagel, a “comunidade judaica LGBTQIA”.
  • Segundo pesquisa do grupo Campus Pride, ao menos 203 campi permitem que alunos transgêneros dividam o quarto com colegas do gênero de sua preferência; 49 têm um processo de mudança de nome e gênero nos registros da universidade, e 57 cobrem terapia hormonal.
E, por fim, estas pessoas estão valentemente em luta contra a derradeira exclusão: a da sigla que as define, ainda insuficientemente vasta para abarcar toda a diversidade do alfabeto:
  • Parte da solução é acrescentar letras à sigla, e a bandeira dos direitos pós-pós-pós-gays tem ficado mais longa -ou frouxa, para alguns.
  • O Amherst College tem um Centro LGBTQQIAA, no qual cada grupo ganha sua própria letra.
  • “Por que só determinadas letras entram na sigla?” indagou Santiago.
Fazia tempo que eu não via um texto tão ridículo, e acho que nem nos meus mais pessimistas devaneios eu poderia imaginar uma tão grande futilidade erigida em bandeira de luta da juventude. As bobagens acima seriam certamente consideradas pelos militantes gays como caricaturas desonestas de conservadores homofóbicos, se não fossem a mais cândida e sincera auto-expressão das novas gerações de eufóricos continuadores do combate contra a natureza apregoado pelo movimento gay.

O meu temor é haver quem não perceba o quanto tudo isso é humanamente degradante; quem defenda ser saudável esta radical negação da natureza humana; quem acredite que o sexo é uma coisa tão exógena ao ser humano que é possível simplesmente optar por ambos ou por nenhum; quem ache que goza da mais perfeita sanidade mental um indivíduo cujo sonho é um pênis que pudesse colocar e retirar. Contra estes eu talvez nem saiba o que é possível dizer. Provavelmente só me levariam a abanar a cabeça, desesperançado.
Apenas um último detalhe. Os militantes gays gostam de bradar que o homossexualismo não é (mais) doença segundo a Organização Mundial da Saúde. Aqui, resta-lhes a constrangedora incumbência de explicar como é possível, então, que ele naturalmente degenere nesta caterva de patologias sexuais e comportamentais, devidamente catalogadas como distúrbios pela mesmíssima OMS que gostam de evocar em seu favor. Será que vão dizer que nisso a OMS está errada – e irão conviver com esta embaraçosa concessão seletiva de autoridade a este órgão? Ou negarão sua afinidade com estes novos revolucionários sexuais – dando assim as mãos aos “homofóbicos” para condenar esta militância dos que pretendem «superar o binômio macho/fêmea»?

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Para onde conduz a ideologia gay?

Não, Bento XVI não fracassou como papa

Um pouco instigado pela curiosa peculiaridade intelectual de um comentarista do blog que conseguiu a proeza de recomendar um texto de um autor que acabara de desqualificar, peço licença aos meus leitores para voltar um pouco ao Pondé. Um outro leitor, por email, já me solicitara algumas considerações sobre o mesmo texto; de modo que, tecendo-as agora, procuro atender a ambos.

O texto em questão, que se pretende uma “Análise” do atual pontificado, defende a tese de que Joseph Ratzinger «é brilhante como teólogo, mas fracassou como papa». A análise é terrivelmente injusta e já o digo o porquê; antes, porém, duas palavras sobre o articulista. Não concordo que o Pondé seja simplesmente “do contra”, como foi comentado aqui; parece-me, isto sim, que os seus textos são via de regra pessimistas. Isto não é de per si um demérito; apenas exige um pouco de contraponto, a fim de que a compreensão da realidade não fique prejudicada pelo único viés negativo a partir do qual o colunista costuma escrever os seus textos. Ainda: ser pessimista não implica em ser superficial. Ser levianamente “do contra” é uma invectiva que de modo algum merecem os textos do Pondé, ao menos não os que eu já li e comentei aqui.
Sem mais delongas, ao texto. Não posso concordar mais com o articulista quando ele fala que «Bento 16 foi um duro crítico da ideia de que a igreja deva aceitar soluções modernas para problemas modernos»; ao mesmo tempo, contudo, quando ele fala que «[s]ua ideia de igreja é a de um pequeno grupo coeso de crentes, fiéis ao magistério da igreja (conjunto de normas para condução moral da vida), distante das “modas moderninhas”», não posso discordar mais dele.

Por diversas razões. Primeiro porque o Papa não tem nenhuma “idéia” eclesiológica diferente das diversas definições de “Igreja” que o Magistério multissecular legou à humanidade – e, portanto, em se tratando do Papa Bento XVI, falar em “idéia de Igreja” é até incorreto.

Segundo, porque a referência ao “pequeno grupo coeso de crentes” é recorrente em Ratzinger e não tem, absolutamente, o sentido que Pondé lha dá. Ela aparece, p.ex., n’O Sal da Terra e em Dios y El Mundo (excerto aqui, pág. 43), sempre contraposta à noção de “Igreja de massas” e sempre como constatação do fenômeno moderno da diminuição do número de cristãos no mundo – nunca como um ideal a ser buscado ou um “modelo” de Igreja a ser perseguido.

Terceiro, porque a fidelidade ao Magistério é conditio sine qua non para se pertencer à Igreja, quer se esteja falando de Igreja de massas, quer de minorias. Isto não é uma “visão” ou uma “idéia” exclusiva do Papa Bento XVI, é uma decorrência necessária do significado de “Igreja” dentro do Catolicismo. Não existe e nem pode existir Igreja de outra maneira.

Quarto, porque o Magistério não se refere somente à forma como se deve agir (= “conjunto de normas para condução moral da vida”), mas também e principalmente àquilo em que se deve crer. Sem fazer referência sequer remota à Fé, o articulista induz o leitor a cair na velha dicotomia entre ortodoxia e ortopráxis – ironicamente, tendo sido esta última condenada pelo próprio Cardeal Ratzinger, então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, na sua famosa Instrução sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação.

Por fim, quinto, porque o “distante das modas moderninhas” que o Pondé emprega para dizer como os cristãos (na alegada visão do Papa!) deveriam agir passa uma forte impressão de sectarismo ou de fuga do mundo, e nada pode ser mais contrário ao Catolicismo do que isso. Os fiéis, embora obviamente devam evitar as más práticas do mundo (do moderno, do renascentista ou do medieval, tanto faz), devem ser para este o fermento que leveda a massa e não têm o direito de se furtar a esta missão. É isso o que diz o Cardeal Ratzinger no Dios y El Mundo citado, falando exatamente sobre a igreja “pequena”:
A Igreja não pode ser um grupo fechado, auto-suficiente. Devemos, sobretudo, ser missionários, no sentido de voltar a propor à sociedade aqueles valores que são os fundamentos da forma legal que a sociedade deu a si mesma, e que estão na base da própria possibilidade de construir qualquer comunidade social verdadeiramente humana. A Igreja continuará a propor os grandes valores humanos universais.
Isto, sim, é o que pensa o Papa Bento XVI – não o que o Pondé resumiu em três linhas que, lidas em si mesmas, chegam às raias da falsificação do pensamento alheio. E, compreendidas as coisas da forma como o Papa as compreende, desaparece o modelo de Igreja fadado ao fracasso ao qual a análise da Folha induzia o leitor desatento. Porque o Papa, diferentemente do Pondé, exala em tudo o que diz o doce e revigorante odor do otimismo cristão.

Sobre a dificuldade do Papa em fazer a Doutrina Católica chegar límpida e pura aos fiéis católicos, o colunista da Folha acerta em cheio ao culpar o “fogo amigo” dos sacerdotes – padres e bispos, em geral. Está certíssimo: a Igreja está repleta de sabotadores internos, que dedicaram os últimos anos a dificultar enormemente o trabalho do Papa Bento XVI. Ao contrário do que insinua o Pondé, no entanto, os fiéis não têm papel significativo neste processo diabólico de boicote doutrinário. Embora eles sejam em sua maioria de «países pobres», disto não segue que estejam «mais próximos de um discurso contaminado pelas teorias políticas de esquerda» – a menos, é claro, que não se esteja falando de uma predisposição sócio-cultural, e sim da mera proximidade dos líderes demagogos de plantão.

O que uma análise mais acurada dos fatos nos mostra é que o êxodo católico no Terceiro Mundo é diretamente proporcional à cantilena marxistóide que substituiu o gregoriano nas nossas igrejas. Os católicos militantes – mesmo aqueles de “países pobres”, e talvez até principalmente estes de países pobres – não suportam o Evangelho falsificado que sói ser hoje em dia pregado nos nossos púlpitos. Nada mudou nesta Terra de Santa Cruz: hoje, como à época do pe. António Vieira, é por culpa dos pregadores que a palavra de Deus não dá fruto nem mesmo nesta abençoada terra em que se plantando tudo dá.

Por fim, sobre os seminários, o Pondé tem toda razão em denunciar o estado lastimável em que eles se encontram, mas comete um enorme erro de perspectiva ao omitir o fato de que, com toda a desgraça, nós estamos hoje incomparavelmente melhores do que há vinte ou trinta anos. Trata-se, mais uma vez, do idiossincrático pessimismo do autor, que o impede de ver os inegáveis avanços concretos que obtivemos nesta questão da educação católica.

É somente este pessimismo, aliás, que o leva a sentenciar que «o papado de Bento 16 fracassou». Ora, mesmo sem considerar as coisas abertamente históricas que ocorreram neste pontificado – a liberação da Missa Tridentina, o levantamento das excomunhões dos bispos da FSSPX, o Ordinariato erigido para os anglicanos -, é forçoso reconhecer que Bento XVI obteve silenciosos sucessos administrativos cuja contribuição para a Igreja será fundamental nos próximos anos: coisas como a demissão de dezenas de bispos, o enfrentamento da pedofilia, a reorganização da Caritas Internationalis, as leis sobre transparência financeira, a transferência dos seminários para a jurisdição da Congregação para o Clero, etc. Como se pode ver, trata-se de um pontificado extraordinariamente profícuo! Sob que ótica é possível dizer que ele “fracassou”? Queríamos, porventura, que todos os chefes de Estado do mundo fossem em romaria ao Vaticano para, de joelhos, jurar vassalagem ao Vigário de Cristo da Terra? Esperar mais do que efetivamente foi feito por Bento XVI não seria um idealismo utópico demais, totalmente irreal dentro das atuais conjunturas?

A provocação final do Pondé é deliciosa, quando ele se refere à Igreja como quem pensa que a vida é «mais do que conforto, prazer e liberdade pra transar com quem quisermos e quando quisermos». Mas a imagem da «Igreja [que] agoniza diante de um mundo que cada vez [Lhe] é mais opaco» é de uma retórica apocalíptica caricata extremamente dispensável. No final das contas, descontados os exageros do texto, é-nos possível vislumbrar um quadro muito mais promissor e reconfortante do que aquele que o Pondé nos pintou originalmente. Oxalá o professor de Filosofia possa perceber a seletividade da sua análise e chegar a uma visão mais equilibrada – e justa! – do que realmente significou, para a Igreja e para o mundo, este pontificado de Bento XVI.

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Não, Bento XVI não fracassou como papa