Carta de um Pai para a sua Filha

Carta de um Pai para a sua Filha
Senza  /  João Silveira

Minha querida filha,

Enquanto escrevo isto, estou sentado no corredor de um supermercado onde estão os artigos de cosmética e maquilhagem. Um amigo meu escreveu-me recentemente de um local também com esses artigos e disse-me que se sentia num dos lugares mais opressivos do mundo. Eu quis descobrir o que ele queria dizer com isso, e,  agora que estou sentado aqui, começo a concordar com ele. As palavras têm poder, e as palavras neste corredor tem um poder especial. Palavras e frases como:

Formidável e acessível,
Infalível,
Acabamento impecável,
Força brilhante,
Energia fluida,
Vá nua,
Desafie a idade,
Volte no tempo num instante,
Escolha o seu sonho,
Quase nua,
Beleza natural.

Quando se tem uma filha, começa-se a perceber que ela é tão forte como qualquer outra pessoa da casa - uma força a ser reconhecida, uma alma ardente com a mesma vida, os mesmos dons e as mesmas paixões de qualquer homem. Mas, sentado neste corredor da loja, também começo  perceber que a maioria das pessoas não a vai ver dessa forma. Eles vão vê-la como um rosto bonito e um corpo para desfrutar. E vão dizer que ela precisa de ter uma certa aparência para ter algum valor ou influência.

Mas as palavras têm poder e talvez, apenas talvez, as palavras de um pai possam começar a competir com as palavras do mundo. Talvez as palavras de um pai possam passar à sua filha este desafio de vergonha institucionalizada e de um sentido profundo, inabalável de sua própria dignidade e beleza.

As palavras de um pai não são palavras diferentes, mas são palavras com um significado radicalmente diferente:

Força brilhante: Que a tua força não esteja nas tuas unhas mas no teu coração. Que consigas discernir no teu interior quem és, e que assim possas viver no mundo com temor mas com firmeza.

Escolhe o teu sonho: Mas não de uma prateleira de uma loja. Encontra dentro de ti um lugar sossegado. Um sonho real foi "plantado" lá. Descobre o que queres fazer no mundo. E quando tiveres escolhido, espero que persigas fielmente, com integridade e esperança esse sonho.

Vai nua: O mundo quer que tires a roupa. Por favor não tires. Em vez disso, "tira as luvas". "Não poupes os murros", não cries máscaras. Diz o que te vai no coração. Sê vulnerável. Arrisca. Ama um mundo que mal sabe o que é amar. Isso sim podes fazer "nua". Abertamente. Com abandono.

Infalível: Espero que estejas constantemente, infalivelmente ciente de que a infalibilidade não existe. É uma ilusão criada por pessoas interessadas no teu dinheiro. Se tentares procurar a perfeição, que seja uma graça infalível - para ti e para todos ao teu redor.

Desafia a idade:A tua pele vai ganhar rugas e a tua juventude vai desaparecer, mas a tua alma não tem idade. Ela vai sempre saber como agir e ser testemunha nesta vida que nos foi dada. Espero que saibas sempre resistir ao envelhecimento do teu espírito.

Acabamento impecável: Como será o final da tua vida não tem nada a ver com a aparência do teu rosto mas sim com modo como vais ver a tua vida no último dia. Que os teus anos sejam uma preparação para esse dia. Espero que envelheças com a graça, que cresças em sabedoria, e que o teu amor possa tornar-se grande o suficiente para abraçar todas as pessoas. Que a tua despedida seja um abraço pacificador do fim e do desconhecido que se segue, e que possa dessa forma ser um presente para todos que te amam.

Minha pequenina, sei que gostas de tudo cor-de-rosa e com folhos e irei certamente perceber se um dia a maquilhagem for importante para ti. Mas rezo para que três palavras permaneçam mais importantes ainda; as três últimas palavras que dizes todas as noites, quando eu te pergunto: "Onde és mais bonita?" Três palavras tão brilhantes que nenhuma camuflagem pode cobri-las.

Onde és mais bonita? "Dentro de mim"

Do meu coração para o teu,
Pai

Kenny Flanagan


Original Article: http://senzapagare.blogspot.com/2015/06/carta-de-um-pai-para-sua-filha.html



Quando a mamãe chega em casa

Quando a mamãe chega em casa
Mulheres Católicas  /  catolicasmulheres

Esses dias dois blogs me chamaram a atenção. O primeiro foi uma série de vídeos postados pelo Aleteia, super fofos, com a reação das crianças ao verem o pai chegar em casa. É simplesmente emocionante e eu, que vivo isso diariamente, sei como é importante pra nós mães, para os papais e os pequenos. Vale a pena ver!

Mas aí eu li o texto do Lado M discutindo o modo como os pais são exaltados em praticamente todos os vídeos/textos/postagens e afins por fazerem nada ou quase nada. Discussões sobre machismo/feminismo de lado, eu achei o texto um pouco exagerado (simplesmente por que eu vivo numa realidade onde pai e mãe fazem de tudo – das brincadeiras ao banho, da diversão às vacinas), mas não discuto a importância de se pensar no assunto.

Mas então, eu fui pesquisar! =)

Mostro abaixo a reação das crianças quando a mamãe chega!

Ok, não vou mentir, foi difícil encontrar esses vídeos. Apesar das mulheres estarem com duplas e triplas jornadas, a gente tende a achar que elas não fazem mais do que a obrigação e não damos a elas os devidos créditos. Por isso, avante homenagear nossas mães, inclusive quando não é dia das mães!



Original Article: http://mulherescatolicas.com/2015/06/01/quando-a-mamae-chega-em-casa




O poder do "não"

O poder do "não"
Oficina de Valores  /  Gustavo Cardoso Lima

Por: Paulo Vitor


O poder do não

O século XXI está avançando, as tecnologias antes inimagináveis avançam com ele, o ser humano nunca teve tanto poder com tão pouco esforço.

Embora acostumado com o ritmo intenso e veloz em que a maioria de nós tem vivido, às vezes ainda me espanto com tantas mudanças e possibilidades que aparecem num curto espaço de tempo.

A ideia deste texto não é tratar dos avanços tecnológicos e afins, mas, de certa forma, refletir sobre o efeito que algumas facilidades e portas que eles estão abrindo têm surtido sobre nós e, por vezes, afetando de forma negativa.

Não é raro encontrar crianças de apenas cinco anos que já tenham celular (com internet, é claro) e contas em várias redes sociais. Diante disso alguém poderia dizer: "e qual o problema de as crianças terem acesso a isso?". E eu posso responder com outra pergunta: qual o problema de elas não terem esse acesso? Devolver o questionamento me parece uma boa forma de alcançar o objetivo do texto. Já vi muitos pais sucumbirem às vontades dos filhos, assim com namorados e casais casados também.

Num mundo onde muitas coisas são rápidas e fáceis, fazer o caminho inverso, dar freio aos apressadinhos, ponderar a real necessidade de certas facilidades, dizer "NÃO" se tornou bem mais complicado.

Ora, para que se indispor com esse ou aquele grupo se é possível se livrar de maiores aborrecimentos dizendo um simples "SIM"? Os pais, muito amorosos, dão os mimos de alta tecnologia para os filhos pequenos, afinal, todos os coleguinhas têm, e muitos dizem que certos "NÃOS" podem traumatizar.

Provavelmente você que acompanha a leitura poderia citar outros casos em que o "NÃO" é NEGADO porque custa, incomoda e exige firmeza. Diante de um cenário que eu gostaria de chamar de "frouxo", temos visto cada vez menos pessoas ousando dizer "NÃO".

"É justo que me custe aquilo que muito vale". Sim, passar pelo revés de uma proibição imposta pelo responsável é um grande caminho de educação e amadurecimento.

Olhar ao redor e perceber que os limites estão sendo ultrapassados a todo tempo deve no mínimo despertar nossa atenção. Por que temos tanto e entendemos tão pouco? Por que as pessoas estão cada vez mais sozinhas se existem tantos meios de encurtar distâncias? Por que, por que, por quê?

Creio que a resposta parta da simples atitude de firmeza, não negociar o inegociável, pois o "NÃO" bem-dito abre muitas portas e faz crescer os que de fato querem o caminho da verdade.

Paulo Vitor Simas
Professor de Ensino Religioso / Oficina de Valores


Original Article: http://feedproxy.google.com/~r/blogspot/qyDgv/~3/dRsKWb2RD8s/o-poder-do-nao.html



Um blog para mulheres católicas



Hoje foi cadastrado mais um blog aqui no Links Católicos: Mulheres Católicas. Jacqueline Freire trata de temas como moda e beleza, família, carreira, espiritualidade, além de apresentar dicas interessantes sobre vários temas que podem ajudar as mulheres cristãs católicas a ter uma vida melhor, desde culinária até leitura de livros importantes. Seja bem-vinda, Jacqueline! E que Deus abençoe o seu trabalho!

Uma Nova Retórica para Defender o Casamento?

Uma Nova Retórica para Defender o Casamento?
Actualidade Religiosa  /  Filipe d'Avillez

Daniel McInerny
Um amigo comentava na sua conta de Twitter: "Socorro, estou a ser governado por Anthony Kennedy!"

Eu compreendo a sensação. O juiz Kennedy tende a ser o voto decisivo no Supremo Tribunal. Frequentemente, ao que parece, nas grandes questões constitucionais que dividem a nossa nação, vemo-nos obrigados a esperar ansiosamente a sua opinião.

E mais do que nunca agora que o Supremo Tribunal pondera a constitucionalidade do "casamento" entre pessoas do mesmo sexo. Qual será a decisão de Kennedy em Junho? Será que se vai juntar aos juízes conservadores, recusando tornar a redefinição do casamento um direito constitucional? Ou irá lançar-nos ainda mais para a escuridão?

O tempo dirá. Mas tenham em conta que, na melhor das hipóteses, o que o Supremo Tribunal fará no próximo mês é aquilo que não fez com o Roe v. Wade, isto é, devolver a questão aos eleitores nos seus respectivos estados. Como é que nos temos saído com o processo democrático? Da última vez que verifiquei, o casamento entre pessoas do mesmo sexo era legal em 37 dos nossos 50 estados. [Na verdade, o casamento homossexual apenas foi legalizado por via democrática em 11 estados, seja através dos governos estaduais ou referendos. Nos restantes 26 a questão foi decidida por tribunais estatais ou federais, em muitos casos contra a vontade expressa em referendo ou pelas decisões dos governos locais.]

Por isso, independentemente da decisão do Supremo Tribunal no próximo mês, os defensores do casamento tradicional terão diante de si uma tremenda batalha cultural e política. E a maior dessas batalhas é a cultural.

O que é que eu quero dizer por batalha cultural? Quero dizer o esforço para reformar – e para nós, católicos, evangelizar – os corações e as mentes, os hábitos e as práticas, dos nossos concidadãos.

O recurso a metáforas militares para descrever este trabalho é inspirador, mas também apresenta dificuldades. Termos como "batalhas" ou "guerras" culturais invocam imagens de protesto e revolta. Mas enquanto o protesto e a revolta, se usados com prudência, podem ser de facto necessários para defender o casamento tradicional, temos de admitir que não são um caminho tipicamente frutífero para tocar e converter mentes e corações.

Isto não significa que a metáfora de uma "batalha" cultural não tenha a sua utilidade. Mas talvez seja necessário pensar no campo de batalha cultural de uma forma diferente. Pensemos na imagem do Papa Francisco da Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. Deste ponto de vista, usando a metáfora militar, a Igreja cumpre o papel de médico para as vítimas da impiedosa chacina da nossa cultura secular contra todos os que a ela se opõem. Sofreram-se grandes danos e chegou a hora da triagem e das cirurgias. 

Esta é uma imagem apropriada da nossa cultura no que toca à homossexualidade e ao casamento homossexual. É um campo de batalha cheio de almas feridas, desesperadas por uma cura de que nem sabem que precisam. E é também uma imagem apropriada do papel principal do católico perante este cenário: a nossa obrigação é montar um hospital de campanha e levar a cabo o trabalho misericordioso da cura.

Mas como é que se curam estas feridas? Como é que se inicia uma conversa com alguém firmemente comprometido com a ideologia do movimento pelos direitos dos homossexuais?

Esta é uma questão que fazemos bem em contemplar. Temos de pensar mais a fundo sobre como dialogamos com a nossa cultura no que toca a esta questão.

A retórica da vizinha
é melhor que a minha?
Não digo que seja necessário desenvolver melhores argumentos teológicos e filosóficos. Em relação às grandes e pequenas premissas encontradas no Catecismo e entre os intelectuais que se encontram na linha da frente a defender o casamento tradicional do ponto de vista natural, penso que não há grande coisa a mudar.

Antes, o que temos de fazer é trabalhar o aspecto retórico dos nossos argumentos. Isto é, precisamos de pensar em formas persuasivas – que não apenas verbais – de alcançar aqueles que não têm ainda ouvidos para ouvir os argumentos abstractos.

Pensem só, por momentos, nalguma da retórica popular usada pelos defensores dos direitos homossexuais, tal como o lema "Amor é Amor" e o termo praticamente radioactivo "intolerante" que tem sido usado mais e mais para atacar os opositores ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Pensem também no poder de persuasão que têm as celebridades divertidas ou bonitas, sobretudo entre os jovens, quando representam homossexuais na televisão ou nos filmes, ou simplesmente quando saem em defesa da ideologia. E recordando que a linguagem persuasiva nem sempre é verbal, que dizer daqueles pequenos autocolantes azuis com o sinal "=" a amarelo que os condutores colocam nos pára-choques para mostrar que defendem a "igualdade no casamento". 

Tudo isto é retórica. E o discurso persuasivo é algo em que o movimento dos direitos homossexuais se tem especializado. Por isso temos de nos perguntar: Qual é a nossa retórica? O que é que estamos a fazer para tornar os nossos argumentos não só lógicos como também atractivos?

Se estão à espera que eu vos dê uma resposta brilhante a esta questão, então lamento desiludir-vos. É algo sobre o qual apenas agora comecei a pensar e exige mais reflexão cuidadosa.

Para começar, sou céptico em relação ao termo "casamento tradicional", sobretudo quando direccionado a jovens, que raramente estão à procura de formas de se tornarem "tradicionais".

Como é que transmitimos, de forma divertida e persuasiva, a ideia de que o casamento é sobre complementaridade, que o sexo tem a ver com bebés e que se enriquece com as diferenças entre homens e mulheres, que as crianças precisam de um pai e de uma mãe, que o tecido social desgasta-se quando o casamento se torna um "conceito aberto"? Estes são os nossos desafios retóricos.

Quando eu e a minha mulher falamos a casais sobre os métodos naturais de planeamento familiar ela diz sempre que esta é a forma "natural" de ter filhos. É uma forma de atrair jovens sem grande formação para as verdades da Igreja através de algo – "o regresso à natureza" – pelo qual provavelmente já sentem um grande apelo. Se me for permitido o elogio, trata-se de uma excelente forma de usar retórica.

E é precisamente esse o tipo de discurso que temos de desenvolver no que diz respeito à homossexualidade e ao casamento homossexual.

Por isso coloco-vos a questão, que exigirá o trabalho conjunto de muitas mentes: Quais são as vossas ideias?


Daniel McInerny é filósofo e autor de obras de ficção para crianças e adultos. Mais informação em danielmcinerny.com.

(Publicado pela primeira vez na sexta-feira, 8 de Maio de 2015 em The Catholic Thing)

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Original Article: http://actualidadereligiosa.blogspot.com/2015/05/uma-nova-retorica-para-defender-o.html