Ortodoxia - Chesterton. Belíssimo


O sol levanta-se todas as manhãs.  Eu não me levanto todas as manhãs; a variação porém não se deve à minha atividade, mas à minha inação.  Ora, para usar uma frase popular, pode ser que o Sol levante-se regularmente porque nunca se cansa de levantar-se.  A sua rotina pode provir não de uma falta de vitalidade, mas de uma torrente de vida.  O que eu quero dizer pode ser observado, por exemplo, nas crianças, quando descobrem algum jogo ou brincadeira de que gostam muito.  Uma criança balança ritmicamente as pernas devido a um excesso, e não a uma ausência de vida.  As crianças têm uma vitalidade abundante, são impetuosas e livres de espírito, e portanto querem as coisas repetidas e inalteradas.  Elas sempre dizem "De novo"; e o adulto faz de novo até ficar quase morto.  Os adultos não são suficientemente fortes para exultarem na monotonia.  Mas talvez Deus seja suficientemente forte para exultar na monotonia.  É possível que Deus diga ao sol todas as manhãs: "De novo", e diga à lua todas as noites: "De novo".  Pode ser que não seja uma necessidade automática que faz todas as margaridas iguais; pode ser que Deus faça cada margarida separadamente, e que nunca tenha cansado de fazê-las.  Pode ser que Ele tenha um eterno apetite de infância; pois nós pecamos e envelhecemos, e nosso Pai é mais jovem do que nós.


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