O "OBSCURANTISMO" DO CARDEAL VS. O OBSCURANTISMO JORNALÍSTICO

Portanto, parece que pela primeira vez temos 3 cardeais portugueses. Para os católicos da nossa Nação isso seria motivo de grande júbilo. Mas os jornalistas, como é seu costume, não podiam simplesmente relatar esse júbilo, quando poderiam ganhar mais uns €€€ e mais um pouco de notoriedade social ao denunciar a (pseudo)"neandartalidade" do Cardeal. O que é típico dos senhores jornalistas! Todos se recordam da enxurrada de notícias que tentavam ligar o Papa Bento XVI aos escândalos de pedofilia... mas ninguém leu uma linha que seja (fora das agências noticiosas católicas) sobre como os julgamentos do Papa neste âmbito caíram por não estarem devidamente fundamentados (para mais sobre a minha opinião sobre Igreja e pedofilia, remeto-vos para este meu post, incluindo comments)

Temos um novo Cardeal? - pensam os senhores jornalistas - Temos de lhe mostrar imediatamente "quem manda aqui", não vá ele ensombrar a nossa pseudo-intelectualidade de sound-bytes com, sei lá, alguma racionalidade, alguma actividade neurológica, enfim! É hora de ele baixar a bolinha ao nosso 4º Poder, ao nosso monopólio de opinion-making!

E como fizeram isso? Da sua maneira preferida: deturpando a profundíssima e perspicacíssima mensagem do Cardeal. Aqui está a frase da discórdia (o link remete para a entrevista total):


Imediatamente, emitiram-se notícias com os cabeçalhos: "Mulher deve ficar em casa" e "Função essencial da mulher é cuidar dos filhos"

Ora, estas deturpações são fáceis de se esclarecer, em pouquíssimas frases. Cá vai:

1) Existe uma diferença entre "Mulher deve ficar em casa" e "Mulher deve poder ficar em casa". Conseguem descobrir qual é essa diferença? Pista: Uma retira liberdade à mulher, outra confere maior liberdade à mulher de escolher o que deseja para si.


2) A função "essencial"... Imaginem que uma mulher é simultaneamente mãe e professora. Agora, imaginem que a supracitada mulher desaparece do mapa (morre, é abduzida por extraterrestres, vocês decidem).
O que vai acontecer na escola? Essa mulher será imediatamente substituída por outra professora, que fará exactamente o mesmo que a primeira, com maior ou menor eficiência. Na verdade, dado o actual contexto de desemprego galopante nesta classe profissional, a ausência dessa mulher nem causará grande tristeza!
Mas... o que vai acontecer em casa? A ausência dessa mulher gerará um vácuo na vida das crianças que jamais será preenchido, mesmo que o pai case com outra mulher!

Portanto, onde é que esta mulher é "essencial"? Ergo: Onde é que a mulher tem uma função "essencial"?
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Nos comentários dos detractores do cardeal, vejo 3 refutações à sua frase, as quais são também facilmente rebatidas:

I) "Por que deve ser a mãe a ficar em casa e não o pai?"
Para qualquer um que não se vergue à teoria (nunca comprovada) da igualdade de género, é óbvio que um bom pai jamais substitui uma boa mãe.

O que está, isso sim, comprovado, é que o vínculo materno é algo essencial para o bem-estar psicológico da criança de uma forma que mais nenhum vínculo (incluindo o paterno) consegue fazer. Remeto-vos para os estudos do Dr. Bowlby. Isto porque, enquanto o vínculo paterno é construído ao longo da vida da criança mediante um sentido de honra e responsabilidade (a afectividade tem de ser construída), o vínculo materno é estabelecido imediatamente após o parto com um pico hormonal (nomeadamente de occitocina) e é reforçado nos primeiros dias pós-parto com a experiência da amamentação. A partir daqui, a mãe será sempre insubstituível na criação e educação da criança.

Disclaimer: Não estou a dizer que o pai não tem um papel na criação e educação da criança. Limito-me a dizer que o seu papel é diferente e não é transacionável com o papel materno.

II) "O direito da mulher à auto-realização"
De acordo com estas mentes, uma mulher apenas sente auto-realização no trabalho. Mas não será possível que uma mulher sinta auto-realização na vida doméstica, na maternidade? Neste último caso, não deverá essa mulher "poder ficar em casa"?

Ou seja, não é o Cardeal que se está a insurgir contra o direito da mulher à auto-realização. Afinal de contas, o Cardeal nunca manifestou vontade de proibir as mulheres na força laboral.

Quem se está a insurgir contra o direito da mulher à auto-realização são as feministas e os pós-modernistas... que parecem atacar qualquer um que diga que uma mulher que assim o deseje deve poder ficar em casa! A pressão ideológica sobre uma opção legítima de uma mulher (que vá contra os dogmas ideológicos da Esquerda) é palpável!

III) Ai, o conservadorismo, ai a retrogradice, ai os meus sais!
Ainda alguém me está para explicar por que motivo uma opinião / atitude / comportamento de um século passado é automaticamente inferior a uma opinião / atitude / comportamento contemporâneo.
Na verdade, esta ideia é uma falácia lógica, denominada argumentum ad novitatem.
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Portanto:
Parabéns Sr. Cardeal D. Manuel Monteiro de Castro! Mostrastes-vos um exemplaríssimo representante da doutrina da Igreja, afirmando o que deveria ser afirmado, mesmo contra o politicamente correcto e as modas do Mundo! Tal como Jesus Cristo fez! Espera-nos, por este prólogo, um excelentíssimo cardeal, um português que nos honra na Cúria do próprio Papa! Deo gratias!


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