Do meio da multidão alguém grita por socorro a Jesus, um pai pede ajuda para o seu filho que tem um espírito mudo. Os discípulos não tinham sido capazes de o expulsar, de realizar aquele milagre, algo que deixa Jesus de certo modo desesperado com a falta daquela gente.
Quando chegam a casa, depois do milagre operado e da desesperação do Mestre, os discípulos não se envergonham de perguntar a Jesus como não lhes tinha sido possível expulsar o espírito mudo, ao que Jesus responde que só com a oração era possível.
Com esta resposta Jesus coloca em evidência o que estava em causa naquele milagre, a razão porque eles não tinham sido capazes e ele tinha sido capaz.
Se a oração era o remédio e a possibilidade de realizar aquela expulsão de espírito era porque aquele espírito mudo e surdo se encontrava nos antípodas da mesma oração, que ao contrário da mudez e da surdez do mal é escuta e diálogo.
Com este milagre Jesus mostra-nos que a palavra nos foi novamente entregue, que recuperámos a possibilidade de escutar Deus e de falar a Deus, que fomos colocados em relação de diálogo, de um diálogo que se concretiza na oração.
Assim curados e recuperados para o diálogo não nos fechemos no nosso mutismo ou na surdez de não querer ouvir Deus, mas disponhamo-nos a escutá-lo, a falar-lhe, porque como diz o salmista no Salmo 9, “O Senhor jamais abandona aqueles que o procuram”.
Ilustração: “Jesus curando um surdo mudo”, de Bartholomeus Breenbergh, Museu do Louvre.
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